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Um carro que te dá asas

June 23rd, 2009 por | Categorias: Fórmula-1.
Na ponta dos cascos

Na ponta dos cascos

Confirmado: a Brawn GP não voa mais em céu de brigadeiro. Com a atualização aerodinâmica – com novos difusores traseiros e um bico de pato que qualquer semelhança com o BGP001 não é mera coincidência – a Red Bull fez dobradinha e foi inalcançável no Grande Prêmio da Inglaterra. Sebastian Vettel largou na pole e desapareceu na frente da concorrência. Mesmo com um dos carros mais pesados (ou seja, com mais combustível) na largada, chegou abrir em torno de um segundo e meio por volta do pelotão.

O garotão é a estrela que sobe. Passeou em Silverstone, e já se credencia como postulante ao título. Palmas merecidas também para Adrian Newey, que do mesmo jeito de quando trabalhou para McLaren e Williams, se aproveita do momento em que dispõe de um motor eficiente e um piloto talentoso para conceber em sua prancheta a máquina capaz de vencer corridas como a que vemos agora.

Apesar do domínio dos touros vermelhos em todo o fim de semana, Mark Webber conseguiu apenas o terceiro lugar no grid e saiu reclamando por ter sido atrapalhado por Kimi Räikkönen. Segundo o australiano, o piloto da Ferrari seria flagrantemente reprovado no teste do bafômetro. Especulações à parte, na corrida, ele manteve Rubens Barrichello na alça de mira durante a primeira parte e conseguiu facilmente a segunda posição depois do primeiro pit-stop. O brasileiro fez o que pôde para segurar o pódio com um carro que apresentava sérios problemas para aquecer os pneus. Suas emoções duraram até o final, quando ainda era ameaçado pela aproximação de Felipe Massa e Nico Rosberg.

Massa foi um dos grandes destaques da corrida e lavou a honra ferrarista ao largar em décimo-primeiro e cruzar a linha em quarto. Outro destaque interessante foi o improvável Giancarlo Fisichella. O romano levou sua Force India à décima posição e protagonizou a manobra mais rock’n’roll da corrida, quando ainda nas primeiras voltas, ultrapassou Nick Heidfeld e Fernando Alonso de uma vez só enquanto os dois disputavam uma posição e bobearam. O lance foi totalmente ignorado pela transmissão global e não teve nem replay. Que pena, ragazzo!!! Foi bonito e lembrou os velhos tempos do italiano.

Push the Button: trocadilho bem mais ou menos, corrida idem

Push the Button: trocadilho bem mais ou menos, corrida idem

Só para dar um variada, Jenson Button fez uma corrida low-profile. Partiu em sexto, caiu na primeira volta para nono e remou até o final para completar a prova na mesma posição que largou. Se o domínio de seu time agora está ameaçado, pelo menos ele conseguiu uma boa vantagem sobre os outros enquanto a maré estava boa. Mesmo se a Red Bull desatar a vencer, basta que ele se mantenha pontuando para poder rir por último. Sua situação ainda é totalmente excelente.

Completaram a zona de pontos Jarno Trulli e Kimi Räikkönen.

Nelson Piquet ficou em décimo segundo e duas posições à frente do seu companheiro Fernando Alonso. Teve um ritmo razoável durante a corrida, mas não adianta. Enquanto não melhorar o desempenho na classificação, não passa disso e que lamba os beiços. O espanhol ainda travou um duelo interessante com Lewis Hamilton, só para não dizerem que eles não aparecem mais nas câmeras. Mas pífio mesmo foi a performance da McLaren. Como o campeão que é, para Hamilton não disputar absolutamente nada deve ser bastante frustrante. Mas também, por que diabos ele vem errando tanto??? Já Heikki Kovalainen, de pneu furado, ziguezagueou diante de Sébastien Bourdais e decretou fim de prova para os dois.

A corrida ficou, enfim, como pano de fundo depois da divulgação do divórcio entre a FIA – entidade máxima do automobilismo mundial – e a FOTA – sindicato das montadoras envolvidas na F1. O problema todo: as montadoras não querem mais se submeter às vontades e humores de Max Mosley, o “nazi-fasci-sadô-masô” que tem lá suas razões também. O cartolão quer impedir o domínio das montadoras, que desejam não apenas definir regulamentos, mas também embolsar as polpudas cotas de transmissão das corridas. O inglês bate na tecla da redução de custos para permitir que outras equipes possam entrar na brincadeira. Por outro lado, as equipes da FOTA se recusam a assinar um contrato praticamente em branco, dando direito a Mosley de criar as regras do jogo sem qualquer consulta aos times. Um novo campeonato já está sendo rascunhado, e pasmem: sai Brasil e voltam da Argentina, México e Estados Unidos. Entre circuitos ressuscitados e semimortos, ainda há uma data para o GP de Mônaco no mesmo domingo de maio em que tradicionalmente se corre lá pela Fórmula 1.

A unanimidade: nem equipe nem pilotos aturam mais Max Mosley, e a sua saída provavelmente arrefeceria os ânimos e restabeleceria o diálogo. Mas o velho Max não parece querer entregar a rapadura facilmente, e protela ao máximo a saída que cada vez mais parece inevitável.

Bernie Ecclestone já age como poder moderador na questão, oferecendo a liberação do teto orçamentário em troca do comprometimento dos times por cinco anos. No final das contas, ainda não vejo como haver a cisão sem que todos saiam prejudicados. Se isso for levado adiante, representaria simplesmente o fim da F1 como nós conhecemos, sendo substituída por duas caricaturas: uma comparável a um salão do automóvel e outra que tentará se manter pela tradição, sem nunca superar o clima fedorento de fim de feira.

Na dúvida do que vai acontecer, só resta esperar pelo início da segunda metade do campeonato, daqui a três semanas na Alemanha. Assunto até lá é o que não vai faltar.

Posso também abrir uma enquete entre os meus cinco ou seis leitores, para saber sobre o que eu poderia escrever caso a pirraça se confirme.

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6 Comentários para “Um carro que te dá asas”

  1. saulo
    24/06/09 - 11:43

    Pelo visto a debandada foi para o brejo. O poder econômico das equipes prevaleceu e o Max Mosley não vai mais concorrer a reeleição na FIA.

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  2. Robinson
    24/06/09 - 14:03

    Finalmente, o desfecho final. A ameaça, o novo calendário, isso tudo foi mesmo uma forma de pressionar Max Mosley para que ele fizesse exatamente o que ele fez: deixar o comando da FIA. Não imediatamente, mas ao final do seu mandato em outubro, e abrindo mão de concorrer à reeleição – o que por motivos políticos que fogem ao poder e da capacidade de influência das montadoras, provavelmente aconteceria.

    A saída desse senhor da frente dessa organização é um momento histórico. Com seus erros e acertos, a F1 de hoje do que ela é deve muito a ele.

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    saulo

    Apenas uma coisa não vai mudar: Rubinho vai continuar sempre atrás.

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  3. Victor
    24/06/09 - 20:30

    A F1 tá fota.

    Pelo visto, MaXXX Mosley não se recanditaria.
    Só que ele estava falando alto mandando a FOTA para o espaço.
    A FOTA reagiu com seu calendário mequetrefe.
    Como sempre, muito barulho para se chegar ao meio e ficar tudo como está.

    E como disse Robinson, parece que os pilotos ficaram satisfeitos com a oficialização da saída de Maxxx

    Caso as categorias se separassem, já tinha definido a que eu acomopanharia:
    Aquela que Robinson escrevesse aqui no Blá blá Gol.

    ****
    Finalmente Nelsinho conseguiu acabar na frente de Alonso.

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  4. Rafael
    25/06/09 - 13:17

    Bom, eu acho chato esse papo fora das pistas. No final das contas a discussão sempre é “de quanto” está se falando, “pra quem” e “quando”. Todo esse disse-me-disse pra justificar isso.

    Mas fazer o que né? É o principal assunto da F1 hoje…

    ****

    Quanto ao campeonato, agora estou com esperança que haja a disputa Button x Vettel. Pode dar uma animada.

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  5. Robinson
    26/06/09 - 10:54

    O Vettel conta agora com o medo que a Brawn agora sente da Red Bull. Isso porque o RB5 se adapta melhor às condições de baixa temperatura, o que ocorreu em Silverstone e em …, com vitórias do alemão em ambas.

    Caso se confirme que a Red Bull superou a Brawn, Button passa a correr marcando o Vettel. Do contrário, só o Barrichello pode fazer alguma fumaça, caso essa corrida ruim represente uma insegurança ou declínio da fase maravilhosa do Jenson Button. O inglês permanece favorito, mas ainda vai ter que provar que tem cacife para segurar os concorrentes.

    Mark Webber, como quem não quer nada, está a apenas 3.5 pontos atrás do Vettel, que tem 2 de desvantagem para Barrichello.

    Isso está ficando muuuuito interessante…

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