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Sobre Renato Gaúcho

August 28th, 2008 por | Categorias: Campeonato Brasileiro 2008, Fluminense, Libertadores 2008.

Lá vou eu arrumar sarna para me coçar.
Ia ser um comentário deste artigo. Mas como não tem muito à ver com o artigo original e foi ficando gigante. Melhor que vire post.

Talvez pelo Renato ter sido técnico do Fluminense durante muito tempo, e principalmente neste ano em que o Fluminense tinha time para se impor aos demais, eu tenho as restrições em relação a ele como treinador.

1) Dentre as restrições, a principal dela é exatamente a de não armar o time para se impor sobre o adversário, para controlar o jogo. O time do Fluminense adotava como esquema a segurança defensiva com auto-suficiência ofensiva, isto é, o time jogava de forma muito forte defensivamente e considerava que seus atacantes (digo todo mundo que poderia concluir, incluindo os zagueiros em jogadas de bola parada) resolveriam a parada na frente.

Por essas características, eu sempre achei (e por escrito) que o Fluminense era muito bom e perigoso quando não precisava buscar o jogo. Era muito difícil ganhar do Fluminense, por outro lado, podia-se segurar o Fluminense (vide jogos decisivos de Taças GB e Rio contra Vasco e Botafogo).
Sempre achei temerário toda vida a adoção de um esquema assim para um time com tantos jogadores bons de frente. Até porque defendo a tese que a Ásia se defende em Moscou e não no Aral.
A opção desse tipo de esquema foi dele. E teve tempo para escolher essa filosofia. E isso é um dos pontos concretos como treinador que eu tenho a criticá-lo.

2) Outra, foi a forma com que ele não trabalhou com o elenco. Principalmente reservas para mudar o jogo ofensivamente. De novo volto aos jogos contra Vasco e Botafogo onde Renato ficou segurando seus “11 titulares” para cobrar penalty.

Tartá, Alan, são novos e não tem cancha para a Libertadores? Então nem convoca para o jogo. Renato não os usava com mais freqüência em jogos de responsabilidade, ficou sem saber se podia usar quando precisou.
Vale ressaltar que ele definiu esse elenco, que classificou o suficiente para a Libertadores, “cascudo”. Faltando apenas um jogador, Leandro Amaral. Muito pouco para fazer diferença, considerando que não era nada anormal que ele estivesse machucado, suspenso ou o caralho de asas no fim.

3) Essas restrições não o fazem pior que a maioria dos técnicos que aí estão, porque esses fazem ou as mesmas coisas, quando não fazem pior, ou nem mesmo entendem o que fazem.

4) O jeito de ser do Renato, as coisas que ele diz, não vejo problema algum. Pelo contrário. Ele vai direto ao ponto, atacando de frente a questão. Tem um problema é que por querer se posicionar à respeito de tudo, mesmo do que não conhece, vestindo a camisa do seu time, dá batatadas (como se pronunciar no caso de Liminar Amaral que é um área longe de sua alçada de conhecimento e principalmente de atuação). Mas que em nada interferem no seu trabalho como treinador da equipe.

Um cara nas condições do Renato, neste 1º semestre de 2008, deve trabalhar por volta de 10h, 12h por dia por uns 6 dias na semana. Treinando o time, vendo (mesmo que não entenda nada) material sobre o adversário, pensando no próximo jogo e mais no futuro (mesmo que pense tudo errado), além dos jogos em si. Certo que não tem como ficarmos vendo como o sujeito trabalha, até porque nem mesmo sabemos como um treinador faz para treinar o time (alguém aqui sabe?), mas acho que uma boa para criticarmos o trabalho do cara é o comportamento do time em campo e sua atuação com relação a substituições e às situações que o jogo impõe.

Já é comodo fazer isso. Agora…, é forçar um pouco a barra do comodismo de sentar em frente a um teclado e avaliar (em definitivo) se o cara é bom ou mal técnico pelas frases das coletivas que aparecem no Globo Esporte ou que saem entre aspas no Lance.

Ainda mais que essas frases são feitas para analfabetos funcionais. Quando destacaram que o Parreira disse que o “gol era apenas um detalhe” alguém realmente achou que o Parreira quis dizer algo do tipo: “o gol é apenas mais uma coisa do jogo como um escanteio, quatro faltas ou o cara cortar direito a grama do lado esquerdo”?

****

Renato é ex-jogador e isso não deixará de ser, porque, ora bolas, ele foi jogador. Aliás, ao contrário, ele é um dos que não passa a imagem de boleiro, porque ele sabe falar, coisa rara em jogador de futebol. Para os que não acham que Renato é treinador, seria interessante ver o currículo dele em pouco tempo:

Começou em time grande efetivamente no Fluminense em 2002 (em 96 ele foi interino na draga total porque nem tinha mais o que ser feito. Eu não lembro nem quantos jogos foram, só lembro que ganhou o último). O time vinha lá por baixo na tabela e foi buscar uma semi-final de Brasileiro. Renato foi mandado embora em 2003 com o time entre os 10 primeiros. Foi chamado de novo com o time na ZR e tirou ele de lá.

O Vasco está há sei lá quantos anos numa merda só. Acho que o único período de luz foi com Renato (talvez isso até ajude a explicar um pouco a idolatria de Serginho [1] [2] pelo cara como técnico). Com aquele timeco horroroso do Vasco com aquele Sapo-Boi de Presidente ele chegou na final da Copa do Brasil e por muito pouco não conseguiu a vaga para a Libertadores. Com o time cocô do Vasco. Lembremos que Jean era um dos destaques.

Na vinda da Copa do Brasil para o Fluminense, pode ter pego o bonde andando, só que depois que Abel saiu no fim de 2005, um monte de gente pegou o mesmo bonde e nem sinal de colocar em linha reta: Ivo Wortman, Um-Cara-que-Esqueci-Quem-Era-e-Que-Ninguém-Vai-Saber-Mesmo, Oswaldo de Oliveira, Um-Interino-Que-Tomou-Um-Passa-Fora-do-Leão, Antonio Lopes, PC Gusmão e Joel Santana. No título da Copa do Brasil o Fluminense passou já um considerável número de jogos com Renato sendo o técnico do time. Não creio que tenha sido tão desprezível a participação dele neste título.

Depois disso ajustou bem o time no Brasileiro e chegou com a porra do time para uma final da Libertadores ganhando do São Paulo, bi-campeão brasileiro reforçado de um Adriano em forma jogando pra caralho, e do Boca na semi-final.

Pelos times que eram antes do Renato assumir e pelas situações que estavam, acho que sempre foi além da meta real que a equipe almejava, ou no caso da meta da Libertadores, que é foda de ser cumprida, chegou muito próximo dela.

A má posição do Brasileirão, foi uma escolha de prioridades feita nas Laranjeiras. Ou alguém tem dúvidas que o time teria faria mais de dois pontos apenas ao fim da Libertadores se resolvesse jogar desde o início com os titulares as duas competições simultaneamente?

Só que nesse caso, não condeno ninguém a duvidar que o Fluminense pudesse nesse caso, ter chegado a final da Libertadores também…

Quando chegou com a derrota da LDU para o Brasileiro, foi a volta à realidade. Sem sacanagem, eu acho que os resultados seriam mais ou menos os mesmos que ocorreram. Se tivesse vencido a Libertadores, poderia ter ganho um ou outro jogo a mais, ou perderia outros, mas a matemática estaria próxima. Nada de 15 pontos a mais do que está agora.

Acontece que a pressão sobre o treinador e sobre o time com um Mundial a disputar não seria a mesma que a de apenas a de um time com a porra da morte apontando uma foice para ele e apenas a perspectiva de fugir dessa merda no ano. De fato, a Libertadores é um desgaste dos infernos, mesmo para quem ganha, imagina para quem perde. No Brasil, até hoje, só Muricy resistiu. Até Abel com status de Campeão do Mundo pelo Inter foi cozinhado até cair (e depois retornar).

*Obs: Para quem chegou até aqui neste texto, então chuta o balde no trabalho e leia mais um texto enorme bem interessante sobre a condição pós-Libertadores. O foco é no Fluminense mas é genérico. Escrita por um são-paulino, prolixo como eu sou.

E para fechar, na saída de Renato surgiram vários descontentes dizendo que o Renato desmontou uma estrutura profissional do Fluminense, que o Fluminense tinha montado uma estrutura de comissão técnica permanente e o escambau. Apareceu um monte de gente dizendo que colocou Thiago Neves no clube, até um técnico cachaceiro dizendo que foi ele quem trouxe o jogador para o clube. Engraçado que foi o Renato que colocou o cara para jogar…

Essa estrutura profissional do Fluminense que resolveu contratar um técnico fazendo entrevistas de RH para detectar o perfil do profissional que melhor se encaixasse na cultura de trabalho do clube (sic). Essa porra foi lá no início de 2006 para trazer o Ivo Wortman que deve ter ficado um ou dois meses e conseguiu cair antes de acabar um Carioca. Depois disso, a estrutura profissional do Fluminense ficou quietinha. Dentro dessa estrutura profissional, antes de Renato, foram 7 treinadores em um ano e meio até acertar com Renato (o 8º), que ficou mais de um ano disputando as competições mais cavernosas. Agora, que o time foi Vice-Campeão da América todo mundo quer assumir a paternidade.

Resumo da Ópera:

Neguinho tem inveja do Renato porque ele tem um trabalho que geral queria ter, tira onda e come mulher à rodo.

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9 Comentários para “Sobre Renato Gaúcho”

  1. Serginho Valente
    28/08/08 - 21:14

    Bela explanação.

    Não admiro o trabalho do Renato apenas pelo trabalho realizado no Vasco. Admiro por seu trabalho de uma maneira geral e pela personalidade diferenciada da mesmice que tomou conta do futebol. Seus times fazem pouquíssimas faltas e produzem excelentes resultados.

    Evidente que o Renato erra, mas não conheço ninguém, além de mim, que não erra.

    Agora, com a saída do Dodô, o Washington deu uma entrevista sintomática, dizendo que as atitudes dele prejudicavam o ambiente do grupo. Isso vem, com certeza, desde das fases decisivas da Libertadores e acho que teve papel relevante na derrota tricolor.

    De repente faltou coragem ao Renato pra afastar o Dodô. Mas, sem Dodô, o Flu passaria pelo Boca?

    Uma nota explicativa: O Renato quase classificou o timeco do Vasco 2 vezes. Uma pela Copa do Brasil e uma pelo Brasileiro.

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    Victor

    Só para dar um pitaco na questão do Dodô, não sei até que ponto o jeito apático do Dodô teve o papel relevante na derrota tricolor em campo.
    Bem ou mal, o Renato segurou o cara como uma (e não um) reserva técnica. Renato sempre confiou cegamente em Washington e Liminar Amaral.

    Do meu ponto de vista, Dodô foi realmente importante na Libertadores. E efetivamente em dois momentos:
    No primeiro, quando Liminar Amaral saiu, ele fez aquele partidaço contra o Arsenal e isso além de elevar a moral para seguir em frente com as alternativas que estavam sendo testadas, ainda deu ânimo em todo mundo à respeito do Fluminense.
    No segundo, no jogo contra o Boca que citaste no Maracanã, quando ele foi determinante para a vitória do Flu (pode-se especular que viesse de outra forma, mas o fato é que passou pelos pés dele. Eu e Lincoln vimos).

    O último jogo foi aquela apatia só do Dodô, mas mesmo assim, ele entrou e chutou uma bola na trave e criou outra chance (só que quis fazer gol bonito pro Lincoln). É aquele negócio, se o jogo fosse a mesma coisa e uma dessas bolas tivessem entrado, equipararia-se com a atuação contra o Boca.

    Para separar as coisas então, acho que em campo, o Dodô não atrapalhou. No dia-a-dia, deve ter sido realmente um pé no saco. Chato de trabalhar com um cara assim. Só que isso deve ter em tudo quanto é time, como tem em quase todos os ambientes de trabalho. Acho que segurar o cara para a Libertadores possa ter valido, como acho que foi totalmente válido fazer o cara da linha no Brasileirão.

    Renato deu mole, para um Brasileirão que ia ser pesado e longo não ter afastado ele logo após a derrota para a LDU. Acho que ali sim era a hora, até porque, o cara poderia ir para qualquer outro clube (< 6 jogos).

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  2. Rafael
    29/08/08 - 10:37

    Pois é… com muito tempo no cargo para trabalhar e com um ótimo elenco cheio de bons jogadores (principalmente do meio pra frente), o padrão de jogo que Renato deu ao Fluminense foi “um esquema de segurança defensiva com auto-suficiência ofensiva”. Eu acho isso muito pouco para ser considerado o melhor técnico do Brasil. Independente de resultados, o cara não soube trabalhar com o elenco que tinha nas mãos.

    ****

    Como eu sempre digo, não podemos avaliar APENAS pelos resultados, mas eles são MUITO importantes, e já que vcs estão falando disso.

    Renato não conseguiu salvar o Flu do rebaixamento. Será Joel ou o Capita melhores que ele?
    Renato perdeu pro Gama no Maracanã e foi desclassificado da Copa do Brasil, saiu do Vasco, pegou o bonde andando no Flu e ganhou a mesma competição. Será que os técnicos do Santo André e Paulista são melhores, ou pelo menos estão no mesmo nível que ele?
    Renato ficou uma porrada de tempo no Vasco e não ganhou nada, nem 1 mísero estadual.
    A “quase vaga” da Libertadores com o Vasco pelo campeonato brasileiro, o Renato perdeu pro poderoso Paraná, do técnico Caio Jr. Será que o novato técnico já era melhor que o Renato mesmo com um elenco muito inferior ao do Vasco? (seja ele qual for)
    Renato cansou de fazer besteiras durante a Libertadores (escalar mal, substituições erradas, 2 ou 3 tenores?…) e foi muito criticado. Até mesmo por tricolores. A vitória épica contra o São Paulo no Maracanã e as boas apresentações contra o Boca o levaram para a final, mas perdeu outra vez.

    ****

    Lógico que as besteiras que ele fala não são determinantes para seu trabalho a beira do campo. Isso é só relativo à sua postura apenas de ex-jogador fanfarrão e não de um técnico sério de futebol de um time grande.

    Parreira disse que “o gol é um detalhe”. John Lennon disse que “Hoje*, os Beatles são mais populares que Jesus”. Bill Clinton disse “não fiz sexo com a estagiária”. Serginho e Victor disseram que “vou chamar o Thiago Neves de Morais”. Todos coerentes dentro do seu contexto, mas não tem jeito, o que fica é a pérola. O cara tem que saber a posição que ocupa e não deve falar aquilo que não deve.

    *1ª metade da década de 1960.

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  3. Paulo Pimentel
    29/08/08 - 18:34

    Tenho inveja do Renato sim.
    Eu queria que meus amigos, parentes, mulheres, colegas, filhos, cachorros…lembrassem e falassem de mim 5% do tempo que o Victor lembra do Renato,:)

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    Victor

    Para isso, amigo, é necessário colocar a Barriga no meio do caminho…

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  4. paulo affonso
    29/08/08 - 20:59

    Olhá lá Mané!! Vc quer a barriga no meio de onde??? E o resto…hahahahaha

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  5. Robinson
    30/08/08 - 0:51

    Tinha escrito um comentário maior, mas deu tilt e não postou. Dane-se. O resumo da ópera: assunto morto e enterrado.

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    Victor

    Peguei o vício quando o orkut era instável toda vida de dar CTRL-C sempre nas paradas que posto
    hahahahahaha

    Parece tique nervoso mesmo.

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