Um domingo sem futebol
November 28th, 2010 | 17 Comments | Filed in Campeonato Brasileiro 2010, Fluminense, PalmeirasProstado no sofá com camisa e bandeira do Fluminense a postos, esperei alimentando qualquer motivação do Palmeiras em ir para o jogo, o que para qualquer um que assistiu a 3 ou 4 partidas de futebol na vida (não necessariamente futebol profissional) não aconteceu.
Se no 1º tempo o gol inusitado do constrangido Dinei, as defesas de Deola e gols perdidos à lá Washington pelos atacantes do Fluminense ainda pudessem ludibriar algum neófito na observação do ludopédio, o 2º tempo serviu para não deixar dúvidas a ninguém, qualquer pessoa que seja. O Porco ridiculamente abdicou de qualquer coisa que lembrasse futebol.
Fosse boxe, o árbitro pararia a luta. Se bem que boxe…
Já que não teve futebol neste domingo e citei o boxe, fica um texto sobre… boxe
O boxe brasileiro é uma farsa (postado por M.S. em 12 de novembro de 2010 no blog 3 Goleiros e 20 Volantes)
Este blog é de futebol, mas está tão parado que acho que a @millylacombe não vai se incomodar se eu falar de boxe. A história que vou contar se passou em 2003. Eu cursava jornalismo na Cásper Líbero e participei de um bom curso de Jornalismo Esportivo com o Elias Awad. Numa das aulas, ele nos levou para gravar passagens no Ginásio Baby Barioni, onde ocorriam lutas de boxe amador e profissional.
A memória me falha em boa parte daquela noite, mas algumas coisas ficaram marcadas. A luta principal da noite era entre um brasileiro (aparentemente um fenômeno do boxe, com 8 vitórias em 8 lutas, todas por nocaute, ou algo assim) e um argentino. Fui entrevistar o brasileiro no vestiário, e o cara estava mais calmo que um mestre zen jamaicano. Nada de adrenalina, nada de ansiedade, apenas a certeza da vitória. Pensei: “o cara deve ser muito foda, autoconfiança imensa”.
Entrevistamos mais algumas pessoas, e uma fala me deixou ressabiado: um frequentador disse que era necessário fazer um bom cartel para o cara poder sair do país ou disputar cinturão, ou algo que não me lembro ao certo. (Não entendo muito de boxe, então essa parte técnica me escapa.) E começou a luta.
O brasileiro batia e o argentino, mais gordinho que o dominicano que enfrentou o Michael Oliveira ontem, apenas se defendia, fingia que jogava uns golpes aqui e ali. Nesta hora me dei conta da armação, porém havia ainda a possibilidade de o brasileiro simplesmente ser bom demais para o cara. Mas aí veio o nocaute.
Um golpe na barriga, que não acertou seu alvo, apenas o ar (disto tenho certeza, eu estava a 2 metros do lance), e o argentino foi abaixo. E não levantou mais. Pensei em crise de apendicite ou algo assim, porque aquele golpe não derrubaria nem a menina Maísa. Enfim, o brasileiro ganhou, comemorou, melhorou seu cartel e o argentino certamente levou alguma graninha.
Filmes hollywoodianos já mostraram as armações que ocorrem no boxe de lá, mas a imagem que ficou em minha cabeça não foi gravada em estúdio. Posso afirmar, com certeza, que eu presenciei uma farsa. E, quando vejo uma luta muito fácil por aqui, que me desculpem os boxeadores honestos, sempre desconfio.
Para aqueles que ainda queiram falar sobre qualquer aspecto deste jogo que só aconteceu na transmissão de Luis Roberto, a única coisa a destacar foi que precisou Tartá fazer o que os 22 em campo esperavam que fosse feito. O mesmo Tartá que conseguiu neste negócio que aconteceu em Barueri levar um 3º amarelo e ficar de fora da partida à vera contra o Guarani.
Minha matemática rasteira deu conta que de milhões de torcedores palestrinos, uma titiquinha foi a Barueri torcer contra o time, número bem menor que fora ao Pacaembu torcer pelo time contra o Goiás. Será mesmo que a torcida do Palmeiras desejaria que o time entregasse. E, se fosse o desejo, os jogadores deveriam atender a um desejo tão esquizofrênico?