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Sobre Williams e Bruno Senna

March 21st, 2012 por | Categorias: Automobilismo, Fórmula-1, Fórmula-1 2012.

Bruno Senna testando a Honda: não foi dessa vez

Sim, amigos, este post está atrasado. Ele ficou escrito no meu computador e simplesmente esqueci de publicá-lo. Porém, julguei que valeria a pena colocá-lo no ar, apesar de detestar assuntos requentados. Pensando bem, esse assunto deverá ser requentado várias vezes durante o ano… Anyway… aí vai.

Ano de 2008. Rubens Barrichello via-se sem contrato para a temporada seguinte quando o seu time de então, a Honda, convocou o ilustre desconhecido de sobrenome Senna para uma sessão de testes. Todos conhecem a história: os japoneses debandaram, Ross Brawn comprou o espólio e deu nova chance a Barrichello, que assim adiou a estreia de Bruno na F1. Um a zero para o decano.

Passemos a 2012. Barrichello põe-se desesperadamente em busca de patrocínio para entrar no leilão da vaga que foi sua na Williams nas duas últimas temporadas e poder fechar sua segunda década na categoria. Pois o decadente time de Sir Frank optou por Bruno Senna, outro piloto-incógnita para dividir os boxes com o nada confiável – porém endinheirado – Pastor Maldonado. E qual é a surpresa?

Vamos abrir parênteses e falar sobre outra equipe, com outra realidade, a Toro Rosso. A equipe “surpreendeu” toda a imprensa por trocar seus dois pilotos para 2012, mas a mesma imprensa se esquece da razão de ser da ex-Minardi: descobrir novos Sebastians Vettels para a Red Bull. Tanto Sebastian Buemi quanto Jaime Alguersuari não o são, apesar da temporada honesta que tiveram em 2011. Enquanto o suíço foi “promovido” a piloto de testes da matriz, o catalão voltou para as boates da costa mediterrânea, por onde é mais conhecido como DJ Squire, e dizem que é muito bom. A Toro Rosso alinhará com dois novos pilotos do programa de desenvolvimento da Red Bull e caso os mesmos não deem o resultado esperado, serão descartados. É a vida na Toro Rosso.

Mas na Williams não era para ser assim.

O time tinha algumas opções: 1) manter Barrichello, após o brasileiro ter arranjado alguns patrocínios para manter a vaga; 2) apostar (com risco, é verdade) na volta de Kimi Räikkönen; 3) repatriar Nico Hülkenberg, que não é lá tão experiente, mas estreou bem em 2010 pela mesma Williams e fez a pole no Brasil. Isso só para começar.

Bruno Senna mostrando ser muito melhor que a concorrência*

O estranho nisso tudo é a preterição da escolha mais natural para a equipe, que atende pelo nome de Adrian Sutil – e que como dizia Carlos Drummond de Andrade, ainda não tinha aparecido na história. O piloto chucrute é bem razoável, tem experiência para não cometer erros de principiante (e uma carreira mais longa pela frente do que o Rubinho) além de vir munido com um bom trocado na conta de seus patrocinadores. Dizem que a negociação emperrou na duração do contrato (Sutil queria apenas um ano, de olho grande em uma possível vaga no cockpit vermelho você já sabe de quem…). A confiança no talento do Bruno é tanta que a equipe assinou com ele… por um ano.

Vendendo a vaga em Grove para Bruno Senna, tio Frank confirma duas coisas: em primeiro lugar, o fim da carreira de Rubens Barrichello na F1. Sem homenagem, despedida, pompa ou circunstância. Em segundo, a queda pouco honrosa de uma das escuderias mais poderosas e vencedoras da história da categoria. Em busca do caminho perdido das vitórias, muitas mudanças foram feitas. Nomes como Patrick Head, Adam Parr e Sam Michael deixaram a equipe. Entre os que chegam está Mike Coughlan – aquele mesmo, pivô do entrevero de espionagem entre McLaren e Ferrari em 2007.

Foto com o boné novo para cá, com o carro do finado tio para lá, vem o Bruno e solta a pérola que se tornará discurso oficial: ao contrário do que malvados e maldosos podem pensar ou dizer, ele não levou a vaga por causa dos quase €15 mi generosamente cedidos por Eike Batista e pela Embratel; ela foi conquistada no videogame*. Vindo de um piloto que pulou tantas etapas de aprendizado… Portanto, as dificuldades, os erros e as inconsistências que o piloto vier a apresentar ao longo do ano, não serão fruto da inexperiência de novato, que vai “estrear pela terceira vez”, quadro pintado por aqueles que se recusam a admitir que um piloto brasileiro possa estar na F1 pagando pela vaga (o que dirá com um sobrenome desses). Mas sim de um piloto que, no resumo da ópera, não tem sequer uma carreira que justifique sua presença na categoria.

Ele pode ser um gênio malcompreendido do esporte, esperando apenas a chance de sair da garrafa? Pessoalmente, não excluo qualquer possibilidade. Mas que até hoje… ele é apenas mais um sobrinho.

 

* – não consegui achar um link que não estivesse quebrado, mas quem sabe alguém por aí acha. Busque “Senna minimiza fator financeiro e diz que avaliação foi vital para Williams”.

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25 Comentarios Enviar por e-mail Enviar por e-mail

25 Comentários para “Sobre Williams e Bruno Senna”

  1. Alexandre N.
    21/03/12 - 15:21

    E pensar que vimos muitos talentos promissores (e com talento realmente, não um sobrenome) se perderem por falta de patrocínios que os ajudassem ou mesmo paciência dos empregadores.

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    Robinson

    A combinação para um piloto chegar, se manter e efetivamente dar certo na F1 é muito complexa.

    Às vezes falta dinheiro, às vezes um bom carro, um bom ambiente de trabalho, ou se pelo menos não tivesse levado aquela porrada na traseira logo na largada daquela corrida…

    Em resumo, às vezes o que falta é sorte mesmo.

    Para alguns pilotos, o passaporte de entrada é a grana mesmo. Mas sem um mínimo de talento, ele sabe que não é só a grana que vai sustentá-lo por mais tempo na F1. Sempre pode aparecer um outro cara com talento E grana.

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  2. Bender
    21/03/12 - 16:45

    Sou da opnião do Piquet. Ninguém chega na F1 por acaso. Ninguém acorda um dia e diz: pô, deu vontade de ser piloto de F1. Se além de chegar na categoria, passar a ganhar corridas, já considero um bom piloto. Piquet disse isso numa entrevista há uma porrada de tempo na ESPN-Brasil quando foi perguntado sobre a capacidade do Rubinho.

    Pelo quadro “resumo da carreira” na wikipedia, vejo que Bruno Senna está nessa vida desde 2004. E já teve bons resultados como em 2006 com a 3ª colocação na Fórmula 3 inglesa e o vice campeonato na GP2 em 2008. Além de capengar na F1 desde 2010. Vejo que é a primeira vez que o cara tem a oportunidade de fazer um campeonato completo na categoria. Não sou imediatista.

    Na novela, os filhos de atores talentosos podem passar a vida inteira enganando. F1 é esporte, existe a busca pela vitória, a corrida para ganhar do adversário. Romarinho, Bebetinho e Bruno Senna terão que mostrar talento e competitividade.

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    Andre Bona

    Bender, registar em o vice de 2008 na GP2 veio com 1 ponto a mais que Luca Di Grassi, que pilotou apenas a partir da 7a (ou 8a) prova.

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    Robinson

    E quem somos nós para discordarmos do Piquet…

    Mas se a gente for analisar melhor, antigamente o caminho até a categoria máxima era mais definido: kart, F3 sul-americana, F3 inglesa e F3000. Dependendo dos resultados que o piloto trazia no currículo ele poderia ou não ter a chance. Hoje em dia há atalhos, para pilotos do quilate de Kimi Räikkönen e Sebastian Vettel. Para os demais, tem que ser campeão, de preferência em várias categorias, para que seja cogitado para uma oportunidade.

    E como sempre houve, sempre haverá aqueles que chegam lá, mesmo sem um currículo tão floreado, mas com um belo cheque nas mãos. Isso não é atestado de falta de talento, mas também não é garantia do mesmo.

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    Alexandre N.

    Não se discorda sobre o que Piquet disse. Mas em alguns casos, pode acontecer. Não se esqueçam que Yuji Ide já pilotou um carro de F1 no campeonato de 2006…

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  3. Andre Bona
    21/03/12 - 16:54

    Eu acho engraçado as fotos com a Williams de Senna. E algumas frases perdidas que já ecoaram pela internet “repetir o sucesso do tio na equipe”…

    Mas o sucesso brazuca na Williams, é de outro piloto… Muito pelo contrário. Nao houve nenhum sucesso do tio nesta equipe.

    Deturpando da realidade…

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    Robinson

    Não dá para falar em sucesso de Ayrton Senna na Williams. A não ser se for em termos de marketing.

    As duas primeiras corridas pela equipe foram um fiasco.

    Na terceira, infeliz a Tamburello acabou com qualquer possibilidade de sucesso.

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    Andre Bona

    Em uma coisa eu não tenho dúvidas: o primeiro piloto efetivamente profissional na F1, no conceito mais amplo que do termo, foi A. Senna.

    Antes dele, TODOS tinham, ao menos na minha percepção, um misto de profissionalismo e um jeitão meio de porra-louca à sua maneira. Sei lá. Tenho essa percepção.

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    Robinson

    É sim. Provavelmente o Senna foi o cara mais tarado, obcecado, compulsivo e maníaco por Fórmula 1 que já existiu.

    Foi pioneiro na preparação física. E também na relação com patrocinadores e parceiros.

    Também foi o primeiro cara a se preocupar com a própria imagem fora das pistas e a fazer dinheiro com isso. Nisso o seu êxito foi tão grande que a marca do S estilizado e o Senninha estão aí firmes e fortes até hoje, quase 18 anos depois da morte dele.

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    Andre Bona

    Nesses pontos aí, imbatível.

    Fazendo um paralelo com o futebol, eu diria que Piquet é Romário e Senna é Ronaldo.

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    Andre Bona

    Completando… vc observa a entrevista dele no final de 83… antes de ir pra F1, depois da conquista da F3… totalmente preparado.

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  4. Andre Bona
    23/03/12 - 7:46

    Parece que Massa e Senna não estão indo bem na Malásia, inclusive o piloto de testes fez uso do carro do Bruno.

    Acho que vale um post: Massa e Senna: até quando? façam suas apostas… mas sem sorteio de nada, porque o Victor frauda.

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    Robinson

    Bom, na verdade a equipe pode usar o piloto de testes em alguns testes (ou até mesmo em corridas…). Dependendo do que consta nos contratos, o titular pode ser obrigado a ceder seu carro ao reserva.

    Acabei de olhar a tabela de tempos.

    Escalado então para fazer o primeiro treino livre, Valteri Bottas, finlandês (e promissor), fechou a sessão à frente de Pastor Maldonado.

    Na segunda parte, já com Senna ao volante, o venezuelano melhorou seu tempo da manhã enquanto o brasileiro ficou mais de 1 segundo atrás.

    Por enquanto é só fumacinha, mas se o reserva der pau repetidamente nos titulares, a coisa vira pressão.

    Quanto ao Massa, certamente ele está fritando ovo na testa. Ficou um décimo à frente do Alonso no primeiro treino, e no segundo, ficou dez posições e mais de um segundo atrás.

    A Ferrari, ao anunciar que trocaria o chassi do brasileiro, entregou-o aos leões. Se o resultado nesse fim de semana não for muito diferente da primeira corrida, o mundo vai saber que o problema não era do carro.

    A pressão sobre ele está beirando o insuportável para qualquer ser humano.

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    Andre L

    A entrevista do Domenicali, parecendo proteger o piloto, é um primor…

    “Em relação ao que vimos hoje, nós trabalhamos com programas diferentes para cada piloto. Amanhã veremos como está a situação. O trabalho é para ter certeza que Felipe tem o melhor carro nas melhores condições.”

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  5. Piso atérmico
    23/03/12 - 9:00

    Post atrasado como você disse, mas muito completo.

    Valeu amigo estou sempre acompanhando seu blog.

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  6. Andre L
    23/03/12 - 11:09

    Muito boa análise da situação, Robinson. Dá até pra perdoar o atraso.

    Sobre o “fim da carreira do Rubinho”… você viu a pesquisa de um jornal italiano? Se Massa for demitido, quem deve ser seu substituto? Barrichello ganhou com 50% dos votos. Difícil acreditar que seja viável. Mas seria uma ótima solução. E mostra que Rubinho ainda tem muito crédito. Ou que a torcida do Alonso sabe escolher companheiro de equipe.

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    Andre L

    Na verdade, foi na Autosport:

    Quem deveria pilotar a Ferrari número 6 no resto de 2012?

    Barrichello – 50%
    Kobayashi – 21%
    Trulli – 10%
    Pérez – 9%
    Massa – 5%
    Rigon – 1,5%
    Filippi – 1,5%
    Bianchi – 1%
    Liuzzi – 1%

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    Victor

    Até pelo nome os caras gostam.

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    Robinson

    Isso não é sensacional??

    Vou fazer um post-relâmpago sobre a situação do Massa.

    Logo logo vai estar no ar.

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    Alexandre N.

    Barrichello só não tem crédito aqui no país. A imprensa européia sempre fala muito bem dele. Nem é preciso dizer o quanto Barrichello é respeitado por todos que vivem o dia a dia da F1.

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    Robinson

    Grande verdade, meu amigo.

    O problema é o tamanho do telhado de vidro que ele colocou na casa dele.

    E aqui no Brasil, nego gosta muito de jogar pedra.

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  7. Felipe Massa: bem-vindo ao olho do furacão
    23/03/12 - 14:50

    […] desenvolvimento de talentos da Ferrari, poderia assumir o cockpit vermelho.  Ainda foi feita uma enquete na Autosport, na qual o piloto favorito da torcida italiana para substituir Massa seria ninguém menos que […]

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