E o pior é que alegaram falta de segurança. Uma vergonha. São Januário é perfeitamente seguro, e a diretoria deveria ter transferido o local do jogo em tempo hábil, faltou planejamento mais uma vez.
As autoridades ligadas à segurança pública ficaram preocupadas com a possibilidade de superlotação em São Januário. E, neste caso, nós viemos a reboque,
justificou o vice-presidente de futebol José Hamilton Mandarino, que ponderou que a combinação dos últimos jogos mudou o panorama do confronto.
De ontem para hoje passamos a ter 90% de chances de sermos campeões e o jogo tomou um outro caráter.
Lamentável. Agora, mais do que nunca, é necessário reformar São Januário para que o clube tenha condições de sediar, novamente, partidas importantes.
O presidente da FFERJ, Rubens Lopes, se manifestou contrário à mudança do local da partida por tal fato ferir o estatuto do torcedor. A federação afirma que é cobrada quando há problemas, mas que sequer foi consultada antes da decisão ser tomada e que, por isso, não pode ser responsabilizada por esse jogo.
Interessante, não me lembro da federação se manifestar assim em situações semelhantes.
No começo do ano que vem o Maracanã fechará para a enésima reforma. A reforma da vez será visando a Copa do Mundo. Previsão de ficar fechado pelo menos 2 anos.
Botafogo e Vasco, teoricamente devem estar andando para isso, afinal, possuem seus estádios.
Fazendo acordos com Botafogo ou Vasco, não há empecilho para que o Fluminense jogue nos estádios dos rivais.
Em 2010 nada disso escrito acima valerá e tanto Flamengo quanto Fluminense jogarão no Engenhão sem maiores problemas (isto é, como tem coisas que só acontecem com o Botafogo, ainda é capaz do BFR não receber nada por isto).
Mas vale deixar o registro, principalmente para as Polyannas de plantão.
Segundo a entidade, o jogo deverá ser realizado no Maracanã por recomendação da PM, consultada pela entidade sobre as condições de segurança para a partida.
Sem nenhum problema de segurança, aconteceram jogos entre Botafogo e Fluminense, Botafogo e Vasco, Seleção Brasileira e jogo do Flamengo inclusive.
No Brasileiro deste ano, 19 clubes jogaram ou jogarão no Engenhão sem o menor problema. Apenas o Mais Querido não pode.
Desta vez o chororô alvinegro é justo. Justo e válido. Ao menos a mim, fere o bom senso que um clube não possa obter todas as vantagens de jogar em sua casa, ainda mais sendo a casa um estádio de 1º Mundo.
Normalmente o dono da casa era para ser o time com o 1º escudo
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Antecipando aos chatos que buscarão discutir a semântica ao conteúdo, adianto que mesmo que digam que o Maracanã é campo neutro em clássicos, em minha opinião, ao menos neste Brasileirão, o estádio é casa de Fluminense e Flamengo, que no estádio mandam todas as suas partidas.
Neste estádio, que os jogadores dos times coloridos do Rio de Janeiro jogo sim, jogo não habituam-se com a grama, dimensões do gramado, posição do Sol, facilidades dos vestiários, etcetera, etcetera, etcetera.
Os alvinegros cariocas tem seus estádios próprios. Engenhão no caso botafoguense e São Januário no caso vascaíno. Onde da mesma forma de tricolores e rubro-negros em sua casa, conhecem todos os buracos, montinhos artilheiros, localização dos torcedores mais chatos, etcetera, etcetera, etcetera.
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O pleito poderia ser o mesmo por parte do Vasco. Só que não vejo o pessoal de São Januário muito a fim de mandar seus clássicos em seu estádio.
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Uma pena eu não ter comprado um camarote do Engenhão. Processaria o Botafogo caso não ocorresse o CLÁSSICO MAIS ESPERDO DO ANO por lá…
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Parece até que o Vasco x Flamengo jogado no Maracanã com suas brigas combinadas pelo Orkut foi uma calmaria só.
Novamente o torcedor de futebol, tão consumidor quanto alguém que vai ao teatro ou que compra um carro, um celular, mesmo uma balinha, é tratado com descaso.
Nem quero mencionar o aumento no valor dos ingressos. Abusivo, sim, demais. Mas economicamente falando, o excesso de demanda força os preços para cima. Oportunistas dificilmente perdem a chance de extorquir um pouco mais. É a “mão invisível” reguladora do mercado, que no caso aparece bem visível, na forma de uma nota oficial que explica o raciocínio dos dirigentes em relação à sua própria torcida, mas não justifica absolutamente. O pior e ainda mais injutificável é fazer um torcedor-cidadão passar doze horas numa fila, para no final das contas, descobrir que terá de pagar, para assistir ao “jogo mais importante da história” do clube do coração, além do preço inflacionado, mais um ágio praticado pelos figuras nefastas dos cambistas.
Inexplicavelmente, e ao contrário dos torcedores como eu e você, os cambistas conseguem ingressos. E muitos. Predominantemente meias-entradas que eu, estudante de carteirinha não-falsificada, diversas vezes não consegui comprar. Essas pessoas “trabalham” por ali mesmo. Na boca da bilheteria, na cara das autoridades, na fila.
Na fila, onde a via-crúcis se inicia no dia anterior, porque simplesmente não há outro jeito. Quer presenciar a partida? Então, ature. A insônia, a fome, a falta de segurança na madrugada. Ainda bem que o brasileiro consegue levar tudo numa boa. Mas de manhã, a fila não anda, uns furam fila, outros se revoltam, e aí adicione um pouco de vandalismo, repressão policial (que não incide apenas sobre os vândalos, mas aos que estiverem por perto também), spray de pimenta bombas de efeito moral e balas de borracha. E decepção.
Após as cenas de batalha, os soldados do Choque almoçaram no restaurante do clube. Normalmente.
Os ingressos acabaram, oficial, ou oficiosamente. Agora, temos que abrir mão de mais dinheiro e da nossa dignidade, adquirindo as entradas com os malditos cambistas, que são a face visível dos interesses ocultos de pessoas que estão em seus gabinetes, com ar condicionado, que estarão nas tribunas confortavelmente instalados, com amigos, patrocinadores, autoridades, celebridades. Que não entraram na fila e muito menos pagaram ingresso.
E as organizadas?? Nossos torcedores profissionais estavam na fila???
Eu vejo o Fluminense há muito tempo. Nas Laranjeiras, no Caio Martins… No Maracanã, tenho até meu cantinho cativo. Vi a segunda divisão, vi a terceira divisão. Vi o clube se reerguer, vi perder a Copa do Brasil, e vi levar a taça no ano seguinte.
Graças aos “homens do Fluminense”, “o jogo mais importante da história”, eu vou assistir pela TV. Pela minha segurança, paz, minha dignidade.
Os “homens do Fluminense” também estão em outros clubes. Na federação, no governo do estado, na polícia, na imprensa…
Mas eles passarão. Eu, e o meu Fluminense, passarinhos.