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Futebol de verdade

February 17th, 2009 por | Categorias: Editorial, Futebol.

Lia meu jornal preferido depois de passar os olhos por outros três ou quatro outros na internet. Já havia lido a parte de esportes. Pensei que já sabia tudo sobre o assunto até o começo do dia. Eis que, na seção nacional, leio um título: “Jovem africano viaja clandestino em navio para tentar jogar futebol no Brasil”. Era a história de Mohamed Câmara, um guri de 17 anos que vinha da República da Guiné-Conacri. Viajava escondido num cargueiro italiano e desembarcou no último sábado em Salvador, capital baiana. Ficou sete dias sem comer ou beber até ser encontrado. Foi alimentado e passa bem. Aos olhos de quem conhece o futebol só de longe, seria um caso parecido com os dos refugiados de guerra ou dos cubanos que tentam trabalhar nos Estados Unidos. Aos meus olhos, pareceu um caso típico de sonho de ser jogador.

A reportagem chamou minha atenção porque lemos cada vez mais sobre política no futebol (troca-troca de presidente no Vasco, perda de pontos nos tribunais), dinheiro no futebol (venda de Kaká ao Manchester City, salários milionários, fracasso da Timemania), violência no futebol (brigas em São Paulo, torcedor morto em Minas Gerais), vida noturna dos atletas (Ronaldo Fenômeno, Ronaldo Gaúcho e Robinho, nem preciso dar detalhes, são os maiores ídolos de Mohamed), mas parece que sobre o jogo mesmo, o da bola rolando no gramado, acabamos lendo menos. Pode ser só impressão minha, pode não ser.

Tocou-me ver um jovem que tem o mesmo sonho que nós quando jovens aqui no Brasil, lá na Inglaterra, na Argentina, em Portugal. Ele relatou ao juiz da Infância e Juventude, Salomão Resedá, que sua família quer vê-lo agricultor. Ele quer jogar bola. Disse que bate bem na pelota com as duas pernas e que depois de virar jogador quer trazer o irmão para o Brasil.

Citei o nome do juiz porque este deu outra manifestação de amor ao esporte. Levou Mohamed para assistir a um jogo do Bahia, onde o garoto ganhou até camisa do time. No dia seguinte, o garoto foi ao centro de treinamento, vestindo a camisa.

Para mim, a notícia não era sobre imigração ilegal. Era sobre futebol.

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15 Comentários para “Futebol de verdade”

  1. Saulo
    17/02/09 - 11:24

    Se for mesmo um bom jogador, talvez consiga grande êxito. Se for mais um, vai encaixar na triste realidade do futebol brasileiro. Em torno de 93% dos jogadores no Brasil ganham até dois salários mínimo. Caso tenha melhor sorte e chamar a atenção de empresários, provavelmente irá para um outro centro. Oriente Médio, Ásia, EUA e até mesmo Austrália são ótimas opções para jogadores de segunda linha ou em fase de decadência.

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    Rafael

    Hehe… Jogadores de 2ª linha ou em fase de decadência.

    Tá falando do Cariocão 2009?

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  2. Victor
    17/02/09 - 12:00

    Para mim, a notícia não era sobre imigração ilegal. Era sobre futebol. [2]

    ****

    Show de bola.
    Com a notícia em si e o texto do Fabinho, abstenho-me de qualquer comentário. Satisfaço-me com o prazer da leitura.

    ****

    Infelizmente tenho de ler esse antagônico comentário do Saulo também. Fabinho fala disso, inclusive. Não quero ter de assinar o “Valor Econômico” para acompanhar futebol.

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  3. Lívia Duarte
    17/02/09 - 14:03

    É, essa é uma notícia sobre futebol deslocada. Como as outras são de economia, política, fofoca, … sempre deslocadas. O problema é o seguinte: não existe sensibilidade de jornalistas – incluo repórteres e editores – para ver que notícia é crônica do dia-a-dia. Querem correr atrás dos fatos. Enquanto me pergunto até se existem.
    Por isso que não há crônicas de jogo em profusão, acho que sua observação é correta. Parece que não há talento, ou espaço para quem tem talento (vide Fabinho), recontar cada passo que levou ao resultado do jogo. O valorizado fato que no dia seguinte todos já conhecem é o resultado, então não vale(ria) (re)contar.
    Também é por isso que a reportagem sobre futebol em questão pode parar em qualquer lugar, menos nas páginas sobre esporte. Como se não fosse, por fim, retrato do fascínio que é o dia-a-dia.

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    Rafael

    É isso Lívia. Só vou falar do “fato que no dia seguinte todos já conhecem”. Acho que conhecem no mesmo dia. O fato, a informação ou o acontecimento quando ocorrem hoje são praticamente instantâneos.

    Para fazer valer o “vale(ria) (re)contar” é preciso talento mesmo. Penso isso como ‘análise’ para qualquer área, economia, política, internacional, esporte… Acho que a análise deve ser a principal meta dos jornalistas. Não agrega muito abrir o jornal de manhã cedo e ler a mesma coisa que vc leu na internet ou viu no jornal da noite no dia anterior. Eu praticamente só leio colunas.

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    Fabinho

    Lívia Duarte, só de vc ter lido o textinho, já fico honrado. E como tu escreve bem, hein, garotinha? E entende fácil de futebol! Ah, é tricolor! ahauhahuahuaua

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  4. Rafael
    17/02/09 - 14:21

    Realmente muito show a matéria. Como Fabinho disse no post, isso não é tão incomum fora das 4 linhas. Os cubanos pelo mar, mexicanos e outros latinos por terra vivem tentando entrar nos EUA. Diversas pessoas migram de países mais pobres para a Europa ou outros países desenvolvidos em busca de uma vida melhor. Muitas vezes surgem deploráveis episódios xenofóbicos a partir disso, como o recente caso da brasileira na Suiça (pelo menos a 1ª versão). O diferencial aqui foi a simplicidade e astúcia do africano.

    Apesar de achar engraçado eu não condeno o cético, porém realista, comentário do Saulo.

    Em tempo, quando sai uma matéria sobre futebol no Valor Econômico (o que é raro), é muito bem feita, de uma enorme qualidade.

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  5. Rodrigo Ramos
    17/02/09 - 14:32

    Saulo, Acho que esse garoto tem um sonho tão grande de jogar futebol que mesmo ganhando 2 salários mínimos ele estaria mais feliz do que como lavrador nos cafudós da África… Não por que é uma profissão simples, não por que é na África, mas por que não é aquilo que ele ama fazer… Para fazer uma loucura dessas, pode-se ter certeza de uma coisa, ele sabe o que quer e o que não quer… E daí se ele vai ser estrela na europa ou se vai jogar na 16a divisão?
    O que o fabinho falou é que a reportagem é EXATAMENTE o oposto de tudo isso que vc falou, mercado da bola e etc…

    Legal cabeção!
    Abs!

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    Saulo

    Ninguém sonha em ganhar dois salários como jogador. A imprensa de certa forma tem usa parcela de culpa. Apenas mostra o lado de uma minoria. É uma verdadeira fábrica de ilusões. Muitas transferências dos nossos atletas do futebol profissional vão ganhar um pouco mais em países longíquos sem expressão.

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    Fabinho

    Será que joga mais que o Saulo?

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    Saulo

    Se jogar mais, deve ser o Zico ou um Pelé.

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  6. Serginho Valente
    17/02/09 - 16:02

    Tentei emitir alguma observação que acrescentasse alguma coisa, mas Fabinho “complicou” as coisas…rs.

    Então vou aproveitar apenas pra desejar uma excelente sorte pro louco africano, que o universo conspire a favor dele.

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  7. anderson paiva
    17/02/09 - 17:12

    u brsil eh taum atrzado q ateh us anaufabehthus d afrik falam frnceis

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    Gaburah

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