O Rei de Roma
Nos últimos 20 anos, os jogadores brasileiros estavam conseguindo um sucesso crescente na Europa, coincidente com a estrondosa abertura de campo de trabalho no mercado europeu para atletas nascidos em outros países motivada pelos seguintes fatores concomitantes:
- aumento do número de vagas para estrangeiros nas ligas nacionais
- fim da diferenciação entre jogadores comunitários
- naturalização de jogadores nascidos fora da Europa
Falcão foi o Rei de Roma e Careca aparecendo como o primeiro grande destaque da geração 86/90, mas ainda no mediano Napoli e como um belo coadjuvante de Maradona. Após Careca, Romário já da geração 90/94 foi com grande expectativa para a Europa, mas ainda para a distante Holanda. Confirma esta expectativa o fato de seus gols no PSV repecurtirem exaustivamente na mídia brasileira, algo inimaginável para qualquer jogador nos dias de hoje.
O Maior de uma Era
Enquanto Romário encantava no PSV, Bebeto desbravava os caminhos na Espanha levando o Deportivo La Coruña a patamares de time grande preparando o terreno para a chegada do Baixinho ao País onde finalmente um brasileiro atingiria status de estrela máxima do futebol na Europa, com a passagem de Romário no Barcelona.
Desde então, a leva seguinte de jogadores que foi à Europa venceu. Dos menos aos mais cotados, com esses tendo atingindo brilho intenso: Ronaldo, Roberto Carlos, Rivaldo, Ronaldinho Gaúcho e mais recentemente Kaká.
É necessário levar-se em consideração que há uma grande leva de jogadores que não atingem o Olimpo na Europa. A novidade é que jogadores que retornam hoje, eram da mesma forma que os supracitados, cercado de expectativas e perderam.
Mas ter consciência disso e não negar essa realidade, não deve servir como escada para vaticinar o declínio do mercado brasileiro no exterior e o ocaso desses jogadores. O futebol brasileiro é o maior fornecedor de jogadores dos times que disputam a UEFA Champions League. A Europa é recheada de futebolistas brasileiros medíocres formando este belo contingente de pé-de-obra.
Robinho foi um desses jogadores que foram à Europa direto para um gigante e não correspondeu o que dele se esperava. Pode ter ocorrido por diversos motivos e inclusive combinação dos mesmos:
- Não joga o futebol que se imaginava
- Não se adaptou aos países estrangeiros
- Não se adaptou à distância da família e amigos
- Não se adaptou aos clubes em que jogou
- Não se adaptou ao futebol europeu
- Má-vontade
- Choque cultural
- Frio
- Estava deslumbrado
- Estava de saco cheio
- Foi boicotado por treinadores
- Foi mal avaliado pela mídia especializada(?)
Tirando o primeiro motivo, nenhum outro é definitivo ao futebol intrínseco de Robinho e formam uma pá de razões bastante plausíveis para seu desempenho aquém de sua fama. Sua carreira como atacante na Seleção Brasileira não andou colada à sua carreira no Real Madrid e no Manchester City. Robinho sempre gozou de certa tranquilidade que em via de regra foram correspondidas com atuações competentes e boas com a Amarelinha. Uma regularidade positiva.
Go Santos
Às vésperas da Copa do Mundo, Robinho retorna ao Brasil para jogar no Santos, saída encontrada pelo seu clube na Inglaterra para minimzar o prejuízo. O efeito colateral não seria Robinho recuperar seu futebol porque esse não sumiu, mas jogar em alto nível por um clube novamente. Ato e consequencia seriam ele apresentar bom futebol e justificarem com o tal do baixo nível técnico no País.
Besteira. Robinho pode voltar a jogar bem uma vez eliminados os problemas que o impediram de se destacar na Europa, o que a antiga geografia e clube onde ele já apresentara brilhante futebol podem ajudar consideravelmente.
Lembremos que é aceito sem maiores pudores que para ser tido como top-top, o jogador tem de brilhar na Europa, ainda que este seja brasileiro. É pré-requisito básico se destacar no Velho Continente, muito embora o oposto não possa ser verificado por questões mercadológicas. Isto é, um jogador top europeu não jogará na América do Sul, muito embora o futebol sulamericano não fique nada à dever ao europeu em títulos possíveis de serem conquistados pelos dois. Muito pelo contrário…
Robinho jogará muita bola no Santos e irá à Copa da África do Sul como atacante titular da Seleção.
Contestavelmente?
Sim, por que não? Afinal, ainda quem ache Robinho bom jogador tem todo o direito de preferir outro atacante em seu lugar sem ser chamado de louco. Nilmar, Pato, Neymar e cia estão aí para isso.
Alguém garante que o melhor futebol do Mundo de 97 tenha sido jogado na Europa?
Robinho será titular na Copa?