Home   Open-Bar   Trollagem   Bolão   Mercado da Bola   Copa do Brasil   Seleção   NFL   Contato  

Conheça o Maracanã

June 27th, 2013 por | Categorias: Copa das Confederações 2013, Estrutura.

Eu e o Maracanã

Saindo de Brasil 2×2 Inglaterra freei a vontade de postar sobre as impressões do estádio. Consenso interno determinava que jogos de clubes eram primordiais para tal avaliação, especialmente no tocante à acústica. Todavia, os jogos da Copa das Confederações foram suficientes e a Trilogia Maracanã chegou ao seu fim. É possível determinar de forma superficial sem arroubos sentimentais e sociológicos o que é, ou o que poderia ser, o Maracanã.

Em essência o Maracanã não difere daquele que antes existia ali. Entrar no estádio já cheio como fiz remeteu a mesma sensação de sempre. Visualmente também não houve grandes diferenças. 70.000 pessoas distribuídas em seus assentos mantiveram a sensação de imponência do estádio. Assentos esses bem confortáveis ainda que por pouco não tenham me pregado a peça de tombar, já que sendo reclináveis acabavam por inexistir no retorno das eventuais levantadas corriqueiras no jogo de futebol. Não é difícil se acostumar.

Barulhentos, mas ordinários

Barulhentos, mas ordinários

A partida do Brasil deu a entender que o potencial acústico do estádio era excelente, mas não foi utilizado durante o jogo. A minha impressão era que a ausência de instrumentos e, vá lá, de torcedores organizados ditando cânticos eram os causadores da áurea torcidal minguada no jogo da Seleção, porém, os jogos seguintes mostraram que meu erro de avaliação consistia em um elemento ligeiramente peculiar, que era maneiro mas que sabotava a acústica do estádio. Bastões infláveis.

Esses bastões infláveis são uma solução para fazer barulho absurdamente superiores a chatice das Vuvuzelas ou a viagem lisérgica granista de Carlinhos Brown. Dois bastonestes por torcedor e o esporro seco já se faz ouvir altíssimo. Som altíssimo que por sua vez matava qualquer possibilidade de se fazer ouvir sons emitidos pela voz, mesmo que em uníssono, e naturalmente impossibilitando sustentar qualquer cantoria mais prolongada. Sem os bastões nas partidas da Copa das Confederações o que se viu foi a torcida se manifestando como ditavam as partidas bem a caráter de uma tradicional partida de futebol. Torcida Organizada não serva para nada, reforço o Parecer.

No jogo neutro, visualmente inferir preferência para Itália ou México era complicado. Aparentemente as arquibancadas salpicavam-se com o verde predominando sobre o azul, mas o hino italiano falou mais forte. O jogo prosseguiu com aplausos a toda jogada ofensiva e comemorações nos 3 gols da partida, 2 italianos e 1 mexicano. Já entre Espanha e Taiti a coisa mudou de figura porque o time da casa se fez presente nas arquibancadas que por um misto de deboçagem e empatia segurava cânticos e apoio perene ao azarão e repúdio aos Campeões do Mundo. Repúdio que não calava o som de comemoração de gols dos que torciam pelos espanhóis.

Felipão observa - Brasil 2x2 Inglaterra

O calcanhar de aquiles do Maracanã 2000-2010 sem sombra de dúvidas era seu escoamento canhestro estrangulado pela supressão das rampas superiores para a instalação dos camarotes na base da gambiarra. O Bode foi retirado da sala e até mais organizado com a junção das vias que outrora destinavam-se exclusivamente às cadeiras e geral. Para jogos sem separação de torcidas funcionou à contento.

Zona de vivência já dentro do complexo

Zona de vivência já dentro do complexo

A ampliação do espaço do estádio ao seu entorno, tanto com a criação da zona de convivência após a área de revista quanto à limitação da circulação de automóveis dando o espaço aos espectadores da partida criaram tranquilidade afetada apenas por questões pontuais que puderam ser combatidas seja com esmorecimento em revista ou com flexibilidade em deslocar excesso temporário para entrada por outro setor desafogado. O aspecto acesso carece, entretanto, de ser verificado para condições mais cotidianas sem esquema especial de trânsito no entorno.

Com dois jogos nas costas, tive a oportunidade de testar o terceiro na ótica de quem usa cadeira de rodas e, nesse aspecto, o estádio recebeu todos os elogios possíveis. Acessos, cadeiras, telões e banheiros. Em diversos patamares e setores do estádio existe a presença de locais destinados a gente na cadeira de rodas e seu acompanhante. Locais com posicionamente privilegiado mas organicamente inseridos na composição popular do estádio permitindo a integração com a torcida. Esses locais privilegiados, entretanto, pareceram chamariz dos torcedores com hemorroidas que por diversas vezes paravam por ali para dar uma espiadinha no jogo e só saiam quando levavam uma saraivada de reclamações da galera ou quando um voluntário intimava-o a ir procurar seu lugar.

A deficiência mais gritante em minha experiência foi o acesso aos produtos de alimentação. Mesmo que diversos pontos de abastecimento tenham sido colocados as filas demoravam a se extinguir e quem não curte perder nada de uma partida simplesmente não consegue comprar alguma coisa. Eu passaria o jogo a seco não tivesse quem se dispusesse a perder o gol de Balotelli por mim. Os banheiros sempre vazios e tranquilos mereciam maior fluxo proveniente da cervejinha de volta ao Maracanã.

Fachada lateral escrotizada em prol da acessibilidade

Fachada lateral escrotizada em prol da acessibilidade

Inscreva seu e-mail e confirme pelo link eviado para receber novos artigos do Blá blá Gol.

Comentarios Enviar por e-mail Enviar por e-mail

6 Comentários para “Conheça o Maracanã”

  1. Rodrigo
    27/06/13 - 8:09

    Muito legal, Victor.
    Porém tenho uma crítica ao novo Maracanã, que é ter mantido a imponência. Paulo Aff. já tinha me chamado a atenção para o fato de ver o jogo muito de longo, pois foi mantido o traçado das antigas arquibancadas e cadeiras. Apesar de eu não ter ido lá, isso parece se confirmar ao se comparar a sua foto com as minhas do ManéVisão de campo no Mané Garrincha.
    No mais, tudo parece ter ficado melhor.

    Responda a este comentário

    Victor

    A última coisa que coloquei foi o título. Ele originalmente seria “Impressões sobre o novo Maracanã”. Porém, como não retornaria a fazer um post depois, tasquei esse mesmo e os comentários que façam seu trabalho para melhorias futuras.

    Fiquei em 3 lugares nos jogos que fui. 2 vezes atrás do gol e outra na lateral próximo a uma das goleiras.
    Atrás do gol no jogo do Brasil achei longe. Era nível 2 fileira I. Desacostumei a ver o jogo tão do alto. Mesmo no Maracanã velho não ficava por ali, especialmente porque eu também migrava mais para a diagonal.
    Em Itália x México já foi ótimo. Atrás do gol, Nível 2 fileira B. Dali para baixo pode ir sem problemas.
    Espanha x Taiti fiquei na entrada do túnel do nível 3 e foi muito bom para ver o jogo também.

    Devem existir uns 30.000 a 40.000 lugares em que a visão para mim é bem satisfatória.

    Responda a este comentário

    Victor

    Fotos tiradas dos locais, sem zoom.

    Brasil 2×2 Inglaterra, atrás do gol – Nível 2 – Fileira I

    Itália 2×1 México, atrás do gol – Nível 2 – Fileira B

    Espanha 10×0 Taiti, lateral na linha da goleira – Saída do túnel do Nível 3

    Responda a este comentário

  2. Matheus
    27/06/13 - 9:45

    “Scooby-Doo, cadê você?”

    Responda a este comentário

  3. Bender
    28/06/13 - 16:32

    Quando eu for leio o post e comento.

    Responda a este comentário

  4. Bender
    30/08/13 - 10:49

    “Em essência o Maracanã não difere daquele que antes existia ali. Entrar no estádio já cheio como fiz remeteu a mesma sensação de sempre.”

    Por aí!

    Pra mim foi praticamente a mesma coisa. Trânsito pra caralho, enorme dificuldade para estacionar, confusão na entrada, filas nos bares.

    Tentei mas não consegui usar meu lugar marcado.

    A saída melhorou pois tiraram o bode da sala.

    O que mudou? O telão e o sistema de som que são irados.

    Responda a este comentário

Deixe seu comentário