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Manifesto #MIMIMI – Remember, remember the Fifth of November…

September 25th, 2013 | 38 Comments | Filed in Estrutura, Futebol, TV

Arranquei o preâmbulo salvacusístico aludindo o trabalho a um reles devaneio brainstórmico, retirei a menção final polida que críticas e sugestões seriam bem-vindas e tasquei um CTRL-C CTRL-V sem ler porra nenhuma do desenvolvimento, nem para colocar uma ilustração ou ressaltar uma quote que seja. Poderei cornetear dormindo o sono dos justos.

Por Alexandre N.

Muito se reclama sobre o modelo atual de distribuição de cotas de televisionamento do Campeonato Brasileiro, este onde cada clube negocia diretamente com a emissora de TV. O modelo anterior, onde as cotas eram negociadas por uma entidade que representava os clubes também sofria críticas. Então, tendo em vista que somos um povo naturalmente insatisfeito e corneteiro, por que não analisarmos os modelos seguidos por outros centros? Sendo assim, começamos com o campeonato que possui a fama de ser o mais justo a todos os clubes. Mas será que este modelo é realmente tão justo assim?

A Premier League foi criada no final da temporada 1990-1991, com a promessa de que traria mais dinheiro para os clubes. O acordo dos membros fundadores foi assinado em 17 de julho de 1991 e estabeleceu os princípios básicos para a criação da FA Premier League. A divisão recém-formada teria independência comercial da Football Association e da Football League, dando a FA Premier League licença para negociar a sua própria transmissão e contratos de patrocínio. O argumento dado na época foi que esta renda extra auxiliaria os clubes ingleses poderem competir em pé de igualdade com equipes de toda a Europa (lembrando que os clubes ingleses vinham de um período de banimento que durou cinco anos devido aos incidentes ocorridos na Tragédia de Heysel). E esta Liga funciona da seguinte forma: A Premier League é operada como uma corporação e pertence aos vinte clubes participantes. Cada clube é um acionista com direito a voto em questões como mudanças de regras e contratos. Os clubes elegem um presidente, um diretor executivo e um conselho de administração para a supervisão das operações diárias da Liga. O atual presidente é Anthony Fry, nomeado em 2013, que substituiu Sir Dave Richards, que estava no cargo desde 1999 (e olha que aqui no Brasil este tipo de situação é considerado um absurdo!), e o diretor executivo é Richard Scudamore nomeado em novembro de 1999. A Football Association não está diretamente envolvida nas operações do dia a dia da Premier League, mas tem poder de veto como acionista especial durante a eleição de presidente e diretor executivo e quando novas regras são aprovadas para o campeonato (afinal de contas, posso até deixar você achar que você faz o que quer. Mas na hora que eu disser que amarelo é azul, você abaixa a cabeça, aceita e não discute).

A temporada de estreia da nova Liga foi a de 1992-1993, e para esta temporada (e todas a outras que se sucederam) foi definido pelos 22 clubes fundadores (número que foi diminuído para 20 em 1995) que a divisão das novas cotas de televisionamento negociadas seria feita da seguinte forma:

  • 50% do total são compartilhados igualitariamente entre os 20 clubes que disputam a competição;
  • 25% baseado em mérito, de acordo com a posição final do clube na Liga, sendo que o primeiro colocado recebe vinte vezes o valor do último;
  • 25% variam pela audiência e pelo número de jogos do clube exibidos pela emissora de TV (cada clube terá, no mínimo, dez jogos transmitidos);
  • O valor da venda dos direitos de transmissão para outros países é dividido igualmente entre os clubes.

A Liga vendeu os direitos de transmissão dos jogos para o canal fechado BSkyB. Cabe ressaltar que na Inglaterra é ilegal assistir ou gravar programas de TV sem ter licença. Lá existe uma única empresa de transmissão de TV aberta, a BBC, que não transmite propaganda. O canal é sustentado pelos próprios telespectadores mediante o pagamento de um imposto chamado TV License e há uma diferença de valores de acordo com o tipo de exibição desejada. Atualmente, o valor de transmissão em cores custa £ 145,50 e em preto e branco £ 49,00, sendo que este valor pode ser pago anualmente ou de forma parcelada (mensalmente ou mesmo semanalmente). A primeira venda de direitos de transmissão para a BSkyB foi por 304 milhões de libras, contrato válido por cinco temporadas. O contrato seguinte, que seria válido a partir da temporada 1997-1998, teve seu preço aumentado para 670 milhões e teve duração de quatro temporadas. O terceiro contrato foi um negócio de 1,024 bilhão de libras com a BSkyB para três temporadas, de 2001-2002 a 2003-2004. O campeonato conseguiu 320 milhões com a venda de seus direitos internacionais por um período de três anos, de 2004-2005 a 2006-2007. Os direitos foram vendidos de território por território. O monopólio da BSkyB foi quebrado a partir de agosto de 2006, quando a Setanta Sports recebeu os direitos de exibir dois dos seis pacotes de jogos disponíveis. Isso ocorreu após uma insistência por parte da Comissão Europeia de que os direitos exclusivos não devem ser vendidos para uma única empresa de televisão. BSkyB e Setanta pagaram um total de 1,7 bilhão de libras, um aumento de dois terços. A Setanta também tem direito a um jogo ao vivo às quinze horas exclusivamente para os telespectadores irlandeses. A BBC manteve os direitos para mostrar os melhores momentos das mesmas três temporadas (em Match of the Day) por 171,6 milhões, um aumento de 63% sobre os 105 milhões de libras que pagava no período de três anos anterior. A Raidió Teilifís Éireann transmite o pacote de melhores momentos na Irlanda. Os direitos de transmissão televisiva para o exterior foram vendidos por 625 milhões, quase o dobro do contrato anterior. O total arrecadado a partir desses acordos foi de mais de 2,7 bilhões de libras, dando aos clubes da Premier League uma renda média de cerca de quarenta milhões por ano entre 2007 e 2010.

Os contratos de direitos televisivos entre a Premier League e a BSkyB tem enfrentado acusações de ser um cartel e vários processos judiciais surgiram como resultado disso. Uma investigação da Office of Fair Trading em 2002 estabeleceu a BSkyB como dominante no mercado de esportes da TV paga, mas concluiu que não haviam motivos suficientes para a alegação de que a empresa tinha abusado da sua posição dominante. Em julho de 1999, o método da Premier League de venda de direitos coletivamente para todos os clubes membros foi investigado pelo Tribunal de Práticas Restritivas do Reino Unido, mas foi concluído que o acordo não era contrário ao interesse público. O pacote da BBC de melhores momentos em noites de sábado e domingo, serão exibidos até 2016. Direitos de televisão só para o período de 2010 a 2013 foram comprados por 1,782 bilhão de libras. Em 22 de junho de 2009, devido a problemas encontrados pelo Setanta Sports, depois que não conseguir cumprir o prazo final de pagamento de 30 milhões de libras para a Premier League, a ESPN foi premiada com dois pacotes de direitos do Reino Unido, contendo um total de 46 partidas que estavam disponíveis para a temporada de 2009-2010, bem como um pacote de 23 jogos por temporada, de 2010-2011 a 2012-2013. Em 13 de junho de 2012, a Premier League anunciou que a BT tinha adquirido 38 jogos por temporada de 2013–14 a 2015–16 por 246 milhões por ano. Os 116 jogos restantes foram retidos pela BSkyB, desembolsando um total de 760 milhões de libras por ano. Os direitos para transmissões domésticas do período entre 2013 e 2016 subiram para 3,018 bilhões de libras, ou um bilhão de libras por ano, um aumento de 70,2% em relação aos direitos do triênio anterior.

Para a temporada 2013-2014 a Premier League distribuiu um total de 972,1 milhões de libras para os clubes, que foram distribuídos da seguinte forma:

CLUBE

IGUAL

MÉRITO

JOGOS TRANSMIT.

DIR. INTERNACIONAIS

TOTAL

MAN UTD

£13.803.038,00

£15.117.620,00

£12.961.615,00

£18.931.726,00

£60.813.999,00

MAN CITY

£13.803.038,00

£14.361.739,00

£11.047.387,00

£18.931.726,00

£58.143.890,00

CHELSEA

£13.803.038,00

£13.605.858,00

£8.654.602,00

£18.931.726,00

£54.995.224,00

ARSENAL

£13.803.038,00

£12.849.977,00

£11.525.944,00

£18.931.726,00

£57.110.685,00

TOTTENHAM

£13.803.038,00

£12.094.096,00

£11.047.387,00

£18.931.726,00

£55.876.247,00

EVERTON

£13.803.038,00

£11.338.215,00

£7.697.488,00

£18.931.726,00

£51.770.467,00

LIVERPOOL

£13.803.038,00

£10.582.334,00

£11.525.944,00

£18.931.726,00

£54.843.042,00

WEST BROM

£13.803.038,00

£9.826.453,00

£5.783.260,00

£18.931.726,00

£48.344.477,00

SWANSEA

£13.803.038,00

£9.070.572,00

£5.783.260,00

£18.931.726,00

£47.588.596,00

WEST HAM

£13.803.038,00

£8.314.691,00

£7.697.488,00

£18.931.726,00

£48.746.943,00

NORWICH

£13.803.038,00

£7.558.810,00

£5.783.260,00

£18.931.726,00

£46.076.834,00

FULHAM

£13.803.038,00

£6.802.929,00

£5.783.260,00

£18.931.726,00

£45.320.953,00

STOKE CITY

£13.803.038,00

£6.047.048,00

£5.783.260,00

£18.931.726,00

£44.565.072,00

SOUTHAMPTON

£13.803.038,00

£5.291.167,00

£5.783.260,00

£18.931.726,00

£43.809.191,00

ASTON VILLA

£13.803.038,00

£4.535.286,00

£7.697.488,00

£18.931.726,00

£44.967.538,00

NEWCASTLE

£13.803.038,00

£3.779.405,00

£8.654.602,00

£18.931.726,00

£45.168.771,00

SUNDERLAND

£13.803.038,00

£3.023.524,00

£7.697.488,00

£18.931.726,00

£43.455.776,00

WIGAN

£13.803.038,00

£2.267.643,00

£5.783.260,00

£18.931.726,00

£40.785.667,00

READING

£13.803.038,00

£1.511.762,00

£5.783.260,00

£18.931.726,00

£40.029.786,00

QPR

£13.803.038,00

£755.881,00

£6.261.817,00

£18.931.726,00

£39.752.462,00

OBS: Os clubes estão dispostos na tabela de acordo com a sua classificação no campeonato 2012-2013 e as informações sobre valores foram retiradas daqui.

Tendo em vista todas estas informações, podemos perceber as seguintes questões importantíssimas sobre este modelo:

1 – Quem define qual clube dá mais audiência e com isto, poderá ter mais jogos transmitidos na TV? Afinal de contas, podemos tomar como exemplo o Chelsea, que na temporada 2012-2013 era o campeão do maior torneio de clubes da Europa e dos quatro grandes ingleses (Man Utd, Arsenal, Chelsea e Liverpool) foi o que teve menos jogos transmitidos, recebendo o mesmo valor que o Newcastle, clube promovido da segunda divisão?

2 – Qual a melhor maneira de evitar que um clube recém-promovido da segunda divisão não lute para cair, já que a diferença financeira entre eles é tão grande? Será que um clube nesta condição vai ter que ser vendido a um novo rico, como por exemplo, o Cardiff City?

3 – Qual a credibilidade do campeonato, já que várias vezes muitas partidas foram decididas com lances polêmicos a favor do maior campeão do atual milênio?

Será que somente com estes questionamentos iniciais não podemos dizer que o modelo não é assim tão diferente do aplicado aqui no Brasil?

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