Zé Fogão está eufórico com Loco Abreu a atazana minha paciência com o papo de Botafogo em Copa do Mundo. Mas, sensato como é, sabe que o 3º reserva do Uruguai não é a principal estrela solitária. Enviou-me esse texto que gostei muito.
Por Zé Fogão
O lance mais espetacular da Copa levanta uma tremenda questão: O que Suarez fez foi ético ou não?
Sua intenção não foi enganar, como no lance do Nilton Santos contra a Espanha em 1962, quando seu passo para fora da área livrou o Brasil de um penalti. Assim como não quis ludibriar como no episódio “La Mano de Dios” da Copa de 86. De fato, foi explícito no propósito e no movimento que executou. 100% transparente.
Bloqueio celeste
Além disso, não houve erro do juiz. O uruguaio sofreu a punição mais severa que o código do futebol prevê para a situação: Expulsão, suspensão da próxima partida e penalti contra.
Ou seja, por que tratá-lo como um monstro do futebol, se ele não enganou e assumiu todo o ônus do que decidiu fazer?
Essa é a ótica uruguaia sobre a questão ética do lance.
As regras do futebol prevêem a existência de lances de antijogo, tanto que estabelecem os institutos do cartão amarelo e vermelho, tiro livre direto e indireto, supensão, tiro livre da marca do penalti etc…. Quantas faltas são usadas pelos jogadores como recurso para parar a partida, para interromper um lance?
Nesse sentido, o que Suarez fez foi apenas uma falta, prevista na regra, assim como está prevista sua punição.
Não seria então Suarez um verdadeiro mártir do futebol, sacrificando-se e assumindo toda a punição em prol de um reduzido, improvável facho de esperança para Nação Celeste Olímpica?
Não pergunte isso em Gana.
Por um simples fato: Gana foi eliminidada da Copa porque um lance de puro antijogo, 100% anti Fair Play, impediu seu gol no último momento da partida. Por mais que tenha sido um lance legal, previsto em lei e nas regras, foi uma tremenda injustiça com os Ganeses.
Uma coisa é a legalidade outra é a justiça. Uma situação pode ser legal, prevista em lei, e isso não significa que é justa. Mulheres não podiam votar, segundo as leis do passado. E isso não era justo, apesar de legal.
Imagine-se indo para a “de fora” numa pelada nas mesmas circusntâncias que Gana? Agora, imagine-se fora da Copa do Mundo?
E então? Pela ótica do povo sulamericano, não houve antiética. Já pela ótica africana, foi a maior demonstração de UNFAIR Play da história das Copas do Mundo. E agora Dona Fifa?
A única coisa que eu eu tenho convicção é que a regra do futebol precisa ser alterada para uma situação dessa, elevando-se em muito a punição ou até validando o gol, apesar de a bola não ter entrado. Expulsão, suspensão e penalti, ainda que um penalti seja um quase-gol Vs. Eliminação da Copa do Mundo, não me parecem ser prejuízos iguais. Tanto que Suarez levou mísera fração de segundo para decidir o que fazer com suas “manos”.