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Artigos sobre ‘Olímpicos’

O Carioca Vai Renascer – Rio 2016

October 6th, 2009 | 5 Comments | Filed in Rio 2016

Meu avô estava velhinho, quando me disse com os olhos úmidos:

“É chato morrer, meu neto, porque eu nunca mais vou ver a Av. Rio Branco!… Foi um pungente sentimentos carioca. Era na Avenida que ele me levava, para tomar “frapé” de côco na Casa Simpatia.

Para fazer meu filme, recentemente, andei por todos os subúrbios e vi com horror a decadência, não digo dos miseráveis, mas da classe media sem rumo, sem dinheiro, sem desejo. Não quero falar dos ratos políticos que destruíram a cidade nas ultimas décadas, não, isso é conhecido em nossa vergonhosa historia. Mas, sinto que depois de décadas de criticas contra a obvia catástrofe urbana alguma consciência civil já se consolidou. Se houver transparência nas obras de infra-estrutura, sem roubos, podemos ter um novo futuro, legado até pelo acaso dos votos de uma comissão dinamarquesa. Agora, nós, cidadãos, temos de vigiar a execução de um sonho, impedindo superfaturamentos, desvios de recursos, para que as olimpíadas não sejam pretexto para aventureiros.

De qualquer forma, uma morta ressuscitou: a esperança. E, como vão revitalizar o porto e a Lapa, o humor dos cariocas também pode renascer. Mas, aqui não quero listar saudades. Claro que lembro do bonde entrando na galeria Cruzeiro, sob a chuva, no carnaval, claro que lembro do tempo em que as geladeiras eram brancas e os telefones eram pretos, como definiu Rubem Braga, mas, não me interessa o tempo – apenas o “espaço” do Rio, as coisas que vejo desde criança como carioca do Meyer, da Urca e Ipanema: cores, cheiros, ventos da terra e do mar, sal e peixes, súbitas luzes, súbitas brumas, súbitas “brahmas”. Assim como Salvador flutua sobre o olho do oceano, o Rio tem um espaço que nos define e desenha.

Sei que corro o risco da subliteratura, mas enfrentá-lo-ei de testa alta.

Vejo a púrpura que colore por instantes a Lagoa antes do crepúsculo, nos dias em que a água é um espelho sem uma onda, sem um peixe saltando, ouço os quartetos de cigarras abrindo o verão, vejo o esquilo atravessando a estrada das Canoas, a cotia do campo de Santana farejando perigo, ando sob a chuva quente que faz subir vapor nas calçadas, vejo as flores dos flamboyants caindo como gotas de sangue, vejo uma garça magra e branca como um manequim em desfile caminhando no Jardim de Alá, olho os imensos granitos de 500 milhões de anos atrás de minha casa, onde os dinossauros se aqueciam, contemplo os urubus dormindo na perna do vento do Corcovado e um teco-teco vermelho passando entre eles, anoto as nuvens rosas no Pão de Açúcar em fins de tarde, a cara do imperador assírio na Pedra da Gávea.

Apesar do trafico e violência , há nos morros uma sabedoria calma de velhos sambistas, há Zeca Pagodinho e tudo que ele preservou, há os poéticos caixotinhos dos apontadores dos bicheiros, vendendo apostas nas esquinas em calmas conversas com aposentados, há as frutas, os legumes, as gargalhadas dos feirantes nas manhãs, há a malandragem , o tom debochado do carioca sabido, o arrastado sotaque que evoca a desconfiança nos poderes da capital que já fomos, ritmos e gestos nascidos nos balcões de secretarias desde os tempos do Rei, sotaque curvo como a paisagem arredondada, oscilando em negaças e volteios, a fala marcada por sambas, metáforas vivas condensando morte e amor, cachaça, empada, navalha, bilhares e futebol. Entre a fórmica, os sujos grafites e os edifícios boçais, dá para ver ainda pedaços dos anos 50, restos de uma delicadeza perdida, as anedotas que se renovavam a cada semana, com papagaios e portugueses, piadas que morreram e que podem renascer. Há, sim uma beleza em nossas fragilidades, no “samba, na prontidão e outras bossas que são coisas nossas…” , há a poética dos camelôs, objetinhos insignificantes nos tabuleiros, há também, apesar da decadência, uma satisfação cotidiana nos subúrbios, uma alegria desesperançada, uma aceitação das impossibilidades, diferente dos lamentos utópicos de inocentes do Leblon; há, sim, o jeito de andar das cariocas (olha o jeitinho dela andar), hoje com barrigas de fora e calças apertadas, sim, uma sexualidade forte não de celebridades de plantão, mas das gostosíssimas comerciarias e bancarias ao fim do expediente no Centro, há o prazer de amar a cidade de novo, principalmente depois que o prefeito derrubou o muro da vergonha do César Maia no poético bar 20, onde o bonde fazia a curva desde o inicio dos tempos (só falta derrubar a piroca de plástico do Casé), há a tragédia da miséria em toda parte, sim, mas entre os raios da tristeza , há os inúmeros grupos de choro e samba, tocando anônimos nos botequins e sob sovacos de morro, há uma alegria soterrada que pode reflorir daqui para frente, para alem da excessiva euforia das escolas de samba, uma alegria mais discreta e verdadeira, há a alma de Nelson Rodrigues entre botequins e negões, que diria que, depois da vitoria em Copenhagen, os cariocas são “príncipes e Napoleões tropeçando nos próprios mantos de arminho”, não mais vira-latas; há coisas ínfimas que só o carioca vê, detalhes tão pequenos de nós dois, há um velho Rio cultural, com cinema, teatro, musica, que decaiu mas que pode renascer, há uma preguiça sábia, diferente da paranóia paulista, há uma preguiça para alem do ócio ou do desemprego, a preguiça das conversas, de um ritmo sem capitalismo, há restos de trilhos de bonde entrevistos nas falhas do asfalto, há a cidade desenhada sobre um corpo de mulher, tudo é redondo, doce, as montanhas da Barra são mulher, as curvas, tudo mulher, há a linha infinita da restinga de Marambaia à Joatinga, linha frágil que divide o mar ao meio, e finalmente há até a poética da sujeira, da zorra total, do baixo mundo, há a putaria poética em Copacabana entre putas, veados, aloprados, lunfas, potrucas, michés, miquimbas e cafifas, todos num desabrigo corajoso e batalhador.

O carioca vai reviver.

Arnaldo Jabor – O Globo 06/10/09

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Rio 2016 – Vice é o Caralho

October 2nd, 2009 | 55 Comments | Filed in Olímpicos, Rio 2016

Roberto Dinamite e Sérgio Cabral

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As Sereias na Libertadores

September 29th, 2009 | 19 Comments | Filed in Olímpicos, Santos

Sábado o Santos estreará na Libertadores de Futebol Feminino com direito a Marta e Cristiane vestindo a camisa das Sereias.

Não faço ideia do que cerca o futebol feminino (prefiro tênis). Aqui pelo Blá blá Gol, apenas Saulo acompanha, com direito a ida ao Maracanã na final do Pan.

Como não confio que Saulo nos manterá atualizado, acho melhor delegar essa cobertura a terceiros, digo, terceiras.

Para aqueles que acreditam que um dia o futebol feminino chegará ao patamar de um vôlei e gostariam de acompanhar esse processo histórico, recomendo a cobertura do Futebol para Meninas que já apresenta as adversárias das Sereias na 1ª fase.

Marta

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Rio 2016

September 3rd, 2009 | 56 Comments | Filed in Olímpicos

rio2016

Eu mandei mal. Semana passada quando William Bonner anunciou no Jornal Nacional que a Globo, Band e Record terão exclusividade no direito de transmissão dos Jogos Olímpicos de 2016, pensei: Como assim, “exclusividade para Globo, Band e Record”?

É de conhecimento que a Record ganhou a disputa para transmitir exclusivamente os próximos jogos de 2012 em Londres, como diz a matéria da Folha. Por isso, essa exclusividade para 3 emissoras em 2016 me pareceu politicagem do COI. Ia escrever sobre a possibilidade das Olimpíadas no Rio mas sem tempo, deixei rolar.

O fato é que hoje no GLOBO está na 1ª página: “Rio na frente por 2016”, devido ao relatório do COI favorável à cidade brasileira que acabou de sair. O Rio nunca havia passado da 1ª eliminatória nas outras 2 oportunidades que concorreu (2004 e 2012) e agora recebeu o maior conceito do Comitê entre as 4 finalistas, já na decisiva eliminatória.

O Rio é admirado pelo Mundo

O Rio é admirado pelo Mundo

Realmente, a cidade carioca tem as condições para a realização de todas as práticas esportivas num raio bem curto. Mas segundo o relatório do COI os pontos fortes foram o “vigor econômico do país, o apoio popular e a parceria das 3 esferas do governo”. A partir disso, chega-se à conclusão que as concorrentes têm esses problemas.

Na reportagem, o Globo destaca a dificuldade de investimentos em Chicago, falta de estrutura em Madrid e o desinteresse em Tóquio. A princípio esses motivos parecem improváveis mas parando pra pensar, verificamos que: o epicentro da crise financeira foi nos EUA; não conheço a estrutura de Madrid, mas a capital espanhola é uma região geograficamente central, diferente da litorânea Barcelona; e os japoneses são um povo esquisito mesmo.

Os principais problemas apontados para o Rio foram o sistema de transporte e rede hoteleira (achei estranho violência não ser citada). Realmente as chances nunca foram tão grandes de termos os Jogos na América do Sul. De qualquer forma, a resposta será daqui a pouco, dia 2 de outubro.

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Esporte não é teatro

August 18th, 2009 | 28 Comments | Filed in Musas, Olímpicos
Isinbayeva treina em Cabul

Isinbayeva treina em Cabul

Por mais previsível que possa ser um evento esportivo, não há script a ser seguido. Isinbayeva perdeu seus saltos e por mera consequência ficou em último no Mundial de Berlim.

Pela expectativa, por ser quem é, e por suas marcas, a data é marcante e merece o destaque. Ponto.

Depois disso, vem o festival de baboseiras.

Palpiteiros já dizem que ela deveria começar com alturas menores que 4,75m para ir adquirindo ritmo durante a prova (ninguém levantou a questão do gasto de energia que poderia faltar para alturas acima do recorde dela) e um monte de outras teorias.

Ela treina e passa da altura mínima estabelecida por ela para saltar. Não conseguiu, paciência. Até porque, o mínimo que ela se impôs, não é nenhuma moleza, pois afinal, a campeã da prova saltou esse mínimo.

A pista estava boa, o vento estava bom, tudo estava ok. Não senti nada, não estou com lesão. Eu estava concentrada, fiz como sempre faço. Entrei na disputa em 4m75 e depois tentei 4m80 porque essas são marcas que eu costumo bater com frequência em treinos. Eu pulei 4m70 no aquecimento antes da prova. Não era para ter sido assim.

Agora é esperar Londres 2012.

Pena que junto de Isinbayeva, vem explicações do estilo Ronaldinho Gaúcho erra passes porque não está sorrindo.

****

Esporte não é teatro, mas parece cinema. Cheio de efeitos especiais. Mas isso é já é outro assunto…

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Nós querenos un otro jogo

August 29th, 2008 | 1 Comment | Filed in Musas, Pequim 2008, Vídeo

Vídeo da série: Propagandas proféticas

Não me canso de repetir: merecido.

Medalha de Ouro incontestável

Medalha de Ouro incontestável

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Entrevistamos Usain Bolt

August 24th, 2008 | 1 Comment | Filed in Pequim 2008, Vídeo

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Vale isso, Arnaldo?

August 23rd, 2008 | 4 Comments | Filed in Artes Marciais, Pequim 2008

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FINALMENTE!

August 23rd, 2008 | 8 Comments | Filed in Musas, Pequim 2008, Vôlei

O Brasil é ouro no volêi feminino.

Finalmente a Mari não atrapalhou o time. Tivemos a maldita força mental que o Galvão fala de 3 em 3 minutos.

Vencemos os EUA.

E tivemos uma craque, que chamasse a responsabildade e decidisse o jogo. A Sheila.

Ouro incontestável.

Homenagem ao passado: Eterna Venturini, merecia o ouro também.

A vara da Murer continua aparecendo pela Olimpíada…

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Pequim – Americanas bem

August 21st, 2008 | 11 Comments | Filed in Futebol, Musas, Pequim 2008

O Brasil perdeu o ouro no futebol feminino para as americanas, da excelente goleira Hope Solo, de novo. O pódio repetiu Atenas 2004, com EUA em 1º, Brasil em 2º e Alemanha em 3º.

Apesar dos erros o jogo foi bom. Emocionante até o fim. O Brasil dominou as ações e foi melhor, mas levava sufoco nos contra-ataques. A bola não entrou no fundo das redes da americana Solo e o Brasil levou um gol num chute cruzado e forte.

Galvão Bueno: “É a prata mais bela e a mais triste”.

Vôlei de quadra

Mais cedo, a seleção de vôlei feminina detonou as atuais campeãs olímpicas em casa por 3×0. Continua sem perder um único set. A final será também contra as americanas. Espero que o final seja diferente. Paula Pequeno nelas!

Vôlei de praia

Sem muita surpresa, Walsh and May ganharam a medalha de ouro sem perder um único set. Na final, as chinesas até que jogaram bem, mas a China é fraca demais. Nem no vôlei de praia! Nem as cheerleaders!!! Precária organização chinesa, poderiam ter feito curso na Argentina.

A chuva com o uniforme branco das americanas tornaram o jogo mais interessante.

Talita e Renata perderam o bronze para a outra dupla chinesa, para o desespero dos nossos amigos.

Mais medalha na vela

Bruno Prada e Robert Scheidt ganharam a prata depois da última regata e de muita confusão. Depois de um começo muito ruim, os brasileiros se recuperaram e chegaram entre os primeiros para a última regata. Garantiram a prata, 4ª medalha olímpica de Scheidt.

Outros

Só decepção. Rodrigo Pessoa, bem cotado na final dos saltos, acabou em quinto. Jadel Gregório com “a segunda melhor marca do ano no salto triplo” não foi bem e acabou em sexto.

Vale a pena ver de novo

O ouro mais fácil dos jogos.

n

Era possível torcer contra a goleira dos EUA, Hope Solo?
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