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Grêmio 2009: o Planejamento foi pro saco

December 15th, 2009 | 34 Comments | Filed in Campeonato Brasileiro 2009, Grêmio, Libertadores 2009

Preguiçosos que só, pedimos a alguns torcedores para escreverem sobre o ano de seus times e uma pincelada para 2010. Luiz Paulo Telo do Na Geral FC  atendeu-nos ao que diz respeito ao Grêmio, deixando por nossa conta o prazeroso trabalho de buscar as imagens da torcida gremista.

Por Luiz Paulo Telo – Na Geral FC

Jodie Foster é gremista?

Jodie Foster é gremista?

O primeiro ano da gestão de Duda Kroeff na presidência do Grêmio é repleto de equívocos, incoerências e fracassos. Desde a polêmica questão com as torcidas organizadas durante as eleições, passando pelos GRENAIS do gauchão até os dilemas nas trocas de treinadores.

O discurso da direção, no começo do ano, deixava bem claro que a prioridade era a Libertadores da América. O Grêmio, embora jogando com adversários frágeis, fez boas partidas nos primeiros jogos da competição. Mesmo assim, Celso Roth, depois de um ano de clube e bom aproveitamento em 2008, foi demitido. Mas nada teve a ver com Libertadores, e sim com a eliminação no Campeonato Gaúcho, depois de uma sequência de 3 derrotas em clássicos. Ou seja, Roth, de bom trabalho até então, foi tirado do cargo por fracassar em uma competição considerada secundária.

Na época, Roth encontrava dificuldades de armar seu time. Ora no 3-5-2, ora no tenebroso 3-6-1. Com seis no meio-campo, aliás, é que perdeu os três Grenais do Gauchão, todos por 2 a 1. Escalando apenas Jonas ou Alex Mineiro no ataque, com a ideia de liberar Souza e Tcheco. O interessante é que o Grêmio tinha a posse de bola, mas empilhava gols perdidos. No 3-5-2, a mesma coisa, porém mais vulnerável defensivamente, com três zagueiros fixos, alas que se portavam como laterais e apenas Adilson, Tcheco e Souza combatendo no meio.

Depois da saída de Celso Roth, eliminado do Gauchão e ainda na fase de grupos da Libertadores, o Grêmio abriu negociações com Paulo Autuori. Desde a saída de Roth, até a apresentação de Autuori, foram cerca de 50 dias. Nesse “meio” tempo, Marcelo Rospide assumiu o comando da equipe como treinador interino. E foi bem. Fato que gerou grande polêmica, pois mostrou-se uma solução barata para o comando técnico do Grêmio. O novo treinador, vindo do Catar, acertou algo em torno de 300 mil reais, por dois anos de contrato. Rospide entregou a equipe para Paulo Autuori nas Quartas de Finais da Libertadores, ainda invicto na competição.

Assim como algumas boas contratações em 2009, Autuori não vingou no Olímpico. A exemplo do treinador, Alex Mineiro, Herrera, Rochemback, Lúcio e Ruy, que foram jogadores caros, pouco contribuíram ao Tricolor. Nomes como Mário Fernandes, jovem revelação vinda do São Caetano, e Jonas, de terceira opção pra jogar ao lado de Maxi Lopes à titular goleador, ofuscaram o brilho dos medalhões. Souza, Réver e Victor, destaques em 2008 na campanha que quase deu o título nacional ao Grêmio, repetiram o bom desempenho nessa temporada – marcada, também, pela despedida de Tcheco.

Autuori quando assumiu a equipe, passou à Semi-Final da Libertadores com dois empates e, em seguida, foi eliminado pelo Cruzeiro depois de perder no Mineirão e empatar no Olímpico. Ou seja, a coisa não começou bem. A troca de esquema, do 3-5-2 para o 4-4-2, e a implementação de uma filosofia de futebol baseado em conceitos intocáveis marcou o início do trabalho do treinador. A partir de então uma máxima valeu-se para o Grêmio o restante do ano: dentro do Olímpico, um time ofensivo, de muito toque de bola, jogadas aéreas fulminantes, nenhuma derrota, poucos empates e muitas vitórias; em contrapartida, longe do Olímpico, o Grêmio foi uma equipe fácil de ser batida, conseguindo apenas uma vitória no campeonato todo. Um contrataste inaceitável para um time que pretendia disputar o título. O Grêmio oscilou entre a 6° e a 9° posição. Num tremendo perde-e-ganha, a equipe não decolou, só patinou sem sair do lugar durante o Brasileirão inteiro.

Marcelo Rospide nos tempos de jogador

Marcelo Rospide nos tempos de jogador

A discrepância entre os desempenhos fora e dentro de casa não foi explicada por Paulo Autuori. Nem pela direção. Mesmo assim o Grêmio não mudou. Autuori falava em conceitos, e que não os sacrificaria por conta de resultados negativos. A direção já falava em 2010, desde o meio do ano, encontrava justificativas no trabalho a longo prazo. A certa altura do ano, a figura do prestigiado profissional começou a ser alvo de críticas – justas, diga-se de passagem -, principalmente por parte dos torcedores. O nome de Rospide só ganhou força com isso.

Pois faltando quatro jogos para acabar o campeonato, o Grêmio sem mais chances de classificação pra Libertadores, Autuori deixa o clube para retornar ao futebol do Catar. Uma prova de que nem ele acreditava mais num projeto vencedor dentro do clube. Rospide assume novamente, empata com o Cruzeiro no Mineirão, vence Palmeiras e Baruerí no Olímpico e perde para o Flamengo no Maracanã. Mais importante que os resultados foi o desempenho do time. O interino montou um 4-5-1 veloz, sacando Lúcio da lateral e Tcheco do do meio-campo. A linha ofensiva composta por Douglas Costa, Maylson e Souza deu a mobilidade que o Grêmio não tinha há anos.(sobre a roubada que o Grêmio se meteu na reta final do campeonato, tudo no post Sinuca de Bico)

Mas nem isso convenceu o presidente e o departamento de futebol. Em nenhum momento cogitaram efetivar Marcelo Rospide, mas ameaçaram firmar um contrato de 270 mil mensais, mais luvas, com Dorival Junior. Não deu. Contrataram Silas, que pode até dar certo, entretanto, na primeira sequência negativa de resultados, vai ter problemas que possivelmente não existem quando se treina o Avaí.

Dezembro, fim de temporada. Nenhum título. 69 jogos, 32 vitórias, 20 derrotas e 17 empates. As únicas coisas a serem comemoradas é o retrospecto extremamente positivo dentro do Olímpico, onde o Grêmio não é derrotado há mais de um ano e a contratação do preparador físico multi-campeão Paulo Paixão, que retorna ao clube em 2010.

Foi um ano ruim. Dependendo de 2010, pode ficar pior. Porém, se a próxima temporada for boa, certamente ofusca as trapalhadas da direção e até torna 2009 o ano em que, alegarão, “ajeitamos a casa e montamos a base para o sucesso.”

A torcida do Grêmio e o que ela tem de melhor

A torcida do Grêmio e o que ela tem de melhor

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Nota do Blá blá Gol: O texto encontra-se em seu formato original publicado também no Na Geral FC com o título Ano de equívocos, mas está melhor ilustrado aqui :-)

Demais Balanços de 2009:

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