Que beleza!!! Na night de Cingapura
Ninguém pode acusar os deuses da velocidade de não terem senso de humor. Um humor bem sádico, diga-se de passagem. Lewis Hamilton encaminhava para sua terceira vitória nas últimas quatro corridas de forma inapelável, mas os deuses brincalhões resolveram contrariar a melhor fase da McLaren no ano e deixaram o inglês sem nenhuma marcha para contar a história. Azar de um, sorte de outros. Com a liderança caída no colo, Sebastian Vettel acelerou para ganhar a corrida e voltar a ocupar a segunda posição do campeonato, com Jenson Button em segundo e o astuto – e largo pra caramba – Fernando Alonso em terceiro. Imensa é a felicidade da Ferrari, pois seu piloto consegue a façanha de sustentar em 29 pontos de vantagem sobre o segundo colocado mesmo apresentando um carro de desempenho irregular, longe de estar entre os melhores do ano. Com seis corridas pela frente e contando com a ajuda divina, el fodón de las Astúrias não corre mais para ganhar corridas; corre para ser campeão. Está fácil, no papo?? Não, nem um pouco, mas a confiança do espanhol está lá no alto, e se ele vier a confirmar o título, será épico.
O moleque Vettel está vivo na disputa
No geral, foi uma corrida truncada, com algumas ultrapassagens arrancadas a fórceps. Narain Karthikeyan deu a sua colaboração para a emoção ao acertar o muro e provocar uma bandeira amarela. Em sua versão Maracujina, Pastorzinho “paz e amor” Maldonado fazia uma prova tranquila, longe dos salseiros que vinha provocando ultimamente. O terceiro lugar estava muito bom, mas uma pane hidráulica deixou o venezuelano de fora. Michael Schumacher protagonizou a maior bizarrice da corrida, quando sua flecha de prata travou as quatro rodas e tornou o alemão mero passageiro. Jean-Éric Vergne foi colhido pelo caminho, e nada mais tendo a fazer, aceitou as desculpas do heptacampeão e voltou a pé para os boxes. E a FIA continua com a política de punições indiscriminadas: A patacoada de Schumacher custou dez posições no grid da próxima corrida, apesar de ter sido um erro, e não uma atitude deliberadamente antidesportiva.
Os brasileiros não tiveram um começo lá muito animador. Bruno Senna conseguiu o feito de bater três vezes no mesmo ponto em dois dias de treino, e a última foi afetou tanto seu Williams que seu câmbio precisou ser trocado para a corrida (ou seja: menos cinco posições…). Felipe Massa fez uma classificação mais uma vez discreta. Na corrida, tudo mudou. Ambos andaram muito bem, e olha que o ferrarista caiu para último na primeira volta por conta de um pneu furado. Senna sustentou um ritmo de deixar o titio orgulhoso, até que seu Williams também resolveu parar na pista. Ele poderia já ter jogado tudo pelo ralo ao espremer a Ferrari de Massa no muro quando eles disputavam a nona posição. Já que a moda é punir, na mudestíssima opinião desta coluna, Senna mereceria no mínimo uma reprimenda, porém, o piloto-fiscal da vez era Allan McNish, escocês, amigo do titio, aliviou a barra do piloto da Williams. No further action. Massa continuou na batalha, e seu oitavo lugar teve um gostinho de… oitavo lugar. Pelo menos, apesar de mais uma temporada meia-boca, ele vai ficando cada vez mais favorito à sua própria vaga na Ferrari para 2013. Olho aberto: nem a falta de opção no mercado segura ele no time no caso de nova recaída.
Aconteceu antes da largada uma merecida homenagem ao cara que foi o verdadeiro anjo da guarda das pistas da Fórmula 1. Se a alcunha de “professor” ficou famosa em referência a Alain Prost, até 2005 havia outro Professor no paddock: Sid Watkins, o médico neurocirurgião, que desde os fins dos anos 70 foi responsável por implementar procedimentos de segurança e criar os protocolos de atendimento de emergência que salvaram diversas vidas durante seus anos no Medical Car. Ele foi sem a menor sombra de dúvida um dos maiores responsáveis pela redução drástica da mortalidade de pilotos; da carnificina que caracterizava a década de 70, hoje vemos um período recorde sem fatalidades. Podem perguntar a Martin Donnelly, Rubens Barrichello, Karl Wendlinger… Para lembrar a importância do trabalho desse cidadão, foi ele quem salvou a vida de Mika Häkkinen em seu gravíssimo acidente nos treinos em Adelaide no ano de 1995. Diante do risco de vida iminente, o professor procedeu uma traqueostomia no piloto ainda na pista, e assim permitiu que o finlandês se casasse, tivesse filhinhos e se tornasse bicampeão mundial de F1. Desde sua aposentadoria, seu posto é ocupado pelo doutor Gary Hartstein, seu braço direito durante vários anos.
O Professor Sid faleceu na semana passada aos 84 anos, mas seu legado pode ser conferido a cada domingo de GP de Fórmula 1.
A próxima etapa é no Japão,dia 7 de outubro. Não se esqueçam de votar.
Finalmente, o Professor foi pescar no céu com seu amigo Ayrton