Nardoni anda invocado com a pecha de retranqueiro de Mourinho. Não tanto pela fama mas pela amostragem insuficiente que provoca a mesma, meros 3 jogos. Compreendo e compartilho integralmente de seu desconforto pois penso o mesmo em relação à passagem de Muricy pelo Fluminense que se virou como pode para conquistar um caneco em um time sem Fred, Emerson e Deco mas foi julgado como se tivesse essas estrelas à disposição.
Por Alexandre N.
O que vou explicar agora NÃO leva o Real Madrid em consideração, devido aos jogadores que o time possui.
Pesquisando a parte tática dos times do Mourinho, percebe-se que ele sempre usou dois esquemas: O 4-3-3 com meio em triângulo e o 4-4-2 com o meio em losango, pois segundo ele estes dois esquemas são os que melhor ocupam os espaços dentro do campo. O time da Inter variou entre estes dois esquemas durante a era Mourinho.
Não importando qual dos dois esquemas usados, Mourinho sempre deixou bem claro que todos os jogadores do time tinham que cumprir algumas funções táticas. Os atacantes abertos, por estarem próximos dos laterais, inevitavelmente marcavam os laterais adversários. Porém, você tem que concordar que não via o Eto’o indo na linha de fundo da própria defesa atrás do adversário.
Aperta, porra.
Porém, aquele jogo de volta da semi da Champions deixou esta impressão errada pro Mourinho.
O que ninguém leva em consideração, ou mesmo se faz de desentendido, é que naquele primeiro jogo a Inter jogou como o Barcelona! Marcou a saída de bola do Barcelona no próprio campo de ataque e fazia a transição defesa / ataque de maneira rápida e compacta. Foi assim durante todo o jogo e o resultado final acabou sendo 3 x 1 a favor do time italiano.
No segundo jogo (o fatídico jogo da retranca), a Inter se comportava de maneira parecida, até a expulsão do Thiago Motta. Daí, com UM JOGADOR A MENOS, Mourinho arrumou o time daquela maneira. Agora, respondam-me uma coisa: Quem no lugar dele faria algo diferente?
Quanto a questão retranca, acho que temos que levar algumas coisas em consideração. Não podemos confundir marcação forte no campo de ataque com marcação forte no campo de defesa. Os times do Mourinho prezam prioritariamente o uso de um esquema em que os jogadores ocupem de forma correta os espaços no campo e fazendo a marcação no campo do adversário. Só em ocupar um determinado espaço do campo já atrapalha o adversário o suficiente pra tumultuar o início das jogadas de ataque, sendo que o jogador designado nem precisa ser tão bom marcador assim. Desta forma, o time sempre tem o controle da partida (ou como costumam dizer, é um time ativo).
Embebedado em títulos
Agora, é muito diferente quando o técnico organiza seu time num esquema forte de marcação na defesa. Isso faz com que o time seja reativo. E um time reativo geralmente tem muitas dificuldades em conseguir virar placares adversos.
Como a maioria aqui no País não acompanha o futebol europeu, pegam as informações daquele jogo atípico e começam a julgar o Mourinho por aquilo.
Façam um teste. Perguntem pra maioria das pessoas conhecidas qual é a opinião sobre ele. A grande maioria dirá que ele é retranqueiro e usar aquele jogo pra corroborar a opinião sobre ele.
Quem quer mesmo conhecer o trabalho do Mourinho, deve em primeiro lugar, acompanhar os jogos dos times do Porto e do Chelsea que ele comandou. Há também um livro que escreveram sobre ele chamado “Mourinho: Porquê tantas vitórias?”.