O castellano poderá ser o segundo idioma na Ferrari em breve...
Para começar, vamos falar sobre o que NÃO vamos comentar:
1) Nenhuma palavra sobre a teimosia da FIA em marcar a corrida para a hora que todo mundo sabe que chove na Malásia. O que para nós é uma burrice e uma chateação, e perigosíssimo para os pilotos – que, por sinal, não se manifestam -, para alguém é bastante lucrativo. Assim é, assim permanecerá.
2) Nada a declarar sobre o suposto panic button que a Ferrari tem à disposição para fazer com que todos os carros com motores que saem de sua sede façam o seu “jogo de equipes”. O suspeitíssimo be careful… we need this position lembrou muito aquele Fernando is faster than you, e de qualquer forma, sendo ou não por influência ou ordem do pitwall vermelho, o fato é que todos sairiam felizes de qualquer jeito: Peter Sauber, que ganhará um belo ticket de desconto na compra de novos motores da Ferrari; Sérgio Pérez, que depois da sensacional atuação tem tudo para se mudar para Maranello em um futuro muito próximo (e vamos combinar que Felipe Massa está trabalhando muito para que isso aconteça o mais rápido possível); a Ferrari, que mesmo com um carro horroroso, simplesmente lidera o mundial de pilotos só porque tem Fernando Alonso, e terá algumas semanas de paz até que uma corrida em condições normais mostrem a real posição do F2012.
Entretanto, olhanhdo pelo prisma da Sauber, a mensagem faz sentido, e muito. É claro que todo mundo queria ver o mexicano passando atropelando Alonso e partindo para a glória, mas pergunte ao Pastor Maldonado se isso é simples assim. Para quem não se lembra, o venezuelano só precisava receber a bandeirada para levar nota 10 na Austrália, e então encontrou o toureiro de Oviedo. A poucas curvas do fim da corrida, perdeu o controle de sua Williams e enfiou a cara no muro. Voltou para os boxes a pé e sem pontos. O choro do helvético, hermético e matemático Sauber é a medida da façanha que seu pupilo alcançou.
Se foi mesmo uma ordem vinda da Ferrari, recolhamo-nos à nossa insignificância diante dos negócios alheios. Só que dessa vez não parecem mesmo ter sido esse cenário.
Falemos do que vale a pena.
1) Fernando Alonso teima em deixar claro que é ele que sobra na turma. Enquanto os outros lutavam contra as condições estão adversas, El Fodón de las Astúrias pegou seu carro nas costas e levou uma Ferrari sem rumo a uma das vitórias mais improváveis da história da equipe. Só o muchacho Sérgio Pérez conseguiu acompanhá-lo de perto… E falando do mexicano, esse piloto mostra uma novo desafio da categoria: os jovens talentosos de hoje têm de superar, em primeiro lugar, o estigma de ter de pagar através de seus patrocinadores para ter uma oportunidade. Pérez acaba de deixar essa marca para trás. Despontou como uma nova estrela da F1 e a partir de agora será observado, muito de perto, por todos que acompanham o circo.
2) Valeu a pena a primeira corrida de gente grande grande mesmo do Bruno Senna. Após se envolver em um toque não muito bem explicado pelas imagens, parar no box e cair para último, o Senninha ultrapassou, foi ultrapassado, ultrapassou de novo… E pode ser indicado sem muitas dificuldades como o piloto mais combativo da corrida. O sexto lugar foi um prêmio para ele e para a Williams, que com a volta aos propulsores Renault, tem um carro muito melhor do que nos últimos anos. Titio gostou.
Lewizinho paz e amor
3) Lewis Hamilton foi soberano nos treinos, mais uma vez. De novo, não conseguiu a vitória, porém marcou pela segunda vez a presença no pódio. Uma hora tudo se encaixa. Com a namoradinha de volta ao paddock, o inglês parece estar mais centrado e tende a repetir a excelente pilotagem de seu início de carreira.
4) Kimi Räikkönen voltou muito melhor do que se esperava. Mesmo perdendo posições no grid por ter trocado o câmbio do seu E20, fez ótima classificação ele chega duas provas concluídas na zona de pontuação. O homem de gelo já fez valer a aposta da Lotus.
Vettel mostra outro dedo a Karthikeyan
Os destaques negativos ficaram para Romain Grosjean e Narain Kartikeyan, que estragaram as corridas de Michael Schumacher e Sebastian Vettel respectivamente. No caso do heptacampeão, foi uma pena. Seu Mercedes ainda sofre com o desgaste crítico dos pneus, o que provoca uma queda maior de desempenho antes dos demais competidores, mas uma corrida imprevisível como essa era propícia para que o talento do Schumacão sobressaísse. O homem está com fome em 2012, e o banquete será nosso. Já o atual bicampeão vinha se virando bem, mesmo com um Red Bull meio fora de forma. Ainda há muitas corridas pela frente, e seu objetivo é não deixar os adversários dispararem até que sua equipe recupere a performance dos dois últimos anos.
Sobre o troféu roda presa, não há como evitar: vai para Felipe Massa.
É inexplicável a diferença de desempenho em relação ao Alonso: enquanto ninguém chegou à frente de espanhol, o brasileiro só superou os carros das nanicas. Em outras palavras, não chegou ninguém atrás dele. Não fossem os problemas para a substituição de um piloto com a temporada em curso e as poucas opções de pilotos no mercado, já se pode duvidar que a carreira do piloto em Maranello se estenda em caso de outro fiasco. Massa já faz por merecer uma demissão por justa causa por deficiência técnica.
Até Xangai, daqui a três semanas.
Massa: sem palavras