Se não fosse a bandeira amarela…
August 6th, 2010 por Robinson | Categorias: Fórmula-1, Fórmula-1 2010.
As setenta voltas do GP da Hungria dificilmente apresentam alguma coisa além de uma eterna fila. Sebastian Vettel fez desta vez tudo como manda o figurino (inclusive marcou o novo recorde da pista na qualificação) mas não levou a vitória por conta de um drive-through aplicado no abstrato pelos fiscais, segundo os quais o piloto teria deixado “um espaço superior a dez carros” em relação a Mark Webber na relargada após a bandeira amarela. O terceiro lugar não refletiu a performance do melhor piloto do final de semana, e por mais discutível que seja a punição, como dizia o velho Fangio: carreras son carreras. É a vida.
Falando na bandeira amarela, os pedaços de uma Force India provocaram a entrada do safety-car com efeitos drásticos sobre o destino da corrida. Cenas dignas de Larry, Moe & Curly aconteceram durante a bateria de pitstops. Uma roda se soltou da Mercedes de Nico Rosberg, atingindo um membro da Williams; o homem do pirulito da Renault liberou Robert Kubica no exato momento em que Adrian Sutil chegava ao box vizinho. Após a mistura das tintas, o piloto da Force India ficou por ali mesmo, e o polonês encostou voltas depois.
Executando a tática da “faca nos dentes” com perfeição, Webber conseguiu adiar o máximo sua troca obrigatória de pneus – se parasse durante a bandeira amarela, ficaria esperando o serviço de Vettel e suas chances terminavam ali mesmo – e fez inacreditáveis quarenta e duas voltas com as borrachas supermacias. Na medida para realizar seu pit e voltar em primeiro sem qualquer susto. O canguru australiano deu seus saltos no topo do pódio pela quarta vez, e reassumiu a liderança do mundial graças ao desafortunado abandono de Lewis Hamilton.
Para Rubens Barrichello, a má classificação foi compensada com uma boa largada, de 12º para nono mesmo partindo do lado sujo da pista. Já dava para imaginar que sua vida se complicara quando a equipe decidiu não trocar seus pneus duros durante o safety car, afinal, FW32 não é RB6. Mas quis o destino que ele tivesse que abrir mão da ótima quinta colocação em que ele se encontrava para colocar pneus supermacios novinhos e voltar na 11ª posição, atrás de ninguém menos do que Michael Schumacher.
Esta foi uma das poucas oportunidades em que os ex-companheiros e atuais arquirrivais estiveram em combate direto na pista. E poucas vezes um único pontinho na Fórmula 1 foi tão intensamente disputado. Por tudo que ocorreu no passado, fossem nos papos de alcova da equipe mais escrota da F1 ou nas declarações de parte a parte nos últimos tempos, nenhum dos dois pilotos queriam perder essa disputa. Rusgas inclusive reacendidas no episódio de Hockenheim poucos dias atrás. A favor de Schumacher estavam as curvas fechadas sem muitas oportunidades de ultrapassagem. Contra ele estava a má forma que o tedesco apresenta em 2010, tanto pelo peso dos anos de aposentadoria quanto pela proibição dos testes, fator que dificulta ainda mais a readaptação ao carro. Do lado de Barrichello, contava – além de seus pneus tinindo de novos – a boa fase que vive na Williams, onde ao contrário do sofrimento de Schumacher com Rosberg, o brasileiro dá lições ao jovem Hülkenberg, dono de grande potencial. Todas as cartas estavam na mesa, e a diferença era de nove segundos.
Com aquele gosto de sangue na boca, Barrichello pulverizou a diferença e iniciou um dos duelos mais técnicos dos últimos tempos. Schumacher utilizou de todos os recursos para irritar e induzir o brasileiro a um erro (objetivo que ele conseguiu em Interlagos-1996). Quando desferiu o ataque final, Barrichello se viu espremido pela Mercedes e deu uma sorte do tamanho do mundo, pois se o muro tivesse um metro a mais de comprimento, ele teria feito uma visita aos médicos que trataram outro brasileiro há um ano.
Valeu um pontinho só. Mas para Barrichello, talvez ele tenha feito o que ele sempre acreditou ser capaz de fazer: ultrapassar Schumacher em igualdade de condições. A apelada do alemão – que poderia ter rendido uma bandeira preta, mas acabou como perda de dez posições para a próxima corrida – acabou como a cereja do bolo, já que Schumacher se viu forçado a rever suas declarações após a corrida e pedir desculpas publicamente pelo ocorrido.
Valeu apenas um ponto nas estatísticas do piloto. Mas lá no fundo, para Barrichello, foi um ponto que ele suou muito – e levou anos – para conseguir. Deixando de lado patriotadas inúteis e sentimentalismos advindos do viralatismo, para ele – e só para ele – deve ter mesmo tido um gosto especial.
Barrichello recebeu, durante seu suplício na cadeira elétrica da Honda, uma mensagem no celular do então aposentado Schumacher sugerindo que fizesse o mesmo. Hoje é o brasileiro que pode dar a ideia ao alemão para que ele volte ao pijama.
Na próxima corrida, dia 29 em Spa-Francorchamps, Rubens Barrichello completará a marca impressionante de 300 GPs de Fórmula 1.
Enquanto não houver o devido julgamento, nenhum comentário será feito nessa coluna em referência àquela equipe.
Robinson, desculpa cara.
Cansei de elogiar seus textos. São a única maneira de se acompanhar a F1 com algum gosto ainda.
Mas vou falar de outra coisa.
Cê manja de carro? Principalmente de antigo?
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Tá precisando de que tipo de ajuda?
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Diz aí!!!
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Vou mandar um e-mail pra vocês dois.
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Mandei lá, Robinson.
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Rubinho foi Rubens.
Tivesse sido assim quando deveria ser, teria hoje meu respeito.
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Quanto àquela equipe, espero que a FIA retire os pontos da equipe e dos pilotos no CAMPEONATO. No mínimo.
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Eu também. Mas se quer saber o meu prognóstico para o fim deste caso, não é nada animador.
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Robinson, a aerodinamica da Red Bull é boa porque tem asas?
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Acho que o touro, apesar de ter asas, deve ter uma aerodinâmica meio gorda.
Deve ter mais a ver com substâncias presentes no combustível dele. Não sei se passa no antidoping não.
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