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Artigos sobre ‘Fórmula-1 2010’

Lições turcas

June 1st, 2010 | 10 Comments | Filed in Automobilismo, Fórmula-1, Fórmula-1 2010

Olha a cara de macambúzio de Vettel, desde sábado ao perder a pole

O Grande Prêmio da Turquia prometeu muito mais do que entregou. Se não fosse a perseguição frenética das McLarens para cima dos pilotos da Red Bull, a corrida teria o mesmo efeito de um Lexotan. Ainda assim, muita gente da Fórmula 1 levou importantes lições de Istambul.

Esta corrida poderia ter sido a comemoração dos 800 Grandes Prêmios da Ferrari, mas mesmo depois de ser a favorita nos treinos de Mônaco com Fernando Alonso e com o impressionante retrospecto de Felipe Massa na pista, a equipe se apresentou marchando fora da passada, com ambos os pilotos. Stefano Domenicali ainda teve que engolir a Tony Fernandes, chefe da Lotus paraguaia malaia, que declarou que sua equipe após apenas sete GPs já está a apenas 2,4s das Ferrari, com 800. Como ele dormiu com esse barulho no ouvido, não se sabe.

O sétimo GP da carreira de Vitaly Petrov viu a competitividade brotando no piloto russo, dono da melhor volta da corrida. Porém, ele teve muito azar além de um pneu furado em um toque de corrida durante a manobra de Alonso para ultrapassá-lo, abandonando então na penúltima volta quando certamente marcaria uns pontinhos. Apesar de chato, é animadora a sua evolução. Na outra face da moeda, o promissor Nico Hülkenberg continua penando em seu aprendizado sendo mais lento e até ultrapassado na pista pelo seu parceiro, o veterano Rubens Barrichello. A Williams considera seriamente a substituição dos motores “impotentes” da Cosworth, que colocam a tradicional equipe britânica muito mais próxima das nanicas do que das grandes.

Bater no coleguinha não pode

O GP otomano poderia ter servido como a afirmação da supremacia dos carros da Red Bull, que mesmo seguidos de perto desde a classificação pela McLaren, tinha uma dobradinha encaminhando para consolidar suas posições nos dois mundiais. Até que seus pilotos chutaram o pau da barraca. Isso mesmo, OS DOIS PILOTOS.  Tome-se aí as proporções. Posição diametralmente oposta à das vozes oficiais da F1 no Brasil, que teimam em responsabilizar exclusivamente ao “bom porém ‘inexperiente'” Sebastian Vettel.

Algo bizarro acontece naquela cabine, de onde não se enxerga o que é Sebastian Vettel. Só para recapitular: o ‘inexperiente’ com 23 anos incompletos venceu uma corrida em sua primeira temporada completa  – na equipe que até dois anos antes, se chamava Minardi – e foi vice-campeão em seu segundo ano, por outra equipe que aprendeu o caminho da vitória pelas mãos dele. Só isso. Do meu sofá,  parece mais que não querem ver um piloto como ele ser campeão em uma idade em que o “único, inesquecível, inoxidável e patriota” Ayrton Senna sequer havia chegado à Fórmula 1. (Obs: os tempos eram outros, não cabe a comparação e tampouco procede esse ‘medinho’ de que se desfaça a memória do falecido. Não vejo outra razão para tanta desfaçatez com o alemãozinho.)

Vettel errou por ter sido otimista demais. Ele era mais rápido e poderia ter ultrapassado em outra ocasião. E foi castigado ao cair para a quinta posição do campeonato. Mas peralá, não se deve esperar que seu próprio parceiro faça o que o dele fez.

Caolho sim, mas cego não!!! Helmut Marko, consultor da Red Bull, responsabilizou exclusivamente Webber pela batida

Mark Webber… O autraliano deve ler a cartilha que a própria McLaren usou na corrida: companheiros de equipe podem disputar posição, mas pelamordedeus, você não força a ponto de provocar um acidente com seu companheiro!!!! Afinal, os dois têm o mesmo chefe, que em geral não quer saber se o pato é macho; ele quer é ver ovo. Com essa atitude, o piloto relembrou os tempos em que esta mesma coluna o chamava de “Mark(eting) Webber” que f

azia tudo para levar a disputa com os parceiros de equipe para dentro dos boxes, com direito a guerrinha de fofocas declarações daninhas direcionadas ao carro do lado. Agora, ele quer dar uma de “psicólogo” e “conversar” com o “adolescente” Vettel, e assim tentar minar um piloto mais talentoso e completo do que ele.

Engraçado foi o Galvão, nessa altura, defender a prática antidesportiva ferrarista que praticamente impede uma ultrapassagem entre seus pilotos. Enquanto um certo Barrichello andava por lá, o discurso era diferente.

A moral da história é que a McLaren – que permitiu disputa entre seus carros e mesmo assim ganhou uma dobradinha que caiu no colo – aprende que o grande touro vermelho pode não ser um bicho tão feio assim. O time das latinhas tem lá seus pontos fracos.

A Red Bull, equipe tradicionalmente despojada e bem-humorada, vai ter que aprender a realidade das equipes que protagonizam o esporte. Podar declarações, esconder crises que todo mundo vê… Ser grande tem dessas coisas.

Para não dizer que foi tudo ruim também, deve-se ressaltar a grande vitória de Lewis Hamilton. O showman 2010 da categoria demonstrou a mesma impetuosidade das últimas corridas para chegar à sua primeira vitória na temporada. Ele foi o quinto piloto a vencer no ano, o que demonstra que a clara superioridade técnica da Red Bull não está se convertendo em domínio. Recordando 2009, foi com suas seis vitórias em sete corridas que Jenson Button assegurou seu título. Aí residiu todo o mérito para que ostentasse o número 1: ter sido absolutamente perfeito enquanto a eficiência de seu difusor traseiro era maior do que a dos outros, pois uma vez estabelecido um maior equilíbrio entre as equipes, sua vantagem já era irreversível como se provou no final.

O carro todo branquinho de 2010, a Sauber, finalmente marcou seu primeiro pontinho no ano. Graças a Kamui Kobayashi. Não é nada para se gabar, mas pelo menos os helvéticos deixaram a incômoda situação de estarem empatados com as três equipes do limbo.

Agora, a Fórmula 1 vai se misturar com a Copa do Mundo dia 13 no Canadá. Seja o que Deus quiser.

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Webber deu as cartas nas ruas do Principado

May 18th, 2010 | 4 Comments | Filed in Fórmula-1 2010

Cheio de champagne na cabeça, o vencedor dá o seu duplo twist carpado

Depois de ser bastante discreto nos treinos livres, Mark Webber arrebatou a pole-position do GP de Mônaco. No domingo, o  australiano fez valer o favoritismo daqueles que largam na frente em Monte Carlo com uma corrida irrepreensível. Como Sebastian Vettel completou a segunda dobradinha da Red Bull no ano – a primeira fora na Malásia com o alemão à frente – vemos que a Fórmula 1 levou seis corridas para que a perspectiva do início do ano se concretizasse: os touros com asas são os carros a serem batidos. Os dois pilotos estão empataram em pontos (Webber tem vantagem por ter duas vitórias) e assim como a equipe, saíram de Mônaco no topo da tabela. Pela primeira vez na carreira de piloto de F1, o australiano não vê ninguém à sua frente.

Realmente, Webber vem fazendo uma temporada muito competitiva. O problema dele é que, com todos os azares de Vettel até aqui, tudo o que o australiano conseguiu foi empatar com seu companheiro. No frigir dos ovos, o talento do alemão poderá virar essa balança.

O pódio foi completado pelo impressionante Robert Kubica, que insistentemente mantém sua Renault – consolidada como a quinta força do campeonato, almejando a mais caso Vitaly Petrov resolva ajudar – correndo entre os carros do G4. Por essas e outras, o polonês é fortemente especulado para se transferir para a Ferrari.

No time de Maranello, Felipe Massa foi na média: uma classificação razoável e corrida idem. Sem ser ameaçado nem tampouco ameaçar ninguém, chegou na mesma quarta posição que largou. Não é ruim, mas se comparar com Fernando Alonso… o espanhol largou dos boxes após dar PT em seu carro no último treino livre e sequer participou da classificação. Graças à pancada de Nico Hülkenberg – incomodadíssimo por estar andando atrás do companheiro de equipe – logo na primeira volta, pôde fazer de cara a troca obrigatória de pneus e escalou o pelotão até chegar ao sexto lugar. Apesar da atuação épica, o espanhol teve que engolir uma ultrapassagem do velho Michael Schumacher nos últimos metros, só que a manobra, em meio ao disse-me-disse das regras rendeu uma punição ao heptacampeão. Uma pena. O drible foi fantástico. Mas quem se importa com as regras??? Levar ou não os pontos não interessa. O que interessa é que a ultrapassagem foi o lance mais inesperado da corrida. Ele chegaria à frente de Nico Rosberg, mas com o acréscimo de 20 segundos ao seu tempo, ficou para trás. Para quem estava curtindo criticar o ex-aposentado, sua diversão pode estar bem próxima de acabar…

De Hill pai para Hill filho: "Don't make such a mess, son!"

O chato é que coube a Damon Hill, o campeão de 1996 e o piloto convidado para a comissão de fiscais no GP de Mônaco, descascar o abacaxi da última volta da corrida. A situação ocorrida foi como um ‘bug’, a interpretação da exceção da exceção da letra miúda do regulamento da F1, contando ainda com uma provável falha da direção de prova. Como essa definitivamente não é a praia do ex-piloto de Brabham, Williams, Arrows e Jordan, ele foi acusado injustamente de ter “levado a questão como vingança pessoal”. Duas coisas: 1) a FIA precisa fazer a regra clara, à la Arnaldo; 2) a participação de ex-pilotos precisa ser mais bem pensada, pois a iniciativa  é interessante mas não deve criar saias justas desnecessárias entre pilotos do presente e do passado.

Jenson Button perdeu a liderança do campeonato em uma das mancadas mais épicas da história da categoria: um dos mecânicos da McLaren simplesmente esqueceu de tirar a proteção da entrada de ar que resfria o motor, que em poucas voltas abriu o bico.

Rubens Barrichello ia muito bem. Colocou seu limitado Williams no Q3 e saltou de nono para sexto na largada, ultrapassando inclusive a dupla da Mercedes. Mas após o pitstop sua sorte mudou. Caiu para décimo e acusou algum problema na traseira do carro. O resultado foi óbvio: direto no guard-rail. Apesar da pancada, o brasileiro fez o seu comercial. O moleque do box ao lado que o diga.

A Force India continua de vento em popa. Pontuou novamente, e dessa vez com os dois carros. Adrian Sutil à frente, Vitantonio Liuzzi atrás.

Da turma do fundão ninguém chegou ao fim para contar a história. Um a um, foram todos quebrando pelo caminho até que quando sobravam apenas dois deles, Jarno Trulli, da Lotus paraguaia malaia foi demasiadamente otimista ao tentar ultrapassar Karun Chandhok, da Hispania. Os carros se misturaram e o piloto indiano deve ter levado uma bela raspada no capacete do carro do italiano “voador”, que ao menos, pediu desculpas no fim. Destaque para Lucas Di Grassi, que deu uma dose de trabalho extra para um Alonso que corria atrás do tempo perdido.

A próxima corrida é na Turquia, dia 30. Lá, das cinco corridas realizadas até hoje, Massa venceu três. Quem sabe?

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Webber fatura o GP da Espanha

May 11th, 2010 | 12 Comments | Filed in Fórmula-1 2010

Webber pegou o touro manso para ele e deixou o brabo (manco) para Vettel

O australiano Mark Webber largou da pole e seu único trabalho foi o de bloquear seu companheiro de equipe na primeira curva. Depois disso, ele disparou e conquistou sua terceira vitória na carreira – a primeira em 2010 – com um pé nas costas. E apesar de também guiar o RB6, o melhor carro da temporada, Sebastian Vettel não tem tido muita sorte. Mais uma vez, o alemão encarou um grave problema de freios, e apesar dos apelos da equipe para que abandonasse, ele conduziu bravamente o seu touro manco até a bandeirada. Para quem ia zerar, os quinze pontos desse terceiro lugar caíram muito bem, e certamente significarão muito na decisão do campeonato.

O dono da casa, Fernando Alonso, pode não ter vencido, mas tem o que comemorar. Apesar do mico que a Ferrari o fez passar – os italianos inventaram um duto imitação da McLaren só que tabajara, no qual o piloto precisa tirar uma das mãos do volante nas retas, tipo a 300 km/h – foi bastante favorecido pela má sorte dos rivais. Além do problema de Vettel, o asturiano viu cair no colo ainda a segunda posição quando o showman 2010 Lewis Hamilton teve um pneu estourado na penúltima volta e ficou a pé. Melhor: agora a sua desvantagem para Jenson Button, líder da tabela, é de apenas três pontinhos.

O piloto do carro número 1 teve uma desagradável surpresa em Barcelona: ele testemunhou o despertar de um heptacampeão, quando Michael Scumacher cismou que não ia deixar ninguém passar por ele. Defendendo-se com maestria, ninguém passou por ele mesmo. A Button, restou o consolo de se manter na ponta da tabela. A Schumacher, o quarto lugar representou o fim do sorriso amarelo.

Felipe Massa foi um dos destaques negativos da corrida. Não apenas pela corrida, onde chegou em sexto sem qualquer brilho . Seus resultados medianos não disfarçam sua performance sofrível, sendo mais notado se comparado a Alonso. O piloto alega um problema de adaptação aos pneus, mas sua lentidão desperta cada vez mais boatos sobre a possível ida de Robert Kubica para Maranello. Na classificação do campeonato a coisa ainda dá para reverter, mas para isso, ele vai ter que ganhar corridas, e do jeito que está, sua concorrência parece em melhor forma. O pior: tudo isso suscita dúvidas quanto a sua confiança para guiar após o acidente de Budapeste.

Quem com mola feriu, com pedra quase foi ferido

Quem com mola feriu, com pedra quase foi ferido

Molas para lá, pedras para cá, pensa Rubens Barrichello. O brasileiro não teve um sábado dos melhores. Acabou fazendo companhia aos times novatos do fundo do grid ao ser eliminado no Q1 e chegou aos boxes com o capacete magoado por uma pedra lançada pelo carro de Hamilton após uma saída de pista. E reclamou de seu engenheiro porque o coitado tentou em vão avisor em meio a interferências do rádio que o piloto se aproximava de carros lentos, atrapalhando a volta do brasileiro. ELE desconcentra e a culpa é do engenheiro???? Para compensar a barriquelada, na corrida ele pôs novamente seu companheiro de Williams no bolso, e mesmo largando em 17º, já estava em décimo nas primeiras voltas, cruzando a linha final em nono. Só poderia ter dormido sem as besteiras do sábado.

No mais, destaque positivo para a boa fase da Force India. Seja com Vitantonio Liuzzi ou com Adrian Sutil, o time vem frequentando a zona de pontuação. Em Barcelona foi a vez de Sutil, em sétimo. Jaime Alguersuari superou um incidente com Karun Chandhok e marcou mais um pontinho.

Peter Sauber é quem tem eque dar explicações em casa. Sua equipe é a única das veteranas que ainda não pontuou. Na última corrida seus pilotos passariam completamente despercebidos, não fosse o módico décimo-segundo lugar de Kamui Kobayashi. Assim, as carenagens dos carros helvéticos irão até o fim do ano branquinhas, praticamente sem patrocinadores…

Na F1-B, tudo continua praticamente na mesma.

Bruno Senna até largou bem, mas passou reto em uma curva ainda na primeira volta. Por lá ficou. Sua equipe, a Hispania, convocou Cristian Klien, muito mais rodado do que Senna e Chandhok, para testar o carro nos treinos de sexta. Bastaram vinte voltas para jogor no ventilador – com palavras mais amenas, logicamente – que o projeto desenvolvido pela Dallara não passa de um GP2 metido a besta. E afinal, não seriam os dois calouros titulares que perceberiam os graves defeitos do chassi.

A Virgin foi autorizada a modificar seu chassi, uma vez que o tanque de gasolina não teria sequer capacidade para terminar as  corridas. Apenas Timo Glock recebeu o carro alterado e chegou na penúltima posição. Lucas di Grassi chegou em último, quatro voltas atrás, mas chegou.

Já na Lotus paraguaia malaia… com de hábito, um dos carros não conseguiu ao menos largar, e desta vez, foi Heikki Kovalainen. Para aumentar o ódio de quem guarda as boas lembranças da verdadeira Lotus, o chefe do bando asiático, Tony Fernandez, vetou um acordo para separar as sessões dos carros mais lentos nos treinos nas ruas de Mônaco. Segundo ele, os pilotos da categoria são bem pagos e bons o suficiente para superar os transtornos provocados pelas chicanes ambulantes da F1-B. Mesmo nas ruas estreitas do Principado.

Senhor Tony Fernandez: então é assim que o senhor quer que seus patrocinadores apareçam na TV, nos retardo-otários que atrapalham os líderes e as disputas, e ainda colocam o pescoço de pilotos, fiscais e até do público (sempre muito próximos da pista, nas sacadas dos hotéis, nas marinas e pelas ruas…) em risco? Aqueles guard-rails não perdoam. Segurança não é brincadeira não.

Aquilo não merecia se chamar Lotus. Colin Chapman dá cambalhotas no seu túmulo.

A partir de quinta-feira, vamos todos torcer para que nada de estranho aconteça. E as respostas chegam no domingo, no GP de Mônaco.

Holy crap, Colin!!!

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O show de Button no GP da China

April 21st, 2010 | 6 Comments | Filed in Fórmula-1 2010

Batam palmas para o campeão. Pragmático, Jenson Button apostou certo em não trocar seus pneus slick apesar da chuva que caía, parava e voltava a cair em Xangai. A maioria dos pilotos colocou intermediários só para os substituírem novamente voltas depois por outro jogo de slicks. Button conseguiu sua segunda vitória no ano e agora lidera o campeonato. Ao seu lado no pódio estava Lewis Hamilton, piloto que atualmente se especializa em corridas alucinantes e salpicadas de alguma polêmica, como o estranhamento com Sebastian Vettel na saída do pitlane. O certo é que ele ultrapassou Deus e o mundo e de tudo que foi jeito, incluindo o atordoado Michael Schumacher além de passar Vettel e Sutil em uma mesma manobra.

Essa é a McLaren. O desempenho dos dois pilotos, que foi  de altíssimo nível,  pôde ser confirmado ao fim da corrida quando a imagem da TV mostrou seus jogos de pneus intermediários com nada além de vestígios de sulcos,  a despeito da pista extremamente molhada naquele momento. Para aqueles que pensam que uma equipe deve ter um primeiro piloto e um bucha de canhão, está aí a melhor resposta. Button e Hamilton deram um show de pilotagem e fizeram valer a madrugada acordado. A dobradinha afirma o British Team como sério contestador da supremacia da Red Bull.

A equipe da latinha arrasou na classificação, porém na corrida, foi uma tragédia. Tanto o pole Vettel quanto Mark Webber que largou ao seu lado tiveram dificuldades para se encontrar na pista, e o resultado foi uma queda vertiginosa na tabela de classificação: o alemão agora é quinto e o australiano, oitavo.

Na equipe dos latinos, a controvérsia deu o tom em Xangai, em função de uma ultrapassagem de Fernando Alonso sobre Felipe Massa na entrada dos boxes, sobrando meia Ferrari do brasileiro passando pela grama na manobra. Pilotos e cartolas afirmam que não há nada de errado na relação interna, mas o problema é que quando se trata de Ferrari… não sei mesmo de onde a imprensa tira que se um piloto de vermelho ultrapassa o outro, há crise no ar. Não dá. Massa errou mesmo, Alonso se aproveitou e passou. O problema é que o brasileiro teve que esperar a troca de pneus do espanhol, que acabou fazendo uma corrida muito melhor que seu companheiro, mesmo tendo recebido uma punição por queimar a largada por um pentelhésimo de segundo. Paciência. Pior mesmo é que Alonso teve mais um problema de motor nos treinos e a BMW-Sauber estourou outro propulsor da Ferrari. Até onde eles vão durar, essa é a questão.

O time germânico está de cabeça para baixo. Melhor para Nico Rosberg. Ao invés de estar aprendendo lições com Schumacher, ele tem feito o companheiro comer poeira, principalmente depois de conseguir seu segundo pódio consecutivo e assumir (por enquanto…) a vice-liderança do campeonato. Enquanto isso, na sala de justiça, há um heptacampeão em apuros, sofrendo para chegar em décimo. Os resultados de Rosberg apontam uma melhora substancial no desempenho das flechas de prata, e de quebra, acendem as discussões sobre se o Schumacher não deveria ter continuado de pijamas. Se ele ainda não é o mesmo, pelo menos tem demonstrado a velha categoria na defesa de posições. Mas como ele acaba ultrapassado no final, a crítica é cada vez mais feroz.

Boas notícias vêm da Renault (a.k.a. Lada). Vitaly Petrov fez sua primeira aparição na zona de pontos com o sétimo lugar e Robert Kubica fez bonito novamente, chegando em quinto. A equipe deixa definitivamente a imagem de moribunda e se firma como a quinta força no campeonato, podendo ainda alçar voos mais altos.

McLaren x Mercedes GP

Daí para trás, quase nada é digno de nota. As mesmas dificuldades da Williams, que ficou no quase Q3 com Rubens Barrichello; da Toro Rosso, que nos primeiros treinos viu as duas rodas dianteiras do carro de Sébastien Buemi simplesmente ejetarem por conta da quebra de uma peça da suspensão dianteira; da BMW-Sauber, que continua desmontando os equipamentos antes do fim do GP por causa de seus pilotos que simplesmente não terminam uma corrida; das novatas, que continuam devagar e sempre – ou melhor, sempre devagar.

Depois de viajar pelo oriente, Fórmula 1 parte agora para a Europa. E quem imaginava uma disputa mais centrada em Ferrari e Red Bull, vê no momento a ascensão vertiginosa de McLaren e Mercedes. Em comum, os dois times usam o mesmo motor. Vamos lembrar que tanto Ferrari quanto Red Bull já sofreram com a confiabilidade de suas usinas. Se pensarmos em termos de Copa do Mundo, seria um autêntico Inglaterra x Alemanha, considerando a escalação dos pilotos e de boa parte da cúpula das equipes. Mais ainda: o duelo coloca em oposição duas ex-parceiras que ao terminarem a relação, ambas sustentam o discurso de “fui eu que terminei com ela”. Como o clássico Kramer vs Kramer, é o filho-motor que os mantém ligados. É o elemento que pode ser o trunfo contra os outros rivais.

Dia 09 de maio é o GP da Espanha, em Barcelona. Pista chata toda vida, mas quem sabe se chover…

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Agora foi…

April 8th, 2010 | 3 Comments | Filed in Fórmula-1, Fórmula-1 2010
O cara em foco

O cara em foco

Decifrado o mistério que rondava a Red Bull: para vencer, o alemão Sebastian Vettel não pode largar da pole-position. Largando da terceira posição, o piloto não negou fogo e assumiu a ponta antes da primeira curva, e dessa vez nada o impediu de levar “Luscious Liz” para um agradável passeio pela Malásia. Sem chuva, dessa vez. O temporal que interrompeu a corrida de 2009 deu as caras apenas no treino classificatório, sendo o suficiente para embaralhar o grid ao colocar McLarens e Ferraris para lá da 17ª posição. Os pilotos desses times partiram para a recuperação, possibilitada pela pista larga com retas longas e freadas do circuito de Sepang.

Felipe Massa conseguiu um razoável sétimo lugar, resultado que o colocou na liderança do campeonato de pilotos mesmo sem nenhuma vitória até o momento. Fernando Alonso fez uma prova magistral, contando que seu carro estava sem embreagem desde a volta de apresentação. Mesmo com o problema, o espanhol conseguiria manter-se na ponta da tabela se o seu motor não piasse a duas voltas do final, quando duelava com Jenson Button pela oitava colocação. Problema para Maranello, pois tiveram no domingo outros dois motores quebrados (os dos carros da BMW-Sauber, que têm motores Ferrari), apesar de terem empurrado a culpa para a unidade de gerenciamento eletrônico – que é padronizada e fabricada pela McLaren. Valeu, então.

Hamilton apelou para não tomar do Lada-Renault

Hamilton apelou para não tomar do Lada-Renault

Lewis Hamilton foi um caso à parte. Foi combativo o tempo todo, fez várias ultrapassagens, porém teve uma conduta desleal na disputa com Vitaly Petrov. O russo finalmente mostrou o cartão de visitas, e quando ia dar o troco pela segunda vez no inglês, o piloto da McLaren ziguezagueou à sua frente, bloqueando a investida do piloto da Lada-Renault. E a regra é clara: só se pode mudar a trajetória uma única vez na defesa da posição. Hamilton se moveu três vezes e levou uma bela passada de mão na cabeça dos fiscais. Ficou em sexto lugar porque um bravo Force India empurrado também pela usina da Mercedes pilotado por Adrian Sutil se defendeu muito bem para garantir um bom quinto lugar.

Robert Kubica esbanjou sua categoria e provou que cada vez que as quatro “majors” vacilarem, vai ter um carrinho amarelo nas cabeças. Dessa vez, ele chegou em quarto. Como quem não quer nada, está a nove pontos do líder Massa na tabela.

Mark Webber completou a dobradinha do time que dá asas, enquanto a “princesa” Nico Rosberg subiu pela primeira vez ao pódio como piloto da Mercedes, e continua andando à frente de Michael Schumacher. O heptacampeão abandonou quando quebrou a porca de sua roda traseira esquerda. Teve que dormir com esse barulho.

Sam Michael: Rubens trabalha bem, mas fala demais

Sam Michael: Rubens trabalha bem, mas dá respostas demais à imprensa

No bloco intermediário os carros da Toro Rosso estiveram muito competitivos. Curiosamente, ambos os pilotos – além de Webber na matriz – têm o futuro ameaçado no conglomerado de Dieter Mateschitz para o segundo semestre. Mesmo assim, Jaime Alguersuari ganhou uma estrelinha. O espanhol foi pedra no sapato de Massa por várias voltas e passou como quis por Petrov e por Nico Hülkenberg, premiado no final com seus primeiros dois pontos na F1. O Hülk, beneficiado pelo abandono de Alonso para chegar em décimo, também debutou na zona de pontuação. Pela primeira vez conseguiu chegar à frente de Rubens Barrichello. O brasileiro empacou na largada e sua recuperação com a porcaria limitada Williams não passou do 12º lugar. Para variar, ele falou demais – chamou seu carro de “porcaria” em cadeia nacional ao fim da corrida – e a imprensa, obviamente, caiu na pele dele. Sam Michael continua elogiando efusivamente o piloto, mas são essas situações que dão pistas do porquê ele não ter sido campeão “várias vezes”, como se pergunta o dirigente. (Obs: esse post já está prometido.)

A turma do fundão vai bem, obrigado. A Virgin, a Hispania e a Lotus paraguaia malaia agora ao menos estão completando a corrida. Tudo bem que chegam com três ou quatro voltas de desvantagem, mas não é nada pior do que Colonis, Minardis, Osellas e AGS já não tenham feito.

A conclusão que se pode chegar é que a Red Bull tem o carro e o cara se chama Sebastian Vettel. Em situação normal, as concorrentes vão ter que se descabelar para acompanhar o time. A McLaren tem um trunfo que é o tal “duto-F”, um sistema acionado pelos pilotos que canaliza o ar frontal até a asa traseira, anulando parte do arrasto aerodinâmico nas retas e proporcionando alguns km/h extras. Cheira a coisa fora do regulamento, apesar de já ter sido liberada pela FIA. Tal qual o difusor duplo da Brawn em 2009, o sistema já está sendo copiado pelas outras equipes.

"No tempo que Dondon jogava no Andaraí..."

"No tempo que Dondon jogava no Andaraí..."

E para justificar a assertiva de que nem tudo são rosas na Fórmula 1, a preocupação com as ultrapassagens ainda é grande. Não esqueçamos que se as duas últimas corridas foram bem divertidas, o fator meteorológico teve grande colaboração. E se não chover? Do alto de sua sabedoria de bicampeão, Emerson Fittipaldi em entrevista concedida a Reginaldo Leme já mandou avisar que o caminho é aumentar a aderência mecânica e limitar a dependência aerodinâmica dos carros. Curiosamente, foi o caminho inverso o tomado pela FIA quando reduziu as medidas dos pneus dianteiros em 2010.

Mas por que cargas d’água os caras que entendem de carro e de pista e escreveram a história desse esporte não são consultados na hora de se fazer um regulamento? Ao invés disso, tio Bernie sugere, ironicamente, colocar uma mulher bonita e sortear os dez primeiros do grid.

Às vezes, a Fórmula 1 parece correr contra ela mesma.

Dia 18 tem o GP vermelho, em Xangai.

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As expectativas da Fórmula-1 no início de temporada 2010

April 1st, 2010 | 2 Comments | Filed in Fórmula-1 2010

Em busca de um carro para fazer bonito (sic)

Há muito tempo não se via uma safra de pilotos tão interessante na Fórmula-1. Ainda coincindindo com o momento em que temos no mínimo três times claramente em condições de vencer corridas (Red Bull, Ferrari e McLaren) com duplas bastante boas, mais a atual campeã Mercedes ex-Brawn com ninguém menos que Schumacher em um dos cockpits. Ingredientes de sobra para um campeonato animado.

A dupla da Ferrari está realmente na ponta dos cascos. Mesmo não tendo o carro mais rápido do momento, eles estão se aproveitando muito bem dos problemas de confiabilidade da Red Bull. Será o melhor duelo, apesar de eu achar que o Alonso tem alguma vantagem.

A demonstração de espírito de equipe do Alonso ao escoltar e proteger Massa do ataque de Hamilton e Webber não será esquecido pela cúpula da equipe. Com certeza ele queria o pódio, mas ao não ir com tanta sede para cima do brasileiro ele agradou em cheio a cúpula de Maranello, com todos os objetivos alcançados. O time lidera com folga a tabela de construtores, e Alonso, a de pilotos.

A atuação do Hamilton no GP da Austrália foi de encher os olhos, apesar da eliminação no Q2. Para completar a dupla com o campeão de 2008, a McLaren trouxe o campeão de 2009, Jenson Button. Apesar da estreia apagada, Button entregou suas credenciais no English Team já na segunda prova. Para muitos, ele seria facilmente batido por Hamilton. Agora, a certeza não é tanta. O campeonato pode tomar uma interessante tendência de se diluírem vitórias e pontos entre os principais pilotos. Ou seja, para ser campeão, será necessário pontuar SEMPRE.

A Mercedes está em processo de adaptação após adquirir a equipe campeã do ano passado. O fato de terem tirado o Schumacher da aposentadoria é mostra de que não estão para brincadeira. Além dele, Nico Rosberg está sendo um bom motivo para que Schumacher volte à sua velha forma o quanto antes. O duelo é entre a experiência e de um e o ímpeto de outro. Estão sim um pouco atrás das outras três, mas não tenha dúvida de que qualquer molezinho delas… créu e hino da Alemanha. Sem ser para Vettel.

Falando de Sebastian Vettel, está aí o cara a ser observado de perto. Pelo menos no começo da temporada, ele tem o carro mais rápido. Apesar de ter sido infeliz nas duas primeiras corridas, quando tinha as vitórias praticamente no bolso, seu amadurecimento é notável. Ele lidera a Red Bull e elevou o nível do seu time, coisa que nem David Coulthard nem tampouco seu companheiro Mark Webber conseguiram depois de várias temporadas trabalhando com o mesmo Adrian Newey. Vettel era o talento que o projetista esperava para finalmente voltar às vitórias. Webber pode ter boas atuações sim, colaborando com a dispersão das vitórias e pontos entre os pilotos de ponta, mas a aposta dos energéticos para o título atende pelo simpático apelido de Tião. Candidatíssimo ao título.

Mas quando eu vejo uma corridaça do Kubica como a de domingo, eu lembro logo de Serginho… é uma pena que a tendência da Renault seja brigar no pelotão de trás. De todo o grid, esse era um dos pilotos que mais merecia um carro para brigar por campeonato. Os gauleses não dão a menor pinta de que farão esse carro.

Se o regulamento e as pistas não estragarem tudo, teremos um capeonato disputado como aqueles da década de 70 e 80 (antes do predomínio da McLaren).

São vários campeões com fome de mais, e outros pilotos em ponto de bala para serem campeões.

Infelizmente, faltou o Kimi nessa festa.

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Action!!!

March 30th, 2010 | 10 Comments | Filed in Fórmula-1 2010

Yessss!!!!!! Yesssssss!!!!! Ho ho ho!!!!!!!

Yessss!!!!!! Yesssssss!!!!! Ho ho ho!!!!!!!

O GP da Austrália de 2010 simplesmente entrou para a história. Foi uma das corridas mais frenéticas que pudemos ver nos últimos tempos. A chuvinha que molhou o traçado em Albert Park proporcionou tudo aquilo que o povo gosta: confusões na largada,variações de estratégia, acidentes (para os sádicos de plantão) e principalmente, ultrapassagens. Vários pilotos tiveram atuações daquelas para contar para os filhos.

Luscious Liz deixa Vettel na mão, de novo...

Luscious Liz deixa Vettel na mão, de novo...

Ainda não foi desta vez que que Sebastian Vettel venceu em 2010. Apesar da pole-position e da largada segura na ponta, sua corrida terminou muito cedo, quando os freios de “Luscious Liz” falharam e o alemão foi parar na brita. Segundo a Red Bull, nada alarmante, apesar de terem perdido duas vitórias certas. Tristeza de um, felicidade de outros. Robert Kubica e Felipe Massa também tiveram largadas brilhantes. O brasileiro pulou de quinto para segundo. O polonês saiu da nona colocação, evitou o enrosco na primeira curva e apareceu em quarto ao fim da primeira volta, vendo a bandeirada em segundo. Prêmio merecido ao belo bom piloto, que se depender exclusivamente de seu carro, não deve frequentar pódios esse ano.

Alonso vendo o mundo ao contrário... começou assim

Alonso vendo o mundo ao contrário... começou assim

O esparrame da largada envolveu Michael Schumacher, Fernando Alonso e Jenson Button. Alonso e Schumacher levaram a pior e ficaram nas últimas posições.  Também na primeira volta, o japonês Kamui Kobayashi perdeu a asa dianteira de seu BMW-Sauber (com motor Ferrari). Descontrolado, atingiu em cheio os carros de Nico Hülkenberg e Sebastian Buemi. Pregada feia, mas sem maiores consequências. O espanhol da Ferrari foi soberbo, ultrapassando a tudo e a todos até chegar na caixa de câmbio de Massa, fazendo aí direitinho o jogo da equipe: o brasileiro tinha problemas com os pneus, e provavelmente não poderia se defender do ataque de Hamilton e Webber, que vinham babando logo atrás – e graças às manobras defensivas de Alonso acabaram se encontrando a duas voltas do final. O toureiro lidera o campeonato (37 pontos), com Massa em segundo (33). Macarranada come solta na casa da nona.

Hamilton x Webber: um dos pontos altos da corrida

Webber x Hamilton: um dos pontos altos da corrida

Lewis Hamilton encarnou o demônio da Tasmânia. Desde que chegou à Austrália, diga-se de passagem. Na sexta, o piloto quase foi preso por estar exibindo sua “perícia” ao volante de uma Mercedes de rua na noite de Melbourne. Taxado merecidamente de “jovem imbecil” por um político local, Hamilton provou que não era bobo ultrapassando logo de cara o seu parceiro Button. E daí não parou mais. Travou grandes duelos contra Massa e principalmente Mark Webber, o trapalhão do dia, que  fez papelão em casa. Por pouco não ficou fora em virtude de uma derrapada, por pouco não tira Hamilton da prova no final. Nono lugar, mais a volta mais rápida como prêmio de consolação para ele. Mas ainda assim melhor o australiano abrir o olho, afinal qualquer hora Kimi Räikkönen cansa de capotar seu Citroën no Mundial de Rali – sob o patrocínio de uma certa marca de energéticos – e resolve voltar à F1. Quanto ao imbecil inglês reclamou por sua equipe tê-lo feito parar para duas trocas de pneus, e terminou em sexto.

Do outro lado da McLaren, Jenson Button fez apenas um pitstop, sendo o primeiro a colocar pneus lisos quando a pista ainda estava bem molhada. Foi a diferença. Após o abandono de Vettel seguiu firme para vencer pela primeira vez em seu novo time, e pela segunda vez seguida na terra dos ornitorrincos.

Rubens Barrichello foi bastante discreto, mas levou seu também discreto FW32 até o Q3 e pontuou novamente com o oitavo lugar. A ponto de Sam Michael, uma das cabeças pensantes da Williams, se indagar do por quê de Rubens nunca ter sido campeão, rasgando elogios ao brasileiro. Bom, no Brasil, há várias teses sobre o assunto. De qualquer forma, Barrichello é a aposta da equipe inglesa na interessante briga para ser a quinta força do campeonato, posto desejado também por Force India, Renault e mesmo pela BMW-Sauber (com motor Ferrari…), que já se desenhou nas duas primeiras etapas.

Nos idos lá de trás, as barangas da F1 continuam no calvário. Jarno Trulli nem conseguiu largar, coitado. Elas estão tão esquecidas que a TV simplesmente ignora solenemente Pelo menos, Karun Chandhok chegou ao fim da corrida (cinco voltas atrás) e Heikki Kovalainen cruzou a faixa com duas voltas de desvantagem. O finlandês, para resolver o problema da falta de exposição, sugeriu que se acabasse com a bandeira azul, e que os retardatários não fossem mais obrigados a abrir passagem aos líderes. Engraçadinho, ele. Queria ver se ele sugeriria tal atrocidade se ainda pilotasse pela McLaren. Parece que a sua capacidade de pilotar rápido e de fazer piadinhas está na sua melanina escandinava. Bruno Senna e Lucas di Grassi não deram nem tchauzinho para as câmeras.

Quem também não ficou tão bem na fita foi Michael Schumacher. O heptacampeão foi novamente batido por Nico Rosberg (5º) tendo passado umas trinta constrangedoras voltas atrás do espanhol mais ‘mudestinho’ Jaime Alguersuari. Conseguiu a ultrapassagem já nas últimas voltas, quando superou também Pedro de la Rosa para então marcar um único pontinho. Foi duramente criticado pela imprensa na Europa, mas mesmo assim, já vê avanço em seu desempenho após tanto tempo parado. Ele tem o apoio incondicional do time, e o melhor, está achando tudo muito divertido. Para ele, podemos citar para ele uma frase que ao mesmo tempo rende uma justa homenagem ao nosso saudosíssimo botafoguense Armando Nogueira, que se nos deixou sem a sua presença, certamente nos enriquecerá para sempre com suas perolas como esta:

“Heróis são reféns da glória. Vivem sufocados pela tirania da alta performance.”

O velho Schumacher vem aí, e nós não perdemos por esperar.

O GP da Malásia é no próximo domingo. Se as monções permitirem, é claro.

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“Nova” F1, velhos problemas

March 16th, 2010 | 6 Comments | Filed in Fórmula-1 2010
O toureiro foi pra galera

O toureiro foi pra galera

O domingo foi dia de Fórmula 1, que com o GP do Bahrein, iniciou a temporada 2010. Pilotos novos, equipes novas, pilotos velhos e equipes velhas figuraram no grid de 24 carros, quatro a mais do que em 2009.

Hill pai, Lotus "british green". Porque a outra não merecia se chamar Lotus.

Hill pai, Lotus "british green". Porque a outra não merecia se chamar Lotus.

Estrearam a Virgin (nada de VR ou antiga Manor, como a “RG” se refere) e a Hispania (HRT, nem pensar), esta trazendo a os rookies  Bruno Senna e Karun Chandhok. Voltaram a Sauber (que continua com a referência à BMW no nome oficial, apesar de receber os motores da Ferrari) e a ressurreição da Lotus (reincarnada em uma versão paraguaia malaia, que se usa da poderosa combinação verde e amarelo do time de Colin Chapman no idos dos anos 60 e imortalizada com Jim Clark e Graham Hill ao volante, hoje alinhando com a dupla Trulli/Kovalainen). Mesmo querendo evitar um pré-julgamento, mais parece um pangaré com pele de lobo. Chapman dá cambalhotas de ódio em seu túmulo…

Sobre a corrida, não há muito a se falar. As alterações importantes no bloco dianteiro resumiram-se à primeira volta, quando Fernando Alonso superou Felipe Massa – mal sabendo o espanhol que ali ganharia a corrida. Claramente, Massa ficou incomodado por ter visto o asturiano rindo no final. Mas ao colocar na balança tudo que ele viveu após o fatídico treino classificatório em Budapeste, ele está no lucro. Foi apenas a primeira, e certamente, haverá tempo para ir à forra.

Depois disso, a monotonia  só foi quebrada quando o motor Renault do pole-position e favoritíssimo Sebastien Vettel fraquejou, permitindo que os pilotos da Ferrari e mais Lewis Hamilton deixassem o alemão da Red Bull fora do pódio.

Será que essa é a máquina por baixo da carenagem?

Será que essa é a máquina por baixo da carenagem?

Bravamente, Vettel ainda trouxe “Luscious Liz” (nome de batismo de seu RB6) até a linha de chegada, evitando um prejuízo ainda maior. Apesar do resultado, um carro com um nome desses merece ir longe, e surge aí um forte candidato a entrar para o clube dos campeões.

Michael Schumacher foi superado em todo fim de semana por seu companheiro Nico Rosberg, chegando sexto e quarto lugares respectivamente. Melhor o alemãozinho não se acostumar muito, porque o alemãozão está empolgado e logo logo vai voltar à velha forma.

Rubens Barrichello também vinha sendo batido pelo parceiro, o estreante Nico Hülkenberg, e é bom que mantenha os olhos abertos com o piloto que o “Hulk” parece ser. Na hora do vamuvê, a experiência contou mais. O brasileiro largou à frente e ainda lascou um pontinho com a décima posição. Tirando as quatro grandes, ele chegou em segundo lugar na F1″b”, atrás de um inspirado Vitantonio Liuzzi. O italiano largou muito bem e foi de décimo-segundo para nono, se aproveitando do motor Mercedes que empurra seu Force India.

Apagadão mesmo foi o número 1 Jenson Button. Lewis venceu fácil o primeiro round da batalha interna na McLaren.

Life: esse saudoso carrinho jamais passou da pré-qualificação

Life: esse saudoso carrinho jamais passou da pré-qualificação

As equipes estreantes foram um caso à parte. Se a diferença do primeiro para o segundo pelotão da categoria é bem visível, o gap entre os times intermediários e Virgin, Hispania e Lotus é maior ainda. Lembrando carrinhos de rolimã com aerofólio, esses caras andaram cerca de nove segundos mais lentos do que o tempo da pole position. Jarno Trulli chegou três voltas atrás de Alonso (tá bom, vá lá, mas chegou, ao contrário das outras duas que quebraram pelo caminho). A FIA já considera o resgate da regra dos 107%, ou seja, um piloto deve ter um tempo dentro de um limite mínimo em relação ao melhor tempo da sessão classificatória. Quem não atinge a meta, fatalmente fica de fora do grid. Isso evita o risco de um piloto rápido dar de cara na reta com a traseira de outro muito lento.

E se uma das estreantes se chama Virgin, quem correu com um carro realmente virgem foi o indiano Karun Chandhok. Seu Hispania não havia sequer tido o motor ligado, tendo ido à pista no treino classificatório absolutamente zero quilômetro. Agora, tanto carro como piloto têm uma impressionante quilometragem na categoria: cinco voltas.

Se o esperado com o fim do reabastecimento era uma quantidade maior de disputas, o que se viu no deserto do Bahrein foi um verdadeiro balde de água fria. Podemos levar em conta que o traçado – que por sinal foi esticado em mais de 800 metros após uma reforma – não colabora em nada com a competição, tanto lá como em outros “Tilkódromos” (pistas desenhadas pelo personal arquiteto do tio Bernie, Hermann Tilke) são corridas em que normalmente cochilamos no sofá, com justa exceção ao GP da Turquia. A solução não surtiu efeito, a priori. Continuamos com o velho problema: não há ultrapassagens. Nunca. Se dirigentes de equipe e pilotos criticaram, quem somos nós para não criticarmos também? Bernie e sua trupe provavelmente não assistiram à F-Indy na parte da tarde aqui do Brasil, mas se o tivessem feito, morreriam de inveja. Mesmo com toda aquela bagunça que marcou a corrida pelas ruas paulistanas.

Aguardemos. A segunda etapa é na madrigada do dia 28. Depois dos camelos,  do deserto, vamos aos coalas e cangurus (e aos meus favoritos: os ornitorrincos!!!!) no GP da Austrália.

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