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Ingerência do Governo, resultado: Retrocesso

May 9th, 2013 por | Categorias: Futebol.

Transcrevo boa reportagem de Bernardo Besouchet, do IG. Apenas com a ressalva de que considero a tentativa do Estado em “regular” os contratos televisivos no futebol, extrapolando mais uma vez suas funções de forma desastrosa, o verdadeiro motivo do momentâneo (para mim) retrocesso nas negociações televisivas no país.

“Considerada uma das principais receitas dos clubes de futebol em todo mundo hoje, o valor que as emissoras de televisão pagam aos clubes pelos direitos de transmissão dos campeonatos tem um peso diferente no Brasil e nas principais ligas do planeta. Inglaterra, Alemanha e Itália, que detêm os três principais campeonatos em termos de valores pagos pela televisão, até pouco tempo atrás permitiam que os clubes fizessem individualmente suas negociações com as empresas de televisão, mas a diferença astronômica entre os principais clubes e os de menores expressões fez com que o modelo fosse deixado de lado em prol de uma negociação igualitária e que impactasse em um maior poder de competição entre os clubes.

País que tradicionalmente aplicava a negociação coletiva, o Brasil, em fevereiro de 2011, rompeu com o modelo tido como adequado pelos europeus. Tanto que, em 2007, um relatório de 170 páginas da autoridade antitruste italiana recomendou que a negociação coletiva fosse adotada para garantir uma maior competitividade ao campeonato italiano.

“O Brasil entrou na contramão do mundo. Nós estamos entrando quando todos os países estão deixando esse modelo de lado. É um modelo comprovadamente equivocado. Quem entrou, saiu”, afirma Fernando Ferreira, sócio-diretor da Pluri Consultoria, empresa responsável por emitir balanços financeiros do futebol mundial.

A mudança do cenário brasileiro, liderada por Andrés Sanchez, ex-presidente do Corinthians, contou com apoio dos principais clubes brasileiros. Todos romperam com o Clube dos 13, entidade que controlava toda a negociação coletiva e fazia a partilha desses valores. Sem função, a entidade acabou extinta.

A partir daquele momento, com os clubes brasileiros negociando individualmente seus contratos, o que pôde ser notado foi um significativo aumento nos valores e, consequentemente, um aumento na diferença entre os clubes, fator que causaria disparidade entre os 12 principais clubes brasileiros e, é claro, aos de menores investimento.

E é a posição de Giovanni Luigi, presidente do Internacional, que aponta para a necessidade de mais quesitos para adequar-se o valor pago pela TV. O Internacional, aliás, de acordo com balanço financeiro de 2012, recebeu mais de R$ 89 milhões sendo cerca de R$ 30 milhões apenas em luvas pela renovação do contrato com a TV Globo pelo triênio 2016-2018.

“Entendemos que esta defasagem entre os clubes é ruim para o futebol brasileiro, uma vez que a TV está beneficiando economicamente alguns em detrimento de outros considerando a audiência. A divisão dos recursos pelo critério quase que exclusivo de tamanho de torcida, como está ocorrendo no Brasil, é um equívoco, na medida em que praticamente não premia o desempenho dos clubes nas competições e perpetua a divisão desequilibrada de recursos sempre para os mesmo times”, afirmou o dirigente, em entrevista ao iG , apontando como caminho alternativo o que ocorre em outros países.

“As principais ligas do mundo dividem 50% dos recursos de forma igualitária entre os clubes participantes, 25% pela colocação no campeonato e somente 25% pelo tamanho das suas torcidas. As que não adotam estas proporções fazem algo muito próximo disto” afirmou o presidente do Inter.

Enquanto no Brasil o modelo adotado para pleitear maiores cotas é basicamente o tamanho da torcida, nas principais ligas do mundo o modelo é totalmente diferente e premia não somente o desempenho dos clubes, mas também quem mais tem seus jogos televisionados.

No caso da Inglaterra, por exemplo, cuja liga movimentou mais de £ 968 milhões, a diferença entre o Manchester City, campeão da temporada 2011-2012 e o Wolverhampton Wanderes, que foi rebaixado, foi cerca de £ 21 milhões.

Lá, no caso, a fatia do valor pago pela televisão é dividida da seguinte maneira: 50% é compartilhado igualitariamente entre os 20 clubes que disputam a competição. 25% é baseado na classificação do ano anterior com pequena diferença entre as colocações e os outros 25% variam pelo número de jogos que o time tem exibido pela emissora de televisão. Além disso, 100% do valor vendido para outros países é dividido de maneira igual entre os clubes.

Na contramão do processo de divisão igualitária das cotas de televisão, Jackson Vasconcelos, diretor executivo do Fluminense, acredita que o modelo funciona bem apenas na Europa. “No Brasil, os clubes têm um sistema de gestão corporativa e de relação comercial diferente do que acontece lá”, opina o diretor tricolor.

Mas, logo em seguida, o gestor, que toca os assuntos ligados ao clube enquanto o presidente Peter Siemsen mantém suas atividades profissionais em seu escritório de advocacia, argumenta que mudanças deveriam acontecer no processo de negociação com a televisão.

“O Fluminense defende a discussão de um modelo diferente e que leve em consideração não só o tamanho das torcidas, mas também o nível de exposição da marca dos clubes”, argumenta Jackson Vasconcelos.

Mas Giovanni Luigi, do Internacional, acredita que a divisão igualitária ainda é o melhor caminho para o Brasil. “Uma divisão mais equilibrada destes recursos obrigaria todos os clubes a organizarem a sua gestão administrativa e financeira, pois quem não gerenciasse de forma eficiente seus recursos tenderia a ser menos competitivo. Seria algo importante para acelerar a profissionalização dos clubes de futebol”, diz o dirigente, com quem concorda Paulo Samuel, colaborador da presidência do arquirrival Grêmio.

Com a quebra do grupo Kirch, principal grupo de comunicação alemão no início da década passada, a Bundesliga, liga de futebol alemã, reinventou-se tanto na maneira de criar receitas quanto na relação com o consumidor. As cotas de televisão na Alemanha não são as principais fontes de receita dos clubes como acontece na Itália e no Brasil.

O Bayern de Munique, por exemplo, tem 55% de suas receitas baseadas nos valores arrecadados em dia de jogos na Allianz Arena, seu estádio, em Munique. Além disso, 23% vêm do Departamento Comercial do clube e apenas 22% das receitas do time bávaro são oriundas das cotas de televisão.

Para obter 55% de suas receitas em dias de jogos, os alemães inovaram e trouxeram o torcedor ao estádio. O segredo foi baixar o preço do ingresso e hoje o torcedor consegue pagar 22 euros, em média, para assistir a partida do seu time. Atualmente, a taxa de ocupação dos estádios é de 90%.

Para prover o direito ao torcedor assistir o jogo, os clubes alemães destinarem 40% da capacidade do seu estádio para torcedores que não têm condição de pagar mensalmente um valor ao clube. O Bayern de Munique, por exemplo, cobra € 208, enquanto o Hoffenheim cobra € 120.

Esses torcedores, que pagam valor mensal, têm destinados 50% da capacidade do estádio. Além disso, 10% da capacidade total é destinada ao torcedor visitante.

Assim, desta maneira, o clube consegue arrecadar com os torcedores que vão aos jogos com menor frequência e, consequentemente, gastam com camisas e materiais licenciados pelo clube.

Quanto à partilha da cota de televisão, elas são baseadas no desempenho dos times nos campeonatos nos anos anteriores e o valor final fica bem proporcional entre os clubes. A conta é feita através de um sistema de pontos que os clubes vão obtendo conforme vão se classificando nos campeonatos nos últimos quatro anos.

Desta maneira, na liga 2013-2014, por exemplo, o Bayern de Munique receberá € 25,84 milhões contra € 25,03 do segundo colocado, o Borussia Dortmund. Ou seja, vai-se diminuindo € 760 mil por cada posição. O índice garante ao último colocado 50% do valor arrecadado pelo primeiro, ou seja, 12,92 milhões de euros.

 

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38 Comentários para “Ingerência do Governo, resultado: Retrocesso”

  1. André
    9/05/13 - 10:30

    2 tipos de pessoas não se dão conta desse óbvio desde o princípio:

    1- os burros
    2- os mau intencionados

    Eu não tenho duvidas de que os contratos foram comprados junto aos dirigentes dos clubes. Mas estão blindados.

    Eu nao tenho dúvida que patrocinios da Caixa e afins servem apenas para desviar dinheiro. Porque se a Caixa fecha a 36 com gambá, 25 com urubu, é simples. Se ofertassem 20, ambos fechariam do mesmo jeito.

    Gostaria de saber só como chegam nesses valores.

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  2. Victor
    9/05/13 - 10:46

    Li o parágrafo de introdução e pulei direto para os comentários.
    Acima de “direita e esquerda”, o viés “autoritarismo x liberalismo” norteia bem mais o meu posicionamento político.

    É batata como o caminho mágico da intervenção do Grande Irmão é sempre solicitado e me oponho ferrenhamente a isso.

    Para não ficar no vazio, pego um exemplo rápido de um assunto que está no escopo do blog que é Romário pedindo publicamente a Dilma que intervenha na CBF para impor sucessões no cargo da presidência.
    Por ser avaliada como uma entidade com dirigentes nefastas, o pedido do Romário foi deveras aplaudido. Eu, ainda que desejasse um sistema de sucessões, jamais aplaudiria que fosse feito dessa forma.

    Bem… voltarei a leitura do artigo.

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  3. Nicolau
    9/05/13 - 11:13

    Escuta, li a matéria meio diagonalmente, mas não entendi onde está a intervenção do Estado nessa parada. A Globo pediu e o Sanches topou tratorar o Clube dos 13, todos agindo em interesse próprio. A Vênus Platinada ameaçada pela disposição da Record em trucar o processo e o alvinegro vendo a chance de ganhar mais dinheiro que todo mundo, como tem feito. O que diabos fez dona Dilma?

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    Serginho Valente

    A matéria não fala disso, o que justifica minha ressalva.

    Mas o governo, através do CADE, interferiu na renovação dos clubes com a Globo, nos moldes antigos. O resultado é este modelo pior.

    A Globo fez o que foi preciso para manter o produto. E os clubes também não queriam assinar com nenhuma outra TV aberta.

    O Clube dos 13 foi “tratorado” porque se mostrou incapaz de atender aos interesses dos seus sócios.

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    André

    E os clubes também não queriam assinar com nenhuma outra TV aberta.

    Sei não… talvez os clubes deveriam ver o que era melhor pra eles. E essa suposta subjetividade de avaliação é um ponto de interrogação.

    Mas com certeza, os dirigentes realmente nao queriam assinar com outra.

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    Sancho

    Os clubes não têm interesse coletivo. Precisava só de um assoprinho para acabar…

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    Nicolau

    O Cade fez o que é pago pra fazer: coibir monopólios e promover a concorrência. A Globo impunha uma cláusula que impedia qualquer concorrência no esquema, permitindo à emissora mais rica cobrir toda e qualquer proposta por 1 real que fosse. Some isso à situação calamitosa das finanças da maioria dos clubes, e deu no que deu. Em todo lugar do mundo tem legislação contra monopólio. É princípio básico do capitalismo desde o Adam Smith, nem precisa chegar no Keynes – quanto mais no velho Carlos.

    Se os clubes queriam coletivamente assinar com a Globo, poderiam ter feito isso no formato anterior. Poderiam até mesmo ter copiado o modelo inglês, ou mesmo o da NFL, acabando com o rebaixamento e fechando a liga em 12 clubes. Mas não quiseram/souberam/se organizaram pra isso. O que aconteceu foi que o Andrés viu uma brecha para aumentar o poder do clube que dirigia e levou no bico um monte de dirigentes que resolveram problemas imediatos de caixa, mas no longo prazo correm o risco de ver a grana se concentrar nas mãos de uns poucos clubes.

    Concordo que o modelo atual não é bom. Mas culpar o Estado pela incompetência política e administrativa dos clubes não faz sentido.

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    André

    Mas o CADE, no final das contas, abriu as pernas. Ou vc esqueceu?

    Fechar a liga em 12 clubes é o maior crime que pode ser cometido no Brasil.

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    Victor

    Uma é a culpa da incompetência política e administrativa dos clubes. A outra é a interferência do CADE em uma negociação de direitos de TV.

    Clubes pelo que me lembro desejavam ficar com a TV Globo mesmo que ela se dispusesse a pagar menos. Pesava em favor da TV Globo a certeza que eles iriam receber, a prática da TV Globo adiantar pagamentos e a maior visibilidade aos times que por sua vez reflete-se em outros contratos com outros anunciantes.

    Um tanto quanto cruel e injusto vir uma agência reguladora e definir uma regra única de maior preço. Não podendo fechar o pacote completo, “fracionaram” as negociações, apesar d’eu achar que no fim das contas tenha sido feito mesmo uma negociação coletiva de forma individualizada.

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    saulo

    Essa negociação coletiva realmente funciona quando existe uma Liga oficializada e eleita pelos clubes. Não apenas limitada as questões contratuais de tv, deveria organizar os campeonatos e o calendário nacional de competições. O primeiro semestre é uma porcaria em termos de atratividade comercial(com exceção da Libertadores, Copa do Brasil e Copa Nordeste), os estaduais são inchados e fica difícil impor a Globo fatiar seus recursos aos clubes fora do eixo Rio/SP. Enquanto a CBF monopolizar a organização do futebol brasileiro, basta comprar apoio político das federações estaduais(mesada, distribuição de cheques…) e manter essa situação como está.

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    Alexandre N.

    Mas a negociação coletiva já não funcionava antes com o Clube dos Treze? Por que então a tal negociação só funciona com essa sua nova afliceta (a tal Liga de clubes)?

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    saulo

    Funcionava até a implosão do Clube dos Treze. Não deveria apenas ficar restrito a contratos, organizar o calendário e os campeonatos é tarefa dos clubes.

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    Serginho Valente

    “O Cade fez o que é pago pra fazer: coibir monopólios e promover a concorrência.”

    Não, o CADE apenas interferiu onde não deveria. Como o próprio resultado dessa interferência mostra com absoluta clareza.

    “A Globo impunha uma cláusula que impedia qualquer concorrência no esquema, permitindo à emissora mais rica cobrir toda e qualquer proposta por 1 real que fosse.”

    A Globo não impunha, nem impõe, nada. A Globo celebrava de comum acordo com os clubes, os contratos, que ambas as partes consideravam justos e satisfatórios.

    Nenhuma emissora jamais esteve proibida de apresentar qualquer proposta, bem como jamais algum clube foi obrigado a assinar com a Globo.

    Não vejo como poderia ser salutar obrigar os clubes a assinarem contratos que os mesmos considerassem piores.

    “Em todo lugar do mundo tem legislação contra monopólio.”

    Verdade, e no Brasil diversos setores ainda sofrem com esse problema. Mas monopólio só existe quando não há opção. E não quando uma opção é muito melhor do que as outras, e por isso domina o mercado. Repito, nenhuma emissora está proibida de apresentar proposta, e nenhum clube é obrigado a fechar com qualquer emissora. Fecham com a Globo porque consideram melhor fazê-lo.

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    André

    Mas isso nao imepede que haja um conflito flagrante de interesses nessas relações.

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    Nicolau

    Resumo da minha ideia antes de discutir os pontos separadamente:
    – O CADE não interferiu em nenhum direito dos clubes, inclusive de fechar com a Globo. Ele foi contra uma cláusula que impedia a concorrência.
    – Cabe aos clubes organizar fazer a negociação coletiva. Não fizeram, optaram, sem nenhuma interferência a não ser do poder econômico da Globo, por negociarem separadamente.

    “A Globo não impunha, nem impõe, nada. A Globo celebrava de comum acordo com os clubes, os contratos, que ambas as partes consideravam justos e satisfatórios.”

    A Globo não botava arma na cabeça de ninguém, claro, mas é óbvio que ela tem muito mais poder nessa negociação que um bando de clubes historicamente endividados. As relações são promíscuas desde sempre, com adiantamentos e o caramba, o que não é novidade. E, na boa, problema dos clubes. Mas é papel do CADE ver se um contrato desse fere ou não os princípios da livre concorrência.

    “Nenhuma emissora jamais esteve proibida de apresentar qualquer proposta, bem como jamais algum clube foi obrigado a assinar com a Globo.”

    Não era proibido, óbvio, tanto que a Record apresentou mais de uma vez. Mas cláusula que permitia à Globo cobrir toda e qualquer proposta, na prática, impedia outras empresas de entrarem na briga. A Globo teria sempre a última palavra.

    “Não vejo como poderia ser salutar obrigar os clubes a assinarem contratos que os mesmos considerassem piores.”

    O CADE também não obrigou os clubes a nada, tanto que eles não assinaram com a Record. Dane-se o C13, se os caras quisessem assinar coletivamente com a Globo eles sentariam na antesala do C13, com um brandy na mão e um charuto na outra, e criariam outra entidade na sequencia. Nenhuma liberdade foi ferida. Se não há acordo coletivo, é por incompetência exclusiva dos clubes. Botar essa na conta do Estado é discurso ideológico.

    “Verdade, e no Brasil diversos setores ainda sofrem com esse problema. Mas monopólio só existe quando não há opção”

    Nos EUA e na Inglaterra, existe um limite para o número de retransmissoras que uma rede de TV pode ter. Também é proibida a propriedade cruzada, ou seja, a mesma pessoa ter tv, rádio e jornal no mesmo local. Tudo para garantir a concorrência e o direito das pessoas a várias fontes de informação.

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    Serginho Valente

    “- O CADE não interferiu em nenhum direito dos clubes, inclusive de fechar com a Globo. ”

    Interferiu. Obrigou o Clube dos 13 a promover uma licitação em que o maior valor apresentado seria vencedor, sem levar em consideração uma gama de variantes que poderiam tornar a proposta vencedora pior do que uma perdedora.

    “mas é óbvio que ela tem muito mais poder nessa negociação que um bando de clubes historicamente endividados”

    A Globo nessa negociação não disputa com clubes, disputa com outras tvs.

    “Mas é papel do CADE ver se um contrato desse fere ou não os princípios da livre concorrência.”

    Eu não acho. Acho que o CADE não tem nada a ver com a venda da imagem de um ente privado para tv. Seria como obrigar a Flávia Alessandra licitar seu contrato e obrigar ela assinar com a Record.

    No mais, o CADE poderia até ver, nunca impor a licitação.

    “tanto que a Record apresentou mais de uma vez”

    Prova inequívoca da livre concorrência. E se a Globo cobriu a proposta, a proposta da Globo foi melhor, não foi? De qualquer jeito, uma proposta da Globo, alguns poucos milhões abaixo de uma proposta da Record, ainda é melhor
    para os clubes, pela visibilidade, qualidade de transmissão e outras coisas mais.

    “O CADE também não obrigou os clubes a nada, tanto que eles não assinaram com a Record.”

    Exato, o CADE apenas gerou a situação atual, apenas piorou o modelo, aumentou a desigualdade. Justamente porque extrapolou suas funções, não pode obrigar os clubes a nada. Quando o CADE está exercendo suas funções corretamente, ele pode determinar mudanças.

    “Botar essa na conta do Estado é discurso ideológico.”

    Bem, e eu considero demonizar a Globo, e fechar os olhos pras merdas que o Estado faz, fanatismo ideológico.

    “Tudo para garantir a concorrência e o direito das pessoas a várias fontes de informação.”

    Bem, no meu país, o Brasil, eu tenho acesso a dezenas de emissoras de TV, rádio, a internet, e etc. Aqui no meu país, as pessoas tem direito a várias fontes de informação. No seu, eu não sei.

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    Rodrigo

    Serginho,
    não sei de maiores detalhes, nem digo se concordo ou não, mas devemos lembrar que a radiodifusão é uma concessão estatal, pois se trata de um bem público. Então se o Estado faz uma intervenção no setor, é atributo dele, mesmo que não gostemos.

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    Serginho Valente

    Rodrigo, não entendi o seu ponto. O que a negociação dos direitos de imagem de clubes de futebol tem a ver com a radiofusão ser uma concessão estatal?

    Volto ao exemplo que já usei. É atributo do Estado obrigar a Flávia Alessandra se transferir para a Record, se ela oferecer um real a mais do que Globo? Ou, melhor, obrigar a detentora dos direitos do Big Brother, a fazer uma licitação para definir quem fica com o programa?

    Não tem sentido. O Estado pode estabelecer regras no momento da concessão, e interferir se essas regras não forem cumpridas. O que está muito longe do caso.

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    Rodrigo

    Não sei as regras da concessão e dos contratos. Só quis dizer que, em princípio, a radiodifusão é um bem público e passível de controle estatal.

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    Serginho Valente

    Bem, então, enquanto vivermos num Estado democrático, o controle estatal está sujeito as regras e aos contratos, e te digo sem a menor sombra de dúvida, baseado inclusive pelo desfecho da malfadada ingerência, que a venda dos direitos de imagem de qualquer coisa ou pessoa, para uma determinada empresa, seja de comunicação, ou não, está muito longe de ser passível de controle estatal.

    Pelo menos enquanto formos um Estado democrático.

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    André

    Com esse governo, tenho minhas dúvidas se viveremos muito tempo no tal “Estado democrático”

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    Serginho Valente

    Se tratando de América Latina, tudo é possível.

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    Yuri

    Exato, o Sanchez viu uma brecha que seria boa pro clube e mandou ver. Agora, se os outros eugenistas tavam tão pendurados que aceitaram, problema deles. Inclusive, pra grêmio e inter, o abismo diminuiu em termos relativos. Pessoal pensou no prazo curto pois geral ganharia mais e se fodeu. Ficou bom para nós.

    De eugenista não tenho pena, sou sim pelo futebol abrangencionista, de modo que o ideal seria todos da Serie A e/ou B recebessem o mesmo. Mas na real o calendário e cotas deviam mudar inclusive a nivel estadual. Isso é utopia. Para quem manja de matemática, tudo TENDE ao eugenismo infinito. Talvez, se mudasse NO ESTADUAL, não precisassemos ver compensações no nacional.

    Lembram que o contrato da Record foi quem primeiro ofereceu o dualismo? Inclusive, caso o Corinthians fechasse, seriam saturantes 19 jogos por Brasileirão, com a Globo ficou em 13. Daí a Globo teve de fazer uma contraproposta que lambesse mais a cabeça dos dois.

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  4. Victor
    9/05/13 - 11:21

    Cotas de televisão é um assunto um tanto esquizofrênico porque toda a discussão quando vai para a seara do “justo” é com foco em 12 times e não em 700.

    O presidente do Internacional quer cota igual para todos, mas por certo pretende jogar o campeonato com Corinthians e Flamengo e não aquele com Veranópolis e Juventude. Em jogando o campeonato gaúcho com Veranópolis e Juventude, alegará que não tem como competir em valores pagos aos times que disputam o campeonato paulista.

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    André

    Boa observação.

    Mas ele embasou os argumentos nas séries, acho. Série A.

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    Victor

    A visão do presidente do Internacional se aplica junto à defesa de enxugar-se os Estaduais. Ora, se é para dividir igualmente, quanto menor o denominador maior a receita, menor as perdas que o Internacional teria.

    Na Europa consegue-se fazer a distribuição nos Regionais. Imagina a porradaria que não daria se os picões da Europa resolvessem que a UCl seria em pontos corridos tomando todo o calendário?

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    Serginho Valente

    Só sei que do jeito que está, não tem muito sentido. Não vejo como isso possa continuar sem um bom ajuste.

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  5. Sancho
    9/05/13 - 13:11

    LUIGI, COMEÇA APLICANDO NO GAUCHÃO!!!

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    Sancho

    “Queremos igualdade quando ganhamos menos!”

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  6. Bender
    9/05/13 - 16:55

    Surdo, entendi muito bem não. Fui lendo o texto e achando-o meio desconexo com o título e parágrafo introdutório.
    A matéria do cara disserta sobre o sentido contrário do Brasil com relação às mais famosas ligas da Europa na questão da operacionalização da distribuição da cotas de TV para clubes. Não vi nada de governo ali.

    Ficou meio confuso, então vou separar os assuntos.

    Concordo com o título e parágrafo introdutório. Não gosto da interferência Estatal na economia. O Estado nos dá todo dia exemplos de que não é bom gestor de recursos. Pega-se os exemplos das ações onde houve forte ingerência governamental ano passado, Petrobras e Eletrobras perderam valor, e a Vale “andou de lado”.

    Já a matéria achei interessante. Nem sabia que na Europa antes a negociação era individual e agora eles estão migrando para o coletivo.
    O foda é que a gente sempre acha que um lado está certo e outro errado. “O Brasil saiu do modelo bom para o modelo ruim”. Será? Se também há uma mudança acontecendo lá nas Zoropa, por que eles não estariam saindo do bom para o ruim? Quem garante? A comparação é factível? É a mesma coisa?
    Bom… sei lá. Não tenho o embasamento para as respostas. Acho que temos que procurar sempre o modelo mais adequado para a realidade que nos encontramos.

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    Victor

    O parágrafo introdutório não é sobre um aspecto diretamente pinçado da reportagem.
    É uma reflexão sobre o porquê o “Brasil” está “atrasado” em relação aos formatos de negociações no restante do Mundo. Seria justamente o que faltou à reportagem para explicar como se chegou na situação atual.

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    Bender

    Então antes, com o C13, o Brasil estava “adiantado”?

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    Victor

    Não é isso que está escrito.

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    Serginho Valente

    Adiantado com relação ao Brasil de hoje, acho que sim.

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    Serginho Valente

    “Acho que temos que procurar sempre o modelo mais adequado para a realidade que nos encontramos.”

    Sem dúvida.

    Cara, achei a matéria interessante porque vez por outra discutimos isso aqui. E quis acrescentar que o modelo atual foi fruto de um desastre do Cade.

    Mas enfim, nem sei como é o modelo americano, mas deve ser melhor do que o do Brasil e da Europa, e, claro, de qualquer jeito deve-se levar em consideração a realidade do país. Coisa que o Cade, por exemplo, não fez.

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    André

    O que o CADE fez foi pior: primeiro ele quis impor essa porra (a pedido do C-13) e depois, ele considerou normal o fechamento dos contratos direto.

    Ele foi um palhaço. Melhor ter dito: fodam-se vcs.

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    Victor

    Isso foi a bizarrice ao quadrado. Bizarro x bizarro.

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    André

    Bizarro ao quadrado não.

    Bizarro elevado à bizarrésima potência.

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