Home   Open-Bar   Trollagem   Bolão   Mercado da Bola   Copa do Brasil   Seleção   NFL   Contato  

A felicidade de uns, a tristeza de outros

October 21st, 2011 por | Categorias: Automobilismo, Fórmula-1, Fórmula-1 2011.

Quem apostou em um Sebastian Vettel preguiçoso e de ressaca após a confirmação do título, errou, e clamorosamente. O número 1 nem se importou tanto por ter perdido a pole-position do GP da Coreia para Lewis Hamilton. Ele apenas tratou de assumr a ponta ainda na primeira volta e daí seguiu firme para mais uma vitória sem dar muita bola para a concorrência. A próxima meta: bater o recorde de poles na mesma temporada.

Para Hamilton e Mark Webber, ambos vindos de uma maré baixíssima, a corrida teve um sentimento de redenção. O australiano mostrou uma competitividade rara em suas atuações deste ano. Já o inglês conseguiu se manter distante das confusões. Os dois ladearam Vettel no pódio e protagonizaram um duelo bastante animado nas voltas finais.

O resultado definiu o Mundial de Construtores em favor da Red Bull. Pelo segundo ano consecutivo foi o time das latinhas prateadas que desfilou o melhor conjunto carro-piloto na sua curta história de vida – em apenas sete anos a equipe se intrometeu no clube das vencedoras. Mesmo assim, o pessoal de Milton Keynes já sentiu que chegar ao topo é muito mais fácil do que se manter lá. Ninguém lá duvida da capacidade de reação de McLaren e Ferrari, e a chave para continuar ganhando todo mundo vê: talento (de Vettel no volante e Adrian Newey na prancheta), competência e vibração de todos os membros da equipe. Em 2012, o touro vermelho vai chegar voando de novo, mas os rivais estão mordidos e não deixarão esse domínio passar barato.

A bela festa da equipe austríaca contrastou com o luto que abateu a velha Indy do outro lado do mundo. Quando se coloca muitos carros – vários com pilotos novatos ao volante – a altíssimas velocidades, andando muito próximos uns dos outros em uma pista oval curta e de alta inclinação, há muita coisa pode dar errado. Na última etapa da temporada da Indy, em Las Vegas, algo saiu do controle.

No intervalo de poucos segundos, o que parecia ser uma corrida de automóveis se tornou um cenário de guerra. Ao mergulharem em uma curva, quase a metade do grid se viu entrando em um autêntico moedor de carros. Muitos pilotos tiveram muita sorte ao saírem praticamente ilesos daquela hecatombe, mas quis o destino que aquela tarde na cidade do pecado fosse o adeus do inglês Dan Wheldon.

O mundo do automobilismo lamenta hoje a perda de um piloto de estilo limpo e elegante, um grande vencedor, campeão da categoria e bi-campeão das 500 Milhas de Indianápolis. Um cara querido por todos os seus adversários e até pelos seus companheiros de equipe, rompendo com a máxima de que não se faz amigos no ambiente competitivo. Sua participação especial no GP de Las Vegas, largando da última posição, teria um detalhe especial a mais: caso ele chegasse em primeiro, o prêmio de US$5 milhões oferecido ao vencedor seria dividido com um fã da categoria presente nas arquibancadas. Entretanto, a festa pelo quarto campeonato – o terceiro consecutivo – de Dario Franchitti foi substituída por cinco melancólicas voltas em baixa velocidade, com pilotos chorando dentro dos capacetes após o anúncio do falecimento de Wheldon. No pitlane, pilotos, mecânicos, chefes de equipe e membros da organização circulavam com olhares perdidos, semblantes consternados pela surrealidade dos acontecimentos que acabaram de presenciar, inutilmente buscando consolo uns nos outros.

A tragédia trouxe dramaticamente a lembrança do encerramento da temporada de 1999 da então Cart, quando outro desastre ceifou a vida da jovem promessa canadense Greg Moore, carismático e querido como Wheldon. As coincidências não param por aí. Moore também largou em último, pois um pequeno acidente nos treinos o impediu de correr na classificação,e mesmo com uma contusão na mão, fez questão de correr. Ele fazia sua última corrida pela equipe Green, pois já tinha um contrato assinado para guiar um dos carros de Roger Penske. O inglês, que não participou da temporada 2011 regularmente por falta de patrocínio – e ainda assim venceu as 500 Milhas desse ano – assinara para correr em 2012 no time chefiado por Michael Andretti, o mesmo lugar onde ele foi campeão em 2005.

Essa foi também a última corrida dos atuais chassis da Indy. Dan Wheldon, que foi contratado pela Dallara para desenvolver o novo modelo a ser utilizado a partir de 2012, pode ter deixado como seu último legado uma nova geração de chassis cuja principal evolução seriam soluções aerodinâmicas que diminuíssem a possibilidade de decolagem do carro nos acidentes. Seu trabalho pode evitar que a vida de outros pilotos sejam perdidos da mesma forma que a dele.

Infelizmente, não adianta muito questionar a segurança da Indy. É óbvio que sempre há algo a ser feito para melhorá-la, mas a verdade maior foi dita por Michael Schumacher: por maiores os avanços alcançados na proteção da integridade física dos pilotos, o que existe no automobilismo de alta performance, de cockpit e rodas descobertas é, no máximo, uma ilusão de segurança. Todos os pilotos sabem (ou deveriam saber) que é impossível fazer o que eles fazem (no caso da Indy, em velocidades beirando os 400km/h) com 100% de certeza de que vão sobreviver a tudo.  Cada vez que baixam as suas viseiras, seja em testes, classificações ou corridas, todos eles devem estar conscientes de que suas vidas por um fio muito tênue. Às vezes, esse fio não aguenta. Então, não há como voltar atrás.

Não são os carros que são frágeis; são as vidas.

Wheldon deixa esposa e dois filhos, sendo um bebê.

Godspeed, champion.

A próxima parada da F1 é na Índia, o GP hare baba, dia 30.

Daniel

Inscreva seu e-mail e confirme pelo link eviado para receber novos artigos do Blá blá Gol.

33 Comentarios Enviar por e-mail Enviar por e-mail

33 Comentários para “A felicidade de uns, a tristeza de outros”

  1. Bender
    21/10/11 - 10:18

    Robinson,
    e o post dos 30 anos do 1º título do Piquet?
    http://www.blablagol.com.br/wp-content/uploads/2008/08/Senna_Piquet.jpg

    Responda a este comentário

  2. Robinson
    21/10/11 - 11:46

    Pois é, cara… essa semana se completam 30 anos do primeiro título do Piquet e 20 anos do último do Senna.

    A ideia era escrever sobre isso, mas eu fiquei tão triste com a morte do Dan Wheldon que acabei nem mencionando.

    Mas vale o registro. É interressante o fato dos dois tricampeões, pintados sempre como inimigos mortais, comemoram essas datas importantes praticamente ao mesmo tempo.

    Responda a este comentário

    Andre Bona

    Porra escreve só do Piquet, Mr. Robinson. Do Senna já encheram o saco com essa historia…

    Responda a este comentário

    Bender

    Beleza. Escreve quando puder.

    Responda a este comentário

  3. Robinson
    21/10/11 - 19:38

    Vou sim, mas vai ter que ficar para a semana que vem…

    Responda a este comentário

    Andre Bona

    Robinson, to montando um video no youtube com musica de minha autoria e de meu pai na década de 80. Se quiser usar no texto to Piquet, cairá como uma luva.

    Em breve, posto aqui pra vc olhar.

    Responda a este comentário

  4. Jorge Caldas
    22/10/11 - 9:26

    Robinson, refresque minha memória, mas esse Dan era companheiro de equipe do Dizon há algumas temporadas atrás na Ganassi? Acho q lembro dele nesse tempo…

    Responda a este comentário

  5. Robinson
    23/10/11 - 11:45

    Exatamente, Jorge.

    Ele também dividiu os boxes da mesma Ganassi com o atual campeão Dario Franchitti e anteriormente na Andretti com o brasileiro Tony Kanaan.

    Responda a este comentário

  6. Robinson
    23/10/11 - 12:13

    Passadas menos de 24h do funeral de Dan Wheldon, a maldita bruxa continua solta no mundo da velocidade.

    Há poucos instantes faleceu o italiano Marco Simoncelli, piloto da Honda na MotoGP, na segunda volta do GP da Malásia.

    Após cair de sua moto, o italiano foi atropelado por Colin Edwards – que acabou fraturando o ombro – e por Valentino Rossi.

    Transportado de helicóptero para o hospital, foi declarado morto depois de insistentes tentativas de reanimação.

    Acho que vou comentar apenas campeonatos de sinuca e pôquer daqui em diante…

    Responda a este comentário

    Jorge Caldas

    Porra, o Simoncelli tb? Caralho…

    Lembrei de uma corrida q vi nesse ano em q ele, tido como azarado, conseguiu chegar num pódio em uma etapa. Até os narradores do Sportv fizeram festa por isso…

    Lamentável…

    Responda a este comentário

    Jorge Caldas

    Pra quem tiver coração forte…

    Responda a este comentário

    Victor

    Eu não duvido que pôquer gere alguns enfartos

    Responda a este comentário

    Robinson

    Tênis de mesa, então…

    Responda a este comentário

    rafael botafoguense

    a do Dan Wheldon foi mórbida demais. e, pelo comment do Jorge, parece que essa também. doideira.

    Responda a este comentário

    rafael botafoguense

    Ah, tá de sacanagem!!!

    “Fã de rock e hip-hop, seu estilo dentro e fora das pistas lembrava o de Valentino Rossi, recordista de títulos na MotoGP. Até o cabelo lembrava o de Rossi no início da carreira. Além de fã, Simoncelli era vizinho e amigo do ídolo.”

    “No ano seguinte, o italiano teve dificuldades para se adaptar à MotoGP e sofreu dois acidentes ainda na pré-temporada, em Sepang – no segundo deles, quebrou seu capacete. Por uma infeliz coincidência, foi exatamente na Malásia onde aconteceu o acidente fatal deste domingo.”

    Responda a este comentário

    Jorge Caldas

    Pq o cara, assim como o Valentino, tb era um figuraça da Moto GP. O cara era loucão, mesmo.

    Responda a este comentário

    rafael botafoguense

    separei essas partes pq achei macabro também. O amigo dele passou em cima do braço dele e ele já tinha quebrado o capacete na Malásia. Não é crítica a notícia.

    no do Dan Wheldon era a 2ª corrida dele no ano (na 1ª tinha ganho Indianapólis). Correu como convidado ainda e a on board tava em cima dele na hora do acidente. bizarro essas paradas.

    Responda a este comentário

    Robinson

    Para competir no automobilismo eu já considero que o cara tem que ter vários parafusos a menos.

    No motociclismo, eu penso que os caras não têm parafusos há muito tempo…

    Responda a este comentário

    Andre Bona

    [2].

    Na moto, vc é o veículo. Nao existe batida, existe atropelamento.

    Foda esse acidente… muito foda…

    Mas cara, nao adianta nego ficar querendo falar de segurança. É um esporte cujo risco é inerente.

    Responda a este comentário

    Bender

    Meu pai está apenas com moto já há algum tempo.
    Como mês que vem vai mudar e morar um pouco mais longe, comprou agora um carro.
    Fui andar com ele de carro “novo” (é um Escort 96) quando ele disse:
    – carro é muito bom! cheio de lata em volta
    – Como? – eu
    – na moto, a lata é meu joelho
    – Ah tá…

    Responda a este comentário

    Andre Bona

    Porra, Bender, o Escort é uma carreta. É 1.8? O barulhao do bicho 1.8 é fera demais!!! E anda pra caralho!!!! Foda-se a gasolina!

    Em 2002 em tive um 91, 1.8. O bicho era brabo viu???? rs…

    Responda a este comentário

    Alexandre N.

    O motor do Escort do pai do Bender é diferente do que você teve. Até 1994, os carros da Ford usavam o mesmo motor AP da Volks (já que ambas montadoras tinham seus carros montados pela Autolatrina).

    Responda a este comentário

    Bender

    cara, não falei mal do Escort. Gosto muito dessa carreta. Por volta de 94/95 tivemos um Escort L ano 89 e motor 1.6
    o bicho já andava muito. Foi quando eu comecei a aprender a dirigir. Imagino o 1.8

    Esse agora é 1.0, foi o que o orçamento do Bender-pai permitiu. Mas o carro é bom. Comparamos com uma Uno do mesmo ano e o Escort dá show.

    Responda a este comentário

  7. Andre Bona
    25/10/11 - 22:25

    Mr Robinson, tá aqui o vídeo que prometi:

    Depois que fizer o post, pretenderia colocar alguns dos numeros impressionantes do maior gênio brasileiro na F1 (os demais foram “apenas” excepcionais pilotos). Créditos da música (autoria minha e de meu velho na década de 80).

    Responda a este comentário

    Andre Bona

    Bender, se amarrou no video do Piquet? tem alguma sugestão?

    Responda a este comentário

  8. Andre Bona
    25/10/11 - 23:41

    N. Rocha garante Vasco x Bota em SJ

    http://www.netvasco.com.br/n/99214/n.-rocha-garante-vasco-x-bota-em-sj-e-fala-em-ampliacao-para-libertadores

    Por favor cidadão, então aja rápido, porque o prazo está curto.

    Responda a este comentário

    Andre Bona

    postei no lugar errado. F-se.

    Responda a este comentário

  9. Serginho Valente
    26/10/11 - 12:18

    http://www.corriere.it/appsSondaggi/pages/corriere/d_96.jsp

    Chi è il pilota di Formula1 più grande di tutti i tempi?

    Ayrton Senna 70.8%
    Alain Prost 15.9%
    Michael Schumacher 12.2%
    Juan Manuel Fangio 1.0%

    Responda a este comentário

    Andre Bona

    a morte cria o idolo.

    Responda a este comentário

    Bender

    brasileiros dominaram o Orkut e Facebook. Dominar pesquisa de jornal é moleza.

    Responda a este comentário

    Serginho Valente

    Sem dúvida.

    Responda a este comentário

    Andre Bona

    Pesquisa pra ver quem é melhor… então se colocassem Jos Verstapen aí e ele tivesse mais votos, ele teria sido o melhor… rs…

    Responda a este comentário

Deixe seu comentário