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A Extrema Unção do Botafogo

July 29th, 2014 por | Categorias: Botafogo, Campeonato Brasileiro 2014.

Embora não tenha tido acesso às informações prévias, o modo como as coisas se mostram ao ‘torcedor comum‘ mais atento, via mídia ou canais de comunicação da torcida, já apontam há muito tempo um rumo triste na trajetória do Botafogo. O clube está literalmente se acabando a olhos vistos a cada ano que passa. E esse inacreditável Maurício Assumpção foi a cereja amarga do bolo azedo que vem por aí.

Pelo meu ponto de vista, embora obviamente esteja muito triste com tudo isso, vai facilitar muito a minha vida. Quero abandonar o futebol não é de hoje. O fim do Botafogo vai ser só o tiro de misericórdia.

Por Bernardo Santoro

MANIFESTO E AVISO A TODOS OS SÓCIOS E CANDIDATOS A PRESIDÊNCIA DO BOTAFOGO:

Para quem não me conhece, meu nome é Bernardo Santoro, sou sócio-proprietário do clube (mat. 400333), mestre em direito (UERJ) e pós-graduado e mestrando em economia (UFM-OMMA), prof. de Economia e Direito da UFRJ, Diretor-Executivo do Instituto Liberal do Rio de Janeiro e Assessor de Políticas Públicas do PSC, tendo escrito o plano de governo do candidato do PSC à Presidência da República, Pastor Everaldo Pereira, além de escrever regularmente artigos sobre economia, política e direito para mais de 50 jornais do país. Sou colunista do site Canal Botafogo e um dos primeiros Loucos pelo Botafogo.

Quis apresentar meu currículo de antemão para dar legitimidade ao que vou escrever agora.

Em 2011, eu previ basicamente tudo o que está acontecendo agora. No artigo abaixo, de 22/12/2011, eu deixei claro que sem responsabilidade administrativa e no passo da época, o Presidente Assumpção entregaria o clube com mais de meio bilhão de reais em dívidas e que naquela época já estávamos “vendendo o jantar para comprarmos o almoço”. O artigo na íntegra está com link abaixo:

http://www.canalbotafogo.com/coluna.php?vendendo-o-jantar-para-comprar-o-almoco

Ainda em 2011, eu resumi o que era necessário fazer para impedir a falência do clube: (i) responsabilidade administrativa; (ii) democracia com sócio-torcedor com direito a voto; (iii) futebol integrado; (iv) engenhão popular; (v) institucionalização da relação entre torcidas organizadas e clube; (vi) cisão total entre clube social e futebol; e (vii) participação em todos os esportes olímpicos com atletas formados na base, ainda que com times fracos, para fortalecer a marca de clube multi-desportivo com atuação social. O artigo na íntegra está com link abaixo:

http://www.canalbotafogo.com/coluna.php?perspectivas-para-2012-e-2014

Esses pontos agora parecem ser unânimes para todos os candidatos, seja Durcésio, Carlos Eduardo (meu amigo pessoal), Vinícius (outro amigo, embora mais afastado), Marcelo ou Mantuano.

Só que eu tenho uma notícia realística para todos vocês: o tempo passou. Há três ou seis anos atrás era possível salvar o clube com esse receituário. Hoje não é mais. Com uma dívida acima de 700 milhões de reais, sendo mais de 200 milhões em dívidas tributárias, ela é impagável.

Se hoje fizéssemos um empréstimo a juros de 5% ao ano para pagarmos todas as dívidas do clube, reduzindo assim nosso pagamento de juros de maneira radical, para pagamento em 25 anos, precisaríamos, apenas para pagá-las, de algo em torno de 8 milhões de reais por mês.

Sendo nossa receita ordinária (descontadas as vendas ocasionais de um ou outro jogador, que nem faz tanta diferença assim) algo em torno de 8 milhões de reais por mês, precisaríamos canalizar todas as nossas receitas para pagamento de dívidas, nos restando absolutamente nada para pagamento das despesas correntes atuais do clube.

Para que fosse possível pagar a atual dívida do clube e nos manter com um time minimamente decente, precisaríamos que as novas receitas do clube (melhor uso do estádio, naming rights e programa de sócio-torcedor) gerassem pelo menos 80 milhões de reais anuais, o que eu acho impossível de acontecer, e mesmo assim sem ter expectativa de ser campeão nacional ou internacional do que quer que seja.

E eu estou falando aqui do melhor dos mundos, ou seja, achar algum louco que quisesse nos emprestar 700 milhões de reais a juros de 5% ao ano, o que é impossível. Na prática, essa conta seria muito maior.

O que eu prevejo que irá acontecer daqui pro futuro: o próximo Presidente será um novo Borer, pois em algum momento perderemos novamente a sede do clube para dívidas, mesmo que o Proforte seja aprovado e o Botafogo participe dele, mesmo destacando que nossa relação dívida financiada/receita anual não fecha o cálculo atuarial, ou seja, hoje o Botafogo estaria fora do Proforte. Lembro que as dívidas trabalhistas e cíveis não são abarcadas pelo acordo e suas execuções continuam. Ainda que voltássemos ao ato trabalhista, agora não teríamos como arcar com 15% das nossas receitas brutas mensais.

A insolvência civil do clube hoje é, na minha opinião, inevitável, e o Botafogo já morreu, por culpa de qualquer um, menos minha, pois sempre estive do lado certo, em todos os momentos. Isso vai acontecer mais cedo ou mais tarde, e resta saber quem vai controlar esse processo, se os associados ou os credores.

Se forem os credores, é possível que esse processo dure anos e o clube deixe de disputar campeonatos durante esse período, vindo a deixar de existir em médio prazo como clube grande. Se forem os associados, podemos vir a garantir que a atividade futebolística do clube não cesse durante esse período.

Lembro que tal situação se deu com clubes tão grandes quanto o Botafogo, como Napoli, Fiorentina e Glasgow Rangers.

Esse cenário apocalíptico só não acontecerá nas seguintes situações: (i) se realmente houver uma ANISTIA das dívidas tributárias dos clubes, como era o projeto original substituído pelo projeto do Otávio Leite; (ii) se algum(ns) abnegado(s) investir(em) a fundo perdido algo em torno de 150 a 200 milhões de reais apenas para pagamento de dívidas. E mesmo assim ainda precisaríamos de muito esforço administrativo/fiscal por pelo menos 15 anos, com times fracos e sem títulos.

Como não acredito em “Sócio-Noel”, precisaremos tomar uma posição forte em relação ao futuro do clube. O tempo de salvar o clube através de responsabilidade administrativa e ST com voto acabou. Insistir com isso é adiar o futuro com uma morte lenta, dolorosa e que pode resultar em mais vergonhas esportivas.

Escrito isso, e reiterando que nada do que está acontecendo hoje é culpa minha, pois sempre fui oposição a tudo isso e crítico inconteste, daqui a três anos eu já posso voltar a dizer: eu avisei.

Abraços para todos.

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Vá em paz

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9 Comentários para “A Extrema Unção do Botafogo”

  1. Gaburah
    29/07/14 - 10:39

    Obviamente, como o próprio autor se declara integrante da oposição, pode ser (embora tudo não aponte pra isso) que alguns fatos possam estar sendo aumentados. Acho difícil, mas sempre há essa possibilidade.

    A Taís é muito mais antenada que eu com relação aos meandros políticos do Botafogo. Pode ter uma opinião ou corroboração importante a relatar.

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  2. Andre
    29/07/14 - 10:46

    Quis apresentar meu currículo de antemão para dar legitimidade ao que vou escrever agora.

    O cara é “diferente”.

    Na verdade, não deu legitimidade. Retirou legitimidade.

    ==================================

    Gaburah, é sério que você está se importando com o Botafogo?

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    Engraçado como a história de “o clube xxxx está acabando” é cada vez mais constatada.

    E há quem diga que o problema não é o modelo.

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    Gaburah

    Nem é muito sério, Bona. O que por si só já é bastante sintomático, pelo menos pra quem já foi até em jogo de Série B comigo.

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    Andre

    Essa história de se preocupar com futebol de clubes é o seguinte: é tipo quando a gente tá com fome num lugar. A fome aperta, corrói a porra do estômago. Chega uma hora que a porra da fome desiste. E você não tem mais fome.

    O futebol de clubes no brasil está nesse ponto. E foi muito potencializado pela Copa, inclusive.

    Eu devo agradecer ao CRVG, pois sua segunda queda antecipou a minha largada de mão. Ainda irei ao pleito eleitoral e votarei em Eurico Miranda, certamente.

    No entanto, creio eu que não passarei de um observador à distância mais preocupado com que o clube deve fazer em sua finalidade social do que efetivamente no campo competitivo, já que não há, no Brasil, qualidade mínima para o esporte.

    Aí eu volto a reflexão: se é pra ver pelada, que eu me ligue no estadual do ES. Se é pra ver futebol de ponta, que eu me ligue nos certames europeus.

    O meio termo é o fim da picada. Porque ele não é bom, nem ruim o suficiente para gerar um engajamento mais sério.

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    Gaburah

    É bem por aí, Bona. Até porque na verdade é isso que o futebol brasileiro se tornou: um imenso Varzeão, porém sem a trueza da várzea.

    Futebol de verdade só lá fora. Vou assistir a Champions e tal, mas não sei se vai me pegar. Só quero mesmo sentir o gosto de assistir um futebol de qualidade depois dessa Copa das Copas.

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  3. Alexandre N.
    29/07/14 - 11:00

    Lembro que em 2010 (ou 2011), Maurício Assumpção deu uma entrevista (que eu infelizmente não consigo encontrar) dizendo que preferia pagar salários e contratar jogadores do que pagar os impostos do clube. E tripudiou dos outros presidentes de clube que estavam tentando pagar os impostos.

    Olha só o resultado final…

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    Gaburah

    Comprou briga com torcida, se vendeu pra federação e pras ordens do PMDB (partido do qual é candidato a sabe-se lá o que), é um omisso incompetente de marca maior na hora de defender os interesses do clube…

    Na boa, Dinamite não é nada perto desse cara.

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    Alexandre N.

    Por enquanto ele não é candidato a nada. Está filiado ao PMDB (o partido que realmente faz toda a putaria no país e não o PT ou PSDB) e tentaria se candidatar a deputado CASO o Botafogo fosse campeão da Libertadores.

    Na boa, Dinamite não é nada perto desse cara.

    Pois é. Isso prova que o Bona encheu o saco chorando as pitangas portuguesas dele aqui sem tanta necessidade.

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    Andre

    Sem necessidade porque vc nao acompanha.

    Mas se eu soubesse do desfecho antes, já tinha parado de pagar a porra da mensalidade. MAs é tão barata que nem ligo.

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