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Artigos sobre ‘Fórmula-1 2012’

Deutschland über alles

April 18th, 2012 | 145 Comments | Filed in Fórmula-1 2012

O novo sócio do clube dos vencedores

Pois é, o GP da China de 2012 representou um marco histórico no processo de germanização da F1. A pista de Xangai viu mais um piloto alemão alcançar o panteão dos vencedores da Fórmula 1. Nico Rosberg largou na posição de honra – também pela primeira vez – e levou seu Mercedes sem qualquer sobressalto para a bandeirada. Para ele, a espera durou 111 grandes prêmios. Para o time Mercedes, a espera foi mais longa, muito maior do que os 41 GPs desde que a marca assumiu o lugar da Brawn GP: a última vitória de uma flecha prateada havia sido em 1955 com Juan Manuel Fangio, em Monza.

Ninguém duvida de que a Mercedes GP é uma das equipes mais sérias da F1, e que conta com o apoio – e o aporte financeiro, claro – da montadora. O projeto visava ao sucesso em longo prazo, mas o projeto de uma inovadora traquitana de dar inveja ao Professor Pardal, um sistema de dutos de ar acionados pela asa móvel (se por acaso alguém entendeu do que se trata, souber desenhar e me explicar, serei eternamente grato…) colocou o W03 entre os melhores carros do ano, e mesmo antes do previsto pelo planejamento da equipe, os alemães estão no páreo. Para vitórias e para o título.

Pela infelicidade de um mecânico, que cometeu um erro no primeiro pitstop de Michael Schumacher, o heptacampeão ficou de fora da disputa pela vitória, mas mesmo assim a festa germânica foi completada por Jenson Button e Lewis Hamilton, segundo e terceiro. Em outras palavras, os três primeiros postos foram ocupados por três motores da estrela de três pontas, algo que aconteceu justamente em Xangai em 2010, coincidentemente, com o mesmo pódio na ordem inversa. Definitivamente, o plat du jour foi um yakisoba de chucrute, servido com fartura.

No geral, a corrida foi movimentada, com disputas intensas do segundo lugar para trás. Sebastian Vettel e Kimi Räikkönen sofreram quedas dramáticas de desempenho no final e perderam a chance de ir ao pódio. Os carros da Sauber também não apresentaram um ritmo de corrida do mesmo nível que o de classificação. Na contramão veio a Williams. Apesar de posições discretas no grid, Bruno Senna e Pastor Maldonado fizeram ótima prova e chegaram e sétimo e oitavo. Frank Williams respira aliviado. Seus carros se destacam no pelotão intermediário e seus pilotos estão convencendo. Vida nova com os propulsores Renault… nada como contar com algo melhor do que os motores gripados da Cosworth.

A Ferrari voltou à sua realidade. Fernando Alonso foi apenas nono e Felipe Massa desperdiça gasolina.

Então ficou assim. Três corridas, três vencedores, três equipes. Hamilton, terceiro nas três provas, é o líder do campeonato. Equilíbrio pouco é bobagem.

Sainhas são permitidas no Bahrein??

No próximo fim de semana a F1 deve desembarcar e correr no Bahrein, apesar do caos político e da reprovação de qualquer pessoa sã que leia noticiários e esteja consciente da situação enfrentada pela população. Mas todos sabem que os interesses são tudo o que interessa. A Fórmula 1 tem um histórico de ignorar solenemente tanto violações de direitos humanos quanto o clamor da comunidade internacional, contrário à realização de eventos do tipo em países perpetradores das violações. No passado já foi muito chegada às sangrentas ditaduras do Brasil e da Argentina, além de dar de ombros paara o regime de apartheid na África do Sul. Mais do que nunca, a F1 de hoje assume a vocação de ser um parque de diversões para seus dirigentes, patrocinadores e contratantes milionários. A F1 não se importa com peões; quer sabe apenas de reis e rainhas, e no máximo, dos bispos.

A empáfiBernie Ecclestone assaltado e espancado na calma e tranquila cidade de Londresa chegou ao ponto que Martin Whitmarsh, fantoche do Ron Dennis no comando da McLaren, colocou no mesmo saco, em um episódio de diarreia verbal clássica, a guerra civil barenita e a violência urbana de São Paulo. Nada a declarar.

Portanto, amigos, até podemos assistir à corrida do próximo domingo. Desde que estejamos plenamente conscientes de que há pessoas sendo duramente reprimidas pelo seu desejo de melhorar a vida em seu próprio país. Os figurões passarão por cima de tudo com seus helicópteros enquanto manifestantes desarmados estarão sob gás lacrimogêneo, porretes e balas de revólver. Dá nojo. A vontade maior mesmo é de sair no domingo pela manhã para uma boa corrida na praia.

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Alonso em dia de super-herói

March 28th, 2012 | 29 Comments | Filed in Automobilismo, Fórmula-1, Fórmula-1 2012

O castellano poderá ser o segundo idioma na Ferrari em breve...

Para começar, vamos falar sobre o que NÃO vamos comentar:

1) Nenhuma palavra sobre a teimosia da FIA em marcar a corrida para a hora que todo mundo sabe que chove na Malásia. O que para nós é uma burrice e uma chateação, e perigosíssimo para os pilotos – que, por sinal, não se manifestam -, para alguém é bastante lucrativo. Assim é, assim permanecerá.

2) Nada a declarar sobre o suposto panic button que a Ferrari tem à disposição para fazer com que todos os carros com motores que saem de sua sede façam o seu “jogo de equipes”. O suspeitíssimo be careful… we need this position lembrou muito aquele Fernando is faster than you, e de qualquer forma, sendo ou não por influência ou ordem do pitwall vermelho, o fato é que todos sairiam felizes de qualquer jeito: Peter Sauber, que ganhará um belo ticket de desconto na compra de novos motores da Ferrari; Sérgio Pérez, que depois da sensacional atuação tem tudo para se mudar para Maranello em um futuro muito próximo (e vamos combinar que Felipe Massa está trabalhando muito para que isso aconteça o mais rápido possível); a Ferrari, que mesmo com um carro horroroso, simplesmente lidera o mundial de pilotos só porque tem Fernando Alonso, e terá algumas semanas de paz até que uma corrida em condições normais mostrem a real posição do F2012.

Entretanto, olhanhdo pelo prisma da Sauber, a mensagem faz sentido, e muito. É claro que todo mundo queria ver o mexicano passando atropelando Alonso e partindo para a glória, mas pergunte ao Pastor Maldonado se isso é simples assim. Para quem não se lembra, o venezuelano só precisava receber a bandeirada para levar nota 10 na Austrália, e então encontrou o toureiro de Oviedo. A poucas curvas do fim da corrida, perdeu o controle de sua Williams e enfiou a cara no muro. Voltou para os boxes a pé e sem pontos. O choro do helvético, hermético e matemático Sauber é a medida da façanha que seu pupilo alcançou.

Se foi mesmo uma ordem vinda da Ferrari, recolhamo-nos à nossa insignificância diante dos negócios alheios. Só que dessa vez não parecem mesmo ter sido esse cenário.

Falemos do que vale a pena.

1) Fernando Alonso teima em deixar claro que é ele que sobra na turma. Enquanto os outros lutavam contra as condições estão adversas, El Fodón de las Astúrias pegou seu carro nas costas e levou uma Ferrari sem rumo a uma das vitórias mais improváveis da história da equipe. Só o muchacho Sérgio Pérez conseguiu acompanhá-lo de perto… E falando do mexicano, esse piloto mostra uma novo desafio da categoria: os jovens talentosos de hoje têm de superar, em primeiro lugar, o estigma de ter de pagar através de seus patrocinadores para ter uma oportunidade. Pérez acaba de deixar essa marca para trás. Despontou como uma nova estrela da F1 e a partir de agora será observado, muito de perto, por todos que acompanham o circo.

2) Valeu a pena a primeira corrida de gente grande grande mesmo do Bruno Senna. Após se envolver em um toque não muito bem explicado pelas imagens, parar no box e cair para último, o Senninha ultrapassou, foi ultrapassado, ultrapassou de novo… E pode ser indicado sem muitas dificuldades como o piloto mais combativo da corrida. O sexto lugar foi um prêmio para ele e para a Williams, que com a volta aos propulsores Renault, tem um carro muito melhor do que nos últimos anos. Titio gostou.

Lewizinho paz e amor

3) Lewis Hamilton foi soberano nos treinos, mais uma vez. De novo, não conseguiu a vitória, porém marcou pela segunda vez a presença no pódio. Uma hora tudo se encaixa. Com a namoradinha de volta ao paddock, o inglês parece estar mais centrado e tende a repetir a excelente pilotagem de seu início de carreira.

4) Kimi Räikkönen voltou muito melhor do que se esperava. Mesmo perdendo posições no grid por ter trocado o câmbio do seu E20, fez ótima classificação ele chega duas provas concluídas na zona de pontuação. O homem de gelo já fez valer a aposta da Lotus.

Vettel mostra outro dedo a Karthikeyan

Os destaques negativos ficaram para Romain Grosjean e Narain Kartikeyan, que estragaram as corridas de Michael Schumacher e Sebastian Vettel respectivamente. No caso do heptacampeão, foi uma pena. Seu Mercedes ainda sofre com o desgaste crítico dos pneus, o que provoca uma queda maior de desempenho antes dos demais competidores, mas uma corrida imprevisível como essa era propícia para que o talento do Schumacão sobressaísse. O homem está com fome em 2012, e o banquete será nosso. Já o atual bicampeão vinha se virando bem, mesmo com um Red Bull meio fora de forma. Ainda há muitas corridas pela frente, e seu objetivo é não deixar os adversários dispararem até que sua equipe recupere a performance dos dois últimos anos.

Sobre o  troféu roda presa, não há como evitar: vai para Felipe Massa.

É inexplicável a diferença de desempenho em relação ao Alonso: enquanto ninguém chegou à frente de espanhol, o brasileiro só superou os carros das nanicas. Em outras palavras, não chegou ninguém atrás dele. Não fossem os problemas para a substituição de um piloto com a temporada em curso e as poucas opções de pilotos no mercado, já se pode duvidar que a carreira do piloto em Maranello se estenda em caso de outro fiasco. Massa já faz por merecer uma demissão por justa causa por deficiência técnica.

Até Xangai, daqui a três semanas.

Massa: sem palavras

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Felipe Massa: bem-vindo ao olho do furacão

March 23rd, 2012 | 52 Comments | Filed in Automobilismo, Fórmula-1, Fórmula-1 2012

Era uma vez um homem, que nunca mais sorriu

Foram poucas as oportunidades que tivemos de ver um piloto tão pressionado como se encontra hoje Felipe Massa. A rigor, desde o seu retorno após o terrível acidente na Hungria/2009, ele teve uma única atuação digna  de nota. Mas essa atuação acabou eclipsada pelo episódio Fernando is faster than you. Até por gratidão, a Ferrari vem tentando ao máximo dar confiança ao piloto, poupando-o das batatadas da imprensa mesmo quando sua performance é abaixo da crítica. Mas até quando essa atitude pode durar?

A Ferrari mais uma vez errou a receita do bolo na hora de projetar o carro para 2012. Prestes a presenciar mais um ano de fiasco da equipe de Maranello, bastou apenas o primeiro GP  da temporada terminar para que a passional imprensa italiana já elegesse o seu bode expiatório ideal: Felipe Massa. Já rolam campanhas abertas pela cabeça do brasileiro, e como a Itália não tem nenhum piloto inscrito neste ano, há um lobby fortíssimo para a contratação de Jarno Trulli – que, por sinal, já era ex-piloto em atividade havia algum tempo…  Também correm boatos de que Sergio Pérez, cria do programa de desenvolvimento de talentos da Ferrari, poderia assumir o cockpit vermelho.  Ainda foi feita uma enquete no site italiano Auto.it, na qual o piloto favorito da torcida italiana para substituir Massa seria ninguém menos que Rubens Barrichello. Inclusive, se fosse uma eleição, ele seria eleito sem necessidade de segundo turno.

Por que cargas d’água então a Ferrari teima em proteger o seu piloto? A resposta é mais fácil do que parece.

Porque até a Ferrari sabe que a simples substituição de um piloto no início da temporada é muito mais um problema do que uma solução para um carro que teima em andar lá atrás.

A Ferrari sem direção

Vamos brincar de que a sugestão da enquete é plausível. Hoje é muito mais fácil um piloto promissor, como Pérez ou Kobayashi, se queimar (ou mesmo ser queimado) ao assumir o volante de uma Ferrari ruim e com toda a pressão do mundo sobre ele. O que dirá ainda para um novato, como Jules Bianchi ou Luca Fillipi. É fácil lembrar do caso do Romain Grosjean, que em 2010 substituiu a Nelson Piquet Jr. na Renault e teve que se contentar em voltar à GP2 no ano seguinte.  Até para pilotos experientes, como Trulli ou Liuzzi, poderia significar a aposentadoria sem glórias, assim como aconteceu com Giancarlo Fisichella e Luca Badoer, quando estes tentaram substituir o mesmo Felipe Massa após o acidente em 2009 em um dos piores carros produzidos pela Ferrari por Maranello em décadas. Em resumo: os últimos casos de substituição não foram fáceis, tampouco bem sucedidos.

Lá dos Estados Unidos, Barrichello deve ter soltado um sorrisinho de canto de boca. Pode apostar que a sua vontade é retornar à F1, mas com tudo azeitado para sua estreia na Indy – até a Silvana liberou as corridas nos circuitos ovais – seria muito difícil que ele se livrasse do compromisso e cruzar o Atlântico de volta.

A verdade é que o box da Ferrari está um pandemônio alla bolognese. Ninguém sabe o que está errado, só sabem que algo não está certo. Alonso sempre dá seu jeito, tira um segundo a fórceps do carro número 5 e mantém sua reputação de “El Fodón de las Astúrias” intacta. Enquanto isso, no carro número 6, Massa luta contra o acerto, os pneus Pirelli, o tráfego, os adversários, que cismam em estragar o último serviço de lanternagem, e enfim, seus próprios fantasmas. Está próxima a hora em que o guarda-chuva vermeelho vai começar a vazear, e a Ferrari vai fazer qualquer coisa para aplacar a ira da torcida, da mídia e dos seus anunciantes. Qualquer coisa mesmo, inclusive colocar o cabisbaixo brasileiro no olho da rua.

Sua sorte está lançada na Malásia.

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Sobre Williams e Bruno Senna

March 21st, 2012 | 25 Comments | Filed in Automobilismo, Fórmula-1, Fórmula-1 2012

Bruno Senna testando a Honda: não foi dessa vez

Sim, amigos, este post está atrasado. Ele ficou escrito no meu computador e simplesmente esqueci de publicá-lo. Porém, julguei que valeria a pena colocá-lo no ar, apesar de detestar assuntos requentados. Pensando bem, esse assunto deverá ser requentado várias vezes durante o ano… Anyway… aí vai.

Ano de 2008. Rubens Barrichello via-se sem contrato para a temporada seguinte quando o seu time de então, a Honda, convocou o ilustre desconhecido de sobrenome Senna para uma sessão de testes. Todos conhecem a história: os japoneses debandaram, Ross Brawn comprou o espólio e deu nova chance a Barrichello, que assim adiou a estreia de Bruno na F1. Um a zero para o decano.

Passemos a 2012. Barrichello põe-se desesperadamente em busca de patrocínio para entrar no leilão da vaga que foi sua na Williams nas duas últimas temporadas e poder fechar sua segunda década na categoria. Pois o decadente time de Sir Frank optou por Bruno Senna, outro piloto-incógnita para dividir os boxes com o nada confiável – porém endinheirado – Pastor Maldonado. E qual é a surpresa?

Vamos abrir parênteses e falar sobre outra equipe, com outra realidade, a Toro Rosso. A equipe “surpreendeu” toda a imprensa por trocar seus dois pilotos para 2012, mas a mesma imprensa se esquece da razão de ser da ex-Minardi: descobrir novos Sebastians Vettels para a Red Bull. Tanto Sebastian Buemi quanto Jaime Alguersuari não o são, apesar da temporada honesta que tiveram em 2011. Enquanto o suíço foi “promovido” a piloto de testes da matriz, o catalão voltou para as boates da costa mediterrânea, por onde é mais conhecido como DJ Squire, e dizem que é muito bom. A Toro Rosso alinhará com dois novos pilotos do programa de desenvolvimento da Red Bull e caso os mesmos não deem o resultado esperado, serão descartados. É a vida na Toro Rosso.

Mas na Williams não era para ser assim.

O time tinha algumas opções: 1) manter Barrichello, após o brasileiro ter arranjado alguns patrocínios para manter a vaga; 2) apostar (com risco, é verdade) na volta de Kimi Räikkönen; 3) repatriar Nico Hülkenberg, que não é lá tão experiente, mas estreou bem em 2010 pela mesma Williams e fez a pole no Brasil. Isso só para começar.

Bruno Senna mostrando ser muito melhor que a concorrência*

O estranho nisso tudo é a preterição da escolha mais natural para a equipe, que atende pelo nome de Adrian Sutil – e que como dizia Carlos Drummond de Andrade, ainda não tinha aparecido na história. O piloto chucrute é bem razoável, tem experiência para não cometer erros de principiante (e uma carreira mais longa pela frente do que o Rubinho) além de vir munido com um bom trocado na conta de seus patrocinadores. Dizem que a negociação emperrou na duração do contrato (Sutil queria apenas um ano, de olho grande em uma possível vaga no cockpit vermelho você já sabe de quem…). A confiança no talento do Bruno é tanta que a equipe assinou com ele… por um ano.

Vendendo a vaga em Grove para Bruno Senna, tio Frank confirma duas coisas: em primeiro lugar, o fim da carreira de Rubens Barrichello na F1. Sem homenagem, despedida, pompa ou circunstância. Em segundo, a queda pouco honrosa de uma das escuderias mais poderosas e vencedoras da história da categoria. Em busca do caminho perdido das vitórias, muitas mudanças foram feitas. Nomes como Patrick Head, Adam Parr e Sam Michael deixaram a equipe. Entre os que chegam está Mike Coughlan – aquele mesmo, pivô do entrevero de espionagem entre McLaren e Ferrari em 2007.

Foto com o boné novo para cá, com o carro do finado tio para lá, vem o Bruno e solta a pérola que se tornará discurso oficial: ao contrário do que malvados e maldosos podem pensar ou dizer, ele não levou a vaga por causa dos quase €15 mi generosamente cedidos por Eike Batista e pela Embratel; ela foi conquistada no videogame*. Vindo de um piloto que pulou tantas etapas de aprendizado… Portanto, as dificuldades, os erros e as inconsistências que o piloto vier a apresentar ao longo do ano, não serão fruto da inexperiência de novato, que vai “estrear pela terceira vez”, quadro pintado por aqueles que se recusam a admitir que um piloto brasileiro possa estar na F1 pagando pela vaga (o que dirá com um sobrenome desses). Mas sim de um piloto que, no resumo da ópera, não tem sequer uma carreira que justifique sua presença na categoria.

Ele pode ser um gênio malcompreendido do esporte, esperando apenas a chance de sair da garrafa? Pessoalmente, não excluo qualquer possibilidade. Mas que até hoje… ele é apenas mais um sobrinho.

 

* – não consegui achar um link que não estivesse quebrado, mas quem sabe alguém por aí acha. Busque “Senna minimiza fator financeiro e diz que avaliação foi vital para Williams”.

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Foi dada a largada para a temporada 2012

March 20th, 2012 | 37 Comments | Filed in Automobilismo, Fórmula-1, Fórmula-1 2012

Weeeeeelcome to Autralia!!!!!

O 63º Campeonato Mundial de Fórmula 1 teve início na madrugada do último domingo na Austrália, com as bênçãos – e também os castigos – dos deuses da velocidade. Em 2012 nos sentaremos em nossas poltronas para assistir ao inédito embate entre seis campeões da categoria, fato que por si só já chama a nossa atenção. As corridas, a princípio terão uma tendência ao equilíbrio dadas as mudanças de regulamento, o que aproxima o desempenho dos times até que todos achem a sua direção e as equipes dominantes deslanchem na frente. Nem teremos mais duas Lotus de mentira. Uma virou Caterham, e a outra, juridicamente, não vai ter jeito, vamos ter que engolir. Mas esse não é o pior dos nossos castigos: as mesmas mudanças de regulamento tornaram a safra de carros de 2012, em termos visuais, é uma das mais feias de toda a história. Infelizmente, a gente acostuma, e felizmente, a FIA já analisa mudanças para 2013 a fim de solucionar essas aberrações estéticas.

Kimi Räikkönen, Romain Grosjean e principalmente Nico Hülkenberg ganharam dos deuses novas vidas na categoria, até bem merecidas. Apenas o campeão de 2007 chegou ao final, e para uma reestreia, o sétimo lugar ficou muito bom. Só que ele não foi para casa sem um bela ultrapassagem de boas-vindas, proporcionada pelo ninja Kamui Kobayashi.

A soberba de Maranello está sendo cruelmente punida pelos deuses da velocidade. Desde o desmonte do núcleo Schumacher-Todt-Brawn-Byrne, os carros vermelhos pioram ano a ano, e as desculpas estão ficando escassas. A única sorte é ter Fernando Alonso, que tomou um calor de Pastor Maldonado até as últimas curvas da corrida para cruzar em quinto. E acredite: isso é bem mais do que esse carro merecia.

Falando em Williams, a equipe do velho Frank, depois de muitas promessas, feitiços e simpatias, recebeu uma dádiva especial: os propulsores Renault, iguaizinhos àqueles que levaram os campeonatos dos dois anos anteriores. Mesmo assim, uma equipe de tamanho porte e tradição não pode ter em seus boxes dois pilotos que pagam para correr. A atuação apagadíssima de Bruno Senna e a horrorosa entortada de Maldonado na última volta, desperdiçando os preciosos pontos do sexto lugar que ocupava foi um aviso – bastante eloquente – que veio de cima.

Um conhecido protegido dos deuses que vem com força é Michael Schumacher. A versão 2012 das flechas de prata é a melhor desde que o a Mercedes voltou à F1 como construtora. E o afetadinho Nico Rosberg não deve aceitar de bom grado escoltar o provecto heptacampeão. Dizem que há algo de poder debaixo daquele capô, mas até ser provado, a Mercedes é uma das equipes que estará constantemente metida no meio do clube top-3.

Fagulhas, farpas, plumas...

Nem a história, nem os títulos do automobilismo do Brasil-sil-sil fez com que os deuses olhassem com mais carinho para os brasileiros. Tanto Felipe Massa quanto Bruno Senna foram muito piores do que seus companheiros de equipe na classificação, e principalmente, na corrida. E a primeira corrida do ano terminou para ambos em um constrangedor contato imediato do quarto grau (vulgo batidão) enquanto disputavam o 14º lugar – o que é ainda mais constrangedor. Para Massa, ficará difícil para a Ferrari justificar sua presença no time se tamanha inoperância continuar por mais algumas provas. Senna, por seu lado, não deve se fiar demais em seu sobrenome e na grana do Eike Batista. A sua equipe pode até precisar muito da sua cota, mas seu patrão continua se chamando Frank Williams, e ele não tem lá muita paciência com pilotos improdutivos.

A dom da sabedoria foi concedido ao atual bicampeão, Sebastian Vettel. Diferente dos últimos dois anos, a Red Bull não dispunha do carro a ser batido no começo da temporada. Ainda assim, mostrou competitividade para ir até onde deu, e serenidade para reconhecer a superioridade do adversário. No fundo, ele sabe que o seu talento não dará vida fácil para ninguém que queira tirar o número um do seu carro.

MP-4/27: a miss F1 2012

No final das contas, a mais agraciada de todos é a McLaren. É o único time com cojones para alinhar com dois campeões, e também tem o carro mais bonito do ano, único imune à doença que deixou todos os outros com aquele bico de ornitorrinco horroroso (a Marussia também, mas essa quase ninguém vê…). Nada contra os ornitorrincos, mas uma equipe que conta com Jenson Button e Lewis Hamilton na pista, além de Jessica Michibata e Nicole Scherzinger torcendo nos boxes, merece a pole, a vitória – que só não foi uma dobradinha porque o Vettel ainda é o Vettel – e a festa.

O segundo round é na Malásia, segunda casa da Mercedes,  na madrugada do próximo domingo.

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Helter Skelter em Interlagos!!!!

January 30th, 2012 | 52 Comments | Filed in Fórmula-1 2012

Contem comigo: eins, zwei, drei!!!!

Foi um GP para ficar para a história. A Fórmula 1 teve no GP Brasil o fechamento perfeito para a temporada mais imprevisível de todos os tempos. Interlagos teve mais uma vez o privilégio de ser o palco do duelo que coroaria o mais novo tricampeão da categoria: de um lado, o atual bicampeão e favorito Sebastian Vettel, que atropelou por fora na segunda metade do campeonato, e só precisaria de um quarto lugar para não depender de mais nada; no outro canto, o desafiador Fernando Alonso, piloto mais completo da geração, que graças a sua habilidade ao volante (e às pilantragens do seu time, afinal, se a Ferrari não foi capaz de produzir um carro capaz de encarar a concorrência, ela lançou mão sem qualquer constrangimento de seus outros artifícios menos ortodoxos ao longo da temporada) foi até o fim com possibilidades de título. Yo soy español y no desisto jamás!!!!

Lewis muda de ares em 2013

A corrida que definiu o detentor do caneco de 2012 foi cheia de ups and downs para os dois candidatos, e a cada variação na intensidade da chuva, o rumo do campeonato mudava de mãos. Logo no começo, Vettel caiu para último depois de ser duramente atingido por Bruno Senna. Esse foi o último ato do brasileiro defendendo a Williams. Foi a primeira das várias provações a que o piloto da Red Bull teve que se submeter. Alheio à disputa pelo título, Nico Hülkenberg – que já fizera a pole em Interlagos em 2010 – mostrou à Sauber que fizeram bom negócio ao contratá-lo para o próximo ano ao travar um intenso pega com Lewis Hamilton, e quase venceu em sua última corrida pela Force India. Um erro de cálculo do germânico, porém, tirou a ele e o piloto da McLaren do páreo. Melhor para Jenson Button, cujas melhores atuações na carreira ocorreram justamente nessas condições de clima. Ele venceu a corrida e será o número 1 em Woking em 2013. Logo atrás vieram Alonso e o Lázaro ressuscitado Felipe Massa, que novamente fez uma boa corrida.

A imagem que fica do heptacampeão. Eu não vi Fangio, mas vi Schumacher

Enquanto isso, Vettel, o alemão que também não desiste nem por todo o chucrute do mundo, enfrentou as intempéries, problemas de comunicação via rádio e ainda lutou roda a roda contra os francoatiradores do pelotão intermediário, até que encontrou Michael Schumacher pela frente. Já correndo vestido com seu pijama de aposentado, o heptacampeão abriu passagem para o seu pupilo garantir a sexta colocação e o seu terceiro título consecutivo, impressionante marca só possuída por apenas outros dois pilotos: Juan Manuel Fangio e o próprio Schumacher. Assim um supercampeão abandonou o esporte e deixou o caminho aberto para que seu sucessor possa escrever também seu nome na história. Não poderia haver uma passagem de coroa mais simbólica. Deutscheland übber alles!!!

2012 vai deixar saudades. Não apenas porque foi a temporada com o maior número de campeões na ativa, mas porque quase todos eles guiaram muito fino. É incontestável o mérito de Vettel ao alcançar seu tricampeonato legítimo ao superar um fenomenal Alonso, que levou seu carro nas costas durante o ano inteiro. Salva de palmas para o retorno de Kimi Räikkönen em alto estilo. Com seu talento, o finlandês elevou o nível da equipe Lotus-Genii a um time vencedor. Há de se constatar o amadurecimento de Hamilton em suas quatro vitórias e tantas outras vezes que ficou no ‘quase’ por problemas de confiabilidade da McLaren ou circunstâncias de corrida. Mesmo tendo sido sofríveis na primeira metade do ano, Button e Massa voltaram a ser competitivos. No final, há muitas coisas mais legais para se lembrar da temporada 2012 do que os bicos horrendos dos bólidos; a Fórmula 1 foi o show que todos querem assistir. Que venha 2013.

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Atestado de óbito

January 20th, 2012 | 13 Comments | Filed in Fórmula-1 2012

Bolivariano na ponta

Começou o barulho da Fórmula 1 em Hockenheim, com tempo instável e  e Pastor Maldonado já colocou água no chope alemão ao fechar o primeiro dia de atividades com o melhor tempo, à frente de Nico Rosberg e Sebastian Vettel. Em quarto, outro latin driver: Sergio Pérez. Acostumados a frequentar as primeiras posições, Lewis Hamilton e Fernando Alonso ficaram respectivamente em 19º e 20º. O treino que decide o grid é amanhã.

Poderiam deixar ao menos uma lápide

Enquanto o clima esquenta para a disputa da décima das vinte etapas da F1 em 2012, aqui no Brasil, uma página histórica do mundo da velocidade está sendo enterrada pelo trabalho de retroescavadeiras, britadeiras, betoneiras e outras máquinas que silenciaram definitivamente o ruído dos outros motores que lá reinaram em um passado cada vez mais distante. Uma etapa da Stock Car Brasil foi o melancólico canto do cisne. Morreu o Autódromo Internacional Nelson Piquet, ou Jacarepaguá, como era mais conhecido no mundo. Morreu, não. Foi assassinado. A sangue frio, diga-se. O crime começou há mais ou menos cinco anos, quando seu traçado seletivo e desafiador, admirado pelos pilotos mais importantes de seus tempos áureos foi brutalmente mutilado para a construção de instalações para o Panamericano de 2007, inclusive um moderníssimo velódromo – que se supunha servir também aos jogos olímpicos do Rio, mas hoje, em mais uma prova de que dinheiro público é capim, também está ameaçado de demolição.

A imagem do abandono…

Há muitos cúmplices nessa morte cruel. A CBA, que tenta convencer a todos que um dia existirá um novo e moderno autódromo em Deodoro e permitiu o sucateamento, a degradação e o abandono definitivo da pista; a fúria expansionista dos especuladores imobiliários da Barra da Tijuca, ávidos para lotear aquele valioso terreno que certamente será adquirido a preço de banana; a prefeitura do Rio, que de tão interessada na arrecadação de IPTU que virá, simplesmente fingiu que não viu nada.

… e de um tempo que não volta mais

Lembre-se que não falamos de um defunto qualquer. Essas retas e curvas que virarão poeira receberam corridas da F1, da Indy e da Moto GP, um privilégio compartilhado com pouquíssimos circuitos do mundo. Restarão as fotos e os filmes com a lembrança dos pilotos que lá desfilaram, das disputas, das vitórias, de todos os momentos testemunhados por este dinossauro, que estava vivo milhões de anos depois do fim dos seus semelhantes, e mesmo assim, foi esquecido ainda em vida e abandonado à própria sorte.

Más notícias não param por aí. A Marussia divulgou nota informando que o carro pilotado por María de Villota não apresentou qualquer falha naquele teste fatídico que deixou a espanhola entre a vida e a morte e inflingiu danos permanentes à moça. Para o bom entendedor, o comunicado foi o mesmo que dizer: “sabe como é, mulheres confundem freio e acelerador assim mesmo, e aí, babau.” Insensível, inoportuno, improvável, indecente, covarde. Sorte da María que todos os pensamentos estão com ela, e não com a Marussia.

Treino oficial: sábado, 9h. Largada: domingo, mesmo horário. Vida que segue.

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Por essa, nem Hugo Chávez esperava…

January 15th, 2012 | 3 Comments | Filed in Fórmula-1 2012

Depois do desempenho da Red Bull e Mercedes ao longo do fim de semana e da punição sofrida por Lewis Hamilton, todo o clima em Barcelona parecia conspirar para uma vitória da Lotus-Genii, fosse com Kimi Räikkönen ou Romain Grosjean. Afinal, quem apostaria que Willimas e Ferrari teriam consistência para dominar uma corrida? Pois foi exatamente o que aconteceu. Verdade seja dita: Räikkönen tinha o carro mais rápido no final da corrida, mas ele ficou muito para trás no primeiro trecho da corrida, com tanques cheios. Mas o finlandês colecionou outro pódio com a terceira posição, e a Lotus bastarda continua no encalço de uma vitória. Só não será a quinta equipe a vencer em  2012 porque Pastor Maldonado e a Williams superaram Fernando Alonso – que inclusive estava em um dia inspirado – e surpreenderam o mundo do automobilismo com um triunfo para ser lembrado por muito tempo.

Pensando bem,  o termo “surpresa” deve ser relativizado em 2012, pois o mesmo Maldonado já havia feito uma  corrida para se orgulhar em Melbourne (apesar do desfecho decepcionante), enquanto Sergio Pérez levou o mundo ao delírio na perseguição frenética a Alonso pelo primeiro lugar na Malásia no clima da trilha sonora de “Tubarão”. A temporada é a mais democrática desde 1983, quando cinco pilotos venceram as cinco primeiras corridas com cinco carros diferentes. Se um sexto carro com um sexto piloto vencer em Mônaco será totalmente normal. A F1 atual dá o direito de sonhar a quase todo mundo.

A primeira vitória de um piloto bolivariano na F1 não veio por acaso nem caiu simplesmente no colo dele. Foi uma vitória conquistada com estratégia e velocidade. E nem adianta Alonso, que pulou na frente logo na largada, argumentar que a culpa foi do Charles Pic (o francês foi punido por desrespeitar a bandeira azul, sinalizada para que deixasse o espanhol passar). Maldonado manteve um ritmo forte enquanto estava em segundo, e a Williams deu o pulo do gato ao antecipar o primeiro pit de seu piloto, que reassumiu a ponta para não perder mais.

À primeira vista, entrar na F1 com o rótulo de piloto pagante não é nada bom, mas o filho da Venezuela deu provas de que merece o seu lugar ao sol e já colhe os frutos do investimento que foi feito nele. Não é para qualquer um vencer um grande prêmio em sua segunda temporada, ainda mais estando de fora das equipes dominantes. Um piloto que jamais havia subido ao pódio, foi direto ao topo logo na primeira vez. Mais do que ganhar respeito para ele próprio, o resultado traz de volta à competitividade a Williams, que já sofria comparações com as nanicas e fez com que todos recordassem o seu pedigree vencedor. Foi a maior homenagem que Frank Williams poderia ter na comemoração de seus 70 anos.

Depois de ter andado próximo ao Fodón de las Astúrias no Bahrein, Felipe Massa voltou à sua triste sina. Usou a desculpa do drive through que foi submetido pelo péssimo resultado: novamente, ele chegou na frente apenas de Hispanias, Marussias e Caterhams. Sebastian Vettel sofreu a mesma punição e chegou em sexto. O brasileiro foi 15°. E o pavio em Maranello encurta.

#FAIL

Bruno Senna: no geral não foi bem como nas últimas corridas, e se envolveu na maior polêmica da corrida. Os fiscais utilizaram a máxima dos acidentes de trânsito – quem bate atrás paga o prejuízo – e culparam Michael Schumacher, que perderá cinco posições no próximo GP. Vai aí uma opinião pessoal: Senna, com pneus desgastados, tinha velocidade de retardatário e tentou segurar pilotos mais rápidos recém saídos do box – com pneus novos – apenas com a premissa de ter direito a defender a posição. Ele já tinha tido contato com Grosjean instantes antes. Forçando demais a barra, eu poderia dizer que foi um acidente de corrida. E vá, lá, talvez o Schumacher pudesse ter evitado a batida, porém culpá-lo sem dar no mínimo uma chamada no brasileiro foi um equívoco. (Mas eu não acho nada; só toco aqui meu tamborzinho, e olhe lá…)

Depois do vencedor, a maior figura da corrida foi Lewis Hamilton. O inglês perdeu o direito de largar na frente no sábado, mas sacudiu a poeira e deu a volta por cima para fazer uma senhora corrida. Largou em último e chegou em oitavo, à frente de Jenson Button.

A imagem do pódio diz tudo. Bem-vindo ao clube dos vencedores, Pastor. E até Mônaco, no dia 27.

Nos braços dos campeões

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Um pódio para três vencedores

January 7th, 2012 | 10 Comments | Filed in Fórmula-1 2012

Por dentro, Kimi sorriu. Nem que tenha sido ao ver Hamilton encostando o carro…

Demorou para abalar. A máxima do funk carioca resume a volta mais do que alardeada e merecida de Kimi Räikkönen ao topo do pódio na Fórmula 1 no GP de Abu Dhabi. Foi mesmo lá, no circuito de Yas Marina, a Disneylândia dos milionários e uma das pistas mais enfadonhas do calendário, que aconteceu uma das melhores corridas de 2012. Teve de tudo: ultrapassagens, acidentes, decepções, recuperações, os três primeiros separados por apenas 4s.  E os pilotos que foram ao pódio mostraram o porquê deles serem os líderes do campeonato.

Karthikeyan descabelando Rosberg

Räikkönen já batera na trave da vitória diversas vezes no ano de seu retorno para a F1, mesmo assim, não esmoreceu até aparecer a grande chance. A Lotus-Genii (vamos combinar que é apenas uma equipe homônima, xará do clássico time de Colin Chapman, assim como eu não sou o Crusoé, e assim como outros Kimis loirinhos existiram, existem e existirão na Finlândia sem serem campeões de F1 em 2007) finalmente se tornou a sexta equipe a vencer nesta temporada. Pelo conjunto da obra, e pela ousada contratação do finlandês, o time faz jus a essa conquista. De quebra, ainda jogou um fogo extra nos duelistas pelo título para as duas últimas etapas.

Champanhe, que nada. O negócio com ele é vodca cerveja!!!

Alonso aposta no próprio taco. “Se eles querem meu sangue, verão o meu sangue só no fim.”

Fernando Alonso precisou de muito mais do que sua Ferrari oferece para conseguir esse segundo lugar. Foi agressivo, conservador e sortudo na medida certa, e se a desvantagem ainda é grande, a confiança dele – apesar dos pesares – está tão alta que é impossível excluir suas chances de ser tricampeão. Sebastian Vettel chegou em terceiro e fez uma corrida soberba. Corretamente punido na classificação, largou em último. Escalou o pelotão, caiu para último de novo, passou quase todo mundo, mudou a estratégia, subiu para quarto, e no cochilo de Jenson Button, arrancou-lhe o lugar no pódio. Pela fome de título que os dois vêm demostrando, acabe o caneco com quem for, estará em ótimas mãos.

Há de se fazer uma menção honrosa a Lewis Hamilton, que dominou o final de semana e se encaminhava para uma vitória tranquila, porém, sua McLaren o deixou a pé, mais uma vez, em sua antepenúltima corrida pelo time.

A Williams pontuou em Abu Dhabi com seus dois pilotos, Pastor Maldonado em quinto e Bruno Senna em oitavo. A Sauber marcou seus pontinhos com a sexta posição de Kamui Kobayashi. E por que cargas d’água estão as duas equipes no mesmo parágrafo?? Acontece que ambos os times têm muito em comum: evoluíram consideravelmente em relação aos anos anteriores e – relevando-se o potencial de suas duplas – careceram de pilotos com mais experiência para desenvolver o real potencial de seus carros. Até Alonso corrobora esse ponto de vista. É nisso que o povo em Grove e Hinwill deveriam estar pensando nesse momento em relação a 2013.

Olhando para o time de Frank Williams, Maldonado até venceu, mas desperdiçou uma infinidade de pontos por exagerar na dose, e nem todos os seus petrobolívares fuertes garantem sua permanência por mais um ano. Senna é um piloto correto nas corridas, mas diferentemente do seu tio, terrivelmente incompetente nas classificações. Por conta disso o brasileiro já é carta fora do baralho na equipe, e se sua fada madrinha Eike Batista não quiser bancar o passaporte do brasileiro para a Force India, ele pode parar de novo em uma sub-equipe, a Caterham. Já a Sauber provavelmente terá um novato mexicano patrocinado pela Telmex. O que é certo é que a dificuldade de ser médio na F1 é a luta constante para não virar pequeno, seja por falta de grana ou por deficiência dos pilotos.

Mais um round na luta pelo título acontecerá dia 18 nas terras de Mr. Obama, reeleito e tirando onda. Para apimentar, nada melhor do que uma pista zero quilômetro, desconhecida para todos, totalmente imprevisível.

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