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O Mestre Bruce

April 13th, 2007 por | Categorias: Artes Marciais.
Gaburah – Existem partidas de futebol que mais parecem brigas de rua, tamanha a quantidade de pernadas distribuídas ao longo dos 90 minutos, onde a vítima nem sempre é só a pobre bola. É uma derivação do renomado futebol-arte, o futebol-arte marcial, que tem vários expoentes ao longo dos tempos, como os mestres e ex-zagueiros (graças a Deus) Marcio Rossini (que quase acabou com a carreira do Galinho de Quintino), Aguinaldo (que hoje, pasmem, tem uma escolinha de futebol!!) e Junior Baiano (com direito à língua de fora dando a seta); Nelson (ex-Botafogo); Claisson (ex-Fla) e praticamente toda a linhagem de cabeças-de-área e zagueiros da Argentina.

A lista é interminável. Alguns porque tinham má índole mesmo, outros porque simplesmente eram ruins de bola e só. Mas de uma forma ou outra, todos eram “mestres” em suas desastrosas performances.

Mas quando o assunto é pé-na-cara, justiça seja feita a quem foi grande de verdade, deixando uma legião de discípulos ainda hoje, voluntários ou involuntários, tantos anos depois de sua morte.

Bruce Lee é Bruce Lee, né.

Bruce Lee foi um Mestre, e digo isso não na qualidade de um daqueles fãs beócios que assistem a filmes de Kung-Fu e acreditam que o cara podia mesmo ficar duas horas lutando sem ficar no mínimo cansado. Ou que se ainda fosse vivo, Bruce Lee derrotaria facilmente qualquer lutador de vale-tudo de hoje em dia. Até derrotaria, mas esta é uma discussão que não vem ao caso agora.

Bruce Lee era um Mestre, assim mesmo, com M maiúsculo, no sentido real da palavra: uma pessoa iluminada, que enxergou além do campo de qualquer pessoa comum. Viu um caminho de vida, acreditou em um sonho, foi atrás, caiu, reergueu-se, tomou porrada (no sentido real e no figurado), caiu de novo, superou graves limitações físicas, levantou, viu seus esforços começarem a render resultados… e morreu. Deixou um legado que permanece inabalável até os dias de hoje: a imagem de um homem acima da resistência humana, invulnerável e cheio de água gelada correndo nas veias. Era um homem que não fugia ao desafio de provar sua perícia, tantas vezes quanto fosse posta em xeque.

Mas a despeito de tudo isso, Lee foi um estudioso entusiasta do ser humano, sua psicologia (nem todos conhecem sua formação acadêmica de filósofo) e a anatomia do combate, com todos os aspectos físicos e psicológicos nele envolvidos. Ele desenvolveu um sistema próprio de combate, ao qual chamou de Jeet Kune Do (“o caminho da interceptação”), e que utilizava elementos do Kung-Fu tradicional e de outras artes marciais que admirava, abandonando todos os conceitos por ele considerados ultrapassados e acrescentando novos, desenvolvidos por ele próprio, através de estudos, experiências pessoais – em combate, na sua maioria – e conceitos filosóficos em que ele acreditava. Talvez a mensagem mais pungente desenvolvida através desse estudo é o conceito da não-forma, ou melhor dizendo, o domínio pleno da forma (seja em que arte for) para depois abandoná-la por completo, para assim o praticante atingir o nível de consciência desejado. Em seu livro póstumo, O Tao do Jeet Kune Do, Lee deixa clara a diferença entre os conceitos de concentração (“A concentração é um estreitamento da mente. Concentrar-se exclusivamente em qualquer aspecto específico da vida a deprecia”) e consciência (“A consciência não tem fronteiras. Ela é um dom de todo o seu ser, sem exclusões”), que pode passar como filosofia distante para o leigo, mas é de relevância definitiva para o praticante marcial dedicado.

Bruce Lee acreditava que seus filmes seriam um meio para mostrar às pessoas toda a avalanche de conceitos e sistemas que desenvolveu, e que com o seu alcance sua arte seria a tal ponto difundida que levaria essas mesmas pessoas ao seu estudo, encontrando ao fim um caminho brilhante rumo ao auto-conhecimento. Lee acreditava, como todos os grandes Mestres fundadores das artes marciais tradicionais, que seus esforços contribuiriam de maneira devastadora para a formação de indivíduos melhores, e consequentemente, de um mundo melhor. E essa é a verdadeira beleza do estudo das artes marciais: o aprimoramento do ser humano. A compreensão das fraquezas e os meios para superá-las, dentro de si mesmo e em relação ao próximo, ajudando também na evolução pessoal deste. Um caminho de vida e um meio para a promoção da paz.

Lee morreu em 1973, ele mesmo vítima de um mal bastante humano – uma reação alérgica medicamentosa fatal, aliada a uma altamente desgastante rotina de quem levava sempre corpo e mente aos últimos limites fisiológicos (treinava cerca de 10h por dia, todos os dias da semana, e chegou a ficar 26h dentro de uma sala de edição para a finalização de “Operação Dragão”, na época final de sua vida). Talvez seus esforços em mostrar ao mundo sua tão vibrante crença tenham ficado em certo ponto do caminho e tenha restado apenas, infelizmente, a imagem de um lutador altamente competente e eficiente. Talvez o encontro daquilo que ele queria mostrar seja uma jornada individual tão importante, que tenhamos nós mesmos que encontrar todas as respostas sozinhos, apenas à luz dos ensinamentos deixados por um grande Mestre.

Um grande Mestre, sem dúvida.

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13 Comentários para “O Mestre Bruce”

  1. Victor Pimentel
    12/04/07 - 23:42

    O maneiro é ver um daqueles Batman de Adam West e ver Bruce Lee interpretando Kato, fiel ajudante do Inspetor Clouseau (Peter Sellers) da Pantera Cor-de-Rosa.O triste é ver que Bruce Lee empurrou Sharapova para baixo…Bem-vindo Gaburah com as artes marciais (já que a porrada come no futebol, nada mais justo)

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  2. Victor Pimentel
    13/04/07 - 2:44

    Ah claro.
    Não dá para esquecer a marca do pé de Kareem Abdul-Jabbar na camisa de Bruce Lee, que insitia em sumir quando ele lutava com Chuck Norris.

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  3. Gaburah
    12/04/07 - 23:53

    uHAHUahuUAHUhauhAUHauhUHUAHUAHUHA! essa é muito boa!Vou tentar postar um vídeo que ilustra maravilhosamente bem essa passagem que vc citou do Batman.Bruce era foda, indiscutivelmente.

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  4. Gaburah
    13/04/07 - 0:10

    O link abaixo é uma pérola, diversão pura e simples, ainda mais para os saudosistas. Mas vale pra ver como o cara realmente botava pra quebrar, e levava tudo à sério, mesmo nas situações mais caricatas.http://www.youtube.com/watch?v=ncZx-16SDmwReparem que enquanto a coreografia come solta, Bruce tá quebrando tudo, e os gritos que o caracterizavam podem ser facil e divertidamente escutados.No roteiro original, estava escrito que o Kato perderia a luta. Bruce Lee barrou, dizendo que além de um insulto à inteligência dos telespectadores, não poderia aceitar que Kato (orgulho nacional em Hong Kong até hoje) fosse colocado em uma situação de inferioridade.

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  5. serginho.valente
    13/04/07 - 8:31

    Chuck Norris está cotado pra assumir o lugar de Renato Gaúcho no Vasco.

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  6. bender
    13/04/07 - 12:52

    O Vasco tá mais pra Charles Bronson (entendeu, entendeu??)

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  7. Kaisquer
    1/08/10 - 16:32

    como é q vcs zombam de um site desses seus inúteis
    Vejo q vcs realmente naum sabem o quanto Bruce lee era bom

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  8. Leonardo
    5/09/10 - 10:47

    eu ia pesquizar Mestre Yip Man e por curiosidade pesquisei Mestre Bruce,legal o post xD
    valeu mesmo
    mas o video que vc’s postaram ae ta invalio
    flw//’s

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    Gaburah

    Valeu o aviso!
    Vou catar ele de novo, pq é muito foda.
    Abraço!

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    Gaburah

    Taí ó, lá pelo 3’40”.
    Mas vale a pena ver todo:

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  9. Gaburah
    30/11/10 - 9:22

    BOA!!
    Cinebiografia de Bruce Lee estreia na China – veja fotos e trailer:
    http://www.omelete.com.br/cinema/cinebiografia-de-bruce-lee-estreia-na-china-veja-fotos-e-trailer/

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  10. Gaburah
    21/12/11 - 8:37

    [Via @papodehomem] – Bruce Lee | Homens que você deveria conhecer #23

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