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A Copa do Mundo é nossa… É mesmo???

October 31st, 2007 por | Categorias: Futebol.

A confirmação da FIFA do Brasil para a organização da Copa do Mundo de 2014 não foi surpresa para ninguém. E o fato é sim para ser comemorado pelo povo brasileiro, que depois do Maracanazo, vai poder torcer pelo esquadrão canarinho aqui mesmo no país. Mas não há como não reparar nas diferenças das condições na escolha do Brasil como sede, hoje e no passado.

Em 50, o Brasil foi uma solução para que a competição se realizasse fora do caos da Europa pós-Hitler. Num tempo em que as viagens intercontinentais ainda eram meio complicadas, doze países enviaram suas seleções ao Brasil. O país se mobilizou em torno do futebol e além de realizar uma Copa razoavelmente organizada, ganhou de presente uma jóia única, que foi o Maracanã. O palco que até hoje, aos trancos e barrancos, continua como o principal do futebol brasileiro e dos maiores do mundo.

Hoje em dia, a escolha é puramente política. E entre os delegados da FIFA e o Comitê de Organização passa a existir uma relação que se compara à de um empresário que compra uma franquia do McDonalds: você banca, eu mando; você faz, eu decido se está bom. Se por acaso e em algum momento essas condições saem do equilíbrio, a entidade simplesmente pula fora e vai se ajeitar a toque de caixa com outro alguém mais rico e mais competente. Sem pestanejar. E em nome do orgulho nacional é que a conta pode parar no meu bolso, e no seu.

A começar pela comitiva tupiniquim em Zurique, contando com governadores, ministros, presidentes (do Brasil e da CBF), o técnico Dunga, Romário e… Paulo Coelho!!!! Pois esta foi a escalação do time que foi buscar a Copa para o Brasil. Diferente das candidaturas dos últimos tempos, quando a França e Alemanha puseram respectivamente Michel Platini e ninguém menos que o Kaiser Franz Beckenbauer nas cabeças de suas organizações (EUA e Japão-Coréia não teriam ninguém para colocar mesmo, né???). Houve mesmo uma profusão de políticos e pessoas muito mais preocupadas com self-promotion, do que como farão para realizar o evento e de onde tirarão dinheiro para tal. Pelé, o ícone maior e sinônimo do esporte, não estava lá. Nem o Zico, o Rivellino, o Taffarel. Faltou uma grande figura, um ídolo popular com carisma e honestidade, para tomar as rédeas na empreitada com a confiança de todos. Uma imagem de tranparência e da prioridade ao esporte. Mas o Ricardão Teixeira e o Paulo Coelho estavam lá. E o Romário, né? Beleza. Caráter ilibado, esse. Mas o despreparo da trupe não parou na escalação, que para mim, só salvava o Dunga. O Lula ainda cometeu a deselegância diplomática de catucar os argentinos, sem a menor necessidade, nem graça. E o Paulo Coelho, bem, ainda não entendi o que estava fazendo lá, muito menos porque ele disse o que disse. Se alguém souber, desenha pra mim. Senhor Paulo Coelho, o senhor é um fanfarrão. Não tinham ninguém melhor para levar, então, paciência.

Teoricamente, nos lugares sérios a conta é dividida da seguinte forma: a iniciativa privada, clubes e empresários se encarregam das instalações, prédios, estádios, hospedagem, serviços. Tudo que eles podem continuar explorando depois do fim da competição. Ao governo, cabe realizar as melhorias de infra-estrutura, ou seja, energia, trânsito, transportes, segurança, urbanização. Tudo que a população continuará desfrutando após o evento. Mas o Panamericano do Rio já nos mostrou que por aqui as coisas não funcionam desta forma. A tal da iniciativa privada não deu conta, e para evitar o vexame em escala continental, o governo em todas as esferas bancaram a conclusão do cronograma atrasado, e através de licitações suspeitas e contas nunca fechadas, o dinheiro do povo foi pelo ralo, enquanto políticos arrotavam a sua própria competência (populismo, eu fiz, sou o bom) e a empolgação do povo ao receber o evento e os turistas (me engana que eu gosto). Na semana seguinte, a violência não vista durante aquelas duas semanas voltou aos noticiários, enquanto os bens adquiridos com dinheiro público, como exemplo a frota de carros de polícia, já estavam pegando poeira no pátio. Sem contar os equipamentos esportivos, que burocraticamente, ficam apodrecendo num depósito enquanto alguém tarda a decidir em entregá-los aos atletas que deles precisam para seu treinamento.

Todas as medidas estruturais para a cidade foram paliativos, uma maquiagem para disfarçar. Lembram das faixas amarelas nas vias, exclusivas para tráfego das comitivas do Pan? Resolveu para o evento, mas depois, o engarrafamento carioca permaneceu igual. Isso porque o Pan aconteceu só no Rio. Para a montagem de uma Copa do Mundo serão dez cidades, ou doze.

Nesse aspecto, a experiência do Panamericano já foi ruim. E para a Copa começar mal, Joseph Blatter já declarou que a FIFA não tolera qualquer intromissão (leia-se fiscalização) nas contas envolvidas no evento. Uma CPI poderia até, em caso extremo, significar a cassação da filiação do Brasil junto à entidade máxima do futebol.

Mas como fazer da Copa minha, sua, de todos, se os personagens centrais da organização fecham os olhos para os problemas que vivemos no nosso dia-a-dia? Têm essas pessoas o direito de usar o dinheiro que deveria estar sendo empregado em coisas básicas como saneamento, saúde e educação, para satisfazer às suas vaidades? Não adianta o Ricardo Teixeira ignorar os repórteres que o questionaram sobre o problema da violência, dizendo que “nos Estados Unidos, as crianças levam armas para a escola e atiram umas nas outras”. Isso é problema deles. Mas nós temos os nossos. E, pelo mundo afora, esse é o objetivo de uma cidade ou país que quer receber uma Copa ou Olimpíada: resolver problemas sociais e estruturais e mostrar ao mundo que conseguiu cumprir suas metas.

Mas num país em que não se faz nada direito, a preocupação daqueles é que ela seja “a melhor de todos os tempos”. O governo, ou seja, todos nós, não podemos arcar com a megalomania de alguns, pois como o Brasil, mesmo com a “estabilidade” alardeada pelo nosso presidente, ainda está no terceiro mundo e não pode se dar ao luxo de gastar numa Copa como se fosse do primeiro.

Então, nos resta esperar para ver o que vai acontecer. Não tenho dúvidas de que a Copa sai. Só espero que os dirigentes de hoje e seus sucessores tenham (ou criem) a consciência de que podemos sim fazer uma bela Copa do Mundo, só que muita coisa deverá ser feita para melhorar a vida do povo, e não apenas nas cidades-sede. E que se organize tudo para que seja uma festa para esse mesmo povo, não um evento para vips, autoridades e turistas, enquanto uma população que sofre com falta de tudo fica do lado de fora dos estádios. Ainda pagando a conta. Se a Copa será nossa ou deles, só o tempo vai dizer.

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15 Comentários para “A Copa do Mundo é nossa… É mesmo???”

  1. Victor
    31/10/07 - 9:39

    A população que paga a conta ficará de fora do estádio.
    Se a torcida CVC já faz vergonha lá fora, imagina aqui que não precisa gastar com a viagem.
    ****
    O Brasil merece organizar uma Copa do Mundo. Só que tem de ser Copa do tamanho do Brasil. Não dá para fazer uma Copa como a da Alemanha, ou da Coréia/Japão.
    Mas o Brasil é a maior força do futebol no Mundo e tem de ter Copa por aqui mesmo.
    ****
    O pau tem de quebrar para não usarem a Copa como pretexto para a roubalheira. Sei que é ilusão achar que não acontecerá. Será um roubo descarado. Mas isso não é culpa de ter uma Copa no Brasil e sim de ter ladrões à frente do Brasil.
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    A penca de políticos que foi à cerimônia só tem lugar mesmo no Trem da Alegria já comum por aqui.
    Dunga é o técnico da Seleção. Tinha de ir mesmo.
    Romário é hoje uma estrela de primeira grandeza no cenário internacional. Acho que pegou bem o Baixinho ter ido.
    Eu não sei sobre o caráter de Platini e Beckenbauer para desabonar Romário.
    Paulo Coelho foi pela sua projeção internacional em todos os meios (políticos, artísticos,etc). Não vem ao caso sua qualidade. Não foi uma jogada tupiniquim.Tanto não foi, que lá nos States, Hillary Clinton pediu apoio do escritor(sic) para sua candidatura à presidência.
    Nefasto mesmo é que Ricaço Teixeira será o organizador ditatorial da organização da Copa 2014.
    As figuras do futebol que poderiam encabeçar a organização são desafetos da CBF.

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  2. Victor
    31/10/07 - 9:42

    ah sim…
    Ainda teve a gafe do Lula dizendo que chorou quando Platini fez o gol de pênalti contra o Brasil na Copa de 86.

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  3. Serginho Valente
    31/10/07 - 9:55

    O fato é que depois que a África do Sul pôde organizar a Copa, seria extremamente injusto que o Brasil, maior país do mundo em matéria de futebol, não pudesse.
    Com certeza vão gastar no mínimo três vezes mais do que o necessário e, ainda sim, a Copa será realizada com vários improvisos. Como foi no Pan.
    O velho Maracanã passará por sua enésima ajeitadinha, e para atender aos requisitos da FIFA para sediar o mundial deve ter sua capacidade reduzida para uns 60 mil lugares. Esta pra mim é pior conseqüencia da Copa, deveriam aproveitar e tornar o Maraca outra vez o maior do mundo, mas ao invés disso, vão acabar de vez com ele. Que vai ficar quase moderno e quase inútil.
    Discordo totalmente com relação a comitiva do Brasil. Duvido que alguém saiba quem a Alemanha, ou França levaram além do Platini e do Beckembauer em sua comitiva, não há base para comparação. Não vejo esses jogadores mais representativos para o futebol do que o Romário, muito pelo ao contrário. Gostem, ou não, o Paulo Coelho é mundialmente reconhecido, também não sei porque o levaram, mas também não sei porque não levariam.
    O Lula é um fanfarrão, mas é nosso presidente, eleito por nós, como presidente era importantíssima sua presença. E se ele envergonha ao país fazendo piadinhas desnecessárias, a culpa é nossa mesmo.
    O Pelé realmente é uma ausência significativa, pelo que fez em campo, pelo que representa. Mas o fato, é que desde o início, não apoiou a vinda da Copa, por que então deveria ir lá agora?
    Acho perigoso julgar o caráter de pessoas que não conhecemos. Tanto pro bem, quanto pro mal. Eu, por exemplo, jamais poderia afirmar que o Beckembauer é um grande caráter e o Romário não é, mas cada um com seu cada um.
    Agora, acima de tudo, estou muitíssimo feliz com a possibilidade de assistir a uma Copa do Mundo pessoalmente, no meu país. Isso pra mim supera todos os problemas. É uma oportunidade única, que cheguei a pensar que não aconteceria.

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  4. Victor
    31/10/07 - 10:43

    Aliás, mesmo que não seja possível ver a Copa de dentro do Estádio (ingresso caro, dificuldade de comprar, etc), o clima de Copa do Mundo no País deve ser algo fora do comum.

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  5. Rafael
    31/10/07 - 10:47

    O melhor foi Paulo Coelho dormindo no discurso do Ricardo Teixeira. Aliás, Ricardo Teixeira é bem a cara da CBF, autoritário e arrogante. É justo que seja o presidente dela há vários anos.

    Não achei nada de mais a piadinha do Lula. Não dá nem pra maldar, e ainda serviu pra deixar argentino irritadinho. Agora entendi o Esteban.

    No O Globo de ontem tem uma nota perguntando quem pagou a conta da ida da comitiva brasileira para Suíça, todos disseram que não sabiam. Só o José Serra que disse que pagou a passagem do próprio bolso, mas a hospedagem, ele não sabia. Pagou do próprio bolso? O careca é um fanfarrão. Outros disseram que “acham” que foi a CBF que pagou tudo. Quando perguntado, Ricardo Teixeira Fidel disse que isso não era importante. Amigo, a resposta é fácil, quem pagou essa conta fui eu, foi você.

    A Copa aqui vai ser maneira. Vão ter todos os problemas já citados. Mas até lá, eles podem ser minimizados. Por exemplo, não consegui comprar ingresso pra Fla x Timão de hoje.

    A previsão para o Maracanã é de mais de 80 mil lugares para a Copa.

    Serginho, pra quem ficou no Pan trabalhando todos os dias de 2 da madruga até as 9 da matina, realmente deve ter sido chato. Eu achei maneiro.

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  6. saulo
    31/10/07 - 11:29

    O lado bom dessa copa é a reformulção completa e a construção de novos estádios que estão ultrapassados e velhos.Tomara que agora as autoridades estaduais se mexam e invistam na melhoria da qualidade dos transportes públicos porque em 2014 o trânsito vai ser muito pior. Apenas precisa de vontade política,o próprio trêm do Engenhão foi um exemplo de boa reforma.

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  7. Bruno Silva
    31/10/07 - 11:54

    Que sirva ao menos pra trazer um pouco de infraestrutura e saneamento básico por onde as delegações vão passar, apesar de eu não acreditar muito nisso.
    Saindo um estádio pro Todo Poderoso eu já estou feliz. hehe

    Abraços!
    http://pandegosepatuscos.blogspot.com

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  8. Gaburah
    31/10/07 - 12:55

    A sede do Brasil na primeira fase será Florianópolis.
    A conferir.

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  9. Victor
    31/10/07 - 12:59

    Acho que para variar um pouquinho, é o São Paulo que vai conseguir uma cobertura para o Morumbi, que aliás, vai acabar ficando com o aluguel mais caro ainda para o Curinthia.

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  10. Rafael
    31/10/07 - 13:28

    É verdade que só 1 estádio por cidade será usado? E o milionário e moderno Engenhão não servirá pra nada?

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  11. Gaburah
    31/10/07 - 15:32

    O Engenhão não é pra qualquer um, amigo…

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  12. PAULO AFFONSO
    31/10/07 - 17:58

    Só joga no Engenhão quem tem História. Amanhã Botafogo e Cruzeiro, no final de semana Walt Disney e Maurício de Souza…

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  13. Serginho Valente
    31/10/07 - 19:14

    Não sei como o Maracanã terá 80 mil lugares. Hoje não tem. Na Copa, terão que aumentar o número de cabines de transmissão, a FIFA provavelmente não vai permitir venda de ingressos de lugares em que é impossível assistir ao jogo (nas cadeiras inferiores existem vários), devem fazer mais camarotes, sem contar com o escoamento de público do Maracanã, que hoje é vergonhoso. Se bobear o Engenhão ainda fica “maior” que o Maraca.
    Mas a Copa vai ser maneira à vera. Preciso me inscrever logo pra comprar um ingresso na final…

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  14. Gaburah
    31/10/07 - 22:18

    Se inscreve pra voluntário.

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  15. Rafael
    1/11/07 - 8:21

    hauhuahua… Serginho vai trabalhar das 23hs às 10:00 da manhã na Copa.

    Também não sei como, mas a previsão de 80 mil lugares no Maraca não é minha, saiu no Globo.

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