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Quanto custa o Pan

January 23rd, 2007 por | Categorias: Futebol.

Victor Pimentel – Raramente usa-se CTRL-C CTRL-V no Blá blá Gol. Mas por se tratar de um assunto que está sendo discutido aqui, abrirei a exceção.

A “cópia” é feita do Blog de Juca Kfouri, que por sua vez copiou da “Folha de S. Paulo”, o que ele explicita em seu texto.

Mantenho a minha opinião que o Brasil não tem condições de sediar nenhum evento. Não há confiança na classe administradora do dinheiro público. Se não tem corrupção, tem incopetência, o que incapacita organização de eventos da mesma forma. (eu acredito no pior – têm os dois).

O texto CTRL-C CTRL-V segue abaixo, em negro.

Pan-2007: o escândalo anunciado

Não foi por falta de aviso, mas estamos de acordo que não há nada mais antipático do que o clássico “eu não falei?”.

Seja como for, o Pan-2007 já virou o escândalo que se previa.

E para não ser redundante nem chover no molhado, reproduzo, abaixo, o artigo de Mário Magalhães na quarta-feira passada na “Folha de S.Paulo” e o editorial do mesmo jornal, no último domingo, sobre o tema.

Aliás, tão estarrecedor quanto o tamanho do escândalo é o silêncio quase geral das TVs brasileiras sobre o assunto.

Ainda bem que, ao menos, a imprensa escrita em geral não adotou a mesma postura.

MÁRIO MAGALHÃES

Tape o nariz; o Pan vem aí

RIO DE JANEIRO – Os carnês do IPTU que começam a chegar aos lares cariocas exalam um odor que remete aos pedaços mais imundos da baía de Guanabara e às ondas prateadas de peixes mortos que encantam olhares e afugentam narizes da lagoa Rodrigo de Freitas.

Na capa do carnê, a Prefeitura do Rio escreve: “XV Jogos Pan-Americanos – Este investimento vale ouro para a cidade”. Na contracapa, promete: “Ganha a cidade, ganha o turismo, ganha você”.

Até agora, você perde.

E, é bom avisar logo, perdem não só os contribuintes locais mas também os do Estado e de todo o país. A conta os une em um imenso buraco cujo fundo se desconhece.

O comportamento dos governos coincide. Em 2003, o “Diário Oficial” do município anunciou que o estádio olímpico custaria R$ 60 milhões (30% a mais em valor atual) e ficaria pronto em 2004. Está em R$ 350 milhões e segue em obras.

A então governadora Rosinha Matheus cravou em 2005: a reforma do Maracanã para o Pan de julho de 2007 sairia por R$ 71 milhões. O orçamento deu um salto, triplo, para R$ 232 milhões.

Ainda no Ministério do Esporte, Agnello Queiroz apalavrou: o Complexo Esportivo de Deodoro exigiria R$ 45 milhões dos cofres federais. Já lhes subtrai R$ 94 milhões.

A gênese do rombo é um projeto que progrediu sem controle social.

Alardearam um legado de benefícios ao Rio; o legado pode ser a dívida. O único desagrado que se vê é o de quem não logra empurrar uma fatura para o colo -federal- alheio. O Ministério Público cala. E o jornalismo, em escala notável, se empenha em cobrar verbas quando os estouros configuram escândalos.

O Pan era uma grande idéia. Como às vezes nas belíssimas baía e lagoa, o que atrapalha é o mau cheiro.

EDITORIAL

Extorsão olímpica

NA PÁTRIA de chuteiras, sediar a Copa do Mundo ou os Jogos Olímpicos é motivo de glória. À espera de um evento desse porte, o Brasil exercita-se nos Jogos Pan-Americanos. A justificativa para abrigar tais eventos costuma incluir, além dos brios nacionalistas, a noção de que revertem em investimentos duradouros para a cidade-sede e para o país.

Texto do repórter Mário Magalhães publicado na quarta-feira mostra que as coisas não são bem assim. Sucessivos estouros no orçamento do Pan, a realizar-se no Rio em julho, abalam a expectativa de que o cidadão será de algum modo recompensado.

Em 2003, a prefeitura anunciava a construção do estádio olímpico a ser usado na competição. Ele custaria R$ 60 milhões e ficaria pronto em 2004. Estamos em 2007 e ele segue em obras. Já consumiu R$ 350 milhões.

No âmbito estadual, a reforma do Maracanã, orçada em 2005 em R$ 71 milhões, já custou R$ 232 milhões. É dinheiro bastante para erguer estádios novos e moderníssimos. O de Leipzig, usado na Copa da Alemanha de 2006, saiu por R$ 244 milhões. O de Seogwipo (Coréia do Sul, 2002) ficou em R$ 203 milhões.

Em 2002, quando da candidatura do Rio, o Comitê Olímpico Brasileiro estimava o total de gastos em US$ 178 milhões (R$ 550 milhões à época), a maior parte bancados pela prefeitura. Cerca de 20% dos recursos viriam da iniciativa privada. Hoje é difícil precisar quanto o poder público -município, Estado e União- terá despendido ao final do evento. Os organizadores falam em R$ 3 bilhões: a metade vinda do governo federal (R$ 1,5 bilhão) e praticamente nada de empresas privadas.

Tais valores talvez se justificassem se, no cômputo geral, resultassem em ganhos consideráveis para a cidade. Não parece ser o caso. R$ 3 bilhões por um estádio, uma vila olímpica e mais algumas obras de menor impacto é um preço extorsivo pelo qual todos os brasileiros estão pagando.

A experiência do Rio recomenda às autoridades pensar várias vezes antes de seguir com a candidatura do Brasil para a Copa de 2014, cujas dimensões fariam a gastança com o Pan 2007 parecer um jogo de amadores.

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