Quase duas décadas de pelada geraldina transmutando-se na pelada marieta. O texto hilário é perfeito na tradução do que é aquela zona lá. Quem já frequentou o racha é testemunha incondicional.

Por Sergio Pugliese, no Globo

A Copa do Marieta

Bancada pelos peladeiros das manhãs de sábado, a reforma da arena Marieta Futebol Clube, o Marietão, em Santa Rosa, Niterói, terminou no prazo e sem qualquer indício de superfaturamento. Manifestações só pela liberação da cerveja, na Copa do Marieta. Se o problema era esse, os líderes Bruno e Fábio Malta, o Fabinho, governantes populistas, lotaram o freezer de geladas! O próximo passo, sorteio dos grupos e a divisão equilibrada dos atletas das quatro seleções, Alemanha, Holanda, Espanha e Itália. O árbitro entraria na onda tecnológica e teria uma câmera acoplada à testa para flagrar os bolas murchas e os cheias. Nossa equipe foi convidada para avaliar a organização do campeonato, que terminaria no mesmo dia. Fomos, claro! Nenhum problema nos acessos, mas na chegada ao estádio, às 8h, um atleta holandês, estragado, suava álcool, prostrado numa cadeira.

– Precisa de ajuda? – perguntou Daniel Oliveira, nosso fotógrafo e fiscal da Lei Seca nas horas vagas.

– Não esquenta, é o Luiz Otávio, nosso Adriano Imperador, e veio direto da noitada – tranquilizou o artilheiro Alan, companheiro de equipe.

Aos poucos os atletas foram chegando e as seleções formando-se. O presidente Bruno, da Espanha, explicou a ausência de Brasil e Argentina: evitar rivalidade e facilitar a vida de Marcelo Lapa, o árbitro, que, precavido, levou a namorada Marcela Morales, advogada, para processar quem o ofendesse, ou a mãe. As mulheres, por sinal, marcaram presença e logo ganharam tarefas. Patrícia, mulher de André, virou mesária, Lorena, esposa de Bruno, marcou o tempo, Mariana Costa, namorada de Glauco, fotografou, e Cristina, mulher de Jorge, Márcia Maia, de Manolo, Ana Paula, de Victor, Marina, de Rodrigo Espinoza, o Zarga, e Samantha, de Henrique, comandaram a creche, lotada de pimpolhos: Lucas, Sophia, Matheus, Luiza…

– Esse meninão já se vira sozinho – brincou o “alemão” Jorge, de 52 anos, veterano da turma, abraçado ao filho “italiano” Caio, de 27, caçula do grupo.

O goleiro Marcelão trouxe o arroz, Glauco lustrou o freezer, o personal trainer Jesus, saúde é o que interessa, acordou Adriano Imperador, que pediu uma gelada para hidratar-se. Os professores de Educação Física, Emerson, Alan, Bruno, Luisinho, Patrícia, Marcelo Lapa e Igor Saramago tentaram demovê-lo em vão. Wanderson, Leandro Sheik, Eduardo, Fael, Guto, Adriano, Caio, Lucas, Leo e Flavinho aqueciam. O Marietão veio abaixo quando Saulo, figuraça, chegou: “Ê, ô, ê, ô, o Saulotelli é o terror!!!!”. Robingson, fones no ouvido, pinta de artista, contrastava com a humildade do verdadeiro astro, Flavio, o Samuel Tarantino Rosa, mistura de cantor, cineasta e peladeiro.

– Essa pelada é inspiração para qualquer diretor de cinema – comentou Victor, do blog Blá Blá Gol.

E a Copa começou!!!! Teve de tudo!!! O “alemão” Miguel, que só joga descalço, ganhou o apelido de Pédolski, o goleiro Marcelão foi expulso, Guto entrou duro em Wanderson e Jesus, quem diria, simulava faltas tentando enganar o próximo. Bira, pai de Glauco, cornetava e o “alemão” Rodrigo Zarga, irritado com a desclassificação, bicou uma cadeira e quebrou o pé. Se fosse Miguel “pé de aço” certamente a cadeira teria virado pó. Foi zoado, claro, e a dor terminou em gelada! Pena o craque da galera, Rocha, estar em São Paulo.

– Essa Copa é o retrato de nossa amizade – orgulhou-se Fabinho, eterno presidente.

Amigos do futsal no Abel La Salle, passaram pelo Peixotão, em Pendotiba, e estacionaram no Marieta. Nada é capaz de desgrudá-los. Reunirem-se aos sábados pela manhã é religioso. Aquele cantinho em Santa Rosa é a extensão da família. Ganham, perdem, zoam. E a decisão da Copa?? Mero detalhe, mas deu Espanha, com show de André! A amada e mesária Patrícia perdeu a conta de quantos gols e coraçõezinhos apaixonados ganhou. E no final, alemães, holandeses, espanhóis e italianos comemoraram mais uma antológica resenha.

Família Marieta

O Brasil fez seu melhor jogo contra a Colômbia quando justamente Neymar teve pouquíssimo destaque. A bem da verdade, um dos piores em campo, eventualmente. O que em termos do futebol do Brasil não quer dizer nada pontualmente, mas deveria aliviar a bobagem histéria que chamaram de Neymardependência.

Justamente quando a Seleção mostra as evidências de não padecer de Neymardependência, JORNAS deprimem-se mortalmente com a ausência de Neymar dos próximos dois jogos na Copa, enquanto jogadores respondem com altivez sobre sua inevitável ausência. Drª Regina Brandão na imprensa.

Sem a presença de Neymar,

1. Fred que já foi bem com a saída de Daniel Alves ficará mais animado e receberá mais bolas;
2. O substituto de Neymar, seja lá quem for vai comer grama, bem como o substituto do substituto que vai acabar entrando em algum momento;
3. Hulk poderá enfir protagonizar e
4. Oscar poderá assumir sua posição natural de armador que Neymar monopolizava mesmo precisando ser atacante.

É claro que o somatório dessas melhorias são inferiores a perda intrínseca na reles ausência do craque do time, o cara que pode fazer a diferença quando a merda feder. Mas… foda-se. É a Seleção Brasileira em uma semifinal de Copa do Mundo jogando diante de sua torcida.

Para os ciclotímicos que esquecem desse detalhe e entregam os pontos em públicos, mas se borram todo e se enchem de zelo quando enfrentam qualquer Colômbia dessas da vida… uma consulta com Drª Regina Brandão e beijinho na vértebra.

David Luiz é um sujeito zueiro, boa praça e competente pacas.

Maneiro um cara com uma personalidade dessas se sobressair. Finalmente um exemplo digno que sai do futebol. Finalmente um Brasileiro de características inegável e autenticamente superiores.

Aplaudi de véspera em Colômbia 2×0 Uruguai. Merecidíssimos.

Treinando a molecada no Flamengo, Evaristo de Macedo enlouquecia na beira do campo com bizonhices de Djalminha em um jogo treino. Marcelinho Carioca do banco ria que se mijava dos ataques do treinador com o colega quando Evaristo se virou e mandou na lata:

Você está rindo do que? Você é reserva dele.

É só uma historinha boba para quem não é Fluminense e está rindo à toa lembrar o que tem a esperar em Agosto…

04 europeus, 03 sulamericanos e 01 centroamericano.

Cadê Copa América?

Bem como Jô, Thiago Silva também merece nota DEZ.

Tremeu, percebeu e fez o possível ao seu alcance para minimizar o efeito da amarelada, que outrora afligira outro cracaço, e seguiu vivo.

A visível angústia, contudo, efeito algum causou ao zagueiro Thiago Silva que faz ótima Copa mostrando inclusive grande controle emocional na hora de bater pesado nos adversários sem provocar maiores espalhafatos, o que é denotada qualidade em um zagueiro.

Diante do quadro dantesco provocado pelos brasileiros antes das cobranças de pênaltis contra a Venezuela (ou China, ou Coréia, ou Chile, ou Bélgica, não lembro) em uma reles oitavas de final de uma Copa em casa, a fraqueza de Thiago Silva nem mesmo se sobressairia não fosse o fato dele ser a porra do capitão da equipe.

Thiago Silva não afina durante uma peleja normal porque sabe que não será solicitado a cobrar pênalti pois outros o farão. Nem expor a questão era necessário. Não haverá tampouco necessidade de o fazer em nova disputa pois todos já são sabedores e o cara vai ficar para depois das cobranças de Julio Cesar e Jô. Porém, Thiago Silva falhou como capitão e pode vir a amarelar se tiver de exercer tal função novamente. A simples possibilidade de vir a falhar pode ser o causador da mesma. Sútil, não?

Sem dramas. Sem queimar o Monstro, pegue a psicóloga e explique a Thiago Silva que ele é o melhor zagueiro do Mundo e assim continuará sendo. Diga posteriormente que o choro do Julio Cesar foi de redenção e que a estimulação excessiva do sistema nervoso simpático do goleiro não trazem malefícios à sua função, pelo contrário, e que assim, a braçadeira ficará com este, o que ainda repercutirá um efeito positivo com a galera. A Thiago Silva, ofereça-se uma volta tranquila a sua zona de conforto, que é suficiente para as pretensões da torcida. É uma chance rara e há tempo e condições propícias para se fazer, não convém desperdiçar. Trocar de capitão em uma Copa não é tão ruim. Parreira que o diga, e Felipão também.

Tu que fostes ídolo da nação
Defendai por nós
Tu que fostes rei na Itália dos Santos sagrados
Agarrai por nós
Tu que casastes com mulher rejeitada de São Fenômeno do bom tendão
Empurrai com os olhos a bola
Tu que fostes considerado traidor na terra de Mandela
Pactuai com a boa trave
Tu que fostes rejeitado na terra da Rainha
Adivinhais o canto para onde a bola vai
Tu que fostes aceito como filho pródigo por São Felipão
Superai teus limites
Tu que quisestes voltar à nação e foste ultrajado em prol do pecador que gosta de ganhar roubado
Sejas o melhor da Copa

Estão sendo injustos com o Jô.

O cara não tem opção de NÃO ser convocado, de NÃO ser escalado e tal. Isso independe dele.

Da mesma forma, o cara não tem a opção de NÃO errar todas as jogadas uma vez que ele está em uma competição aquém das qualidades inerentes ao seu futebol. É o convocador e o escalador que fazem 100% das cagadas.

A ÚNICA alternativa que ficou a cargo do poder de decisão de Jô, ele fez muito bem que foi, mesmo sendo centroavante, optar em não cobrar pênaltis na disputa contra o Chile.

É por esse auto-conhecimento sobre suas capacidades que concedo a Jô uma nota DEZ na partida Brasil x Chile.

No mais, encontrei com a delegação brasileira após o jogo e não notei aquela tensão toda que parecia haver quando da disputa de pênaltis. Pelo contrário, jogadores estavam felizes e tranquilos. FRED e JÔ, por exemplo, dispuseram-se até a tirar uma foto comigo.

Eu, Fred e Jô

Chile eliminando Brasil nas Oitavas de Copa do Mundo?

Só se você acreditar que do Mineirão parte para o Maracanã no jogo 64. Do contrário… vai vendo.