Sábado eu fiquei muito puto. E não foi com o pênalti perdido por Gabriel. Penalti que por sinal só fui ver na segunda-feira.
Mas como eu só fui ver a cobrança do pênalti do Gabriel na segunda, se todo mundo sabe que fui ao Maracanã sábado?
É por aí que começa a minha irritação.
Pois bem, não consegui entrar na merda do Maracanã para ver Fluminense x São Paulo. Claro que não foi privilégio meu não entrar no Maracanã apesar de ter ingressos à venda. Acontece que estava impossível comprar de modo civilizado a merda do ingresso que estava na merda da bilheteria.
Cheguei 20 minutos antes de 16:00 (horário previsto para o início da partida) e já estava resignado em perder uns 5 minutos de jogo para comprar a merda do ingresso.
Uma das bilheterias lá pelo lado da UERJ estava com uma fila monstruosa. Por celular, Alface me deu o toque que aquela bilheteria era para comprar com desconto de meia-entrada. Como eu sou que nem o Capitão Nascimento e quero que estudante de merda se foda, fui para a outra bilheteria.
Quem conhece a bilheteria do Maracanã, sabe que formam-se várias filas, e não uma fila única. Uma fila por guichê.
A cena era a seguinte:
Nos dois guichês da extremidade, filas grandes que beiravam o muro do Maracanã. Nos guichês centrais, filas tradicionais por guichê. Ocupavam toda a calçada (o que não é incomum).
Acostumado, entrei em uma dessas filas. Nem perguntei o porquê das filas gigantes na extremidade. Imaginei que fossem destinadas à meia-entrada.
Claro que, não havia ninguém para dar uma única explicação. Aliás, nem PM tinha por ali. E começaram os tradicionais rumores: “Arquibancada é aqui, ali é cadeira”; “Acabou a arquibancada, agora só cadeira”, “Acabou a cadeira, agora só arquibancada”…
Vi que metade dos guichês não andavam e a outra metade estava mais reduzida. Eu já estava cagando àquela altura para ficar em arquibancada ou cadeira. Queria comprar logo meu ingresso e ir assistir à festa das bandeiras. Fui para a metade que andava mais rápido (aliás, que simplesmente andava, já que a outra estava parada).
Nessa fila, descobri porque ela andava e as que um trilhão de pessoas estavam não andava, porque uma porrada de guichês estava fechado. Acho que simultaneamente mais pessoas descobriram o mesmo que eu, e começou o empurra-empurra. Nesta hora, estávamos eu e Robínson no olho do furacão, e ali ficamos na tentativa de comprar o nosso ingresso.
Já não controlávamos mais nossos movimentos, íamos como em maré. Se empurravam para o guichê, para lá íamos, se empurravam para fora, afastávamo-nos.
Para se ter uma idéia, quem conseguia comprar tinha dificuldade para sair.
E volta e meia a coisa piorava quando todo mundo em uníssono gritava: “Puta Que Pariu! A SUDERJ é a vergonha do Brasil!”
Vimos que ficaríamos ali a mercê da maré e desistimos.
Fomos andando então para outra bilheteria do Maracanã. Nisso o jogo já estava rolando e o pai de Robínson cada vez mais puto da vida.
Na outra bilheteria (mais para o lado do Belini) a mesma cena. As filas nos guichês externos e os guichês do meio quase todos fechados. Dessa vez eu perguntei para alguém que estava ali no meio que raios de filas eram aquelas nas extremidade quando o sujeito falou:
“Aquela é para otário que entra em fila. Aliás, eu mesmo era um. Estava ali um tempão. Desisti cumpádi. Na bilheteria do Maraca ou você se corrompe, ou se omite, ou vai pra guerra. Eu escolhi ir para a guerra.”
Pois bem. Eu escolhi me omitir (mentira! Escolhi corromper, mas Ana Paula não permitiu – o que vale é que no fim me omiti).
Reza a lenda que todo o caos, foi gerado porque a SUDERJ não disponibilizou a venda antecipada de ingressos (Robínson foi comprar, mas só tinha para o jogo Brasil x Equador – acabou comprando apenas o da Seleção).
Ora bolas, já que terá maior demanda no dia do envento, que tratasse como em dia de clássico, e disponibilizasse maior efetivos de funcionários.
Estávamos eu, Robínson, o pai dele, Ana Paula e Gabriel, afilhado de Robínson. Com o Maracanã com muito espaço e a impossibilidade de eu ter um mísero bilhete para entrar, quera burlar o sistema e simplesmente ir lá pagar para entrar por onde entram os idosos, deficientes e crianças. Ana Paula não deixou. Possivelmente os filhos da puta da SUDERJ não deixariam, muito embora eu quisesse pagar exatamente o valor nominal do ingresso que eu não estava conseguindo comrar porque a própria SUDERJ não colocou filhos da puta o suficiente para me vender nas bilheterias.
Agora, para quem é bem nutrido e vai para a guerra, pode parecer que os que ficaram na fila são otários. Mas tentem ver o perfil das pessoas que ficaram de fora do Maracanã no sábado (tirei essas fotos no meu celular, e aí já tinha saído até gol do Fluminense)
Otários que vão em grande parte com mulher, pai, filhos ao Maracanã e esperariam no mínimo comprar civilizadamente um ingresso sem ter de mostrar para as crianças que tem de resolver na base da Lei do Mais Forte.
Se você entrou no estádio e ficou sentado ao lado de um Filho da Puta doido para arrumar confusão, lembre-se que poderias estar sentado ao lado daquela loirinha lá da primeira foto que teve de ficar de fora do estádio por ser uma otária que entra em fila.
Emblemático, que era o fim de semana do Dia das Crianças. Imagino quantos pais não devem ter prometido levar o filho para conhecer o Maracanã nesse sábado e não conseguiram entrar. Sabe como uma criança fica chata quando não consegue o que lhe foi prometido.
Tirei algumas fotos gente fora do estádio indo embora desolado com crianças:
Com isso, despeço-me de Maracanã esse ano.
Antes que culpem apenas a SUDERJ, coloco a minha lista de culpados, pelo menos com todos que vociferei naquela tarde:
- SUDERJ – o artigo inteiro é a explicação
- Fluminense – Nada de ficar colocando a culpa na SUDERJ. O time era o Fluminense e o torcedor que foi embora não conseguiu ver o jogo desse clube. A imagem é dele. E ele quem perdeu dinheiro e prestígio. Se não quer tratar o futebol como negócio, tem de mais é de amargar 3ª Divisão.
- Sérgio Cabral Filho – Não há nenhum evento no Estado que seja mais atrativo que o Maracanã. As bilheterias nesse ano constatam isso. A compra de ingressos para tal evento ficam ao Deus-Dará, Governador?
- PM – Vários andando e conversando no entorno do Maracanã, nenhum nas bilheterias na hora do tumulto para por ordem na casa.
- Torcedores – De organizada ou não, esses playboyzinhos filhos de uma égua se sentem os donos do pedaço. Se isso é que é ser tricolor, torço de novo para que volte a cair para a 3ª Divisão.
- Blá blá Gol – Tenho lido aqui que o Maracanã está mais organizado, e incentivos para que os torcedores voltem a ir ao estádio. Tendo até uma parte (Open-Bar) como lugar para que seja marcado pontos de encontro.
- Rede Globo, SporTV, ESPN, Record, rádios e jornais, etcetera e tal – Jornalistas deitam em berço esplêndido e dão a cobertura do que é bonito ou das notícias que chegam até eles. Não li uma linha sobre o número de pessoas que não conseguiram comprar ingressos. Não há reportagem de repórter que tente ir como um torcedor preguiçoso e comum para o jogo.
- Juca Kfouri – um dos que mais alardea a volta do público aos estádios. Parece mais preocupado em defender a fórmula dos pontos corridos (o que eu também defendo) que analisar o porquê do aumento de público, como está ocorrendo e em que condições.
O blog Fim de Jogo também presenciou a bagunça nas bilheterias de Fluminense x São Paulo.
