RIP Luciano do Valle
April 20th, 2014 | 9 Comments | Filed in TVDesejando Feliz Páscoa e enviando felicitações ao re-estabelecimento da saúde de meu pai, Tais Loureiro aproveitou e enviou texto que o Pai dela fez para ser publicado, pesaroso da morte de Luciano do Valle. Publique-se.
Por Wilson
Dos grandes jargões populares que ouvimos ao longo da vida, dois me vêm a mente, agora: ” na vida, a única coisa certa, é a morte” e “para morrer, basta estar vivo. Todos sabemos, disso, mas temos todos grandes dificuldades na aceitação de uma morte. Hoje se foi o Luciano do Valle, e eu senti esta morte.
Taí um cara que, se hoje em dia é moda falar em “projetos inovadores”, muito mais como retórica que como realmente uma prática, de verdade trouxe inovação no binômio comunicação x esporte. Não obstante sua indiscutível capacidade como narrador, ele foi um profissional múltiplo, plural, e um líder agregador. Formou pessoas e profissionais, descobriu talentos e deu oportunidades a outros talentos que pareciam latentes.
Eu costumo dizer que o vôlei brasileiro pôde atingir os patamares mundias em que chegou por conta de quatro grandes nomes, fora das quadras: Nuzman, Almeida Braga, Bebeto de Freitas (este também dentro delas) e Luciano do Valle. Saiu da Globo em 1982, após a copa da Espanha, para desembarcar na Record, sem qualquer apoio ou confiança, e investiu pesado no Vôlei, que naquele ano mesmo arrancava pra o vice campeonato mundial. Depois dali, ou seja depois dele, o vôlei brasileiro foi reinventado.
Na Bandeirantes, trouxe a Fórmula a Indy, em que o velho Fittipaldi sagrou-se campeão em transmissão dele, em 1989. Assim como foi o título de 1981 do Piquet na F-1, que ele também narrou, se não me engano na Bandeirantes também (corrijam-me). E o Football Americano com suas transmissões de shows do Rolling Stones, Michael Jackson, etc, no intervalo? Ainda me lembro de sua atitude de transformar a Band no canal do esporte, com transmissões ao vivo o domingo inteiro! Criou também o projeto Band Verão, com esportes de verão em praias, no Guarujá e no Recife.
Ele conseguiu provar que há vida nas transmissões esportivas no Brasil fora da Globo. E o fez com estilo e personalidade próprias do grande profissional que foi.
Lembro-me também de uma peça de teatro que ele escreveu e dirigiu em 1979, e foi celebrado por isto. Gosto de profissionais dedicados e competentes, daqueles que se entregam, pessoal e profissionalmente, a uma causa. O Luciano foi assim, e, por isto, de certa forma, eu o olhava com respeito e com admiração.
Em uma imprensa hoje voltada para a excrescência dos realities shows e para a cultura do exibicionismo, um jornalista do porte e da estirpe do Luciano, fará muita falta, tenho certeza.
Que vá em paz e que descanse Luciano – algo que ele definitivamente não gostava de fazer!
Obrigado a todos pela atenção,
Wilson