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Religião no Esporte

August 20th, 2009 por | Categorias: Futebol.

Pessoal, achei muito pertinente a crônica do Veríssimo no O Globo de hoje, peço licença pra reproduzi-la aqui no Blá.

O deus das trincheiras

Dizem que na Primeira Guerra Mundial, durante as tréguas de Natal, de uma trincheira se podiam ouvir as comemorações na trincheira inimiga. Nos dois lados cantavam hinos cristãos e havia sermões e imprecações a Deus, que era o mesmo para os dois lados, mesmo que as religiões não fossem as mesmas.

Os capelães militares sempre tiveram a dura tarefa de convencer as tropas e a si próprios de que o Deus a que rezavam lhes daria a vitória. Já que não podiam dizer que cada lado tinha o seu Deus e o deles era mais forte, inferiam que o Deus invocado era único mas tinha seus gostos, e os preferia. Deus torcia por eles, não importava o que dissessem os capelães do inimigo.

Não existem capelães com o mesmo problema no futebol, mas está implícita em toda mobilização de fé religiosa antes do jogo um pedido para que Deus favoreça um lado e não ouça o outro. E em todo agradecimento para alto depois de um gol ou de uma vitória, e em toda frase de exaltação a Jesus impressa numa camiseta, está implícito um reconhecimento da parcialidade de Deus.

Deus deveria ser banido dos campos de batalha para não se comprometer com a pior das atividades humanas, agravada pela hipocrisia, e proibido de entrar em campo de futebol para não arriscar sua reputação de isenção e fair play. A única função de Deus num campo de futebol deve ser a de evitar a perna quebrada e o mal súbito. E, está bem, dar uma fiscalizada no juiz.

Nada contra a fé de cada um. Acreditar é bom e é bonito, e é claro que a maioria dos jogadores pede e agradece a Deus não vitórias mas sua integridade física e seu sucesso pessoal, seja jogando no Palmeiras ou no Já Vai Tarde F.C. Mas os jogos da seleção brasileira têm se transformado em verdadeiros bazares de ostentação religiosa. Que algumas das marcas de fé exibidas são de picaretagens notórias nem vem ao caso.

As vitórias são publicamente creditadas a Jesus e sua bênção vitoriosa agradecida com fervor. Imagino o constrangimento de jogadores e membros da comissão técnica que não são crentes, ou pelo menos crentes a esse ponto, obrigados a participar daquele círculo de oração de graças, ajoelhados, que tem encerrado as participações triunfais do Brasil em torneios internacionais. Por coerência, o mesmo círculo deveria ser formado nos casos de insucessos brasileiros, para cobrar de Deus a mudança de trincheira.

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22 Comentários para “Religião no Esporte”

  1. thiago
    20/08/09 - 14:44

    Cara RIDÍCULO sua postura!!!

    Moramos num país de maioria católica…só foi aparecer crentes(evangelicos) que ta icomodando!!! tanto catolicismo ou cristinismo adora a Jesus Cristo…

    Ahh…antes que diga que não to no contexto ou que sou fanático, quero te pedir…Futebol sim mas Religão não se discute.

    Eu iria escrever um texto bem elabora repudiando esse post, mas sabe não vale a pena!!

    Espero que aceite o comentário!

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    Victor

    O comentário foi aceito.

    Embora não esteja se discutindo Religião em momento algum no artigo, e sim as exageradas citações do nome de Deus em vão por bobagens como uma disputa esportiva.
    Como todo bom cristão deveria saber, tal ato vai de encontro ao que prega-se nos pilares básicos da religião católica.
    Pelo menos foi o que eu aprendi com minha formal educação católica-cristã.

    Abraços
    Victor, o Ombudsman dos comentários

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    Serginho Valente

    Thiago, não falo pelo Veríssimo, o texto dele não expressa o meu sentimento pelas religiões. Que, aliás, é bem pior.

    Como o Victor explicitou acima, não há na crônica nenhuma ofensa a qualquer credo específico, apenas há uma crítica a determinada conduta que desvirtua o sentido da prática religiosa em si, e que pode constranger a quem tenha outros credos.

    Se você se refere ao trecho onde ele diz “picaretagens notórias”, acredito que seja capaz de diferenciar instituições da fé em si. Existem pessoas, e instituições ruins, espalhadas por todas as religiões, fechar os olhos a isso, é misturar no mesmo saco o joio e o trigo.

    Mas como o próprio Veríssimo disse, “nem vem ao caso”, não é o objetivo dele discutir isso, muito menos o nosso aqui no Blá.

    Agora, do mesmo jeito que você tem suas convicções e quer ser respeitado, é bom respeitar quem delas não compartilha. Então, se discordar de algo, diga seu ponto de vista, sem ofensas, e sem depreciar as convicções alheias, isso sim é ridículo.

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  2. Rafael
    20/08/09 - 15:12

    Sabe aquele papo balela de “existem 3 coisas que não se discute, religião, política e futebol” ?
    Discordo. Penso que apenas religião não se discute. É crença e ponto. Mas tanto na política como no futebol há análise.

    Por isso concordo com Veríssimo. Acho que o bom senso dos “atletas de Cristo” deveria falar mais alto e eles não misturarem as coisas.

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  3. Rafael
    20/08/09 - 15:15

    Em tempo, os 2 primeiros parágrafos me lembraram do propósito inicial dos esportes: substituir as guerras. Não existe história mais bonita.

    Em tempo 2, por que a Town & Country está junto com símbolos religiosos?

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    Matheus

    “Em tempo 2, por que a Town & Country está junto com símbolos religiosos?”

    Metido a engraçadinho, hein Bender?

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    Rafael

    Hahaha… Eu gostava desse símbolo na minha pré-adolescência sem ao menos saber do que se tratava. Quando virou moda e a playboyzada aderiu, eu nem usava mais as camisas. Depois fiquei sabendo que era Ying-Yang (acho que é isso), o preto no branco, uma parada chinesa que representava o equilíbrio da natureza… sei lá!

    Só sou metido qdo tiro uma onda com os outros cariocas pelo meu time ser o único campeão mundial. No mais sou gordo, branquelo e ‘favelado’.

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  4. Victor
    20/08/09 - 15:37

    A única função de Deus num campo de futebol deve ser a de evitar a perna quebrada e o mal súbito.

    Genial.

    Confesso que já sentei em frente do computador bufejando para digitar alguns imprompérios e palavras de ordem contra as manifestações públicas religiosas e coisas afins.
    Mas felizmente, apareciam outras coisas para escrever e ia adiando tal “projeto”.

    Porque deu tempo de maturar um pouco mais e refletir sobre o assunto como deve fazer um torcedor sensato.
    De fato, é chato para dedéu, não apenas para agnósticos e ateus, como deve ser para os que realmente seguem sem firulas os preceitos católicos, ouvir o nome de Deus citado em vão agradecendo por uma conquista egoísta, que necessariamente condiz com a derrota do outro lado.

    Mas aí eu paro para pensar que talvez, eu devesse me influenciar por Fábio e Kaká na hora de comprar luvas e chuteiras.
    Qualquer outra coisa fora do futebol que saia da boca destes, pouco devem ter importância para mim.

    Só posso achar então, que é um revés para o espetáculo, mas… foda-se.
    Da mesmo forma que pouco me cago porque Regina Duarte falou que tinha medo do Lula, ando para a pregação de Kaká. O que não reduz o fato de eu achá-los chatos de galocha.

    ****
    Por outro lado, como quem comenta futebol (pô… eu acho que já me enquadro nesta categoria), vejo o constrangimento que deve ser em times onde todo mundo tem de fazer a tal da oração.
    Já me peguei pensando no que faria se eu fosse jogador.
    Creio que acabaria fingindo participar só para não me torrarem a paciência e bola para frente.

    Outra coisa que não gostaria de fazer é nas disputas de penalty, ficar ajoelhado ou abraçado enquanto os outros cobram as penalidades. Acho essa uma das maiores bobagens não-comentadas do futebol.
    Qual o sentido daquela porra? Parece coisa de colégio.
    O dia em que eu ver um time nas disputas de penalty com os jogadores onde bem entenderem, torcerei para este.

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    Matheus

    “Já me peguei pensando no que faria se eu fosse jogador.”

    Quando ia pros jogos do meu time de muleque, eu já não aceitava a religião católica apóstolica romana. Só que imaginem um muleque de 15 anos que não ia na igreja nem a porrete numa cidade que vivia em função da religião. Meu técnico chegou a dizer que quem não rezasse na rodinha antes do jogo, não jogava.

    Era foda.

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  5. Renan Canuto
    20/08/09 - 16:34

    Excelente texto. Pelo visto, o Thiago não entendeu e escreveu algumas bravatas. Paciência.

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  6. Thiago
    20/08/09 - 17:30

    O Fato de fazer orações e rezas e característico do jogador de futebol.

    Sempre no vestiário se reúnem e depois que o capitão fala ou alguém se manifesta há uma reza ou oração. (pai nosso… etc.)

    Orações e rezas são comuns quando há penalidades, uma conquista, vide copa de 1994, esses tipos de manifestações sempre acontecem.

    O que me deixou pasmo foi ler como Veríssimo colocou essa situação.
    É claro que vou entrar no campo dos “achismos”, mas esse texto só foi escrito por causa da comemoração da seleção na conquista da Copa das Confederações recheada de evangélicos.

    Como foi dito no texto o jogador ora não só pra ganhar o jogo, mas agradece a Deus perdendo ou ganhando, não vejo mal que os jogadores manifestarem a satisfação de agradecer a Deus, ou seu credo.

    Thiagão Bass o criador da polêmica.

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    Matheus

    Sejamos sensatos, Thiago, e imaginemos a seguinte situação: um jogador que, como a maioria de nós no blog, não é afeito ou ligado a nenhuma religião específica. Ou mesmo um cético. Como ele se sentiria no momento da reza do pessoal antes e depois do jogo?

    Acho que tão mal quanto o religioso se sentiria se houvesse um culto satanista toda vez que o Brasil ganhasse uma Copa.

    A questão é essa. Deixar a religião de fora do palco do futebol. Se já não bastasse as maiores guerras da história acontecerem em função de disputas religiosas, misturar com algo que gera tantas emoções nas pessoas, como o futebol, é pedir pra existir uma série de desconfortos.

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    Victor

    Huqahuahuaheuaheaue
    HAUehuaehauheauehauh u
    HUAHEuaheuahauEHAUehaue

    Estou chorando de rir aqui pensando em um capitão na Copa levantando a taça, pegando uma galinha e degolando para bilhões de telespectadores

    HAUheuaheauehauehauHEA
    HAUEHAUEHAUEHAUEHAUehaue
    HUAHEauheauehauehauehue

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    Victor

    Thiago,

    você parece um tanto engajado em provar que a máxima de que Religião não se discute está errada, hein?

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    Serginho Valente

    Beleza Thiago, bem melhor debater assim.

    Então, eu acho que a crônica tem a preocupação de deixar claro que não é algo dirigido a um credo específico.

    Talvez pelo fato dos evangélicos terem um estilo mais “incisivo” essas manifestações tenham se tornado mais contundentes e motivado mesmo a crônica.

    Mas, pelo menos pra mim, fica claro a intenção do autor em trechos como:

    “Deus deveria ser banido dos campos de batalha para não se comprometer com a pior das atividades humanas, agravada pela hipocrisia, e proibido de entrar em campo de futebol para não arriscar sua reputação de isenção e fair play.”

    “Nada contra a fé de cada um.”

    Ou seja, nada contra que qualquer atleta tenha suas crenças, quaisquer que sejam elas. Mas é preciso que se resguarde a individualidade, as escolhas, de cada um (ponto principal do texto pra mim). E que se mantenha o respeito com adversários, e até com a torcida.

    O Brasil é um país com uma diversidade enorme de credos, e (bem ou mal)a seleção o representa, logo, assim como no Estado, o ideal é que não se associe a um (credo) específico.

    PS: Imagina, por exemplo, se fazem isso quando vencerem um time muçulmano? Em um país muçulmano? Sei lá, pode parecer uma ofensa até grave.

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    thiago felix

    “E em todo agradecimento para alto depois de um gol ou de uma vitória, e em toda frase de exaltação a Jesus impressa numa camiseta, está implícito um reconhecimento da parcialidade de Deus.”

    Parcialidade de Deus? Isso que não consigo entender, não se pode recriminar a gratidão por seja lá qual for o endereço, gratidão pelo amor da família, da namorada, dos amigos, dos torcedores, e principalmente de Deus, seja lá qual for o Deus que segue, ou que não acredite em deus.

    Quando o Jogador agradece a Deus pelo gol feito ele está expressando sua gratidão por Deus ter dado condições de Jogo a ele, por tudo o que ele passou na vida e bla bla bla, entendem? Se for assim então Deus é Brasileiro e São Paulino…kkkkkkkk

    Seria cômico na hora da comemoração o capitão fazer um despacho, que faça, seja ridículo.

    Se Jesus motiva Kaka a jogar futebol isso não pode ser recriminado, quando há uma roda de jogadores orando ou rezando cada um que faça sua reza, cacoete, mandinga, seja lá o que for! Isso faz parte do futebol sim!

    O que é o Fair play? Não seria um gesto nobre que vem de Deus ou da vida?

    Final de copa do mundo no maracanã, Brasil X Argentina, pênaltis. Imagine a quantidade de torcedores orando ou fazendo suas mandingas? Isso reflete no campo com os jogadores na sua intimidade e crença para ter sorte e etc.

    “I Belong to Jesus”
    Kaka não pode dizer que pertence a Jesus?

    Entendo que se houver o confronto ARABIA SAUDITA X ISRAEL e um jogador da AS mostra em sua camisa uma mensagem “I Belong to ALÁ” e o israelita “I Belong to JEOVÁ” vai dar merda!

    Essa questão é altamente complexa, a CBF já proibiu mensagens de cunho religioso ou político, agora, às orações e os rituais que os jogadores fazem não poderão ser recriminados, não é por causa da oração do fulano que o time A ganha do B.

    Obs.: Sei que não é esse o foco, mas poderíamos recriminar crenças que matam animas desnecessariamente, que roubam corpos mortos, que cometem assassinato, que descumprem as leis dos homens e da vida como amar o próximo e respeitar todo e qualquer ser vivente.

    Thiagao…ainda.

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    Serginho Valente

    Thiago,

    Eu acho que quando ele fala sobre a “parcialidade”, é no sentido de um jogador implicitamente ao creditar a Deus o seu feito, coloca-se como “favorito” Dele e o seu adversário como “não merecedor” de tal graça.

    O que é no mínimo pretensioso, ou anti-cristão. Pelo menos eu entendi assim. E não acho que questão seja a gratidão, pois existem várias outras formas de agradecimento, que não trariam problema algum.

    Pessoalmente, eu acho tão ridículo fazer um despacho quanto ajoelhar e ficar gritando obrigado pra uma nuvem.

    Aí entra a questão do respeito, que parece ser importante pra você só quando se trata do que você acredita.

    Exatamente, fair play é isso mesmo, é justamente o que crônica cobra que se tenha. Principalmente quando se alega gratidão a Deus, faltar com o fair play, é um contra senso.

    A CBF não pode, e não deve, proibir que cada um tenha seus rituais e convicções. Mas deve sim determinar que façam isso em locais reservados.

    Jogo de futebol não é lugar pra missa, culto ou despacho.

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    thiago felix

    Sei que esse post ja encerrou mas vale aqui mais uma obs..

    Edno jogador da portuguesa relatando o que tinha ocorrido depois da derrota da portuguesa para o vila nova – GO quando homens armados ameaçaram os jogadores no intervalo.

    “Assim que acabou o jogo, fizemos nossa oração já no vestiário. Claro que estava todo mundo chateado e de cabeça quente pela derrota, ainda mais em casa.”

    http://globoesporte.globo.com/Esportes/Noticias/Times/Portuguesa/0,,MUL1280569-15013,00-EDNO+SE+REVOLTA+NAO+TENHO+MAIS+CLIMA+PARA+JOGAR+NA+PORTUGUESA.html

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    Karlitus

    Eu não duvido da fé da maioria dos jogadores brasileiros, que acaba por encontrar lugar em escala maior na sociedade.
    Ainda assim, tenho pena dos jogadores brasileiros que não professam a mesma. Deve ser um baita constrangimento para eles participarem desses rituais tradicionais no futebol daqui.

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    thiago

    http://globoesporte.globo.com/Esportes/Noticias/Times/Fluminense/0,,MUL1292986-9866,00-AOS+PES+DO+CRISTO+REDENTOR+FLUMINENSE+RECORRE+A+FE+CONTRA+A+QUEDA+PARA+A+SE.html

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    Serginho Valente

    E daí? O que eles fazem fora do campo, não me interessa nem um pouco.

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  7. saulo
    20/08/09 - 22:27

    Muito legal o post. Gostei.

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