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Instituições de Merda

June 22nd, 2008 por | Categorias: Fluminense, Futebol, Libertadores 2008.

Coloquem-se no lugar de fiscalização.

Pensem em como verificar um cambista que entra na fila, compra sua cota de ingressos e volta para o final dessa a fim de comprar mais, e assim procede até o fim da venda de ingressos.

Sejamos um pouco mais sofisticados, e pensemos em uma descentralização da compra nas filas. Imagine que este cambista coloque vários bagrinhos para comprar para ele.

Mesmo a segunda situação é complicada de se fiscalizar.

É complicada, porém não impossível. Não tem como fazer de uma vez, mas pode-se até descobrir, acompanhar, espionar e pegar com a boca na botija.

Só que dessa forma artesanal, é até desnecessário e caro que tal operação de fiscalização seja feita. O cambista passaria a ser um ruído da venda. Com porcentagens insignificantes, como era há não muito tempo atrás.

Há não muito tempo atrás, por mais chato que fosse, chegava-se em uma fila, ficava um bom par de horas e comprava-se ingressos. Nem mesmo acabar em um dia acabavam, muito menos em uma hora.

Naturalmente, quem deixava para o dia do jogo, acaba indo para a frente do Maracanã morrer nas mãos dos cambistas.

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Só que a coisa se sofisticou. Hoje em dia o cambista não tem mais de “concorrer” com o torcedor comum* na fila. O ruído não é mais o cambista. O ruído virou o torcedor na fila.

O cambista já sai do Maracanã com seus ingressos na mãozinha. E não são poucos.

E pelo fato de não serem poucos, aquela fiscalização que seria cara para pegar um simples ruído, possivelmente menos de 1% (chute de ordem de grandeza), faz-se (ou deveria ser feita) agora totalmente necessária, uma vez que simplesmente esse ruído colocou por terra todo o sistema de vendas de ingresso.

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MEMÓRIA DE CÁLCULO

Para termos idéia, seria interessante ter a Ordem de Grandeza, utilizarei a conta expedita feita na CBN que para serem vendidos todos os ingressos na velocidade que foram vendidos, cada vendedor teria de ter atendido 28 torcedores por minuto! (não sei os parâmetros para a conta. Tem de ser quantidade de ingressos, tempo total de venda, cota de ingressos por torcedor e número de vendedores).

Pelas incertezas que podem estar inclusas nos parâmetros adotados, vou minorar esse número para 20 torcedores por minuto.

Por outro lado, vamos estipular um tempo aceitável para atendimento a um torcedor na prática, levando em conta a balbúrdia.

– O cara mete a cara com a grana certa na boca do caixa e pede dois ingressos. (5 segundos)
– O vendedor pega o dinheiro, conta, pega os ingressos do setor escolhido e entrega ( 8 segundos)
– Torcedor recebe os ingressos, coloca no bolso e vaza (2 segundos)

Sendo assim, em um processo ideal, o torcedor levaria para comprar 2 ingressos no mínimo 15 segundos. O tempo tende a aumentar com fatores como: troco, pegar o dinheiro na carteira, carteirinha de estudante (hahahahaha), compra de 1 ingresso apenas, tumulto, etc.

De qualquer forma, usamos na nossa conta o atendimento “The Flash” de 15 segundos por torcedor. O que leva a na melhor das hipóteses, 4 torcedores por minuto.

Confrontando o cálculo do que ocorreu, com o cálculo da eficiência possível:

4 tpm/ 20tpm = 0,2

0,2 é o que ficou com torcedores de bilheteria. Para ficar mais impactante, apresento de forma inversa a estimativa, onde 80% dos ingressos ficaram nas mãos de cambistas.

A conta acima por mais aproximada que seja é ASSOMBROSA.

Se colocássemos um erro estapafúrdio e a quantidade fosse de 50% já seria de impressionar. Mesmo 30% que fosse.

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Um número superlativo como esse não deixa outra opção a não ser da desconfiança que todo mundo leva algum nessa. E não apenas os cambistas.

E se eu fosse propor uma investigação, o primeiro que investigaria seria o próprio clube.

Já iria à procura de um Caixa 2. Muitos clubes fazem malabarismos para esconder a grana de arrecadação dos jogos para que essas não sejam executadas pela Justiça para quitação de dívidas. Não acho impossível que nesse esquema, venda-se para um “cambista” pelo valor nominal de bilheteria (aliás, metade do valor nominal, vai como de estudante), e este repasse, sem comprovação, recibo, borderô ou coisa e tal, por um preço no mínimo duplicado (agora sim, o valor nominal) ou com ágio (que é o caso nesse jogo).

****

ALÉM DE QUEM FAZ O ESQUEMA:

Por mais que tenhamos uma noção de onde direcionar, tudo escrito acima ainda fica no campo da especulação. A única certeza que tenho é que esquema existe, e que envolve mais que cambista entrando na fila para comprar ingresso e revender.

Só que vou colocar culpa em outras insituições.

A relevância do assunto é tão grande, que não é possível que não haja instituições públicas que possam atacar tal problema.

E também não é possível que a instituição não-governamental que tem o papel social de investigar e fiscalizar não o faça. Omita-se.

Onde anda a imprensa esportiva?

Falar do jogo, especular, comentar, acompanhar vai-e-vém de jogadores, qualquer um faz. Há dois anos o Blá blá Gol mostra isso.

Mas cadê a merda da imprensa profissional para averiguar, esclarecer e mostrar o que de fato ocorre?

É Robínson, estamos completamente desamparados.

****

Caso haja alma bem-intencionada que possa por profissão tomar alguma atitude e queira alguma ajuda, não se acanhe em entrar em contato. Privacidade 100%.

 

*cada vez mais tenho a impressão quando leio torcedor comum, é que deveria estar escrito torcedor babaca.

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12 Comentarios Enviar por e-mail Enviar por e-mail

12 Comentários para “Instituições de Merda”

  1. Lincoln
    22/06/08 - 14:53

    Nós somos culpados disso tambem, pois compramos ingresso dos cambistas e com isso nos tornamos parte desse esquema.

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    Victor

    Lincoln é a única pessoa que conheço na vida que comprou ingresso com cambista pela metade do preço usando carteira de estudante.

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    Victor

    Agora falando sério.

    Eu acho um pouco dessa porra também.

    Acho que usuário tem de sofrer alguma punição também.

    Assim como defendo que quem bebe e dirige tem de ter agravante em caso de acidente (ou mesmo punição mesmo sem a ocorrência de acidente).

    Para isso é que exige-se das instituições: polícia, OAB, Imprensa, Ministérios Públicos, etc que façam o seu dever. Infelizmente não o fazem.

    A população acaba dando o seu jeito, se amoldando às situações, criando novas formas de conduta. Tais comportamentos estranhos ocorrem em aglomerações ou com o aumento do número de indíviduos em uma população.
    É para coibir essas formas que acabam virando normais que pressupõe-se existem as instituições.

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  2. Gaburah
    22/06/08 - 17:13

    Eu deixo de ver jogo mas não compro nada na mão de cambista. Nunca fiz e nunca vou fazer. Prefiro me arriscar com a NET.

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  3. Robinson
    22/06/08 - 18:57

    Eu também não compro.

    Eles que morram com os bolsos cheios de ingressos.

    E pela participação do clube na culpa (que é verdade dizer, não é exclusiva deles) dá vontade de torcer para ver buracos na arquibancada, como conseqüência dos ingressos não estarem nas mãos de quem torce e quer ver o time, e sim nas mãos da ganância dessa corja.

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  4. Rafael
    23/06/08 - 11:57

    Não entendi essa conta de 28 pessoas por minuto.

    De forma bem rápida e simples, se foram 60 mil ingressos todos esgotados em 1 hora (60 minutos), então foram vendidos 1.000 ingressos por minuto!!! E não 28. O quê só aumenta a “eficiência”.

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    Fernando

    Rafael, perceba que na conta está o total de TORCEDORES atendidos por cada VENDEDOR por minuto.
    Se a conta fosse a sua, por exemplo, e sendo a cota por torcedor de 2 ingressos, teríamos 500 torcedores sendo atendidos por minuto (estimando que TODOS comprassem dois ingressos). Isso ainda seria dividido pelo número de vendedores para se comparar com o resultado da conta da CBN.

    Por exemplo, se fossem 10 vendedores, teríamos 50 torcedores sendo atendidos por cada um deles por minuto, esse número sim sendo comparável ao 28 obtido pela CBN.

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    Rafael

    Valeu Fernando. Viu como não dá para chutar um número e fazer essa conta “de forma bem rápida e simples”?

    Eu fiz apenas ingressos por minuto pois esses dados são os de mais fácil acesso. Nem sei se são mesmo 60.000 ingressos e se foram vendidos em apenas 1 hora.

    Mas considerando esses dados como corretos (e ainda a questão de 2 ingressos por torcedor), então para serem vendidos em 1 hora, 500 ingressos por minuto, seria necessário aproximadamente 18 guichês para chegarmos ao número de 28 pessoas por minuto.

    Será que somados todos os pontos de venda são apenas 18 guichês?

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  5. Fernando
    23/06/08 - 14:13

    É complicado mesmo, mas o que é óbvio é que é humanamente impossível terem vendido tantos ingressos em tão pouco tempo…
    A conta do Victor, partindo do princípio que a conta da CBN está certa (até exagerada, já que , de maneira otimista, reduziu os 28 pra 20 em sua própria conta) serve pra mostrar que possivelmente 80% dos ingressos ficam nas mãos de cambistas.

    Aliás, se formos informados de quantos vendedores eram, poderíamos multiplicar por essa média eficiente de 4 torcedores por minuto e assim saberíamos quanto tempo de fato devia levar para que se esgotassem os ingressos.

    Mas sem essas informações realmente é tudo especulação.

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  6. Marcelão
    23/06/08 - 17:08

    Isso não é de hoje, infelizmente na maior decisão entre clubes da história do Maracanã, ele vai estar cheio de espaços vazios. O esquema é feito como qualquer coisa desse país de corruptos. Tem muita gente da diretoria envolvida, a PM tb tem o seu “pedágio” . Li em alguns outros blogs que tinha gente que desde quinta feira estava com os ingressos na mão, fornecido por gente de dentro do clube.

    Enfim, espero que agora com Alface no ministério público a gente tenha algum amparo sobre essas coisas, esse acontecimento já era anunciado, já que contra o Boca aconteceu a mesma coisa, com vendas matematicas de 14 ingressos por minuto!!! O drama, porem, dessa vez foi maior, já que muitos adolecentes foram pra fila na noite anterior e alguns ficaram sem ingressos.

    ô ô ô, Graças a Deus eu tenho o Passaporte Tricolor”!!!

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  7. Robinson
    23/06/08 - 21:44

    É isso mesmo. Eles colocaram uns 10 ou 15 mil ingressos para vender aos otários que esperam na fila e o resto passa por baixo do pano.

    Vazou ingresso por tudo que é lado. Acaba de falar na BandNews que até a empresa que fabrica os cartões-ingressos vendeu diretamente para agências de viagem.

    E também que os policiais – que baixaram o pau em muita gente na fila – estavam na verdade dando cobertura aos cambistas do metiê.

    Fácil saber como a polícia faz esse consórcio com os cambistas. Você já viu um cambista ser preso??? Eu já. Um, às vezes dois, no meio de outros trinta atuando normalmente. Por que só aqueles dois foram apanhados?? Muito simples, como 2+2.

    O mesmo se aplica aos flanelinhas.

    Isso dá nojo de ir ao estádio ver futebol.

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  8. Marcelão
    24/06/08 - 8:53

    matéria retirada do pagina da globo.com

    “Outra grande diferença em relação às vendas lícitas dos ingressos está na quantidade adquirida. Enquanto nos postos credenciados cada torcedor poderia comprar duas unidades – três em caso de sócio -, na mão de cambistas a venda é ilimitada. Apesar de afirmarem que a escassez é cada dia maior, eles prometem cargas de até cem ingressos, de acordo com o combinado, e pedem apenas um dia para conseguirem os bilhetes. Há até quem emita recibo para garantir a autenticidade do produto ou reforce a credibilidade com base no tempo de mercado.

    – Estou há 23 anos no ramo. É confidencial. Não tem coisa errada. Eu ganho pouco, mas ganho honestamente – diz um dos cambistas.”

    GANHO HONESTAMENTE, esse foi o cumulo

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