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Segue a tragédia do futebol brasileiro

August 10th, 2009 por | Categorias: Futebol.

Em discussão no open bar, foi levantada pelo Victor a possibilidade de associar as situações de Santa Cruz, Bahia, Payssandu e Remo com o atual sistema vigente de campeonato nacional longo de pontos corridos. São clubes com alguma história no futebol brasileiro e que atravessam uma das piores fases de suas existências em muito tempo.

Concordamos que o sistema de pontos corridos é ruim pra clubes que estejam mal organizados, e em dificuldades financeiras. Mas, independente disso, é importante acrescentar outros aspectos.

Estamos em um momento de crise financeira mundial, em que até os times do eixo principal do país, sofrem com a redução de receitas, logo é normal que os das outras regiões sintam ainda mais.

Porém, acho que a causa principal é a atual legislação de transferência dos jogadores. Reduziu drasticamente a principal fonte de renda dos clubes brasileiros, e ao mesmo tempo forçou os mesmos a aumentarem seus gastos com salários.

Hoje qualquer jogador médio tem que ganhar acima de R$100 mil pra o clube não o perder de graça. E às vezes, mesmo assim, acaba acontecendo. Imaginem o efeito disso no Nordeste, onde só entrava dinheiro de verdade, quando alguém era vendido? Qual clube nordestino pode pagar um salário desses a um projeto de jogador?

Como Bender explicitou com esta notícia, hoje até os maiores times do país tem problemas pra manter suas revelações. Um jovem jogador como o Bruno Paulo, que ninguém sabe ainda se vai ser alguma coisa no futebol,  já vai ter que ganhar quase o que um grande jogador do país ganha, pra não sair de graça, provavelmente pra algum lugar obscuro do futebol mundial. Ou até mesmo para outro clube brasileiro, num canibalismo inflacionário, que vai minando a todos.

Quando a chance de ser um grande jogador é maior, fica ainda mais impossível segurar o cara. Vide Phillipe Coutinho do Vasco, que muito antes de estrear foi vendido por uns trocados, e iria de graça se o Vasco não protestasse na FIFA, pelo assédio de clubes estrangeiros a um menino de 16 anos.

Claro, vale a argumentação que o profissional deve ter o direito de jogar onde for mais lucrativo para ele. E que ninguém deve trabalhar onde não esteja satisfeito. A lei anterior não era perfeita, mas a que está aí, também não.

O resultado prático da sua vigência é esse efeito dominó, que resulta no futebol brasileiro mais fraco de todos os tempos. E deve permanecer assim, até que mudem a lei. Ou que a economia do país como um todo, dê um grande salto.

É preciso que se respeitem as limitações do país, e dos clubes, sem paternalismo, mas com a consciência que o progressivo enfraquecimento dessas instituições é péssimo não só para os próprios jogadores, como para toda a sociedade.

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13 Comentários para “Segue a tragédia do futebol brasileiro”

  1. Glauco
    10/08/09 - 20:52

    Vou repetir um comentário que já havia feito no Futepoca. A exportação de jogadores para os grandes centros aumentou em todo continente – inclusive na Argentina, onde existe uma regra de prorrogação indefinida de contrato sem anuência do atleta, semelhante à antiga Lei do Passe brasileira – e a que se deve isso? A Lei Pelé foi promulgada em toda a América Latina? Claro que não, e não é essa legislação que vai afetar a situação do futebol brasileiro.

    A situação dos times citados é fruto de algo muito pior: o abismo que se está criando entre os clubes do próprio país. Quando se negocia cotas de direitos de transmissão com valores distintos (com base em critérios bastante questionáveis), vai se criando um fosso entre os clubes do país, algo que não acontece em países europeus. Lá, em geral 50% do valor dos direitos de transmissão é dividido igualmente entre os clubes, 25% conforme a performance da última temporada e 25% de acordo com os índices de audiência ou tamanho da torcida, algo sempre questionável. O modelo de distribuição do CLube dos 13 é o mais abissal que existe dos grandes centros, e é por isso que clubes de expressão como o Santa, Bahia, Paysandu etc estão na situação em que estão.

    Quando o clube passa pra primeira divisão é patinho feito de tudo, inclusive em uma das duas maiores receitas de qualquer clube, os direitos de TV. Como ele vai se manter lá? E, se ele se manter, seu desempenho será recompensado? Não. Na Europa, seria, mas aqui não.

    Colcoar a culpa na Lei Pelé é sempre a saída mais fácil. Livra a cara de todo time grande que tem responsabilidade por fazer dos menos beneficiados (que não são necessariamente clubes pequenos) eternos pedintes. E os grandes se dão ao luxo de poder errar muito mais até chegar à desgraça. Tem que se refletir mais a respeito.

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    Serginho Valente

    Eu não coloco a culpa exclusivamente na Lei Pelé, mas que ela piorou sensivelmente a situação dos clubes, piorou. E nem considero que alterar a lei, por si só vai resolver todos os problemas do futebol brasileiro.

    Com certeza não promulgaram essa lei em toda a América Latina. Mas amigo, pra tirar um jogador de um time argentino é infinitamente mais difícil do que daqui no Brasil. É só comparar quanto custam os craques de lá e os daqui. E mais, a Argentina inteira está praticamente falida.

    Não sei como era a distribuição das cotas de TV antes, quando mudaram essa fórmula, ou mesmo se fizeram isso. Na Argentina mudaram? E no resto da América Latina? Será então, que está aí a diferença do futebol dos países subdesenvolvidos para a Europa?

    Acho até que, talvez, pudessem fazer essa distribuição de forma mais justa, agora não creio que essa seja a causa fundamental. Até porque, os clubes de massa, sempre vão ter receitas muito maiores que os outros, em qualquer critério que seja adotado.

    Evidentemente, o fato da Lei Pelé ser muito ruim, não livra a cara dos dirigentes serem ruins. E quando disse “sem paternalismo” estava me referindo basicamente a isto. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.

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    Serginho Valente

    Quando disse que a Argentina inteira está praticamente falida, deveria ter complementado que não é só o futebol que passa dificuldades e o que mudou não foi a fórmula da TV e sim o cenário econômico de todo o país.

    E mais, na Europa é ainda mais abissal a diferença entre as receitas dos clubes. Usar um continente em que geralmente apenas dois times vencem em cada país, como referência pra distribuição de grana não me parece ter muito sentido.

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    saulo

    A Lei Pelé não é ruim. Ela tem muitos aspectos interessantes: Fim do passe e a preferência do primeiro contrato ao clube formador. Apenas os dirigentes apostaram que a Lei não iria pegar. Pagaram caro por se prepararem para as mudanças. Aliás, a transição para gestão profissional está muito longe de chegar ao nosso futebol. Não é a toa que o São Paulo é o maior vencedor da era dos pontos corridos. Essa fórmula requer organização, estrutura e planejamento. São palavras das quais com rarissimas exceções existem nos clubes do Brasil.

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  2. saulo
    10/08/09 - 21:11

    A situação brasileira foi anos atrás muito pior. Atualmente 60 clubes tem atividade garantida durante toda a temporada. O fato do Santa Cruz estar nesta situação, se deve exclusivamente ao modelo arcaico de gestão do nosso futebol. O modelo dos pontos corridos aliviou os custos. Para quem não se lembra,o Botafogo em 2001 ficou quatro meses sem atividade devido aquele desastroso calendário quadrienal(Rio-SP,Estadual, Copa dos campeões e Brasileiro). Foi eliminado de todas as competições.

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  3. Rafael
    11/08/09 - 19:43

    Sem muito tempo pra escrever, o dia hoje aqui no trabalho foi brabo, e cheio de vontade de ir embora. Mas…

    Como já disse, não sei se nessa história todos são bandidos, mas não consigo colocar nem o jovem jogador como mocinho.

    E falar de cota de TV é desviar do tema.

    ****

    Apesar de não concordar totalmente com a ideia inicial, Serginho explanou bem sobre o assunto. Divirjo dele quanto a “causa principal ser a atual legislação”. Concordo em parte. A tal Lei Pelé atrapalha mesmo. Mas sendo bem simples e óbvio, acho que o principal é a má gestão dos clubes mesmo. Recentemente, num mimimi com Kléber Leite, o Rei mandou essa:

    A administração do futebol brasileiro tem de ser mais profissional. Alguns presidentes de clubes ficam chateados quando eu digo isso, mas é verdade. A gente vê que clube que é bem administrado, como o São Paulo, não enfrenta problemas, como acontece com o Flamengo. É o time com maior torcida do Brasil. Por isso, é uma pena ver o Flamengo passar pelo que está passando.

    http://flafa.wordpress.com/2008/06/03/pele-se-fosse-organizado-o-flamengo-se-manteria/

    Fica difícil discordar.

    Porém, não tem como negar que a Lei Pelé (até onde eu conheço) é falha quanto à antiga questão do passe é inábil para os clubes. Ao investir na formação do atleta (e da pessoa, por consequência) o clube acaba fazendo um papel que seria do Estado. A diferença é que o Clube não recebe a montanha de grana de impostos.

    Para conhecer um pouco mais sobre a lei, perco 5 minutos. Rapidamente digito “lei pelé” no Google e logo aparece.

    Art. 29. A entidade de prática desportiva formadora do atleta terá o direito de assinar com esse, a partir de dezesseis anos de idade, o primeiro contrato de trabalho profissional, cujo prazo não poderá ser superior a cinco anos.

    Ou seja, aos 21 anos o jogador está livre.

    § 2o Para os efeitos do caput deste artigo, exige-se da entidade de prática desportiva formadora que comprove estar o atleta por ela registrado como não-profissional há, pelo menos, dois anos, sendo facultada a cessão deste direito a entidade de prática desportiva, de forma remunerada.

    Ou seja, o Clube que se vire?

    § 3o A entidade de prática desportiva formadora detentora do primeiro contrato de trabalho com o atleta por ela profissionalizado terá o direito de preferência para a primeira renovação deste contrato, cujo prazo não poderá ser superior a dois anos.

    “Direito de preferência” garante alguma coisa? Já começam as brechas. Mesmo com a suposta garantia, nesse caso, o Clube ficaria com o atleta só até os 23 anos.

    § 4o O atleta não profissional em formação, maior de quatorze e menor de vinte anos de idade, poderá receber auxílio financeiro da entidade de prática desportiva formadora, sob a forma de bolsa de aprendizagem livremente pactuada mediante contrato formal, sem que seja gerado vínculo empregatício entre as partes.

    Bom para o Clube?

    Fonte: http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/Leis/L9615consol.htm

    Ou seja, a lei não ajuda mesmo. O caso do Bruno Paulo é emblemático. A Legislação fez com que o Flamengo tomasse a atitude de suspender o atleta até 2010 quando ele (na verdade, seu empresário) estará “livre” para negociar com o estrangeiro.

    De qualquer forma, a administração dos Clubes é ainda muito amadora. Em diversas esferas na nossa sociedade a lei tb não ajuda, e acabamos sempre nos adaptando.

    Acho que os dirigentes que comandam nosso futebol precisam ser sérios e profissionais (assim, jogadores, técnicos… tb serão) e que não faria nenhum mal umas alterações em alguns artigos da lei.

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    saulo

    Acho válido o ítem da lei de limitar o primeiro contrato do clube formador no máximo por cinco anos. Estender além desse prazo joga fora o fim da Lei do Passe. Isso cria um aprisionamento ao profissional. É bom deixar bem claro que são poucos jogadores da base aproveitados no time profissional. A grande maioria é emprestada para clubes de menor porte para ganhar experiência ou mesmo porque nõ sera mesmo aproveitado. Antes da lei, muitos atletas eram forçados a ficar no clube e depender da boa vontade do seus dirigentes. Era ver um jogado preso no clube e sem liberdade em procurar um outro lugar.

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    Serginho Valente

    Sem dúvida, me confundi e acabei me expressando mal, achei meu texto até ruim pra falar a verdade.

    Com certeza quando falamos de clubes do porte do Flamengo, Vasco, e afins, também considero que a má gestão é o fator principal. O que, apenas para deixar claro, não quer dizer que a lei não é péssima para eles. Como disse, são vários os fatores.

    O São Paulo, usado como referência, com toda a justiça por sinal, também sofre com essa lei. Talvez com uma legislação melhor, precisasse vender apenas um grande jogador a cada duas temporadas, sei lá. Um exemplo clássico foi a ninharia que o Milan pagou pelo Kaká.

    Considero a legislação como fator principal na derrocada dos clubes do Nordeste. Lá não vai ter boa gestão que dê jeito. Pelo simples fato de não haver dinheiro, que só aparecia na venda das revelações.

    Formou-se um círculo vicioso, em que um clube não tem dinheiro (por fatores econômicos da região) para segurar suas revelações (ou vendê-las por um preço aceitável), e com isso não consegue manter os investimentos pra formar novos valores e manter times razoáveis. Logo, produz menos revelações, faz menos dinheiro e…pronto, praticamente acaba.

    O Santa Cruz é um grande exemplo, formou um time que chegou a série A depois de muito tempo. Não ganhou dinheiro com esse time, muito pelo ao contrário. Teve que aumentar a folha acima da sua capacidade pra não perder seus jogadores na mão grande, e mesmo assim não adiantou. O resultado está aí.

    Vale ainda ressaltar que outro efeito dominó entra em ação. O Santa Cruz fraco como está, enfraquece o futebol pernambucano como um todo, enfraquece também seus rivais, Náutico e Sport. O Remo fraco, enfraqueceu o Payssandu. E por aí vai.

    Repito. Não considero a lei anterior perfeita. Mas a que está aí é um desastre. E não deve ser bom para os próprios jogadores que vários clubes importantes de outras regiões desapareçam. Não é?

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    Rafael

    Pois é, a lei atrapalha todo mundo. O São Paulo registrou prejuízo ano passado. Imagina na terra que ainda vive com seus coronéis e jagunços. Quando junta-se à isso administrações desastrosas culmina com casos como o do Santa Cruz.

    O Clube desaparecer assim deve ser ruim não só para os jogadores, mas para muita gente. Mas se fosse um esquema de “recomeçar do zero” como no caso da Fiorentina, de repente nem é tão ruim.

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    Glauco

    São Paulo também tem seus coronéis e jagunços. “Mudernos”, mas iguaizinhos.

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    Rafael

    Acho que todo Clube tem. Mas acredite, há diferenças.

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  4. Rafael
    11/08/09 - 19:51

    Última do dia.

    Raspadinhas.

    Mais uma tentativa…

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    Serginho Valente

    Pois é, tudo aqui o pessoal tenta resolver na esmolinha.

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