Dunga me fez um grande favor.
Fazia um tempo que eu pensava em escrever um artigo tendo de dar o braço a torcer, pois afinal de contas, a Seleção Brasileira vinha apresentando bons resultados e jogou bem os jogos contra a Argentina e o último contra o México, esse já com a presença inquestionável de Kaká e Ronaldinho.
Mas aí vem Dunga e chuta o balde, dando mais motivos para voltar a expô-lo ao ridículo.
Dunga resolveu opinar sobre o caso Kerlon/Coelho e não precisa nem mesmo acompanhar muito de perto o futebol para saber que lado ele escolheu.
E não é que Dunga, técnico da Seleção da CBF, absolveu Coelho, dizendo que o lateral kickboxer não teve maldade. Segundo Dunga, a entrada de Coelho foi uma falta tática (sic). Uma falta normal de jogo.
Tenho de concordar com Dunga. Quem viu Dunga jogar sabe que para ele isso é falta normal de jogo. Vou até além. É possível que isso seja um lance sublime e simboliza toda a magia do futebol para Dunga. Dunga foi coerente em sua estupidez.
Claro que Dunga não poderia fugir ao máximo do lugar comum e usar de todo o eufemismo do Mundo para condenar Kerlon.
O interino sapecou aquela famosa máxima estúpida do futebol:
-“O que não pode é ele fazer o drible só quando estiver ganhando. Tem que ser ganhando ou perdendo, aí não tem problema.”
Tem problema sim cara-pálida. Problema do Kerlon. O cara faz o inútil* drible da foca sempre que lhe der vontade. Se for quando estiver ganhando e na defesa, problema dele. O marcador que vá marcar em cima para que ele não faça a palhaçadinha.
O ex-atleta de Cristo e agora auxiliar-de-interino-da-CBF Jorginho concorda com o superior hierárquico comparando Coelho com Pelé, ao lembrar que “até Pelé já deu cotovelada“. Não satisfeito, repete a cantilena que Kerlon foi imprudente ao fazer a jogada quando o Cruzeiro vencia por 4×3.
Já estou imaginando o Brasil perdendo de 3×0 para a França e Jorginho aos berros para Elano: – Agora está ótimo, comece a fazer embaixadinha e brincar de altinha com Maicon.
Agora é esperar Coelho na Seleção de Dunga para ocupar o lugar de Pelé.
*Pode ser que eu tenha de rever o conceito da inutilidade do drible da foquinha do Kerlon. Afinal, se os estúpidos adversários resolverem caçar o jogador cruzeirense, o drible vai servir para cavar expulsões e deixará de ser inútil.
Pelo jogo em si, ele é inútil, pois até mesmo Dunga, que deve ter lido isso por aqui, sabe que basta o “ombro a ombro” para anular a jogada sem falta.