Home   Open-Bar   Trollagem   Bolão   Mercado da Bola   Copa do Brasil   Seleção   NFL   Contato  

Artigos sobre ‘Rio 2016’

Copão com o Lincão

June 8th, 2010 | 14 Comments | Filed in Copa 2010, Rio 2016

Manna tinha a intenção de desafiar o namorado Lincoln em uma disputa de quem consegue acertar mais palpites no Bolão da Copa. Foi além e sintetizou em um post todo o blábláblá midiático dos últimos 6 meses.

Não precisou nem Cornetar, nem Pachecar. Basicamente, trocou ideia sobre futebol. Simples assim. 15 dias é o suficiente para o bom observador se tornar expert no assunto.

Por Manna Nunes

Para inaugurar a sessão Blá blá Girl resolvi, a pedidos, escrever esse post Copão com o Lincão. São quase quatro anos de relacionamento e é a nossa primeira Copa do Mundo juntos. Em meio às rivalidades entre as 32 seleções estabelecemos uma competição entre nós: quem acertará mais os resultados da primeira fase. De um lado Lincoln, com anos de experiência em analisar o futebol brasileiro e mundial, mas com alguns fracassos em sua trajetória, em especial no Cartola. Do outro, eu, Manna, praticamente novata nos assuntos futebolísticos, que pode (ou não) surpreender no Bolão da Copa.

Paralelamente a essa competição particular, temos a pretensão de acompanhar todos os jogos que conseguirmos, inclusive os mais trashes como Austrália x Sérvia (Grupo D) e Honduras x Suíça (Grupo H). Regados à cervejinha, amendoim, caipirinha e uma bela picanha na grelha acompanhados de vulvuzelas, bandeiras, narração de Galvão Bueno, camisas, mascotes e animação, os jogos da Seleção Brasileira serão como festas. Afinal, o que é Copa do Mundo sem comemoração, sem reclamação, sem sofrimento e, principalmente, sem o Copão de cerveja e sem o Lincão?

Em síntese, chutaremos o cansaço, driblaremos a ressaca, escalaremos os amigos, não usaremos “craque”, deixaremos nosso carrinho em casa (já que se beber, não dirija), debateremos na mesa-redonda, daremos um cartão vermelho para os chatos de plantão (inclusive os chefes), veremos o Brasil ganhar e, depois, cai-cairemos de felicidade e corremos para o abraço, amigo. Ao final dessa maratona de um mês, esperamos não vestir a camisa dos desempregados.

Bate-bola:

  • Convocação: Seguiu os jogadores que o Dunga estava apostando. Se fosse eu a técnica, também não convocaria o Neymar e nem o Ganso pela a imaturidade de ambos. O campeonato brasileiro vem mostrando isso: sem Robinho parece que os dois ficam apagados nos jogos. No último confronto Santos 4×0 Vasco, o Ganso praticamente não tocou na bola.
  • Dúvida: Kaká. No jogo da seleção com a Tanzânia não mostrou a que veio. Poupou-se durante meses para fazer um gol todo estabanado, de peito, de barriga, sei lá… Espero, sinceramente, estar enganada quanto a inércia e passividade do Kaká, mas continuo com a impressão de que ele será mais um no time.
  • Craque: Acho que o craque da seleção brasileira será o Robinho, principalmente se ele mantiver a sua alegria e motivação.
  • Cuidado: Excesso de confiança do time. Posso estar errada, mas a seleção está muito confiante, achando que achar que já ganhou a Copa, o que pode ser prejudicial.
  • Cara-de-pau: Júlio César. Ao invés de ficar atuando dizendo que está com dor, deveria assumir a posição de que preferiu se poupar no jogo contra a Tanzânia.
  • Surpresa da seleção brasileira: Gomes, o goleiro. Nunca tinha o visto jogar, mas tinha a impressão de que ele era um zero a esquerda. No entanto, me surpreendeu ao fazer boas defesas no jogo de segunda-feira.
  • Preocupação: Preocupação com a lentidão do time e dos pequenos vacilos da zaga. Nomes de peso, como Lúcio, Juan e Maicon, não garantem a invencibilidade do time. Preocupo-me também com o costume que vejo da seleção brasileira de sempre pensar no futuro e dar menos valor aos obstáculos que devem ser superados no presente. Não adianta pensar nas oitavas, quartas, semifinais e finais sem vencer, respectivamente, Coréia do Norte, Costa do Marfim e Portugal.
  • Seleções de peso: Argentina, Itália, Espanha, Alemanha e Brasil, seleções que já têm uma tradição consolidada no mundo futebolístico. Acho também que alguns times podem surpreender, tais como África do Sul (principalmente pelo fato de jogar “em casa”) e EUA.
  • Desejo: Como uma brasileira que não desiste nunca, quero que o Brasil vença e que o anão da Branca de Neve traga-nos a taça dourada. Só que o jogo de hoje me fez colocar o pé no chão. Se os jogos amistosos dias antes da Copa são necessários (entendo que esse jogo não deveria ter tido, por conta das 6 horas de viagem), o mínimo que o time tinha que ter feito era mostrar a que vieram, e não ficar na lenga-lenga que foi. O placar não foi acompanhado por um jogo bonito de se ver.

Quem ganha a Copa? Se eu soubesse a resposta, ganharia todos os bolões. Estou entre Argentina e Espanha, mas estou mais propensa ao segundo. Primeiro porque nossos amigos espanhóis nunca venceram nada. Segundo porque a “Fúria” vem se mostrando um time organizado, mesmo não tendo jogadores de renome. Terceiro porque acredito que fatores externos ao futebol interferem nos resultados dos jogos. A perda das Olimpíadas de 2016 para o Brasil pode servir como um desses fatores. Por fim, acredito que essa Copa pode dar alguma zebra.

Manna ainda precisa enviar seus palpites do Bolão. As instruções estão neste link. Além dela, ainda há tempo de todos participarem para humilhar Lincon. Saulo também não enviou seus palpites.

As demais leitoras estão convidadas a deixarem suas impressões futebolísticas, tal como apostarem no Bolão.

Você pode receber nossos artigos de graça pelo seu e-mail. Apenas inscreva-se pela caixa abaixo.

Royalties

March 19th, 2010 | 47 Comments | Filed in Copa 2014, Musas, Olímpicos, Rio 2016

Vamos falar sério. Sem fazer uso das SEXta-feiras hoje. O bafafá não pára. A confusão sobre a polêmica dos Royalties tá sendo mais noticiada que os casos de Chatuba.

Sendo didático vamos a definição de Royalty:

Royalty é o termo utilizado para designar a importância paga ao detentor ou proprietário ou um território, recurso natural, produto, marca, patente de produto, processo de produção, ou obra original, pelos direitos de exploração, uso, distribuição ou comercialização do referido produto ou tecnologia.

Fica a pergunta: quem são os detentores ou proprietários? Coluna da Míriam Leitão de hoje no Globo:

As respostas estão na Constituição. Artigo 20. É tudo da União: mar, rios, ilhas fluviais, lagos, potencial hidráulico, recursos da plataforma continental, recursos minerais, cavernas, terras. Tudo.

Então, a discussão acabou aqui? Não, porque tem o parágrafo primeiro do mesmo artigo que diz que os estados e municípios têm o direito de participar “do resultado da exploração de petróleo ou gás natural, de recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica e de outros recursos no respectivo território, plataforma continental, mar territorial ou zona econômica exclusiva”. Ou então têm direito a “compensação financeira por esta exploração”.

Portanto, é tudo da União, mas a emenda Ibsen (RS) tira o direito dos estados e municípios produtores garantido pela Constituição.

O petróleo é nosso!

Outra questão que é pouco falada é que hoje parte dos Royalties já vão mesmo para a União e que a legislação tributária para o petróleo é diferente. O petróleo é o único produto (commodity) no Brasil que não recolhe ICMS (imposto estadual) na origem. Ou seja, o Rio de Janeiro já não arrecada com os impostos sobre o petróleo, que é cobrado no destino. Se é para redistribuir a bufunfa do petróleo, pois “a riqueza não é só do Rio, mas de todo o Brasil”, então que reveja essa tributação. Analistas dizem que esse ganho compensaria a perda.

E o Blá blá Gol? O que nós temos com isso? Além de naturais do RJ, Sérgio Cabral mandou que “sem os Royalties, esquece Olimpíada e Copa do Mundo”. Parece que tal argumento, mesmo no calor da emoção da possível perda da grana e sem embasamento convincente, mobilizou de vez o povo do Rio de Janeiro e Espírito Santo, rolando até passeata na última quarta com 100 mil pessoas. Quem já foi no bloco Cordão do Bola Preta nada perdeu. Fato que o COI já se posicinou a favor do RJ. Até José Serra saiu do muro!

A verdade é que em ano de eleição, Lula (que possui poder de veto para tal emenda) ficou numa sinuca. Ou desagrada RJ, ES e parte de SP, ou desagrada o Nordeste e Sul do país. O presidente já jogou que “o Congresso que resolva” e deve empurrar a questão com a barriga pelo menos até outubro.

Você pode receber nossos artigos de graça pelo seu e-mail. Apenas inscreva-se pela caixa abaixo.

Foreign View

March 9th, 2010 | 3 Comments | Filed in Olímpicos, Rio 2016

Produto Nacional - deixa encher

Gosto de ler artigos da imprensa de fora do Brasil. Sem muitos vícios temos uma visão de como os gringos nos enxergam.

Em uma revista de negócios americana que apareceu aqui na minha mesa, recheada de Jogos de Inverno, achei uma nota que transcrevo abaixo:

The floats and dancers of Rio de Janeiro’s premier samba schools wiil bring the world’s most famous Carnival to a peak. The half million foreigners who come for this annual event demonstrate that Rio can handle the crush of visitors the 2016 Summer Olympics will draw.

Direto ao ponto.

Metade dos maiores problemas da Cidade Maravilhosa apontados pelo Comitê Olímpico Internacional foi a rede hoteleira, sendo que todo ano o Rio recebe milhões de turistas. Não deixa de ser irônico.

Você pode receber nossos artigos de graça pelo seu e-mail. Apenas inscreva-se pela caixa abaixo.

Cadê a Perimetral?

November 27th, 2009 | 24 Comments | Filed in Rio 2016

Tá rolando pela net um monte de ilustrações bonitas dos projetos para as Olimpíadas no Rio em 2016.

SUMIU

SUMIU

Passando pelas imagens das diversas reformas, entre elas, do Maracanã que vai diminuir ainda mais (pra quê um estádio no RJ com capacidade para 100 mil pessoas né mesmo?) , do Engenhão (afinal, uma construção tão antiga assim precisa ser reformada), do MAM (?)… entre outras, me deparo com a revitalização do Porto.

Faz-se até propaganda nos elevados

Faz-se até propaganda nos elevados

Pensei: “devem ter uma carta na manga, não é possível”. Bom, numa sensacional pesquisa de alguns minutos li que o projeto para o Porto é transformar a Perimetral num Mergulhão.

Eles não dão atenção à um dos principais problemas apontados pelo COI: o caótico trânsito carioca.

Não quero nem imaginar o transtorno durante e depois da obra.

Você pode receber nossos artigos de graça pelo seu e-mail. Apenas inscreva-se pela caixa abaixo.

O Carioca Vai Renascer – Rio 2016

October 6th, 2009 | 5 Comments | Filed in Rio 2016

Meu avô estava velhinho, quando me disse com os olhos úmidos:

“É chato morrer, meu neto, porque eu nunca mais vou ver a Av. Rio Branco!… Foi um pungente sentimentos carioca. Era na Avenida que ele me levava, para tomar “frapé” de côco na Casa Simpatia.

Para fazer meu filme, recentemente, andei por todos os subúrbios e vi com horror a decadência, não digo dos miseráveis, mas da classe media sem rumo, sem dinheiro, sem desejo. Não quero falar dos ratos políticos que destruíram a cidade nas ultimas décadas, não, isso é conhecido em nossa vergonhosa historia. Mas, sinto que depois de décadas de criticas contra a obvia catástrofe urbana alguma consciência civil já se consolidou. Se houver transparência nas obras de infra-estrutura, sem roubos, podemos ter um novo futuro, legado até pelo acaso dos votos de uma comissão dinamarquesa. Agora, nós, cidadãos, temos de vigiar a execução de um sonho, impedindo superfaturamentos, desvios de recursos, para que as olimpíadas não sejam pretexto para aventureiros.

De qualquer forma, uma morta ressuscitou: a esperança. E, como vão revitalizar o porto e a Lapa, o humor dos cariocas também pode renascer. Mas, aqui não quero listar saudades. Claro que lembro do bonde entrando na galeria Cruzeiro, sob a chuva, no carnaval, claro que lembro do tempo em que as geladeiras eram brancas e os telefones eram pretos, como definiu Rubem Braga, mas, não me interessa o tempo – apenas o “espaço” do Rio, as coisas que vejo desde criança como carioca do Meyer, da Urca e Ipanema: cores, cheiros, ventos da terra e do mar, sal e peixes, súbitas luzes, súbitas brumas, súbitas “brahmas”. Assim como Salvador flutua sobre o olho do oceano, o Rio tem um espaço que nos define e desenha.

Sei que corro o risco da subliteratura, mas enfrentá-lo-ei de testa alta.

Vejo a púrpura que colore por instantes a Lagoa antes do crepúsculo, nos dias em que a água é um espelho sem uma onda, sem um peixe saltando, ouço os quartetos de cigarras abrindo o verão, vejo o esquilo atravessando a estrada das Canoas, a cotia do campo de Santana farejando perigo, ando sob a chuva quente que faz subir vapor nas calçadas, vejo as flores dos flamboyants caindo como gotas de sangue, vejo uma garça magra e branca como um manequim em desfile caminhando no Jardim de Alá, olho os imensos granitos de 500 milhões de anos atrás de minha casa, onde os dinossauros se aqueciam, contemplo os urubus dormindo na perna do vento do Corcovado e um teco-teco vermelho passando entre eles, anoto as nuvens rosas no Pão de Açúcar em fins de tarde, a cara do imperador assírio na Pedra da Gávea.

Apesar do trafico e violência , há nos morros uma sabedoria calma de velhos sambistas, há Zeca Pagodinho e tudo que ele preservou, há os poéticos caixotinhos dos apontadores dos bicheiros, vendendo apostas nas esquinas em calmas conversas com aposentados, há as frutas, os legumes, as gargalhadas dos feirantes nas manhãs, há a malandragem , o tom debochado do carioca sabido, o arrastado sotaque que evoca a desconfiança nos poderes da capital que já fomos, ritmos e gestos nascidos nos balcões de secretarias desde os tempos do Rei, sotaque curvo como a paisagem arredondada, oscilando em negaças e volteios, a fala marcada por sambas, metáforas vivas condensando morte e amor, cachaça, empada, navalha, bilhares e futebol. Entre a fórmica, os sujos grafites e os edifícios boçais, dá para ver ainda pedaços dos anos 50, restos de uma delicadeza perdida, as anedotas que se renovavam a cada semana, com papagaios e portugueses, piadas que morreram e que podem renascer. Há, sim uma beleza em nossas fragilidades, no “samba, na prontidão e outras bossas que são coisas nossas…” , há a poética dos camelôs, objetinhos insignificantes nos tabuleiros, há também, apesar da decadência, uma satisfação cotidiana nos subúrbios, uma alegria desesperançada, uma aceitação das impossibilidades, diferente dos lamentos utópicos de inocentes do Leblon; há, sim, o jeito de andar das cariocas (olha o jeitinho dela andar), hoje com barrigas de fora e calças apertadas, sim, uma sexualidade forte não de celebridades de plantão, mas das gostosíssimas comerciarias e bancarias ao fim do expediente no Centro, há o prazer de amar a cidade de novo, principalmente depois que o prefeito derrubou o muro da vergonha do César Maia no poético bar 20, onde o bonde fazia a curva desde o inicio dos tempos (só falta derrubar a piroca de plástico do Casé), há a tragédia da miséria em toda parte, sim, mas entre os raios da tristeza , há os inúmeros grupos de choro e samba, tocando anônimos nos botequins e sob sovacos de morro, há uma alegria soterrada que pode reflorir daqui para frente, para alem da excessiva euforia das escolas de samba, uma alegria mais discreta e verdadeira, há a alma de Nelson Rodrigues entre botequins e negões, que diria que, depois da vitoria em Copenhagen, os cariocas são “príncipes e Napoleões tropeçando nos próprios mantos de arminho”, não mais vira-latas; há coisas ínfimas que só o carioca vê, detalhes tão pequenos de nós dois, há um velho Rio cultural, com cinema, teatro, musica, que decaiu mas que pode renascer, há uma preguiça sábia, diferente da paranóia paulista, há uma preguiça para alem do ócio ou do desemprego, a preguiça das conversas, de um ritmo sem capitalismo, há restos de trilhos de bonde entrevistos nas falhas do asfalto, há a cidade desenhada sobre um corpo de mulher, tudo é redondo, doce, as montanhas da Barra são mulher, as curvas, tudo mulher, há a linha infinita da restinga de Marambaia à Joatinga, linha frágil que divide o mar ao meio, e finalmente há até a poética da sujeira, da zorra total, do baixo mundo, há a putaria poética em Copacabana entre putas, veados, aloprados, lunfas, potrucas, michés, miquimbas e cafifas, todos num desabrigo corajoso e batalhador.

O carioca vai reviver.

Arnaldo Jabor – O Globo 06/10/09

Você pode receber nossos artigos de graça pelo seu e-mail. Apenas inscreva-se pela caixa abaixo.

Rio 2016 – Vice é o Caralho

October 2nd, 2009 | 55 Comments | Filed in Olímpicos, Rio 2016

Roberto Dinamite e Sérgio Cabral

Você pode receber nossos artigos de graça pelo seu e-mail. Apenas inscreva-se pela caixa abaixo.