Victor Pimentel – Segue no blog a sugestão de leitura enviada por Fabinho: Heróis do Cimento de Hilton Matos.
Livro sobre torcedores no Maracanã (será que tem as emoções ou os maus bocados como levar 1 hora para sair do estádio no último Botafogo x Vasco?).
Contra-capa de Juca Kfouri.
Ela nunca tinha pisado no solo sagrado do Maracanã.
Estreou num dia de Fla-Flu.
Decisão do título carioca de 1995, aquele, do gol de Renato Gaúcho de barriga.
Ela nem viu, na verdade.
Porque o que acontecia no gramado não tinha a menor importância.
Ela estava extasiada com o espetáculo das arquibancadas.
Foi a primeira vez em que vi o que significava, literalmente, alguém ficar boquiaberto.
Ficou ao sair do elevador e entrar no corredor para a área das tribunas, ainda antes da borboleta.
Como eu sabia que alguma reação haveria, adiantei-me para poder voltar e vê-la de frente.
Boquiaberta.
Quando se deparou com a multidão, com as cores, com a cantoria, ficou paralisada.
E boquiaberta.
De queixo caído, vá lá.
Ela existe mesmo, se chama Leda e é minha mulher.
Poucas vezes antes eu a tinha visto daquele jeito, talvez diante da Guernica ou da Pietà.
E foi dessas reações absolutamente naturais que dão a dimensão do que é o torcedor, do que é um Fla-Flu, do que é o Maracanã lotado.
Interpretei, também, como uma homenagem ao meu ofício ou, ao menos, mais uma ficha que caía para compreender o tamanho da paixão.
Homenagem como esta, devida mesmo, que Hilton Mattos faz ao herói anônimo que é a razão de tudo e nem por isso recebe o tratamento que merece.
Mas Hilton tratou de lhe dar, com brilho, sua parte neste latifúndio.