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Artigos sobre ‘Fórmula-1 2010’

O duelo Zeropontista da F1

September 26th, 2012 | 149 Comments | Filed in Fórmula-1, Fórmula-1 2010

Os pilotos Karun Chandhok e Bruno Senna começaram juntos na F1 em 2010 como companheiros e travaram belos duelos.

Resultados nas provas que competiram pela equipe HTR.

Grid:

Bahrain: Chandok 24, Senna 23 (Senna 1×0)
Austrália: Chandok 22, Senna 21 (Senna 2×0)
Malásia: Chandok 22, Senna 23 (Senna 2×1)
China: Chandok 24, Senna 23 (Senna 3×1)
Espanha: Chandok 24, Senna 21 (Senna 4×1)
Mônaco: Chandok 23, Senna 22 (Senna 5×1)
Turquia: Chandok 24, Senna 22 (Senna 6×1)
Canadá: Chandok 24, Senna 22 (Senna 7×1)
Europa: Chandok 23, Senna 24 (Senna 7×2)

Chegada:

Bahrain: ambos saíram
Austrália: Chandok 14º, Senna saiu (Chandok 1×0)
Malásia: Chandok 15º, Senna 16º (Chandok 2×0)
China: Chandok 17º, Senna 16º (Chandok 2×1)
Espanha: ambos saíram
Mônaco: Chandok 14º, Senna saiu (Chandok 3×1)
Turquia: Chandok 20º, Senna saiu (Chandok 4×1)
Canadá: Chandok 18º, Senna saiu (Chandok 5×1)
Europa: Chandok 18º, Senna 20º (Chandok 6×1)

Mito zeropontista

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O título para o verdadeiro campeão*

November 17th, 2010 | 18 Comments | Filed in Fórmula-1 2010

Um campeão surgido no deserto

Para a alegria geral (do escriba de F1 deste blog…), deu Sebastian Vettel. O mais jovem campeão de Fórmula 1 de todos os tempos escreveu seu nome na história do esporte com uma virada espetacular. Venceu um jovem sim, ainda imaturo, um menino que cometeu erros ao longo da temporada, se expôs e sofreu críticas, enfrentou dentro de sua própria escuderia um experiente intimidador de parceiros (louco para não perder o que pode ter sido a chance da sua vida)  além de outros três campeões mundiais. Só que nas últimas quatro corridas, ele só não venceu uma delas porque na Coreia o seu motor Renault o deixou na mão a algumas esquinas da vitória. Na hora da verdade, Mark Webber rateou, e principalmente, a Ferrari mostrou que precisa de algo além de Fernando Alonso e das suas mutretagens, brilhando assim a nova estrela da Fórmula 1.

Vettel impressiona desde cedo. Ele é cria do projeto de desenvolvimento de pilotos da Red Bull, entrou pela Toro Rosso e deu ao time (lembremos que a Toro Rosso é a finada Minardi vestida de azul) a primeira pole e vitória, subiu ao time principal e repetiu o feito. Ainda completou o serviço com o título de construtores e a cereja do bolo: o campeonato mundial de pilotos.

Palmas para o campeão e para a sua equipe. Adrian Newey construiu um carro magnífico, todo o time trabalhou com seriedade e não cedeu às pressões para “priorizar” um piloto em detrimento do outro, atitude que tiraria toda a beleza da recuperação e da conquista de Vettel. O choro transmitido via rádio foi ainda mais marcante pela espontaneidade: para que o piloto se mantivesse focado na corrida, ele não foi informado em nenhum momento pela equipe sobre as posições de seus oponentes, e só após a bandeirada o alemão despenteado soube que era o vencedor deste que foi o mundial mais disputado da história da categoria.

Vamos combinar: um fim de campeonato desses não merecia uma pista tão horrorosa, chatíssima. Não adianta ficar dizendo a toda hora que é um espetáculo no seu entorno, que os hotéis blablabla…, que o parque da Ferrari blablabla… Eu estou no meu sofá, a uma distância de 11.751 Km, e tudo o que quero saber é de uma corrida interessante, mas fora o drama, aquilo não diz absolutamente mais nada.

Para dar algum tempero mais sofisticado na corrida, a atuação da McLaren foi fundamental para manter Alonso longe do pódio. Lewis Hamilton,  o francoatirador, bem que tentou acompanhar Vettel na espera por um milagre. Jenson Button, já de olho em 2011, foi malandro o suficiente para pular na frente de Alonso logo na largada e dessa forma decretou que o dia estava nublado em Maranello. Castigo merecido, praga rogada por um mundo inteiro que ficou estupefato com o ridículo episódio “Fernando is faster than you“.

Vitaly Petrov = Ivan Drago

O mais engraçado é que, se não fosse a estupidez que a Ferrari cometeu na Alemanha, com menos sete pontos na tabela, Alonso ainda estaria na disputa, porém teria que brigar para ganhar. Porém, com a condição de líder fajuto, a Ferrari trabalhou na mediocridade para, no máximo, aquele quinto lugar que lhe daria o título. Só aí já identificamos dois pecados: preguiça e soberba. As condições da corrida mudaram, a equipe errou pateticamente a estratégia e então Vitaly Petrov baixou com o peso da cortina de ferro sobre as pretensões ferraristas. O soviético russo não tem lugar certo para 2011, mas teve sua mais brilhante atuação nesse domingo, contendo com muita eficiência a fúria do touro espanhol.

Outro piloto que não tem contrato para correr no ano que vem é Nico Hülkenberg. A mais nova fera germânica melhorou muito na segunda metade do campeonato, sendo seu auge a brilhante pole-position em Interlagos, nas mesmas condições dificílimas que o seu professor Rubens Barrichello enfrentou em um longínquo GP da Bélgica em 1994, quando obteve também sua primeira pole. Nem todo talento do mundo salvaria o alemão da draga financeira que vive a Williams, e ele deve ser substituído por Pastor Maldonado, venezuelano e cheio do dinheiro liberado por Hugo Chávez. Já o ancião brasileiro partirá para sua 19ª temporada.

Bruno Senna ainda não disse a que veio, mas tudo indica que seguirá para a Lotus – aquela que não merece se chamar Lotus. Tony Fernandes, marketeiro que só ele, já anunciou parceria com os motores Renault e que seus carros no ano que vem profanarão a nossa memória do preto e dourado da velha Lotus. E aproveitando o capacete do Senna sobrinho quase idêntico ao do tio, quer trazer uma onda saudosista, apesar de saudosismo por si só não levar ninguém a lugar nenhum. O maior problema dele é que o grupo Proton – este detentor dos direitos sobre a marca Lotus para carros de rua – já negocia a compra de parte da equipe Renault (propriedade do grupo Genii) e o time seria rebatizado de… Lotus-Renault. Peralá: duas????

Resultado: a Embratel vai pagar a mudança de Senna para uma  equipe Lotus-Renault preta e dourada, mas ele pode acabar correndo em uma equipe chamada 1Malaysia Racing Team. É levar gato malaio por lebre. E é muita polêmica para pouco desempenho.

A última imagem de 2010 é esta: o novo campeão cercado pelos dois últimos, sacudindo uma garrafa que não é de champagne. Tempos estranhos na F1… de qualquer forma, as lições estão aí. Aprenda quem quiser.

Campeões saudando o mais novo membro do clube

* os cabeçalhos provisórios para esse post eram “o dia em que o talento perdeu para o ‘regular'”, “Red Bull: como colocar tudo a perder em três atos”a arte de ser campeão sem ter o melhor carro” ou “então, os vermelhos estavam certos?”. Mas ao final da corrida, os deuses da velocidade foram justos. Justíssimos.

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Lógica do Massa

November 3rd, 2010 | 12 Comments | Filed in Fórmula-1 2010, Vôlei

Em reportagem publicada hoje no O Globo, Felipe Massa define com clareza o caminho por onde o esporte caminha.

Perguntado se ajudará seu companheiro de equipe, Alonso, a se tornar campeão domingo, o motorista da Ferrari respondeu:

“Eu faço parte de uma equipe e esta equipe pode conquistar o título com outro piloto numa situação específica. Se depender de mim, com certeza. Sou profissional e já fiz isso em 2007. Por que não agora?”

Mas o que mais chamou atenção, foi o paralelo feito com a seleção de vôlei:

“Acho normal se o vôlei entrou para perder um jogo, visando um cruzamento mais fácil lá na frente. É uma estratégia. Acho que isso se chama jogo de equipe. E, pelo visto, deu certo, pois conquistaram o tricampeonato.”

Arrematando:

“Tenho minha opinião e acabou…Não vou falar mais sobre o assunto porque não me trará benefício algum. Isso pode acabar mal. O jogo de equipe do vôlei e o jogo de equipe da Ferrari são coisas específicas. Não quer dizer que será sempre assim.”

Sinceramente, da F1 não tem como se esperar nada diferente disso. O lado bom é não precisar perder tempo tentando assistir uma palhaçada dessas.

Mas queria dar os parabéns ao Bernardinho e a sua seleção tricampeã, que conseguiram se tornar exemplos para a mediocridade e anti-desportividade.

Se na F1 este é o padrão na história recente dos pilotos brasileiros, nosso vôlei era sinônimo de orgulho. Como está na moda dizer, ganhou perdendo.


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Recolhendo-nos à nossa insignificância

September 14th, 2010 | 17 Comments | Filed in Fórmula-1, Fórmula-1 2010

Cara de palhaço, pinta de palhaço, foi esse o meu amargo fim...

Caros,

O que segue é muito mais um desabafo pessoal do que propriamente uma coluna sobre corridas.

O circo (na acepção real da palavra) a que assistimos em Hockenheim e no julgamento do Conselho Mundial apenas confirmou o que já sabíamos: nossa opinião ou nossos valores não significam absolutamente nada no que tange à Fórmula 1.

A categoria é na verdade um clube para poucos. O poder de decisão está em mãos de astutos homens de negócios que pouco ou nada têm a ver com a velocidade. As figurinhas – que por sinal nunca foram nada dentro da pista – têm uma mania feia de querer aparecer mais do que os pilotos, aqueles que no final das contas, são os maiores responsáveis por dar o show. De escândalo em escândalo, a F1 perde o crédito com o público, e fica cada vez mais claro que os pilotos representam para os mandatários nada mais do que os chimpanzés para o dono do circo. O real interesse deles é encher a burra de dinheiro. De preferência, fazendo com que os resultados coincidam com seus próprios caprichos.

Com toda certeza, se nomes que têm a velocidade no sangue e no DNA como Jackie Stewart, Niki Lauda, Gil de Ferran, até mesmo o clã Andretti (muitos lembram apenas na Indy e o fiasco do Michael, mas o patriarca Mario foi campeão de F1 em 1978 pela Lotus), todos com sucesso nas pistas e com experiência em gestão de equipes, tais coisas não acnteceriam. Homens do esporte é que deveriam gerir o esporte. Alguma esperança surgiu quando Max Mosley deixou a cabeça da FIA e surgiu a candidatura de Ari Vatanen, grande campeão de ralis, porém o finlandês foi preterido em benefício de Jean Todt. Conclusão: quem decidiria em última instância sobre o caso Hockenheim é o protagonista do análogo de 2002 além de ter ligações viscerais com Maranello.

O engraçado é que, “eticamente”, o senhor Todt abriu mão de seu voto no julgamento. E ele nem precisaria votar, pois o Conselho foi unânime na opção pela pizza à la Place de la Concorde. O ocorrido em Hockenheim – bizarro flashback de A1-ring 2002 – não mereceu nem sequer grandes explicações além de uma totalmente falsa declaração de Felipe Massa dizendo que ele tomou a iniciativa de abrir mão da vitória em prol da equipe, como se a equipe não vencesse da mesma forma caso ele chegasse em primeiro. Pelo contrário: a equipe italiana, o todo-poderoso Bernie Ecclestone e o próprio Conselho acharam tudo muito normal. Vai ver que foi mesmo. O resto do mundo é que está equivocado, somos pessoas de inteligência limitada e simplesmente não entendemos o jogo deles. Demonstrou a empáfia e a onipotência dos mandantes da F1, seguindo à risca a filosofia da vaca. É dessa forma, como gado, que eles enxergam pessoas como eu e vocês, que dão audiência às corridas e somos inconscientemente induzidos pela publicidade nada subliminar a comprar o que nos é anunciado e a viver como nos é comandado.

Mansell e Piquet

Somos todos idiotas. Nós espectadores, as equipes que, ao longo dos 60 anos da história da categoria, valorizaram – e ainda valorizam – a competição, deixaram seus próprios pilotos decidirem quem era o melhor e que, eventualmente, deixaram escapar o título. Somos tolos, ingênuos, por pensar que as coisas da pista são resolvidas somente dentro da pista. Não faltam exemplos disso, e todas as vezes que essa disputa ocorreu, quem ganhou foi o esporte. Ganhando o esporte, ganhamos todos nós, que podemos desfrutar do prazer e do entretenimento que uma boa corrida nos proporciona.

Senna e Prost

Infelizmente é isso aí mesmo. Nós podemos assistir ao “espetáculo” que esses caras querem oferecer. Eles decidem as regras  e quando elas serão quebradas. Além de deixarem a Ferrari escapar ilesa (a multa de 100.000 dólares foi um décimo da conta pela mesma “contravenção” em 2002), já acenam para a revisão da regra de proibição do jogo de equipe. E mesmo que nós nos juntemos em uma grande revolta a partir do nosso sofá, que ninguém mais compre um ingresso para uma corrida de F1, que a imprensa e o papa condenem, nada vai mudar. Ou melhor: eles mudam sim, de mala e cuia e sem qualquer remorso, para a China, para a Índia, para Cingapura, para a Coreia, para o Oriente Médio, onde ainda há muito mercado e dinheiro para engordar a conta bancária dos mandachuvas. Por essas bandas, eles podem construir seus imensos parques de diversão dos quais milionários assistem, cercados de modelos, champanhe e caviar, aos pilotos-macacos darem voltinhas em pistas cada vez mais insossas.

Mas isso não é de hoje, tampouco de 2002. Olhando para o passado da Ferrari, ao ano de 1982, um GP de Imola com uma dúzia de carros no grid (por conta de um boicote das equipes, que não vem ao caso) quando o time ainda era regido pelo Comendador em pessoa. O famoso aviso para reduzir a velocidade (eternizado pelo Galvão como “tragam as crianças para casa”) foi desrespeitado e colocou em rota de colisão iminente os outrora amigos Didier Pironi e Gilles Villeneuve. A ineficiência desse tipo de gestão transformou a rivalidade entre dois grandes pilotos em uma tragédia.

Didier e Gilles

Voltando um pouco a fita, ao ano de 1979, Enzo Ferrari solicitou a Villeneuve concordasse em dar prioridade ao seu companheiro Jody Scheckter, o qual se sagrou campeão ao fim do ano. A decisão era segura, porque não deixava a Ferrari à mercê do espetacular e estabanado canadense e evitava que ele desperdiçasse a boa fase do time, mas por outro lado, desprezava o melhor início de temporada do canadense e o equilíbrio da performance de ambos. Fiel como um cão labrador ao seu chefe e tutor, Villeneuve acordou, recebendo em troca a promessa de que a Ferrari faria também dele um campeão nos próximos anos. Porém, os carros vermelhos tiveram uma queda de qualidade nos anos seguintes. Até 1982.

Retomando ’82, Gilles se sentiu traído, tanto pela equipe quanto pelo amigo Pironi. Na corrida seguinte, um irado Villeneuve desesperado para superar o seu inimigo de equipe, comete um erro fatal na classificação para o GP da Bélgica, atinge a traseira do March de Jochen Mass. A Ferrari capota diversas vezes, se desintegra e ejeta o corpo já praticamente inerte com assento e tudo. Estava encerrada a história de um dos pilotos mais carismáticos de todos os tempos.

E Felipe Massa? Sim, ele deve alguma gratidão à Ferrari por ter bancado sua continuidade na equipe sem qualquer garantia de que ele se recuperaria do acidente de um ano atrás. Mas daí a colocá-lo na ridícula situação de assumir a iniciativa de ceder a posição? Se ele quisesse mesmo fazer isso, não precisaria ouvir o famoso “Fernando is faster than you”, bastava ceder na primeira investida do espanhol. Tem mais: recordando as lições de tia Teteca Smith, nossa teacher de inglês lá dos idos de antigamente, o verbo to be significa SER ou ESTAR. A dúvida é se Alonso ESTAVA mais rápido ou se ele simplesmente É mais rápido que Felipe, na opinião do time. Eu tenho a minha, e cada um que forme a sua.

Alonso e Hamilton (???)

Por isso tudo, pouco me importou no GP da Itália a vitória de Alonso ou o terceiro lugar de Massa. Foi a justificativa perfeita para os Chamou-me sim a atenção o segundo lugar de Jenson Button, vencedor moral da prova, e o quarto lugar de Sebastian Vettel, que surpreendeu a todos fazendo o pitstop na penúltima volta. Os resultados mantêm os dois na disputa do campeonato (mais uma vez liderado por Mark Webber).

É difícil defender uma ou outra equipe dentro desse ninho de cobras, pois as mesmas prejudicadas de hoje serão protagonistas de falcatruas no futuro. Mas atualmente, quem se encontra na mira do meu ódio irracional é a Ferrari. Seria do meu total desgosto ver um de seus pilotos campeão nesse ano – ou melhor, um deles, o Alonso, porque o Massa não ganha MESMO, só corre para cumprir tabela.

Button e Hamilton: errados?

A cada episódio desses, a Fórmula 1 morre mais um pouquinho. O mundial em 2010 já é um dos mais disputados da história da Fórmula 1 e não merecia ser maculado pela falta de senso e de sensibilidade da equipe cujo passado se confunde com a própria categoria.  A nós, revoltados e sem qualquer direito a pitaco, cabe levantar no domingo e já começar os preparativos do churrasco mais cedo, sair para passear com o cachorro, curtir a ressaca na cama até mais tarde ou ligar a televisão e ficar torcendo para que nada disso aconteça novamente.

Vettel e Webber: shit happens, mas e daí?

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300 vezes Barrichello

September 2nd, 2010 | 37 Comments | Filed in Fórmula-1, Fórmula-1 2010

Vida longa e próspera. Não como ele sonhava, mas…

Em uma manhã de 1986, estava eu diante da TV assistindo a um GP da Grã-Bretanha em Brands Hatch. Seria uma corrida especial para Jacques Laffite, que tendo participado de 175 corridas na Fórmula 1, alcançaria naquele dia a marca histórica de Graham Hill (que perdurava havia 11 anos). Na primeira volta, o azarado francês sofreu um acidente que lhe quebrou as duas pernas.Como a largada foi cancelada (oficialmente não aconteceu), ele não alcançou aquele número mágico.  Brands Hatch nunca mais abrigou a F1, e Laffite encerrou ali sua carreira em monopostos.

Jordan 1993

Quase um quarto de século depois, sabemos que o recorde de Hill (dependendo da fonte, de Laffite também) já foi superada por diversos pilotos. Mas foi um brasileiro que ousou romper a barreira dos 300 Grandes Prêmios – e contando, pois ele já tem praticamente renovado seu contrato com a Williams por pelo menos mais uma temporada. Nem precisa mencionar que seu feito dificilmente será igualado por qualquer outro.

Muitos são os motivos que levam um piloto à aposentadoria. Falta de patrocínio, de vaga para correr, cansaço (seja em relação às constantes viagens e compromissos ou ao ambiente predatório dos paddocks), ou mesmo o fim do prazo de validade do piloto – quando a velocidade claramente diminui e o medo, aumenta. Ao contrário disso tudo, Rubens Barrichello foi mais longe do que todos os demais, e não dá mostras de que para tão cedo.

O Barrichello de hoje não é mais aquele Rubinho, moleque rápido e sonhador, deslumbrado por ter alcançado seu maior objetivo, recém promovido àquele seleto grupo pelas mãos de Eddie Jordan. Também não é o atormentado piloto que buscava um caminho após receber a pesada carga de substituir a ninguém menos que Ayrton Senna, seu tutor e amigo, nos corações dos (muito) pouco informados porém (extremamente) exigentes torcedores brasileiros. Tampouco ele é hoje o Rubens, rapaz novamente deslumbrado ao ter o privilégio de guiar por uma das equipes mais tradicionais da categoria, que sofreu a duras penas para entender que ele não era o número 1 na pista – muito menos o seria dentro do time. No meio dos leões, não se portou como gladiador, e sim como cordeiro. Mas aprendeu. O Barrichello de hoje coleciona lições adquiridas com gosto ou a contragosto, desde seu acidente no fatídico GP de San Marino de 1994 até a sua quase aposentadoria quando a Honda deu o seu sayonara. Ele pondera as palavras, trabalha quietinho, segue fazendo aquilo que gosta e ainda ganha uma boa grana para tal.

É muito fácil para a sua legião de críticos descerem a lenha no piloto, afinal de contas, ele os municia com bastante frequência. Difícil para eles é admitir as qualidades inegáveis que o levaram a atingir essa marca. Mesmo que seja pela insistência, Barrichello consegue assim escrever seu nome na história da F1, e muita gente vai ter que engolir.

Em Spa-Francorchamps, a corrida do Highlander acabou na primeira volta. Justo ele foi vítima dos caprichos meteorológicos da pista belga. Pode-se dizer que foi o fim de semana que separou os homens dos meninos. Mark Webber refugou na largada caindo para sétimo, porém manteve o sangue frio que o levou ao pódio. Lewis Hamilton foi sempre favorito e confirmou a sua condição de postulante ao título. Com a vitória, veio e a liderança do campeonato e o alívio. Depois de uma escapada nas voltas finais, quando a chuva deu às caras novamente, certamente o britânico cruzou a bandeirada prendendo a respiração.

Gongo no Tião

Pelo jeito que as coisas andam, provavelmente a disputa pelo título fica entre Hamilton e Webber. Porque Sebastian Vettel está alternando momentos, alguns mais Gilles Villeneuve e outros  mais Nigel Mansell, ou seja: muito talento e pouco cérebro. Após uma atuação desastrada – e desastrosa -, o alemão está em um limbo muito perigoso. Ele é jovem e ainda tem muito a amadurecer, mas por outro lado, ele já deveria demonstrar alguma experiência e não cometer erros como a bizarrice em que ele arruinou não apenas sua própria corrida, mas também a do campeão Jenson Button. Com o mau resultado dos dois, seus parceiros ganharam uma vantagem importante na reta final da temporada. Errando assim, não dá para ser campeão. Nem merece.

Como de hábito, façamos reverência ao melhor piloto do ano: Robert Kubica. O feinho anda muito mais do que o seu carro e se intromete sem a menor cerimônia entre os caras que disputam o campeonato. Andou em segundo e ficou em terceiro. Pior para o seu companheiro Vitaly Petrov, novato, mas que mesmo assim, está sob constante pressão dentro da equipe. E considere que o russo saiu das profundezas da 23ª posição para chegar em nono.

Michael Schumacher também veio do fundão (em função da punição da Hungria) e pontuou. Para não abandonar a rotina, foi ultrapassado já no fim por Nico Rosberg, que tomou a sexta posição de um heptacampeão resignado. Até porque quando ele se defende, dá zebra.

Sobre aquela equipe, continuamos sem comentários até que saia alguma conclusão do julgamento. Só para lembrar que o Conselho Mundial da FIA se reunirá no dia 8, nas vésperas do GP da Itália (próximo dia 12). Será que o Conselho vai colocar jiló nessa pizza? Acho que eles vão todos de mozzarella mesmo…

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Se não fosse a bandeira amarela…

August 6th, 2010 | 10 Comments | Filed in Fórmula-1, Fórmula-1 2010

O australiano arriscou - e petiscou.

As setenta voltas do GP da Hungria dificilmente apresentam alguma coisa além de uma eterna fila. Sebastian Vettel fez desta vez tudo como manda o figurino (inclusive marcou o novo recorde da pista na qualificação) mas não levou a vitória por conta de um drive-through aplicado no abstrato pelos fiscais, segundo os quais o piloto teria deixado “um espaço superior a dez carros” em relação a Mark Webber na relargada após a bandeira amarela. O terceiro lugar não refletiu a performance do melhor piloto do final de semana, e por mais discutível que seja a punição, como dizia o velho Fangio: carreras son carreras. É a vida.

Falando na bandeira amarela, os pedaços de uma Force India provocaram a entrada do safety-car com efeitos drásticos sobre o destino da corrida. Cenas dignas de Larry,  Moe & Curly aconteceram durante a bateria de pitstops. Uma roda  se soltou da Mercedes de Nico Rosberg, atingindo um membro da Williams; o homem do pirulito da Renault liberou Robert Kubica no exato momento em que Adrian Sutil chegava ao box vizinho. Após a mistura das tintas, o piloto da Force India ficou por ali mesmo, e o polonês encostou voltas depois.

Executando a tática da “faca nos dentes” com perfeição, Webber conseguiu adiar o máximo sua troca obrigatória de pneus – se parasse durante a bandeira amarela, ficaria esperando o serviço de Vettel e suas chances terminavam ali mesmo – e fez inacreditáveis quarenta e duas voltas com as borrachas supermacias. Na medida para realizar seu pit e voltar em primeiro sem qualquer susto. O canguru australiano deu seus saltos no topo do pódio pela quarta vez, e reassumiu a liderança do mundial graças ao desafortunado abandono de Lewis Hamilton.

Perseguição

Para Rubens Barrichello, a má classificação foi compensada com uma boa largada, de 12º para nono mesmo partindo do lado sujo da pista. Já dava para imaginar que sua vida se complicara quando a equipe decidiu não trocar seus pneus duros durante o safety car, afinal, FW32 não é RB6. Mas quis o destino que ele tivesse que abrir mão da ótima quinta colocação em que ele se encontrava para colocar pneus supermacios novinhos e voltar na 11ª posição, atrás de ninguém menos do que Michael Schumacher.

Esta foi uma das poucas oportunidades em que os ex-companheiros e atuais arquirrivais estiveram em combate direto na pista. E poucas vezes um único pontinho na Fórmula 1 foi tão intensamente disputado. Por tudo que ocorreu no passado, fossem nos papos de alcova da equipe mais escrota da F1 ou nas declarações de parte a parte nos últimos tempos, nenhum dos dois pilotos queriam perder essa disputa. Rusgas inclusive reacendidas no episódio de Hockenheim poucos dias atrás. A favor de Schumacher estavam as curvas fechadas sem muitas oportunidades de ultrapassagem. Contra ele estava a má forma que o tedesco apresenta em 2010, tanto pelo peso dos anos de aposentadoria quanto pela proibição dos testes, fator que dificulta ainda mais a readaptação ao carro. Do lado de Barrichello, contava – além de seus pneus tinindo de novos – a boa fase que vive na Williams, onde ao contrário do sofrimento de Schumacher com Rosberg, o brasileiro dá lições ao jovem Hülkenberg, dono de grande potencial. Todas as cartas estavam na mesa, e a diferença era de nove segundos.

Prendendo a respiração...

Com aquele gosto de sangue na boca, Barrichello pulverizou a diferença e iniciou um dos duelos mais técnicos dos últimos tempos. Schumacher utilizou de todos os recursos para irritar e induzir o brasileiro a um erro (objetivo que ele conseguiu em Interlagos-1996). Quando desferiu o ataque final, Barrichello se viu espremido pela Mercedes e deu uma sorte do tamanho do mundo, pois se o muro tivesse um metro a mais de comprimento, ele teria feito uma visita aos médicos que trataram outro brasileiro há um ano.

Valeu um pontinho só. Mas para Barrichello, talvez ele tenha feito o que ele sempre acreditou ser capaz de fazer: ultrapassar Schumacher em igualdade de condições. A apelada do alemão – que poderia ter rendido uma bandeira preta, mas acabou como perda de dez posições para a próxima corrida – acabou como a cereja do bolo, já que Schumacher se viu forçado a rever suas declarações após a corrida e pedir desculpas publicamente pelo ocorrido.

Valeu apenas um ponto nas estatísticas do piloto. Mas lá no fundo, para Barrichello, foi um ponto que ele suou muito – e levou anos – para conseguir. Deixando de lado patriotadas inúteis e sentimentalismos advindos do viralatismo, para ele – e só para ele – deve ter mesmo tido um gosto especial.

Barrichello recebeu, durante seu suplício na cadeira elétrica da Honda, uma mensagem no celular do então aposentado Schumacher sugerindo que fizesse o mesmo. Hoje é o brasileiro que pode dar a ideia ao alemão para que ele volte ao pijama.

Na próxima corrida, dia 29 em Spa-Francorchamps, Rubens Barrichello completará a marca impressionante de 300 GPs de Fórmula 1.

Enquanto não houver o devido julgamento, nenhum comentário será feito nessa coluna em referência àquela equipe.

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THIS is ridiculous, Señor Alonso

July 26th, 2010 | 40 Comments | Filed in Fórmula-1, Fórmula-1 2010

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“Not bad for a #2 driver”

July 13th, 2010 | 15 Comments | Filed in Fórmula-1, Fórmula-1 2010

Mark ao fim da classificação: A asa é minha, ele quebrou a dele... snif...

A Fórmula 1 era o segundo evento mais importante do domingo, mas valeu a pena deixar a arrumação do churrasco para depois da bandeirada. A inauguração do novo traçado de Silverstone foi disputado e incluiu episódios dignos de Caim e Abel. Tudo começou quando no sábado, a direção da melhor equipe do ano resolveu o destino de uma mera peça aerodinâmica. A guerra de palavras extrapolou a pista e só terminou no fim da corrida.

O título acima é o epitáfio definitivo da paz na Red Bull. Não adianta dizer que novamente os pilotos fizeram as pazes ou que cantaram juntos “American Pie” em um videokê na casa do chefe. Mark Webber proferiu a pérola que externou sua insatisfação por ter sido tratado da forma que, teoricamente, seria a sua condição. Porém, a boa forma na pista e a eficiente tática de desequilibrar seu parceiro fora dela credencia o australiano a aspirar ao título, apesar de a briga interna dos touros vermelhos cair como uma luva mesmo para a McLaren. Parabéns pela vitória, Webber. Se o critério for o mesmo, na Alemanha a asa dianteira mais bonita será sua, com mérito.

Isso porque Sebastian Vettel não leu a cartilha de Nelson Piquet (pai): “não se ganha uma corrida na primeira volta, mas pode-se perder tudo nela”. O alemãozinho foi superado na largada pelo seu rival Webber e se afobou, tendo sido tocado por Lewis Hamilton e ficado para trás com um pneu furado. Sua boa corrida de recuperação o colocou em sétimo e ele até deu show. Em termos de campeonato isso infelizmente não funciona, e ele trocou seus 12 pontos de vantagem para Webber por 7 de desvantagem.

A atuação dos oito primeiros colocados foi primorosa, todos eles. Adiantemos logo que o nono foi Michael Schumacher, que cada vez mais parece não falar o mesmo alemão da sua Mercedes… mais complicado foi ainda ter que ver Nico Rosberg chegar em terceiro, com um carro igual ao dele. Hamilton arriscou e petiscou o segundo lugar ao sair ileso do toque que deu em Vettel, além de manter a liderança do campeonato. Jenson Button superou brilhantemente os problemas da classificação e subiu de 13º para o quarto lugar, não deixando assim seu companheiro de equipe se distanciar demais na tabela.

Barrichello rendendo frutos na Williams

Para Rubens Barrichello, sua quinta posição foi a confirmação de que o resultado obtido em Valência não fora por acaso. A equipe de Grove cresce a olhos vistos e já se fala com certa tranquilidade de que o brasileiro ficará por lá para sua 19ª temporada na F1. O time deu um voto de confiança para a evolução da Cosworth e renovou o contrato de fornecimento de motores para 2011, e Barrichello já crê que poderá voltar a vencer no próximo ano. A conferir. Depois da ressurreição com a Brawn no ano passado e com a conhecida capacidade de Frank & seus Williams de se reinventar ao longo dos anos, 2011 promete para a dobradinha.

Kamui Kobayashi foi sexto, pontuou pela terceira vez em quatro GPs e vai lavando a honra da BMW-Sauber. Adrian Sutil, oitavo, leva para casa a lembrança do dia em que ultrapassou na pista o seu ídolo Schumacher.

Para Alonso, a grama virou pista

Um verdadeiro inferno astral se abateu sobre os pilotos espanhóis, apesar de mesmo assim eles terem rido por último por causa de um tal don Andrés Iniesta. Pedro de la Rosa e Jaime Alguersuari ficaram pelo caminho, enquanto Fernando Alonso dessa vez, fez por merecer uma punição. O bicampeão ultrapassou Robert Kubica com as quatro rodas fora da pista, claramente cortando caminho. A Ferrari não orientou o piloto a devolver a posição ao polonês, que abandonou logo em seguida. Resultado: drive-through e um abraço. Aliás, falou Alonso, lembrou Ferrari. Felipe Massa sofreu de fogo “amigo” (com aspas mesmo…) bateu rodas com o asturiano e levou um toque no pneu traseiro. O brasileiro não encontrou mais o caminho, tendo mais um GP para esquecer. No final, falou muito no escutador de jazz do parceiro. Eles só chegaram à frente das nanicas. Ferrari = zero ponto. Crise na casa do Comendador!!!!

Se nessa corrida ninguém viu Bruno Senna passar, foi porque ele não passou mesmo. As más línguas dizem que ele falou mal do carro por email, e sem querer enviou em cópia para o mandachuva da Hispania, uma víbora chamada Colin Kolles. SUDERJ informa: sai Senna, entra Sakon Yamamoto. Não era nem necessário dizer que a participação do japa não fez a menor diferença. Atitude feia sim, pois enquanto o novato caminhava ao lado de Karun Chandhok fazendo o reconhecimento da pista, o golpe era anunciado na sala de imprensa. O problema é que a defesa alegada pela imprensa brasileira – que nunca sentiu qualquer piedade de outras vítimas de rasteiras de timecos na F1 como Magnussens, Albers, Ides, Mazzacannes da vida – passou mais pela veia marqueteira, aquele velho papo de “logo no GP em que o tio rebatizou de ‘Silvastone’…”. Transparece o real motivo da presença dele na categoria.

Engraçado ele não se mancar do mico que está pagando na equipe que é a Andrea Moda do século XXI. Quer pilotar? A família deve ter dinheiro para colocá-lo em um carro decente. Ou então que se assuma bon vivant e vá passar seus dias na farra. Ou quem sabe, fazer uma dupla com o Jonas Brother Mario Moraes na Indy…

A próxima corrida é na casa do Vettel. E se o garoto ainda quer ser campeão, melhor açoar o nariz e botar para quebrar, porque a casa está caindo para ele.

Hamilton 145; Button 133; Webber 128; Vettel 121; Alonso 98.

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Vettel vence um GP chato e polêmico

July 1st, 2010 | 6 Comments | Filed in Fórmula-1, Fórmula-1 2010

Alguém por acaso viu carros passando???

Se a Fórmula 1 com toda a sua empáfia realmente deseja fazer frente à Copa do Mundo, será melhor se esforçar mais. Sobre o GP da Europa não há muito o que falar, pois a pista de rua sem muros e repletas de áreas de escape montada nas ruas de Valência fazem os entornos muito mais interessantes do que a competição em si.

O moleque travesso de volta ao topo

Sebastian Vettel largou na pole-position – o que não fazia desde o GP da China – e conseguiu superar a todos os adversários sem cometer muitos erros – isso então, desde o GP da Malásia. Ele certamente tirou um peso absurdo das costas, voltou a subir na classificação do campeonato e a ganhar confiança para a sequência.

Completaram o pódio, para variar, os pilotos da McLaren. Frio e calculista, Jenson Button se recuperou de uma posição de largada ruim e no final lá estava ele em terceiro. Lewis Hamilton mais uma vez utilizou de recursos pouco ortodoxos, já que ele ultrapassou o safety-car numa manobra totalmente ilegal e só foi punido vinte voltas mais tarde com um drive-through. Àquela altura ele já havia conseguido vantagem para voltar na mesma segunda posição que estava e onde recebeu a bandeirada.

A demora na punição do Robinho da F1 causou chiliques homéricos vindos lá do box vermelho. Fernando Alonso ficou revoltado e teve que se contentar com o modesto sétimo lugar – a despeito da sensível evolução do F10. Felipe Massa atualmente é um misto de Charlie Brown com a hiena Hardy, ou seja: sofrendo e chorando. Nem vale a pena dizer sua classificação final.

O cara da corrida foi o nosso herói Kamui “Jaspion” Kobayashi. O japinha andou eternamente em terceiro lugar por ter adiado sua troca de pneus, apenas realizada no finzinho da corrida. Ao voltar em sétimo com pneus novinhos em folha, levou a torcida ao delírio ao ultrapassar dois carros com as borrachas gastas, inclusive o mal-humorado dono da casa Alonso (o espanhol teve que dormir com mais essa…) conquistando assim um lindo quinto lugar para a sofrida BMW-Sauber.

Barrichello conseguiu a proeza de chegar à frente de Robert Kubica

Felizes e faceiros ficaram também os membros da Williams. Com novas asas traseiras – as dianteiras estrearam no Canadá – a equipe colocou seus dois carros no Q3, desbancando numa só tacada Mercedes e Force India, frequentadoras assíduas da última fase do treino. Apesar de ter largado atrás de Nico Hülkenberg após terem registrado rigorosamente o mesmo tempo no Q3, na corrida, Rubens Barrichello foi mais astuto do que seu companheiro. Desfilou sua experiência e levou seu carrinho à quarta posição, mantida mesmo tendo sido o brasileiro um dos oito pilotos punidos por exceder a velocidade em bandeira amarela durante o caos que reinou durante o SC.

Michael Schumacher passou por maus bocados, para variar. Simplesmente obteve a sua pior classificação na vida, com o 15º lugar. Ainda foi obrigado a esperar que um bizarro sinal vermelho na saída dos boxes o permitisse voltar à pista.

No fim das contas, a única coisa pela qual essa nada memorável corrida será lembrada é pela marca alcançada pela Lotus paraguaia malaia. O time chegou ao seu nono GP, que foram somados aos 491 da Lotus de verdade e serviram de motivo para aparecer um “500” na carenagem do carro verde, clara provocação à Ferrari e seus 800 GPs completados na Turquia. A comemoração do time – que profana a história da categoria e emprega dois dos pilotos mais inúteis da mesma história – foi bem ao estilo de seus chefes. Tony Fernandes e Mike Gascoyne gostam muito de dar declarações e chamar atenção fora da pista, mas dessa vez, a fanfarronice por pouco não teve sérias consequências dentro dela. Somente por estar na mesma volta dos líderes (porque ainda apenas a décima volta), Heikki Kovalainen achou que deveria “defender a posição” contra Mark Webber, quando este buscava uma corrida de recuperação. Além de mudar de trajetória, o finlandês cometeu a atrocidade de frear seu carro em plena reta (muito antes do ponto natural de frenagem) e o resultado foi o voo da Red Bull do australiano, que deve agradecer muito a papai do céu e aos caras que construíram seu bólido por ter escapado sem lesões.

28 anos atrás, só sobraria isso.

Vamos lembrar que 28 anos atrás um cara chamado Gilles Villeneuve deixou o mundo em um acidente muito parecido, com a diferença de que naquele treino em Zolder, o pobre Jochen Mass, piloto do carro abalroado por trás pelo ensandescido canadense, ainda tentou inutilmente sair da frente da Ferrari. Para o idiota finlandês e seu patrões: “seria fantástico se o segurássemos por trinta voltas” e assim exibir seus patrocinadores na TV. Afinal, é melhor estragar a campanha de alguém que luta pelo título do que construir um carro decente e disputá-lo. Se essa mesma gangue sugeriu o fim das bandeiras azuis, pode-se concluir que não têm qualquer sombra de seriedade.

Ainda há quem diga que “Kovalainen é o melhor das estreantes”. Infelizmente, isso não significa absolutamente nada. Melhor que eles façam uma preliminar da F1. Melhor um grid com 18 carros do que ver carros aleijados com mania de grandeza a estragar o show.

Depois da campanha “cala a boca, Galvão”, um dia há de se lançar “isso não merecia se chamar Lotus”.

Fora da pista, a novidade é a confirmação da Pirelli como a nova fornecedora de pneus a partir de 2011. Eles podem comprar um carro da finada Toyota para realizar os testes conduzidos por… Kimi Räikkönen!!!! A confirmar.

A próxima corrida é no dia da final da Copa do Mundo no dia 11, na terra da Rainha Elisabeth II, Wayne Rooney, Frank Lampard, Steven Gerrard e do fura-olho John Terry. Como estão devidamente eliminados, todos poderão assistir ao GP da Inglaterra tomando tranquilamente seu chá.

Acho que vi um carrinho...

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A McLaren dita nova ordem no Canadá

June 17th, 2010 | 3 Comments | Filed in Fórmula-1, Fórmula-1 2010

Boa corrida, bela vitória, mas a pole ainda não desceu

Fórmula 1 em tempos de Copa não faz o menor Ibope. Ainda assim, encontraram um buraco na programação das TVs no mundo para encaixarem entrea pelada de Argélia e Eslovênia e a blitzkrieg da Alemanha para cima da Austrália. Se todos esperavam outro passeio da dupla da Red Bull pelo Circuito Gilles Villeneuve após o trágico fratricídio ocorrido na Turquia, a McLaren provou que estávamos redondamente enganados. Apesar da vista grossa com a “tática do migué” empregada para conquistar a pole-position no sábado, quando Lewis Hamilton andou com tão pouco combustível que ele teve que desligar o carro na volta de retorno aos boxes para sobrar o litro de gasolina obrigatório no tanque para aferição ao fim das corridas e treinos. E foi assim começou.

A estratégia adotada pela equipe taurina, que utilizou em seus carros os pneus mais duros para classificação e largada, mostrou-se ineficiente. Sebastian Vettel novamente enfrentou problemas para chegar ao fim da corrida. Mark Webber – de contrato já renovado até o fim de 2011, provando que o episódio turco foi superado – ainda liderou, mas a queda drástica de rendimento deixou claro que sequer chegaria ao pódio. Como consequência, a dobradinha da McLaren deixou a dupla da equipe britânica na frente do campeonato.

Schumacher foi a chicane móvel e achou tudo muito engraçado

Fernando Alonso se esforça para fazer a Ferrari reagir. Ele até poderia ter sido segundo se não tivesse se embananado na ultrapassagem de um retardatário, oferecendo uma oportunidade perfeita para que Button desse o bote. Mas a sua terceira posição na corrida e o quarto lugar no campeonato mascaram a decepção com o F10, muito badalado na pré-temporada e cuja evolução deixa a desejar. As nuvens negras estão sobre Felipe Massa (outro de contrato renovado, este até 2012). O piloto brasileiro teve sua pintura estragada e seus aerofólios quebrados em diversas oportunidades. Sua recuperação até ia bem, quando uma fechada de Michael Schumacher na disputa pela módica nona posição acabou com a corrida do brasileiro. Ele foi obrigado a mais uma parada, e ironicamente, recebeu um acréscimo de 20 segundos em seu tempo final por ter excedido a velocidade no pitlane, enquanto o seu tutor de queixo avantajado não teve sanções por sua manobra, no mínimo, desastrada.

O algoz de Rubens Barrichello desta vez se chamou Jaime Alguersuari, que em mais um dos infinitos incidentes dessa edição da corrida canadense causou um problema nos freios do brasileiro após um toque não captado pelas câmeras. Tudo que deu para conseguir foi o 14º lugar, um à frente de Massa e logo atrás de Nico Hülkenberg. Já é comentado que Barrichello seguirá em 2011 no time de Frank Williams.

Uma estrelinha vai para o suíço Sébastien Buemi. O representante da Toro Rosso marcou seu melhor resultado esse ano (oitavo) depois de um passadão sensacional sobre o problemático Mercedes de Schumacher. Se parece pouco, Massa não conseguiu esse objetivo voltas depois. Os ares canadenses fizeram bem ao rapaz, que depois de ser duramente criticado pela cúpula do time, ao fim do GP já era cogitado como sucessor de Webber na equipe matriz dos energéticos, seguindo o caminho das pedras de Vettel e fazendo dupla com o próprio.

A equipe que no meio do ano letivo já apresenta sinais de que vai ficar de recuperação é a BMW-Sauber. O time ainda sofre com problemas em seus propulsores fornecidos pela Ferrari, desta vez com Pedro de la Rosa, apesar de Maranello já tê-los resolvido em seus carros. Kamui Kobayashi foi pífio, destruiu o carro na primeira volta e deve ter levado uma ensaboada do patrão Peter Sauber. O cartola helvético conhecidamente odeia esse tipo de prejuízo.

Os olhos arregalados de Kimi

Fora das pistas, o que vem agitando a F1 é a demora da FIA em anúncios importantes: o resultado do “vestibular” no qual uma nova equipe dentre as candidatas entrará para o clubinho em 2011 (esperamos que não seja outra falcatrua como a USF1, tampouco outro HOAX como a Lotus paraguaia malaia); e principalmente, qual será o fornecedor de pneus para a próxima temporada, uma vez que a Bridgestone abandona o circo ao fim do ano. À boca pequena fala-se na vitória da Pirelli. A Michellin deverá ser preterida por causa da sua posição de não querer exclusividade, o que desportivamente seria mais interessante. Porém, como o mantra da redução de custos ainda soa na Place de la Concorde (onde fica a sede da FIA), a possibilidade já está virtualmente afastada.

Outro assunto quente é a possível volta do campeão de 2007 Kimi Räikkönen. O monossilábico finlandês passa suas férias andando no Mundial de Rali pela Red Bull, mas como a dupla do time na F1 já foi confirmada, seu nome agora é cotado para a Renault.

No campeonato, apenas 15 pontos separam o líder do quarto colocado: Hamilton,109; Button, 106; Webber, 103; Alonso, 94. Logo depois vem Vettel com 90 pontos. Os cinco protagonizarão a disputa pelo título. Está bom ou quer mais?

A próxima corrida é o GP da Europa em Valência, dia em que segundo a minha aposta no Bolão Blablagol, se enfrentarão Argentina e Uruguai pelas oitavas de final.

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