Chegou a hora de dar tchau

A caravana da F1 chega ao Japão cheia de novidades. A dança das cadeiras dos pilotos já começou, e os rumores vão aos poucos se tornando realidade. O primeiro foi Lewis Hamilton que abandonou a McLaren, equipe que era sua casa desde os tempos de kart, e em 2013 se muda de mala e cuia para a Mercedes GP, onde fará dupla com Nico Rosberg. Sem perder tempo, os britânicos trataram de garantir um dos pilotos que mais se valorizou durante a presente temporada: Sergio Pérez. O mexicano, curiosamente, era desdenhado pela Ferrari, com a qual ele tinha vínculo por ser cria do projeto de desenvolvimento de pilotos da equipe italiana. Se a cúpula de Maranello achava que assumir o volante de um dos carros vermelhos seria um passo maior do que a perna para o Chespirito, agora terão que encará-lo como rival. E se a aposta da McLaren der certo, quero ver a explicação que darão para a ala insensata da imprensa italiana…

Entretanto, a chegada de Hamilton ao time tedesco significou a confirmação de outro rumor: Michael Schumacher se aposenta de novo e passa de vez para a história do esporte como o detentor de praticamente todos os recordes – Barrichello já respira aliviado. O alemão realmente acusou o golpe da idade, pois se o piloto não consegue mais manter a intensidade física e mental, começa realmente a cometer erros primários. Isso já vem ocorrendo, e no segundo treino livre em Suzuka, Schumi bateu de novo.

Muito se pode falar sobre a segunda passagem de Schumacher na F1. Que não foi um retorno tão bem sucedido quanto o de Niki Lauda? Não, certamente. Mas o que a Mercedes poderia esperar de um piloto como o Schumacher quarentão? Não muito mais do que ele efetivamente fez: contribuir com a experiência de um heptacampeão para a evolução do time como um todo – o que inegavelmente aconteceu – e os momentos de categoria que só um cara do seu quilate pode proporcionar ao comando de um carro de fórmula 1. O período sem vitórias foi um prato cheio para os seus detratores, que desencavaram com um argumento de que “se ele não voltou para ser campeão aos quarenta em uma equipe que era apenas média, é porque ele nunca foi tudo isso“.  E para quem realmente gosta de automobilismo, fica o agradecimento pelo privilégio de ter testemunhado mais um pouquinho da categoria do alemão, que vivia entediado em casa após a primeira aposentadoria e viu que seu novo hobby, o motociclismo, estava ficando perigoso demais. O fato é que, se Schumacher não venceu em seu retorno, ele também disputou posições com pilotos quase vinte anos mais jovens e com toda a obrigação de serem mais ambiciosos que o velho heptacampeão, e muitas vezes se saiu melhor.

Schumacher teve tempo para correr sem pressão, pois não tinha o que provar a ninguém, e se divertiu com isso. Tornou Rosberg um piloto mais forte e a equipe mais preparada. No fim, despediu-se, porque até para ele, o tempo passa.

Eu não vi Fangio, mas agradeço muito por ter visto Schumacher.

Fora do mundo da F1, Rubens Barrichello também é notícia. Já de férias na Indy após um ano de estreia difícil e aquém das espectativas, o piloto anunciou que dará aquela força para a Stock Car Brasil e participará da última corrida do campeonato, a do milhão, e provavelmente mais algumas provas do fim do campeonato. E correrá com o número 17 estampado no seu carro, em homenagem ao supercampeão da categoria Ingo Hoffman. Tony Kanaan também virá, e os cachês de ambos serão doados para o Instituto Barrichello Kanaan. Será interessante ver dois pilotos de categoria entrarem em carros bem mais modestos do que eles costumam guiar para enfrentar pilotos não tão técnicos quanto eles, mas muito mais adaptados ao equipamento e à peculiar competição que é a Stock brasileira. Para refrescar a memória, Jacques Villeneuve não teve vida fácil na Corrida do Milhão do ano passado, e não teve sobrenome que desse jeito. Para Barrichello, pode ser o indício do que ele fará no futuro próximo, após dar entrada em seus papéis de aposentadoria dos monopostos. Valerá a pena conferir.

Barrichello de roupa nova, carro novo e o número do velho ‘alemão’