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Sergipe 0x1 Confiança: Quarta de futebol brasileiro puro

May 3rd, 2012 | 36 Comments | Filed in Campeonato Sergipano 2012, Confiança, SE, Sergipe

Por André Bona

Quarta-feira, 02 de maio de 2012. Um dia depois do dia que completou mais um ano do acidente horrível cujo protagonista foi nosso herói da Formula 1. Que susto Nelsão nos deu. Que bom que sobreviveu e ainda levou o título no mesmo ano.

E como sabemos, quarta-feira é dia de futebol e resolvi ver um jogo do futebol brasileiro, já que não via desde a final do capixabão entre Rio Branco e Vitória. Eu tinha duas opções: o futebol brasileiro ou o “football business TV” que apresentava um capítulo de novela convidativo para ficar em casa, comendo popcorn e tomando coke, com trezentos e oitenta replays, vídeozinhos interativos enviados pelos bobospectadores, uma bolinha redonda montada num carrinho chamado globoboquinha, ou algo assim. Enfim, depois da novela, o “footbal business sofa TV”, que eu poderia assistir do meu “living room”. Mercado. Tudo é mercado. Então é isso.

Mas, diante das duas opções, resolvi assistir mesmo ao futebol brasileiro, aquele que inclui mais de trezentos clubes, duzentos estádios Brasil adentro. Aquele que representa seguramente mais de 90% do futebol nacional, e não o futebol jogado por meia dúzia de clubes em certames completamente alienígenas em nosso país. Além de amplamente tendenciosos.

E o jogo foi o clássico Sergipano, entre Sergipe e Confiança, na belíssima capital Aracaju, com um povo maravilhosamente encantador, mas também com seus motociclistas, motonetistas e mobiletistas endiabrados e eternamente descapacetezados.

Fogos no Batistão

A partida foi o primeiro confronto da semi-final da Taça Estado de Sergipe , o segundo turno. O jogo de volta é no domingo. Como dizem os “jênios” da imprensa especializada (???), o Confiança joga por dois resultados iguais. Se perder de 10 x 0 duas vezes, então passa de fase. Vai ver é isso. Mas o fato é que o Dragão possui a vantagem de dois empates ou do empate no somatório dos gols nos 180 minutos.

Para chegar até aqui, o Confiança vem fazendo uma campanha com regularidade desde o primeiro turno. Já o Gipão, maior campeão estadual, mas que vive 10 anos de jejum, e clube de maior torcida, fez um péssimo primeiro turno e até algumas semanas corria risco de rebaixamento. Arrancou no segundo turno e garantiu a permanência e a participação no mata-mata. Se copar o returno, fará a final do Estadual contra o Itabaiana, campeão do turno, numa virada espetacular.

Um fato interessante é que foi do Confiança que saiu um dos maiores artilheiros do rubro-negro carioca sediado na Gávea. Ou no Leblon, sei lá, o Nunes.

A noite era muito agradável, ventava aquele vento morninho do nordeste e o Batistão estava lá todo aceso para o confronto.

Batistão Aceso

A torcida compareceu em peso. Na entrada vi uma fila enorme. Cheguei faltando 15 minutos. “Puxa, vou ter que morrer na mão do cambista.” Cambista gente boa! Cobrou-me 20% a mais, ou seja, 12,00 ao invés de 10,00 pelo ingresso. Muito justo. Prestou-me um serviço. Tinha ingresso na bilheteria e tinha na mão dele. Eu que escolhi pagar o ágio, que é praticamente a mesma taxa de serviço cobrada pelo Ingresso.com

Entrei no gigante sergipano, já pedi logo um dogão e uma coca, enquanto a massa continuava a chegar. Liguei para meu anfitrião, colega de trabalho Thiago que lá estava com seu filho. Encontramo-nos na torcida do Gipão. Porra, Gipão é todo vermelho… mas pela arrancada no returno, ganhou minha simpatia.

Torcida do Gipão

 

O primeiro tempo começou travado. O Gipão tentava algumas investidas, mas o Dragão estava muito bem armado. Marcava muito bem e armava algumas saídas em contra-ataque. Jogo muito equilibrado, até que numa falta, o Dragão abriu o placar. Confiança 1 x 0 Sergipe. Sergipe continuou tentando articular suas jogadas, mas o Dragão saía em velocidade e numa outra oportunidade, meteu um petardo no travessão. O destaque do Sergipe ficou por um belíssimo lançamento, estilo Geovani (Vasco), Gerson (Flu) e Lampard (Chelsea), mas que infelizmente não encontrou Ramires ou Drogba, e a chance foi perdida. Mas foi um belíssimo lançamento.

O segundo tempo foi muito movimentando, Gipão ousando mais e em duas excelentes jogadas, obrigou o goleiro adversário a uma belíssima defesa. Numa outra cabeçada, a bola passou por cima do travessão… puxa vida. Dragão seguiu muito sólido na marcação e iniciou a prática olímpica do cai-cai sincronizado. A bolsa saía, dois jogadores desabavam. Uma pena eles assistirem “football business TV” e aprender essas coisas. Numa dessas jogadas, um torcedor ao me lado muito furioso, bradou: “esse cabra é um filho da gota”. No lance seguinte, sua fúria alcançou níveis ainda mais elevados: filho de uma gota serena. Deve ser grave esse xingamento.

No final, o Gipão já tinha substituído os 3 e um jogador se machucou feio sozinho no campo. Ficou com 9 até o final e penou correndo atrás da bola tocada pelo Confiança, cedendo inclusive boas oportunidades para que o confronto fosse definido ainda nesse primeiro jogo. Mas deu tudo certo e o Gipão continua vivo. Domingo às 16, estaremos lá. Torcendo novamente.

Esse é o futebol brasileiro: de estádio cheio, sem transmissão para a praça, com rivalidade regional e muita brasilidade.

O próximo confronto promete!

Torcida do Dragão

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