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Artigos sobre ‘Nelson Piquet’

60 anos do tricampeão maldito

January 20th, 2012 | 37 Comments | Filed in Nelson Piquet

Tricampeões mundiais de Fórmula 1 são seres especiais. Jack Brabham, Jackie Stewart, Niki Lauda, Ayrton Senna, Alain Prost (ah, vá lá… o francês é um tricampeão que, metido a besta, venceu um campeonatinho a mais…). Falta um.  Aquele que no Brasil desperta a admiração de uns, o desprezo de outros, mas mesmo sendo (aqui roubo uma expressão utilizada por Vinícius de Moraes) um dos caras mais “antiautopromocionais” da história do esporte, absolutamente ninguém fica indiferente a ele. Na última  sexta-feira foi comemorado o sexagésimo aniversário de Nelson Piquet Souto Maior. O carioca de Brasília, o vascaíno, o sarcástico, o controverso, o gênio, o tricampeão. O Blablagol, como um reduto de fãs desse cidadão, não poderia deixar a data passar sem uma homenagem.

Piquet não se resume ao que ele fez na pista. Não dá para separar a velocidade e a inteligência de seu estilo de guiar do piloto com graxa na cara, conhecedor de cada mola e parafuso de seu carro, um verdadeiro mestre na arte de fazer um carro comum se tornar vencedor. Tampouco se pode desprezar o lado Professor Pardal, criador de soluções que revolucionaram a forma de se fazer automobilismo. Mas no fundo, o que distingue Piquet de todos os outros tricampeões como ele é a personalidade forte, a língua ferina, a autenticidade. Piquet foi durante sua carreira a antítese do garoto-propaganda desejado pela TV para substituir o afável Fittipaldi; ainda assim, enquanto o Rato colocou o Brasil no mapa mundi do automobilismo,  coube ao nosso primeiro tricampeão a responsabilidade de mostrar que o Emerson não era simplesmente um ponto fora da curva em um país exótico, quase exclusivamente futebolista. Foi a consolidação do país como celeiro de talentos da velocidade. E para completar o perfil, falta aquela pitada de molecagem. O mulherengo, o criador e contador de causos do ‘submundo’ dos homens do automobilismo que corre em paralelo às pistas.

Para Piquet, não bastava ser o piloto que mais acelerava. O seu conhecimento mecânico, sua verdadeira devoção pela máquina e sua busca pelo aperfeiçoamento de cada detalhe revelam que esse tricampeão tratava seus carros, em seu horário de trabalho, com a mesma atenção e cuidado com que cortejava as mulheres fora dele. Ao contrário da maioria dos pilotos, para os quais o carro é apenas um meio de transporte coadjuvante do seu próprio talento, Piquet estabelecia uma relação comparável à de um cavaleiro e sua montaria: não bastava saber o nome do cavalo, mas é preciso saber como ele se sente, se está ou não em um bom dia para competir e treinar, entender o significado de cada respiração do animal. Basta ver como a praticamente todos os carros que ele guiou – exceto aquela amaldiçoada Lotus de 1988 – sempre o trataram muito bem em reciprocidade.

Se as merecidas comemorações começaram na sexta-feira, o grande presente chegou no sábado. O herdeiro favorito do clã Piquet realizou uma nova façanha nos EUA, onde desbrava novos caminhos para sua carreira. Nelsinho venceu sua primeira corrida na NASCAR Truck Series, sendo que em 2012 ele já havia vencido outra pela Nationwide Series. Para completar, Piquet pimpolho usou na corrida uma réplica do capacete de seu pai nos tempos em era moleque e competia com o sobrenome Piket para esconder sua paixão dos pais e tentar evitar a proliferação dos cabelos brancos da dona Clotilde e do Doutor Estácio. O timing não poderia ser mais perfeito. E assim segue a saga desse nome que, lá na minha infância, me ensinou o significado da palavra “ídolo”.

Vida longa ao tricampeão!!!

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