A hora e a vez dos ex-excluídos
March 31st, 2009 por Robinson | Categorias: Fórmula-1.Daqui a dez ou vinte anos ainda se falará muito sobre essa corrida. Desde o início dos treinos livres, os pilotos da Ferrari e McLaren já se declaravam fora da disputa pela vitória. Na dianteira, via-se Williams, Toyota, BMW-Sauber e a equipe da hora: Brawn GP.
É impossível contar essa história sem lembrar que o mesmo time estava moribundo até poucas semanas antes da inauguração da temporada. Só colocou seu carro no último teste de inverno e sabe-se lá como conseguiram preparar as duas máquinas que alinharam em Melbourne a tempo sem dinheiro, patrocínio ou qualquer certeza de que correriam a prova. Não apenas correram, como deram uma verdadeira lição de moral e desportividade, e tiveram uma vitória que nem todo o dinheiro de todas as grandes montadoras poderia comprar.
Jenson Button, que estreou em 2000 pela Williams, já foi o queridinho da imprensa inglesa. Porém, as temporadas consecutivas meio apagadas o deixaram na condição de “a promessa que nunca acontece”, ainda que seus maus desempenhos se devessem muito mais à qualidade dos carros que guiou do que à sua habilidade. Hoje, beirando os trinta, ele volta a vencer – esta foi sua segunda vitória – e pela primeira vez é candidato ao título. Bem-vindo (de volta) ao mundo dos vencedores!
Barrichello, o ex-aposentado, está aí para provar a Räikkönnens da vida que a paixão pela velocidade ainda resiste. E para quem não a tem, a porta da rua é serventia da casa. Para ele, pode significar estar no lugar certo, na hora certa e com o difusor certo. Nada vai ser fácil, pois os rivais vão reagir e ele terá um concorrente muito duro dentro do time, mas para quem já teve que encarar o Schumacher… Desde que a Brawn consiga dinheiro para se manter e desenvolver o carro, Barrichello poderá ser finalmente apontado como um dos grandes favoritos ao título.
Ross Brawn mostra novamente porque é o homem por trás de todos os sete títulos de Michael Schumacher. Ele colocou seu nome e arriscou a reputação de uma carreira extremamente vitoriosa em uma equipe que estava em frangalhos, confiando exclusivamente no seu trabalho e no daqueles que o cercam. De todos os troféus que ele já levou, este foi provavelmente o mais especial. Citando as palavras do tricampeão Niki Lauda: ” Dizer que apenas o difusor é o segredo é um completo disparate. Essa é uma desculpa barata. O fato é que Ross Brawn simplesmente tem feito um ótimo trabalho.” Há de se ter muito espírito de porco para torcer contra.
Assim foi a história
A falha de Barrichello na largada foi o fim da disputa pela liderança. Button guiou com precisão de ponta-a-ponta, sem ser ameaçado. O brasileiro teve que correr atrás do prejuízo, e com a estratégia de fazer o primeiro pitstop longo – aproveitando para trocar o spoiler dianteiro danificado na largada – e pôs combustível suficiente para que pudesse ser mais rápido na segunda parada, sobrando poucas voltas no final com o tenebroso set de pneus macios, com os quais todos tiveram problemas de desgaste.
Triste de de ver foi a colisão entre Sebastian Vettel e Robert Kubica. Acidente normal de corrida, onde o alemão – que já chegou à Red Bull colocando o parceiro Mark Webber no bolso – tentava resistir ao assédio do piloto da BMW-Sauber. Kubica, àquela altura um dos poucos pilotos com os pneus duros -mais eficientes no asfalto de Albert Park- pagou o preço da ansiedade, pois ele claramente poderia tentar a ultrapassagem em uma melhor posição. Segundo o otimismo do seu patrão Mario Theissen, ele tinha condições até de alcançar Button. Azar deles, sorte de quem vinha atrás.
Infelizmente, Vettel foi considerado culpado e perderá dez posições no grid da próxima prova. Isso pode ser bem legal, vamos ver o que ele nos apronta.
As disputas entre as equipes do meio do pelotão mostrou um equilíbrio entre Williams (leia-se Rosberg, porque o Nakajima foi ver o muro), Toyota (vamos combinar que eles largaram dos boxes; ainda assim o Trulli subiu no pódio, mas foi penalizado, e Glock se classificou em quarto), Toro Rosso (Buemi marcou dois pontos em sua estreia, com Bourdais chegando em oitavo). Todas essas equipes têm condições de pontuar com frequência e o que mais surpreende é exatamente a situação constrangedora das três últimas campeãs, McLaren, Ferrari e Renault (leia-se Alonso, que achou um caminho e chegou nos pontos; já o Piquet vinha bem dentro da sua estratégia até que errou sozinho – de novo – e ficou na brita – de novo…).
Vamos ficar de olho em Lewis Hamilton. Mesmo ao volante de uma McLesma, fez o arroz-com-feijão e marcou um terceiro lugar. Verdade que sem subir ao pódio, pois sua classificação só subiu após a punição aplicada Jarno Trulli. Vale lembrar que o italiano fez uma ótima corrida e foi penalizado por ter ultrapassado o próprio Hamilton durante a segunda bandeira amarela. Como é sempre de se esperar uma reação por parte tanto de McLaren quanto de Ferrari, esses pontos marcados podem fazer diferença no futuro.
Já a Ferrari, nada a declarar. Mesmo. Péssima classificação, duas quebras. E os editores dos tablóides italianos já estão de cabelos em pé.
A temporada já começou com o que o público mais desejava: novidades. Na próxima madrugada de sábado para domingo, Malásia. Pista essa onde nos bons tempos, só dava Ferrari. Agora, ao que tudo indica, vai ser diferente!
Já anda rolando um chororô à respeito do tal difusor.
Até Alonso reclama. Não sei porque. Não é tão mais simples para ele ir lá e espionar?
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É politicagem dos timesque estão atrás, para ver se conseguem ganhar tempo enquanto copiam as soluções uns dos outros.
A F1 é assim…
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Lewis Hamilton foi DESCLASSIFICADO do GP da Austrália. O piloto e a suaequipe teriam “enganado” os fiscais na investigação que acaboupor tirar oterceiro lugar de Jarno Trulli. O italiano recuperou a posição, os pontos, e uma bela nota 10 por largar dos boxes e chegar no pódio.
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Hamilton é um mau-caráter mesmo.
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Pelo que entendi, a McLaren achou que necessariamente tinha de devolver a posição. No entanto, percebendo que não era necessário, negou após a corrida que tenha deixado Trulli passar intencionalmente, o que acarretou na punição ao italiano.
http://oglobo.globo.com/esportes/f12009/mat/2009/04/02/erro-da-mclaren-provocou-desclassificacao-de-hamilton-755102423.asp
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Robinson, só agora tive tempo pra ler todo o post. Pra variar, muito bom.
Estou achando show demais Brawn, Willians, BMW… deixando Ferrari e McLaren comendo poeira. Vamos ver até quando isso dura.
Imagina a marra do Rubinho se ele brigar mesmo pelo título.
HUAhuHAUHAUHAUha|HAuh…
Incrível mesmo esse Ross Brawn. Agora vai chover mais grana ainda e o carro vai deixar de ser todo branco.
http://globoesporte.globo.com/Esportes/Noticias/Formula_1/0,,MUL1069924-15011,00-COM+PATROCINADORES+INTERESSADOS+BRAWN+GP+VIRA+MINA+DE+OURO+DE+R+MILHOES.html
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A minha opinião é de que as grandons, no caso Ferrari, McLaren e Renault vão reagir com força na fase europeia, ou seja, a partir de maio na Espanha. Antes disso, com três GPs em abril e sem tempo para testar, elas devem comer o pão que o diabo amassou.
Se a turma da frente conseguir tirar uma boa vantagem agora, o campeonato pode se desenhar com um equilíbrio só visto na década de 70, quando era comum a possibilidade de vitória a quatro ou cinco equipes. Para isso, a Brawn vai precisar mesmo de anunciantes. Se não tivessem começado tão bem a temporada, eu me ariscaria a dizer que um carro todo branco não iria até o fim do ano. Mas foi emocionante ver esse carro vencer.
Vamos ver.
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Que a F1 é um circo ninguem discute. Mas esse ano, a coisa tá mais pra freak show!
Como é q 90% dos times não viu que poderiam ter um diffusor?
A outra impressão que tenho é q a “mística” do “bom piloto” vai ser completamente destruída. O Button, por exemplo, é e foi apenas um piloto “razoavel”. Hj ele tem carro, e assim, tem condições para vencer. Esse ano irão provar que o carro é o q realmente conta na briga pelo titúlo e que para se tornar campeão o cara apenas precisa ser um piloto “razoável”. (Ao contrário de ruim, como o Nakajima.)
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Vide a Williams da suspensão ativa com Damon Hill e cia.
Apesar de que, o cara para estar na F1, com raras exceções, não pode ser pereba.
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Não acho que, mesmo o Damon Hill, alguém seja campeão por acaso.
Provavelmente por causa de grana para renovar o contrato, ao fim daquele ano ele foi dispensado pelo Frank Williams – que por sinal, nunca teve problemas para dispensar pilotos, campeões ou não. Lembro perfeitamente de algumas atuações impecáveis do filho do grande Graham com o número 1 num carro da Arrows.
Também me lembro de pilotos que, com carros vencedores, não fizeram a menor cosquinha nos seus parceiros de equipe, que acabaram campeões. Pergunte ao Fisichella.
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Discordo um pouco de você, Alexandre… Temos que definir o que você considera “razoável”, ou qual o seu parâmetro para um “bom” piloto.
Na minha opinião, temos bons pilotos sim, com plenas condições de serem campeões SE – e somente SE – dispuserem de um equipamento competitivo. O problema é que por muito tempo só uma, no máximo duas equipes davam essa condição aos seus pilotos.
Hoje há bons pilotos, e bastante equilibrados. O único que eu acredito que possa ser fora-de-série é o Alonso, que com a Renault nesse estado, não deve ter condições de fazer muita coisa. Mas qu ninguém venha dizer que por isso ele desaprendeu a pilotar.
Os razoáveis… estão lá, sempre. Pergunte ao Fisichella, ao Mark Webber…
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-Tb gosto do Alonso. Mas é difícil definir as coisas. A f1 muda muito e essas mudanças alteram a nossa percepção da qualidade do piloto.
-A diferença financeira entre suspensão automatica e diffusor é enorme. Acho q o mesmo se aplica a diferença entre um diffusor e um sistema Kers.
Esse ano a Brawn, por ex, não tem Kers pq não tem dinheiro pra ter Kers.
Enquanto isso, os times ricos tem Kers e não tem diffusor. rs
Eles não leram o regulamento?
-E o Nakajima é pereba! Acho q vou torcer pra ele, pois ele é a exceção! hahaha
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hahahaha
Robinson vai me estrangular, mas o Nakajima não é o único pereba da temporada.
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Cara, não vou estrangular MESMO…
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Esse tipo de protesto tem quase todo ano mesmo. Mas normalmente as “interpretações particulares” acerca do regulamento acontecem nos projetos das equipes grandes. A única diferença é que dessa vez foram os pequenos que passaram a perna. Por isso deu o rebuliço, e graça ao início do campeonato.
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