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Uma tarde futebolista em Madrid

March 17th, 2010 por | Categorias: Patrocinado.

Na beirinha do gramado

Vida de mochileiro na Europa é bastante movimentada. Ainda mais para um cara como eu, de interesses extremamente difusos, todo tempo do mundo era muito pouco para ver tudo que eu queria. Estar em um polo cultural como Madrid fazia meus neurônios ferverem de ansiedade, e os olhos curiosos praticamente não piscavam para não perderem nada. A arte dos maravilhosos museus, a arquitetura histórica da cidade, a culinária madrilenha – abarrotada de cheiros e paladares que não me deixaram outra alternativa a não ser provar TUDO -, a música que brotava nas ruas, tudo era imperdível. Não esquecendo, obviamente, as noitadas mucho loucas e as vááárias copas con tapas grátis. Também não esqueci que sou um aficcionado por futebol. E estava eu ali, a meia dúzia de estações de metrô da casa do Real Madrid. Pensei: cómo no? E lá fui eu.

Fachada do gigante

Em dez minutos já estava diante do gigante. Comprei pela ‘bagatela’ de 15 euros o ingresso do Tour Bernabéu, com a imagem de Raúl González Blanco, e percebi a primeira coisa especial naquele clube. Mesmo com as passagens de  Zidanes e Ronaldos, de Figos e Beckhams, de tantos galáticos vindos na era das grandes negociatas e do marketing esportivo, o grande ídolo que merece estar estampado no ingresso é – e sempre foi – aquele espanhol que envergou por tanto tempo a camisa 7 merengue, símbolo da raça madrilhista, aquele que carrega o escudo do Madrid como se fosse tatuado na própria pele, gravado sobre o seu coração. Confesso ter ficado triste quando soube da saída dele do clube, mas a vida segue.

Uma das entradas do templo espanhol

O estádio foi inaugurado em 1947 – veja bem, três anos antes do nosso Maracanã – em um tempo em que o Madrid vivia uma crise, bem como a Espanha, isolada no pós-IIª Guerra por causa da ditadura do generalíssimo Francisco Franco. A modernização da instituição como um todo veio sob a batuta de um homem visionário cuja história se confunde com a do próprio clube, que naquele momento decidiu contrariar as probabilidades e construir para o clube uma nova casa que fosse compatível com a grandeza do Real. Seu legado inclusive herdaria seu nome no futuro: Santiago Bernabéu.

Muito perto da ação

Os acessos em forma de torre nos quatro vértices do estádio facilitam o fluxo dos torcedores, e dentro de instantes já surge diante dos olhares dos visitantes a magistral vista do gramado. As cadeirinhas são confortáveis, e a construção das arquibancadas em camadas permite um campo de visão excelente, mesmo para quem esteja acomodado nos andares superiores. Porém, é sentado nos lugares mais próximos que se tem a perfeita sensação de estar no dentro do campo, cercado pelos protagonistas do espetáculo, ouvindo até as conversas entre jogadores, técnicos, e ,quiçá, todos estes xingando o juiz.

É intrigante constatar que esse senhor de mais de 60 anos se mantém bonito, moderno, bem conservado, abrigando 85000 torcedores sem deixar nada a desejar em relação aos novos prodígios da engenharia esportiva que brotam de tempos em tempos para as Copas do Mundo. Se a organização brasileira para 2014 quiser fazer bem o seu papel, seria melhor conter o ímpeto na elaboração de orçamentos cada vez mais estratosféricos e aprender a usar o bom senso tal qual se fez com o velho Bernabéu. Basicamente, foram feitas três grandes reformas: a primeira em 1954, outra para o mundial de 1982 e a última em 2002. Enquanto isso, todo o dinheiro gasto no Maracanã nas sucessivas remodelações só fizeram o nosso Maior do Mundo se tornar cada vez mais anacrônico. Quem frequenta é que sabe.

Esquadrões históricos

O museu do Real Madrid é um túnel do tempo multimídia, onde estão expostas imagens da construção do estádio, de todas as gerações de jogadores que passaram pelo clube, chuteiras, camisas e bolas autografadas, cada uma com mil histórias para contar. São exibidos filmes de partidas históricas, gols importantes, entrevistas e depoimentos de craques, dirigentes, torcedores ilustres – entre eles, o próprio rei Juan Carlos. Aliás, a todo momento pode-se ver a importância dada ao papel do torcedor e do sócio, dois personagens que, sem eles, não faria qualquer sentido a existência do clube, e que marcam fortemente sua presença em todos os momentos, sejam eles bons ou difíceis.

Uma reluzente coleção de Ligas

A sala de troféus fala por si só. Se os merengues são dotados de um certo ar de superioridade perante outros clubes, é ali que podemos perceber que eles têm lá sua razão para crer nisso. A quantidade e a imponência das taças, a epopeia dos times e dos craques que as conquistaram e dos ídolos que as ergueram demonstram quanto um clube pode – e deve – cuidar, lustrar, revisitar e venerar seu passado, alimentar-se de sua história para que novos jogadores e dirigentes tenham a medida exata da responsabilidade que vem junto com aquelas cores e aquele escudo. Não há como não se sentir parte daquela tradição ao ver o próprio rosto refletido na magnífica Taça Champions League.

Não pergunte, fiz questão de não entrar ali.

Infinitas sensaciones, en un solo lugar. Sendo ou não fã de futebol, estar no meio de tanta(s) história(s) é emocionante. O mais interessante é a forma como o percurso do Tour Bernabéu envolve o visitante. É comum – e aconteceu comigo – ver veteranos madrilhistas testemunhas oculares de toda aquela saga relembrando e contando outros ‘causos’ daqueles tempos aos passantes, dando cores vivas àquelas imagens em preto e branco desgastadas pelo tempo.

Acompanhamos desde as origens do clube, a empreitada da construção do novo estádio, os títulos, os grandes jogadores vindos de todos os cantos do planeta para defender a camisa merengue, passeamos pelas arquibancadas, conhecemos os vestiários, a sala de imprensa, a TV Real Madrid, passamos pelo túnel de acesso ao gramado e sentamos no banco de reservas. No final de tudo, o tour desemboca exatamente… no lojinha!!! A tienda do Real Madrid tem absolutamente qualquer coisa que se possa imaginar com a logomarca do clube. De roupas íntimas, chaveiros e brinquedos de criança até artigos de luxo, relógios, joias, material esportivo, uniformes personalizados – dos jogadores ou com seu próprio nome impresso na hora -, tudo está lá, disponível para o fã mais abonado.

Para mochileiro duro, é melhor ficar só no chaveirinho e partir para as noitadas madrilenhas. E fica também a dica: se estiver de bobeira na capital espanhola, vale a pena visitar o Real Madrid. O centenário clube foi escolhido o maior do século XX, e sem a menor dúvida, é um dos maiores candidatos para o título nos próximos cem anos. Informações mais detalhadas podem ser encontradas no site do clube: www.realmadrid.com

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5 Comentários para “Uma tarde futebolista em Madrid”

  1. Victor
    17/09/10 - 19:32

    Raul é ídolo da época de vacas gordas. Herói mesmo é o mexicano Hugo Sanchez, herói de época de vacas magras. O Super Ézio merengue.

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    Robinson

    Boas lembranças do fabuloso “Homem da capa verde”!!!!

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  2. Flávio
    17/09/10 - 21:59

    Show de bola, Robinson.Bela descrição. Também tenho essas vontades de conhecer estádios e,se possível, assistir às partidas de futebol nos locais que visito.
    Mas no meu caso, preciso conciliar esse gosto masculino com a tara por fotos, lojas de óculos, museus etc de minha mulher, o que minimiza meus anseios.

    Assim, só tive o prazer de conhecer a decadente mas mítica Bombonera.

    Belo registro! De quebra, se der, vá a Barcelona e nos brinde com mais um relato sobre os templos espanhóis.

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    Robinson

    Cara, eu fui ao Camp Nou, também tirei fotos e gostei bastante.

    Mas o Santiago Bernabéu mexeu bem mais comigo.

    Claro que não foi nada que me fizesse trocar a minha querida sede das Laranjeiras!!!

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  3. rafael botafoguense
    21/09/10 - 16:50

    santiago bernabéu inventou a copa intercontinental.

    ok,foda-se.

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