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Posts Tagged ‘Botafogo 1×0 Fluminense’

Eu ganho, nós empatamos, eles perdem

April 21st, 2008 | 23 Comments | Filed in Campeonato Carioca 2008, Fluminense

Arrependi-me duplamente de uma coisa apenas ontem no Maracanã:

Deliberadamente não ter levado a máquina digital.

 

  1. O Maracanã estava lindo e o local que eu estava dariam excelentes fotos tanto do Maraca quanto do jogo em si.
  2. Com a máquinda daria para gravar o que eu e Robinson falávamos durante o jogo (mais especificamente o 2º tempo em sua plenitude) que será basicamente o que será lido na íntegra no texto que segue.

Tenho certeza que quem não esteve no Maracanã, ou não torce para Botafogo ou Fluminense, viu um jogo chato e modorrento ontem. Mesmo que esteve no Maracanã e torce para Botafogo ou Fluminense viu um jogo chato e modorrento ontem no 1º tempo.

Pegando os melhores momentos em qualquer jornal, é provável que encontre-se dois no 1º tempo: pênalti no Washington e chute na trave do Alessandro.

Já o 2º tempo começou com outros ingredientes.

Os melhores momentos foram raros também, só que este foi diferente do 1º, e como…

Começou com o Botafogo alugando meio-campo, mesmo sem levar perigo ao gol de Fernando Henrique. Túlio e Diguinho ditavam o jogo encurralando o Fluminense em seu campo.

A torcida do Botafogo sentia o mesmo e cresceu, e dessa vez, eu que tanto meto o malho em torcidas, sou obrigado a dar a mão à palmatória. A do Fluminense reagiu por conta própria e formou-se o caldeirão. Desta vez, garanto que não é exagero dizer que o Maracanã ferveu.

E quando Cuca preparava a primeira substituição, isso com o Botafogo já tomando conta das ações do jogo, contra um Fluminense que nem contra-ataque esboçava, Robínson já levantou a bola:

O Cuca vai bagunçar com o Renato. O Botafogo já domina e ele ainda vai renovar o fôlego do time.

Na mesma hora, veio à minha mente a lembrança da semi-final contra o Vasco, onde Renato resolveu segurar todos os titulares em campo para que estes cobrassem os penalties. Nesta hora, começou a bater o desespero. Comentamos que ao contrário do Vasco que era um time fraco e com um treinador recém-chegado, o Botafogo engoliria o Fluminense. Seria muito difícil e improvável um time encolhido sem renovação de pernas e pulmões segurar um time bom como o do Botafogo.

Estavamos atrás de Renato e a gritaria era:

Mexe no time, Renato. Deixa de ser babaca com essa porra de penalti e mexe logo nessa merda.

E o Cuca ia fazendo suas substituições, fossem elas por contusão ou escolha de seu treinador, o que importa é que o Botafogo jogava melhor e tinha tudo para jogar melhor ainda.

Mas aí, o futebol resolve dar uma mãozinha para Renato. Se o que o jogo se apresentava, se os gritos de torcedores, se nada disso adiantava para fazer o treineiro do Fluminense enxergar o óbvio e sair do seu esconderijo de deixar os cascudos (sic) em campo, o futebol enviou este sinal. Em uma arrancada do Junior Cesar, Alessandro levou um segundo amarelo e deixou o Botafogo com 1 a menos em campo, com bastante tempo de jogo. A previsão era de uma guinada de 180º, considerando que o Fluminense dispunha ainda de 3 substituições e a possibilidade de colocar seu time escalado para se defender jogando no ataque.

Mas, puta que pariu. Renato deixou a merda do seu time do mesmo jeito. Apenas ocorreu uma ligeira translação do jogo um pouco para o campo do Botafogo, absolutamente natural na condição de 1 jogador a menos.

Se nós já comentávamos antes da expulsão da necessidade do Renato colocar um outro atacante (que poderia ser o Allan ou avançar o Cícero lá para frente) para tirar o Botafogo de cima, imagine agora então com um a mais. Aí ficava gritante a necessidade de se colocar Tartá e Allan, e tome correria para cima do Botafogo.

Renato não fez isso, e de repente… gol do Botafogo.

Explosão de um lado da arquibancada. E uma explosão que não deixa que o outro lado cogite abafar. Primeiro porque era a vibração da torcida do time que buscava o jogo, segundo porque só encontrou sua explosão em um momento de adversidade. E do outro lado, a torcida que apoiou teve de se calar frente a apatia (eufemismo de burrice) de seu treinador que com um a mais, com o elenco mais caro e escolhido por ele (não venham falar de desfalques. Dois atacantes de fora apenas) tentava deliberadamente segurar o Botafogo para decidir nos penalties.

O treineiro do Fluminense é um bobalhão. Faz uma pose dos infernos na beira do campo. Em diversas ocasiões pelo Blá blá Gol, comentei em jogos que o Fluminense tomava um gol no 1º tempo, Renato bobalhão mandava o time para o aquecimento. Sempre, invariavelmente. Parece que para o treineiro, substituições são instrumentos de punição/premiação (outra palhaçada dele é essa de ficar colocando o Roger para entrar em jogos que não valem nada e definidos aos 40 e tantos minutos do 2º tempo). Como bem disse Robínson, é inadmissível que um treinador não utilize as substituições em uma partida de futebol nos dias de hoje, em ordem de grandeza aproximada, renova-se quase 30% do time.

Então, lá para 40 e tal, o vacilão coloca o Tartá. E para falar disso, prefiro tentar reproduzir o que Cuca disse na coletiva sobre isso:

O Renato substituiu bem. Quando entrou o Tartá, ele e o Junior Cesar conseguiram nos dar trabalho e levar perigo pelo nosso lado direito que tinha perdido o Alessandro.

Fazendo uma tradução livre aqui, podemos ler a frase da seguinte forma:

Se o Renato coloca o Tartá assim que o Alessandro fora expulso, estavamos fudidos. Teria de rebolar para segurar o Tartá e o Junior Cesar pela nossa direita

E comentei com Robínson que tinha certeza que o Cuca sabia que o Renato não mexeria no time com o jogo empatado. Renato fez isso contra o Vasco, que oferece muito menos perigo que o Botafogo. Não se exporia contra o Glorioso.

A torcida do Fluminense teve de sair pianinha do Maracanã. Nem mesmo esboçar o orgulho bobo dos vascaínos ao perderem a semi-final com a superação de sua equipe ouo chororô do Glorioso contra os rubro-negros, já que contou com um pênalti a seu favor e duas expulsões do adversário.

Viu um adversário merecedor da vitória e se viu merecedor da derrota.

****

A tarde trágica de Renato poderia parar em campo. Mas o arrogante-mor do futebol carioca resolveu ser o campeão da estupidez ontem ao dar entrevista coletiva.

Primeiro, Renato confirmou o medo. O medo foi treinado e orquestrado. O Fluminense não entrou recuado pela falta de atacantes (na verdade, dois desfalques já sabidos há mais de um mês) e sim por vontade e medo do treineiro:

Na expulsão do Alessandro, eu adiantei o Cícero. Gosto de futebol ofensivo, mas se eu coloco o Cícero na frente desde o início, a gente ficaria com quatro jogadores que não marcam. E eu não sou burro, pois o forte do Botafogo é o meio-de-campo. (Renato Gaúcho)

Depois vieram os festivais de “eles perderam”:

Para variar, Renato sempre explica o que faz, mas nunca erra. Como sempre, ele vem dizer que o Fluminense tomou um gol de desatenção e que isso não pode acontecer (sei lá, mas acho que se não fosse por desatenção, todos os jogos terminariam empatados em 0x0 – para Renato o gol não saiu porque o Fluminense deu o campo por opção sua ao Botafogo).

Também, sem querer colocar culpa no jogador (sic) disse que um lance do Tartá em que ele não driblou o Castillo para sofrer pênalti comprovava que ele estava certo em não colocar o menino na fogueira:

Não adianta botar um garoto e queimá-lo. O próprio Tartá poderia ter driblado o goleiro naquele lance no fim do jogo, mas ele não tem experiência e não podemos jogar a culpa nele.

E o caso do Washigton então. Esse foi o pior. Os de cima podem até passar (com muita boa-vontade) por ato falho. Mas o comentário à respeito do pênalti foi a mais cara-dura de tirar o dele da reta:

Eu vou conversar com eles na terça-feira para saber o que aconteceu. Antes do jogo, eu havia conversado com Thiago Neves, Conca e Gabriel. Eles deveriam decidir entre eles quem bateria um pênalti, caso houvesse. Não era para ter sido o Washington, que não estava nas melhores condições. Só que, na confusão, quando vi, o Washington é que estava com a bola, e naquela hora eu não poderia gritar mandando ele não não bater, porque ia tirar toda a moral do jogador.

Que porra é essa de conversar com eles na terça-feira?

Cara-de-pau, hipocrisia do diabo. Em conversa com Gabão depois do jogo, o mesmo levantou a seguinte questão:

Ué? Se o pênalti foi no primeiro tempo, por que ele não falou no intervalo?

Outra coisa:

Washington era um dos piores em campo, assim como no jogo contra o Vasco. Possivelmente sentia sua contusão. Mas mesmo assim, Renato fez questão de mantê-lo para cobrar os penalties contra o Vasco, e fazia o mesmo contra o Botafogo. Que história é essa agora que seu artilheiro não é cobrador de penalties? E se essa historinha é verdade, que porra é essa que não pode mandar ele não bater. Se o Renato tinha tanta convicção assim que o Washington não deveria cobrar o penalti, porque não pedir para o capitão Luis Alberto ir lá e desautorizar que o artilheiro cobrasse?

Sem contar que Washington bateu e fez contra o Vasco na semana anterior. Sem sacanagem, alguém acha que um jogador profissional, artilheiro do time, precisa de uma preparação especial para cobrar penalties em um jogo específico. O cara perdeu o penalti e pronto. Por nenhum motivo em especial. Simples assim.

O Washington deveria ter sido substituido no jogo, não por ter perdido o penalti, mas porque não conseguia dar seqüências às jogadas. Deveria ter sido também contra o Vasco. Mais erros na conta do Renato.

A crítica maior de Serginho Valente a Renato, é que ele despiroca-se todo na hora de decidir e mexr no time. Tem medo de decidir. Fez de novo contra Vasco e Botafogo. Teve o desprazer de levar o jogo contra um time reconhecidamente mais limitado para os penaltis (e teve de se dar por satisfeito pelo jogo apresentado) e uma derrota incontestável para um com melhor futebol. Teve o jogo do Vasco como aviso e não aprendeu. Teve a exspulsão de Alessandro e não aprendeu. Renato na berlinda.

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Outra coisa é não minimizar essa derrota no Estadual. Ela não é só um sinal de alerta vermelho. Vejamos o que essa derrota para o Botafogo representa:

  1. Uma freguesia começa a ser escrita. 3 vitórias do Botafogo sobre o Fluminense, duas decisivas, onde em nenhuma delas o Fluminense mostrou que ao menos poderia fazer sombra ao Alvinegro
  2. Com dois anos seguidos de decisão entre Botafogo e Flamengo, o Fluminense com todos os seus investimentos, vê este clássico se tornando o principal do Rio.
  3. O Fluminense se vê na condição de ter delegado poderes ao Botafogo. Resta agora apenas torcer para que o Alvinegro vença o Flamengo para manter a dianteira no número de conquistas de títulos estaduais sobre os rivais cariocas.
  4. A conquista da Copa do Brasil e a 4ª colocação no Brasileirão 2007 foram conquistados mais na base em se fazer difícil de ser derrotado do que de um time que busque a vitória (ao contrário da 3ª posição rubro-negra no mesmo Brasileirão). Os jogos únicos e decisivos contra o Botafogo mostraram deficiência do time quando este é testado contra um equipe boa (mas que nem mesmo é confiável) na obrigação de buscar a vitória

Para ganhar a Libertadores, o Fluminense terá de superar mais 4 adversários. Certamente contra um ou dois desses, o Tricolor deverá buscar um resultado. Ainda deve uma demonstração que consegue fazer isso.

Reanto classificava seu time do ano passado como verde para a Libertadores. Mas será que o próprio também não é?

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Renato é um ídolo da torcida do Fluminense. Além de ser um cara que tem bom trato com a mídia. Essas características mascaram suas deificiências e, o seu jeito descontraído somado ao fato de falar bem encobrem a falta de humildade.

Continuo achando que faria um bem danado ao Fluminense que Renato comandasse o time lá de cima. Ele arma bem o esquema defensivo, e acho que menos preocupado em fazer jogo de cena à beira do campo, entenderia um pouco mais o que é necessário para colocar o time para vencer.

Aliás, comandar a equipe do alto é um conselho que deveria ser extendido a todos os técnicos de futebol. O campo é muito extenso para ter algum ganho do cara tentar controlar dali de baixo, com o agravente do sujeito não ver direito a partida e ainda se deixar levar pelo calor do jogo.

 

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Passou o Fogão

April 20th, 2008 | 45 Comments | Filed in Botafogo, Campeonato Carioca 2008, Fluminense, Futebol, Musas

Antes de mais nada, este post é dedicado ao lesionado Boca-de-Aratéia, emérito babeça-de-bagre alvinegro, mais uma vítima do calabouço Peixotão. Boa recuperação!

512647-7532-cp.jpgE foi assim, um jogão principalmente no segundo tempo. Vi uma entrevista do Renato ao fim do jogo onde alinhava seu pensamento ao meu: qualquer um dos dois times poderia ter passado. Quis o destino que fosse o Botafogo, com um gol de oportunismo do polêmico (pra dizer o mínimo) Renato Silva.

Aliás, abro aqui um parênteses: vi poucas comemorações tão emocionadas de um gol quanto a do zagueiro. Os olhos do cara brilhavam, sua comemoração era eufórica, descontrolada, incontida… um êxtase. Renato Silva – com aval do Cuca – persegue um gol há muito tempo, provavelmente pra fazer um filme com a torcida. Quem diria que seria um gol tão importante como esse! Só peço encarecidamente que ele não se empolgue, pois via de regra gol de zagueiro é fruto de elemento surpresa, e chegadas do Renato Silva na área já deixaram de ser surpresa há muito tempo – para desespero da torcida.

Mas desta vez valeu. E como valeu!

Vou deixar a análise do Fluminense para quem de direito, mas destaco que foi um belo adversário mesmo quando o Botafogo INEXPLICAVELMENTE perdeu a razão, a cabeça, a esportividade e o bom-senso no fim do jogo. Só posso encontrar alguma explicação no destempero do time – com duas expulsões infantis, carrinhos totalmente desnecessários, jogadas duras e muito bate-boca – na vontade que já tá quase virando paranóia de conseguir ser campeão de alguma coisa. Só pode ser isso. O time está tão traumatizado por sempre ser (um dos) favorito (s) e não ter ganho nada, que a menor possibilidade de perder desequilibra todo mundo.

Isso me preocupa. Resultado: dois jogadores importantes fora da final (não sei se Jorge Henrique pega um jogo só por aquele absurdo), Castillo machucado (jogou no sacrifício absoluto – numa perna só! – pelo menos os 10min finais) e preocupação sobre qual o time que enfrentará o framengo: o Botafogo equilibrado e redondo dos últimos 4 ou 5 jogos ou o Botafogo destemperado da final da Taça Guanabara.

Achei o árbitro um cara meio confuso, mas que se errou, errou para os dois lados. Não vi o lance do pênalti, pois ontem foi um dia de amargar e eu estava no bagaço, dormi o primeiro tempo inteiro.

Pelo menos hoje foi o Marsiglia. Mas aturar o Galvão genérico é tão triste quanto aturar o original.

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