Tudo muito bem colocado pelo meu ‘cumpádi’ Zarga, sobre a zona que foi para arrumar uma vaga no Maracanã. Teve gente que só foi parar o carro na Tijuca. Mas se eles querem que utilizemos transporte coletivo (trens, metrô) para chegar lá, que nos ofereçam um transporte seguro e digno. Sem isso, ainda prefiro mesmo as mazelas de ir de carro mesmo.
Sobre o jogo: para começar, Afonso não jogou. Aqueceu, mas não entrou. E o primeiro tempo foi realmente de doer. Não por ter saído um golzinho só. Foi muito ruim. Acho muito simplista culpar o Dunga e o esquema (ou falta dele), mas o time do Equador veio como todos os outros, exceto Argentina e Uruguai, virão enfrentar o Brasil: na defesa. Uma bola na trave do Vágnerrrr Love e um bela jogada do Maicon, finalizada com o gol do artilheiro do amor. E foi só.
No segundo tempo, ou melhor, a partir da metade do segundo tempo, os craques do Brasil resolveram mostrar serviço. Kaká, Robinho e Ronaldinho Gaúcho passaram a jogar como o povo gosta e transformaram a vitória magra do primeiro tempo numa goleada. Ronaldinho marcou desviando um chute do Kaká. O jogador do Milan fez o terceiro, pois quando ele dominou a bola livre de marcação, deve ter me ouvido: “Chuta daí, seu desgraçado!!!!!”. Ele chutou, e a bola entrou exatamente onde eu havia imaginado. Para mim, esse valeu o ingresso.
A essa altura, a esforçada equipe equatoriana já não conseguia mais oferecer resistência. Com a entrada de Elano no lugar de Vágner Love, o Brasil ficou com um esquema até interessante, sem atacante fixo, mas com todo o meio-campo chegando ao ataque. E assim aconteceu, quando Robinho fez miséria driblando os vários marcadores que o cercavam, cruzou na pequena área e o corte mal feito sobrou para Elano, que só empurrou para a rede. Quatro a zero, e a torcida em estado de graça.
Para finalizar, um gol do Maraca, a casa da seleção e templo do futebol. Com passe do Kaká, que chutou mal, mas a intervenção do estádio, outrora chamada de montinho artilheiro, fez o goleiro Viteri a piada do dia, coitado. O gol foi anotado mesmo para o Kaká, mas ele nem comemorou direito, porque já estava de costas e nem viu a bola entrar. O Maracanã deu esse mole para ele, que foi substituído por Diego e ovacionado pelo público que abarrotou e coloriu o Maior do Mundo.
Concluindo: os grandes astros da seleção brasileira dão a impressão de jogar apenas quando querem. Pode ser que fiquem desanimados de sair de onde vivem e trabalham para subir os Andes e defender o Brasil, e não é por esquema tático que eles não rendem o mesmo que em suas equipes. Não jogam porque não estão muito a fim disso mesmo, e porque eles ganham muito mais nos seus clubes do que nas eliminatórias pela seleção. Mas o clima que tomou conta do Maracanã os levou a jogar pelo prazer, e isso fez a diferença no placar e para a torcida, que não é de hoje, sofre com a falta de identificação com o esquadrão canarinho. Nada contra outros estádios, outras cidades e estados, mas o lugar da seleção é o Maracanã. É o grande palco, símbolo do futebol brasileiro, como Wembley para os ingleses e o Monumental de Nuñez para os argentinos. Ele merece ser tratado, tanto em termos de gramado, infra-estrutura e instalações para atletas e comissões, como no acesso, segurança, limpeza e atendimento aos torcedores. Assim, o estádio entra no século 21 e reassume a sua posição de direito, pois se é o maior do mundo, tem que ser o maior do Brasil também.