Sambadinha alla Tarantella

Rubens Barrichello confirmou que vive uma das melhores fases de sua carreira ao vencer o GP da Itália. Sua terceira vitória no autódromo de Monza foi construída em cima da tática de um único pitstop, definida desde os primeiros treinos livres. Como Ross Brawn e sua turma sabiam que em um circuito tão veloz não seria possível encarar os carros com KERS no confronto direto por posições, ele colocou seus pilotos na dianteira por conta do ritmo de corrida dos seus carros, ainda bem superior aos outros times. Para o brasileiro, a corrida foi como em Valência, onde guiou sempre no limite e com muita segurança. Mas esta vitória veio com um quê um pouco mais dramático.

O problema no câmbio que o jogara para último na largada do GP da Bélgica ainda o ameaçava com uma possível quebra durante a corrida ou com a perda de cinco posições no grid, no caso da troca do mesmo. Ele arriscou não trocar a peça e foi premiado pela aposta certeira. Sua largada foi precisa, se mantenda à frente de Jenson Button e ainda conseguindo a ultrapassagem sobre Heikki Kovalainen (com o mesmo motor Mercedes, mas com KERS e mais leve que Barrichello, e depois dizem que eu sou implicante). Na corrida, o piloto do carro 23 sustentou uma diferença considerável para o seu inimigo íntimo na disputa pelo campeonato, ao mesmo tempo que não permitiu que Lewis Hamilton se distanciasse demais.

Foi uma tacada certeira. Se ele perdesse as posições por conta da troca do câmbio, provavelmente todos os elogios hoje estariam endereçados a Jenson Button. Como desta vez ele fez tudo certo e ainda deu sorte, Barrichello se apresentou como o único a contestar o título que cada vez mais se aproxima das mãos do seu companheiro de equipe. Apesar da vitória, o temor pela caixa de marchas permanece para a próxima corrida (elas devem durar quatro GPs).

A primeira dobradinha da Brawn com Barrichello à frente.

A dobradinha de Brackley mostrou que a partir de Cingapura, a briga é particular. Como os outros times já não são mais tão ameaçadores,  os dirigentes da equipe afirmam que vencerá o melhor, sem interferências. é ver para crer, e se for assim, será um bom páreo. Button acordou, voltou ao pódio depois de cinco corridas – a última vez fora a vitória na Turquia – e agora já pode focar sua atenção em apenas um rival. Com mais 27 pontos, ele será campeão mesmo que Barrichello vença as quatro corridas restantes.

Sabendo que não poderia com as Brawn, a McLaren apostou na pole-position com um carro muito leve e com duas paradas, o que se revelou suficiente apenas para um terceiro lugar. Pódio que o campeão jogou pela janela na última volta, quando beliscou uma zebra, perdeu o controle e acertou o muro. O terceiro lugar caiu no colo de Kimi Räikkönen.

O finlandês da Ferrari tem pesadelos de hare baba. Depois de ser implacavelmente perseguido em Spa por Giancarlo Fisichella (ainda na equipe Force India) foi a vez de ter o juízo importunado por Adrian Sutil. O alemão esteve o tempo todo no encalço da Ferrari e por pouco não conseguiu um pódio, pois quando Räikkönen se enrolou com o pirulito na saída da segunda parada… ele fez um strike no seu pit, jogando seus mecânicos pelos ares. Resultado: voltou à pista novamente atrás do finlandês e acabou em um bom quarto lugar, sendo ainda o dono da melhor volta.

Brava Force India, que nos circuitos que exigem pouca pressão nos aerofólios, extraiu o máximo dos motores Mercedes, a joia da reta final da temporada. Vitantonio Liuzzi que o diga. Em seu retorno à Fórmula 1 depois de dois anos fora, tinha a estratégia de uma parada e vinha muito bem, obrigado, até que seu câmbio o traiu e ele ficou pelo caminho. Quatro dos seis primeiros a cruzarem a linha de chegada eram equipados com a usina alemã. No grid de Monza, os seis carros que usam Mercedes estavam entre os sete primeiros. Os problemas com as unidades Renault usadas pela Red Bull já fizeram a equipe jogar a toalha. Tudo bem que seus pilotos não tiveram sorte. Mark Webber foi tocado por trás logo no início e abandonou. Sebastien Vettel estava irreconhecível. Vinha em nono e só conseguiu seu pontinho pelo acidente de Hamilton.

A estreia de Giancarlo Fisichella na Ferrari foi como um Badoer arrumadinho. Bateu no último treino livre e aprontar o carro para a classificação foi um sufoco. Com seu nono lugar, veio a dúvida: será que deveria ter ficado onde estava? A Ferrari número 3 parece ter sido feita sob medida e sente a falta do seu verdadeiro dono.

Fernando Alonso está no olho do furacão por causa do Nelsinhogate. Se não havia sido citado anteriormente pelo brasileiro dedoduro Nelson Ângelo Piquet, o Piquet pai agora afirma que o bicampeão sabia de todo o cambalacho cingapuriano. Quietinho, o asturiano chegou em quinto. O substituto do brasileiro, Romain Grosjean, desta vez foi até o fim. Chegou em penúltimo. Seis por meia-dúzia? Ao que tudo indica…

Ares pesados dentro da Toyota. A equipe perdeu a mão do carro e agora parece perder o controle de seus pilotos. Dois prováveis demitidos para 2010, Jarno Trulli e Timo Glock se estranharam e o italiano acabou abanando do lado de fora da pista. O desemprego que rondava a BMW-Sauber parece se distanciar. A equipe já tem um novo dono, assim Robert Kubica e Nick Heidfeld não precisam ficar tão frustrados pelos problemas de motor que tiveram na Itália.

Então, é isso aí, pessoal. Se tudo indica que a Brawn vai fazer barba, cabelo e bigode, a briga pelas posições intermediárias ainda está totalmente aberta. Com a recuperação da McLaren e da Ferrari, as exibições inusitadas da Force India – o time está a apenas 7 pontos de Renault e BMW-Sauber no campeonato de construtores!!!! – o fim do campeonato ainda reserva muitas surpresas até a bandeirada final.

No dia 27 é o GP de Cingapura.

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